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Matemática Discreta
Tópicos da Teoria dos Conjuntos
Parte 5
Sequências e Produtos Cartesianos
Sumário
1 Sequências 69
1.1 Observação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
1.2 Exercı́cio resolvido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
2 Igualdade 71
2.1 Observação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
2.2 Exercı́cio resolvido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
5 Produto cartesiano 77
5.1 Observações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
5.2 Exercı́cios resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Neste texto, abordamos as noções de: sequência e termo (Seção 1), igualdade en-
tre sequências (Seção 2) definição de sequência por listagem e definição de sequência
por recursão (Seção 4).
Depois de estudar este texto, vamos ser capazes de: entender as diferenças fun-
damentais entre conjuntos e sequências (Seções 1 e 2); especificar uma sequência
pela listagem de seus termos ou por meio da listagem de alguns dos seus termos e
uma operação que fornece os termos não listados (Exercı́cio 1).
Nosso objetivo não é fazer um estudo detalhado das propriedades básicas das
sequências, como o que estamos fazendo em relação aos conjuntos, mas apenas
fixar as notações e propriedades básicas mais importantes, sobre sequências.
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1 Sequências
Além de “conjunto”, outra palavra que é frequentemente usada em Matemática,
quando queremos nos referir a uma totalidade de objetos distinguidos dos demais é
“sequência”:
Uma sequência é um
de objetos.
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(b) Outro exemplo tı́pico do uso de sequências ocorre quando estudamos palavras em
contextos matemáticos. Neste caso, usamos a expressão “palavra” de uma maneira
mais abrangente do que quando a usamos em Lı́ngua Portuguesa. Por exemplo, do
ponto de vista matemático palavras são obtidas por justaposição de letras, façam
elas sentido ou não.
Em particular, as palavras
a , b , aa , bb , ab , ba
são distintas duas a duas. Assim, tanto repetição quanto ordem são relevantes
na caracterização de uma palavra. Logo, palavras podem ser formalizadas como
sequências.
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Assim, reservamos a noção de conjunto para lidar com situações nas quais a
repetição e a ordem dos objetos não são consideradas como relevantes, enquanto que
empregamos a noção de sequência para lidar com situações nas quais a repetição e
a ordem dos objetos são consideradas como relevantes.
1.1 Observação
Observação 1 Nunca é demais enfatizar que as convenções sobre as definições de
conjuntos e sequências por listagem devem ser estritamente observadas. Em Ma-
temática, conjuntos e sequências não podem ser definidos por listagem de nenhuma
outra maneira que não as aqui consideradas: conjuntos usam chaves e sequências
usam parênteses.
Resolução do Exercı́cio 1 : (i) Melhor como conjunto, pois não está especificada nenhuma
hierarquia entre os amigos na festa. (ii) Melhor como sequência, pois há uma hierarquia entre os
atletas que recebem medalhas. (iii) Melhor como conjunto, pois não está especificada nenhuma
hierarquia entre os membros da comissão. (iv) Melhor como sequência, pois há uma hierarquia
entre as pessoas na fila. (v) Melhor como conjunto, pois não está especificada nenhuma hierarquia
entre os pares de alunos.
2 Igualdade
Observe que diferentemente do que acontece com os conjuntos, possuir os mesmos
termos não é uma garantia de que duas sequências sejam iguais.
Exemplo 4 As sequências
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são diferentes duas a duas mas, estritamente falando, possuem todas os mesmos
termos: o número 1.
Por outro lado, todos os conjuntos
Duas sequências são iguais se, e somente se, têm o mesmo número de termos,
os mesmos termos, e eles estão dispostos na mesma ordem.
2.1 Observação
Observação 2 Informalmente, podemos dizer que a principal distinção entre a
igualdade de conjuntos e a igualdade de sequências é que, enquanto dois conjun-
tos que parecem muito diferentes podem, na verdade, ser iguais, para que sejam
iguais duas sequências devem ser, realmente, idênticas.
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Neste caso, sempre que for conveniente, vamos especificar a sequência listando
(os nomes dos) seus termos entre parênteses e separados por vı́rgulas.
(a)
(c) No Exemplo 2, temos um conjunto que pode ser definido genericamente por
{p1 , p2 , p3 , . . . , p10 },
(0, 2, 4, 6, 8, 10)
(6, 5, 4, 3, 2, 1)
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Está subentendido que esta sequência só possui como termos, além dos que estão
listados, os outros números naturais pares entre 4 e 996 que não estão listados.
(a, b, b, c, c, c, d, d, d, d, . . . , z, z, z, z, z, z, z, z, z, z, z, z, z, z, z, z, z, z, z, z, z, z, z, z, z, z)
Está subentendido que esta sequência só possui como termos, além dos que estão
listados, as outras letras, listadas de modo a condição acima ser satisfeita.
(a1 , a2 , . . . , an )
A segunda maneira de especificar uma sequência sem listar (os nomes de todos os)
seus termos pode ser vista como uma fusão das duas maneiras usadas na especificação
de conjuntos sem listar todos os elementos: fazer uma lista parcial e usar uma
propriedade.
Podemos definir uma sequência sem listar todos os seus termos, fazendo uma
lista dos seus termos iniciais e especificando um procedimento que nos permite,
a partir dos termos já listados, obter todos os outros termos da sequência.
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Assim, calculamos:
a4 = a4−1 + 2 = a3 + 2 = 4 + 2 = 6
a5 = a5−1 + 2 = a4 + 2 = 6 + 2 = 8
a6 = a6−1 + 2 = a5 + 2 = 8 + 2 = 10
..
