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PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES

PATOLOGIAS ASSOCIADAS AO CONCRETO


PARTE 1
ENGENHARIA CIVIL | PROF. WAGNER CAVALARE DE SOUZA
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE
CONCRETO ARMADO
DEFINIÇÃO
A Patologia das Construções está intimamente
ligada à qualidade. São lesões ou problemas
em estruturas de concreto, podem ser de
ordem física ou química, que com o passar do
tempo, sem a devida correção, podem
acarretar danos maiores.
➢CAUSAS:
ORIGENS E CAUSAS 1. sobrecargas;
2. impactos;
3. abrasão,
4. movimentação térmica;
ORIGEM (etapa):
5. concentração de armaduras;
1. falha de projeto; 6. retração hidráulica e térmica,
2. execução; 7. alta relação água/cimento;
3. uso inadequado; 8. exposição a ambientes marinhos;
9. ação da água;
4. falta de manutenção;
10.excesso de vibração;
11.falhas de concretagem;
12.falta de proteção superficial;
CLASSES DE AGRESSIVIDADES DE AMBIENTES
Classe I – rural ou menos problemático;

Classe II – urbano;

Classe III – marinho ou industrial;

Classe IV – polos industriais, os mais agressivos (RESPINGOS DE MARÉ);

Auxilia o projetista de estruturas ao:

Dimensionamento correto, especificar o cobrimento das armaduras, e

elaborar recomendações sobre o traço do concreto, relação

água/cimento, compacidade.
CLASSE DE AGRESSIVIDADE X QUALIDADE
DO CONCRETO
COBRIMENTO DAS ARMADURAS
PRAZOS DE VIDA ÚTIL DE PROJETO
NORMAS
•NBR 6118:2014 - Atenção especial para a durabilidade das
estruturas, o cobrimento das armaduras e a relação
água/cimento do concreto. O objetivo foi tornar as
estruturas mais impermeáveis aos agentes agressivos,
aumentando sua vida útil.
•NBR 12655:2015 - incorporou os princípios de redução de
permeabilidade do concreto por meio da relação
água/cimento, mais resistente ao ataque por cloretos e
sulfatos.
•NBR 15577-1:2018 – em relação ao problema da reação
álcali-agregado, dedicada a orientar a e atenuar esse tipo de
manifestação
ORIGENS E CAUSAS DE PATOLOGIAS
ASSOCIADAS AO CONCRETO
Segundo Antônio Carmona Filho, doutor em
engenharia de materiais, as principais origens
e causas de patologias em concreto estão
associadas:

• 1º Cobertura insuficiente das armaduras

(causa);

• 2º Falhas de execução (origem);

• 3º Agressividade dos ambientes (causa);

• 4º Falhas de projeto (origem);


ETAPAS DO DIAGNÓSTICO
• Vistoria preliminar

• Anamnese (exame mais aprofundado e anotações)

• Levantamento documental

• Vistoria detalhada

• Ensaios

• Conclusão - Compilação dos dados, análise criteriosa e

parecer final. Equipe multidisciplinar para realizar a


análise e o parecer.
CLASSIFICAÇÃO DAS CAUSAS DAS
PATOLOGIAS EM CONCRETO:

Causas Físicas (parte 1):

•Desgaste superficial (abrasão, erosão, cavitação);

•Fissuração (variação de temperatura, cristalização,


carregamento estrutural, exposição a extremos de
temperatura);
CLASSIFICAÇÃO DAS CAUSAS DAS
PATOLOGIAS EM CONCRETO:
Causas Químicas (parte 2):

• Eflorescência;

• Ataques de Sulfatos;

• Reações causadoras por Expansão (corrosão de


armaduras, reação álcali-agregado, e outros).
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:

Desgastes Superficiais:

ABRASÃO: A abrasão refere-se a atrito seco e é a perda


gradual e continuada da argamassa superficial e de agregados
em uma área limitada; bastante comum nos pavimentos pode
ser classificada conforme a profundidade do desgaste
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:

Desgastes Superficiais:

