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Escola Municipal de Ensino Fundamental Rui Barbosa – Avaliação de Língua Portuguesa

Nome(s): _____________________________________________Turma: _________ Data: _____________

Texto 1: A OPINIÃO EM PALÁCIO


Carlos Drummond de Andrade

O Rei fartou-se de reinar sozinho e decidiu partilhar o poder com a Opinião Pública.
― Chamem a Opinião Pública ― ordenou aos serviçais.
Eles percorreram as praças da cidade e não a encontraram. Havia muito que a
Opinião Pública deixara de frequentar lugares públicos. Recolhera-se ao Beco sem Saída,
onde, furtivamente, abria só um olho, isso mesmo lá de vez em quando.
Descoberta, afinal, depois de muitas buscas, ela consentiu em comparecer ao Palácio Real, onde Sua
Majestade, acariciando-lhe docemente o queixo, lhe disse:
― Preciso de ti.
A Opinião, muda como entrara, muda se conservou. Perdera o uso da palavra ou preferia não exercitá-lo.
O Rei insistia, oferecendo-lhe sequilhos e perguntando o que ela pensava disso e daquilo, se acreditava em discos
voadores, horóscopos, correção monetária, essas coisas. E outras. A Opinião Pública abanava a cabeça: não tinha
opinião.
― Vou te obrigar a ter opinião ― disse o Rei, zangado. ― Meus especialistas te dirão o que deves pensar
e manifestar. Não posso mais reinar sem o teu concurso. Instruída devidamente sobre todas as
matérias, e tendo assimilado o que é preciso achar sobre cada uma em particular e sobre a
problemática geral, tu me serás indispensável.
E virando-se para os serviçais:
― Levem esta senhora para o Curso Intensivo de Conceitos Oficiais. E que ela só volte aqui
depois de decorar bem as apostilas.

1) É possível afirmar sobre o texto acimo que:


a) Trata-se de uma fábula;
b) trata-se de um conto;
c) trata-se de uma crônica.

2) Retire fragmentos do texto que exemplifiquem:


a) A apresentação:
b) O clímax:

3) O assunto de que trata o texto é:


a) O fato de que o pensamento crítico da população está melhorando;
b) o interesse das autoridades políticas na opinião pública;
c) a necessidade de pensamento crítico e participação política;
d) a manipulação do povo, orquestrada pelo poder político.

4) Responda: por que é importante para o rei que a Opinião Pública tenha opinião?

5) Na sua opinião, como anda a situação da Opinião Pública no atual cenário político de nosso país? Por
quê?

6) Assinale o item em que o pronome relativo QUÊ pode causar ambiguidade:


a) O homem QUE cumprimentei é o gerente desse banco.
b) O aluno QUE estuda vence cedo ou tarde.
c) A casa em QUE moro fica próxima ao centro.
d) Não conheço o pai do menino QUE se acidentou.

Prof.ª Flávia Knebel


7) No parágrafo abaixo as ideias estão desconexas, e há, também, uma fragmentação. Para corrigir estes
problemas, reescreva o parágrafo e empregue os conectores e dicas sobre pontuação que estão entre
parênteses no lugar adequado.(A questão vale 2,0).

Toda mulher responsável pelos cuidados de uma casa. Já teve em algum momento de sua vida vontade
de jogar tudo para o alto, quebrar os pratos sujos, mandar tudo “às favas”, fechar a porta da casa e
sair. Já sentiu o peso desse encargo como uma rotina embrutecedora, que se desfaz, vai sendo feito. Não
é feito, nos enche de culpas e acusações, quando concluído ninguém nota, a mulher “não faz mais nada
que sua obrigação.
(Retirada de ponto final; à media que; quando; pois)

Texto 2: Os filhos do lixo


Lya Luft

Há quem diga que dou esperança; há quem proteste que sou


pessimista. Eu digo que os maiores otimistas são aqueles que, apesar do
que vivem ou observam, continuam apostando na vida, trabalhando,
cultivando afetos e tendo projetos. Às vezes, porém, escrevo com dor.
Como hoje.
Acabo de assistir a uma reportagem sobre crianças do Brasil que vivem do lixo. Digamos que são
o lixo deste país, e nós permitimos ou criamos isso. Eu mesma já vi com estes olhos gente morando junto
de lixões, e crianças disputando com urubus pedaços de comida estragada para matar a fome.
A reportagem era uma história de terror – mas verdadeira, nossa, deste país. Uma jovem de menos
de 20 anos trazia numa carretinha feita de madeiras velhas seus três filhos, de 4, 2 e 1 ano. Chegavam ao
lixão, e a maiorzinha, já treinada, saía a catar coisas úteis, sobretudo comida. Logo estavam os três
comendo, e a mãe, indagada, explicou com simplicidade: "A gente tem de sobreviver, né?".
Não sei como é possível alguém dizer que este país vai bem enquanto esses fatos, e outros
semelhantes, acontecem. Pois, sendo na nossa pátria, não importa em que recanto for, tudo nos diz
respeito, como nos dizem respeito a malandragem e a roubalheira, a mentira e a impunidade e o falso
ufanismo. Ouvimos a toda hora que nunca o país esteve tão bem. Até que em algumas coisas, talvez
muitas, melhoramos.
Mas quem somos, afinal? Que país somos, que gente nos tornamos, se vemos tudo isso e
continuamos comendo, bebendo, trabalhando e estudando como se nem fosse conosco? Deve ser o nosso
jeito de sobreviver – não comendo lixo concreto, mas engolindo esse lixo moral e fingindo que está tudo
bem. Pois, se nos convencermos de que isso acontece no nosso meio, no nosso país, talvez na nossa cidade,
e nos sentirmos parte disso, responsáveis por isso, o que se poderia fazer?

8) Do texto acima é correto afirmar:


a) É um texto dissertativo, o qual se usa, em maior parte, de analogias para construção da argumentação.
b) É um texto argumentativo e narrativo ao mesmo tempo, pois a escritora é conhecida por seus trabalhos
literários.
c) É um texto dissertativo que usa a exemplificação como recurso de desenvolvimento argumentativo,
sustentando assim a veracidade do ponto de vista da autora.
d) O texto é argumentativo e usa a analogia como base para o desenvolvimento dos argumentos.

9) Assinale a alternativa que NÃO contém uma característica comum ao texto lido:
a) É argumentativo.
b) Trata de uma questão relevante em termos sociais, sustentando a opinião do autor.
c) As justificativas das posições elencadas pela autora reiteram o caráter argumentativo do texto.
d) A autora sustenta seu ponto de vista em bases sólidas, embora não emita opinião permitindo que o
leitor a forme.
e) O texto oferece uma análise mais detalhada e reflexiva de uma notícia veiculada pela mídia.

Prof.ª Flávia Knebel

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