.
Observe como fizemos uma lista inicial com os termos 0, 2 e 4 e, depois, apresen-
tamos o enunciado ai = ai−1 + 2, que especifica como podemos calcular todos os
outros termos da sequência.
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No entanto, sempre que especificamos uma sequência por meio de uma definição
recursiva, procuramos utilizar uma lista de termos iniciais e uma operação aplicada
a termos anteriores que sejam as mais simples possı́veis (segundo um certo critério
de simplicidade).
De uma maneira geral, usamos a seguinte notação para definir por recursão a
sequência de n termos, cujos primeiros m termos são a, b, . . . , c, dados nesta
ordem, e cujos outros termos podem ser obtidos a partir de termos anteriores
por aplicação sucessiva da regra
regra(ai , aj , . . . , ak ),
4.1 Observação
Observação 3 Embora este seja um conceito importante para a Matemática Dis-
creta, que não pode ser negligenciado por quem se dedica a esta disciplina, não
teremos muitas oportunidades de lidar com sequências definidas por recursão em
nossos estudos. Como você terá a oportunidade de ver, elas também aparecem com
frequência nos estudos de outras disciplinas como Álgebra, Análise, Cálculo, etc.
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Resolução do Exercı́cio 3 : Observe que, de acordo com a definição recursiva, os dois primeiros
termos da sequência são dados; e que a partir do terceiro, cada termo é a soma dos dois termos
anteriores. Assim, temos: F1 = 1, F2 = 1, F3 = F1 + F2 = 1 + 1 = 2, F4 = F2 + F3 = 1 + 2 = 3,
F5 = F3 + F4 = 2 + 3 = 5, F6 = F4 + F5 = 3 + 5 = 8, F7 = F5 + F6 = 5 + 8 = 13, F8 = F6 + F7 =
8 + 13 = 21, F9 = F7 + F8 = 13 + 21 = 34, F10 = F8 + F9 = 21 + 34 = 55.
5 Produto cartesiano
Dados dois objetos quaisquer, a e b, podemos formar o conjunto
{a, b}
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(a, b)
Decorre da noção de igualdade entre sequências que para que dois pares ordena-
dos sejam iguais eles devem possuir os mesmos termos dispostos na mesma ordem:
(a, b) = (c, d)
Exemplo 11 (a) O par ordenado (a, a) tem primeira coordenada a e segunda co-
ordenada a.
(b) O par ordenado ({1, 2, 3, 4, 5}, Z) tem um conjunto finito como primeira coorde-
nada e um conjunto infinito como segunda coordenada.
A partir da noção de par ordenado, podemos definir uma das mais importantes
operações entre conjuntos:
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Sejam A e B conjuntos.
A × B = {(x, y) ∈ U : x ∈ A e y ∈ B}
(x, y) ∈ A × B ↔ x ∈ A ∧ y ∈ B
A × B = {(0, a), (0, b), (1, a), (1, b), (2, a), (2, b)}
e
B × A = {(a, 0), (a, 1), (a, 2), (b, 0), (b, 1), (b, 2)}
(b) Se A = ∅ e B = N, temos:
A×B =∅
De fato, não há um par ordenado cuja primeira coordenada seja elemento do ∅.
A × B = {(a, y) ∈ U : y ∈ N}
5.1 Observações
Observação 4 A denominação “produto cartesiano” se deve ao uso da operação ×,
entre conjuntos, na formalização do conhecido Método de Coordenação dos pontos
do plano e do espaço, devido a René Descartes(1596–1650).
Em certos casos, quando os termos que formam os pares ordenados são números
reais, os produtos cartesianos de dois conjuntos podem ser representados grafica-
mente no plano orientado, através do método elaborado por Descartes.
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Sejam A1 , A2 , . . . , An conjuntos.
A1 × A2 × · · · × An = {(x1 , x2 , . . . , xn ) ∈ U : x1 ∈ A1 , x2 ∈ A2 , . . . e xn ∈ An }
(x1 , x2 , . . . , xn ) ∈ A1 × A2 × · · · × An ↔ x1 ∈ A1 ∧ x2 ∈ A2 ∧ · · · ∧ xn ∈ An
(i) (A × B) − (C × D)
(ii) (A − B) × (D − C)
(iii) [(B ∪ C) ∩ D] × (A − D)
Resolução do Exercı́cio 4 : (i) Temos que A × B = {(1, 1), (1, 3), (1, 4), (2, 1), (2, 3), (2, 4), (5, 1),
(5, 3), (5, 4), (7, 1), (7, 3), (7, 4)}. E que C × D = {(2, 1), (2, 3), (2, 7), (3, 1), (3, 3), (3, 7), (9, 1), (9, 3),
(9, 7)}. Assim, (A×B)−(C×D) = {(1, 1), (1, 3), (1, 4), (2, 4), (5, 1), (5, 3), (5, 4), (7, 1), (7, 3), (7, 4)}.
(ii) Temos que A − B = {2, 5, 7}. E que D − C = {1, 7}. Assim, (A − B) × (D − C) =
{(2, 1), (2, 7), (5, 1), (5, 7), (7, 1), (7, 7)}. (iii) Temos que B ∪C = {1, 2, 3, 4, 9}. Assim, (B ∪C)∩D =
{1, 3}. Além disso, A − D = {2, 5}. Logo, [(B ∪ C) ∩ D] × (A − D) = {(1, 2), (1, 5), (3, 2), (3, 5)}.
Resolução do Exercı́cio 5 : Temos que a é o único elemento de A e de B, ou seja, A = B = {a}.
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