EROSÃO: Quando um fluido em movimento, ar ou água,


contendo partículas em suspensão, atua sobre superfícies de
concreto, as ações de colisão, escorregamento ou rolagem
das partículas podem provocar um desgaste superficial do
concreto.
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:
Desgastes Superficiais:

CAVITAÇÃO:
“Implosão” de minúsculas bolhas de baixa pressão (vapor de
água), originadas por fluxos de alta velocidade.
Os concretos de boa qualidade têm excelente resistência a
fluxos constantes de alta velocidade de água pura, mas fluxos
não lineares, a velocidades acima de 12m/s, em ambientes
abertos, podem causar uma erosão severa do concreto, devida
à cavitação. A cavitação provoca um desgaste irregular da
superfície do concreto, dando-lhe uma aparência irregular e
corroída.
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:

Bolha de cavitação (1) implodindo próximo a uma superfície sólida,


projetando um jato (4) de líquido contra a superfície.
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:
Fissuração:

PRESSÃO DE CRISTALIZAÇÃO: Como exemplo, pode ser


citado o caso de um muro de arrimo ou laje de um concreto
permeável que, de um lado está em contato com uma
solução salina e, do outro lado está sujeito à evaporação: o
concreto pode deteriorar-se por tensões resultantes da
pressão de sais que cristalizam nos poros.
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:
• Concreto poroso absorve solução salina (ex.
1 solução de íons de Na+ e Cl-)

• Diferença de concentrações de sais gera


2 pressão osmótica no interior dos poros.

• Quando evapora permanece cristais de sal


3 sólido dentro desses poros.

• Com a cristalização, o sal aumenta de volume


4 dentro dos poros, gerando tensões internas.
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:
Com a evaporação da umidade com sal em solução, o sal
permanece e recristaliza nos poros fazendo com que ocorra
descamação e fragmentação do concreto.

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Descamação Fragmentação
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:

Fissuração:

CARGA ESTRUTURAL: Sobrecargas excessivas, impactos


não previstos e cargas cíclicas podem provocar solicitações
que ultrapassam as solicitações de fissuração, provocando
o aparecimento destas patologias.
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:

Fissuração:

VARIAÇÃO DE TEMPERATURA: Sempre que as mudanças


de volume nos elementos de concreto, causadas por
gradientes de temperatura e umidade, provocarem tensões
de tração superiores às tensões de tração admissíveis,
poderá haver o aparecimento de fissuras de origem física.
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:

Fissuração:

TEMPERATURAS EXTREMAS: Congelamento e incidência de


fogo são razões de extrema variação de temperatura
provocando desplacamento da superfície de concreto e
segregação por decomposição de suas partículas.
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:
• Concreto permeável absorve a água no estado
1 líquido.

• Temperaturas negativas formam gelo nos poros


2 causando um aumento de volume da água em 8,5%.

• Congelamento também gera pressão.


3

• Tensões internas decompõe o concreto.


4
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:
AÇÃO DO FOGO:
Concreto material incombustível - sob temperaturas
elevadas, alguns componentes se decompõem. Incêndios, atingem
temperaturas superiores aos 1.000°C.
Fatores afetam a resistência do concreto armado ao fogo:
Na pasta de cimento:
•Temperatura >100°C decompõe a etringita,
• 500 a 600°C decompõe Ca(OH)2,
• a 900°C decompõe C-S-H.
• quanto mais água dentro do concreto (menor idade), mais
lento será o crescimento de temperatura, a 100°C aparecem
gases causando lascamento.
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:
Nos Agregados :
Alguns são mal condutores de calor retardando o crescimento
das temperaturas, outros tem coeficiente de dilatação muito
diferente da pasta – fragiliza a zona de transição.
Nas estruturas:
Peças mais volumosas, mais lento será o seu aquecimento,
diminuindo a profundidade da decomposição do material.
No concreto armado:
Coef. dilatação do aço é semelhante mas não igual ao do
concreto, condutibilidade térmica do aço é superior. Acima dos
100°C a diferença aumenta muito.
Aço CA-50 perde significativa resistência acima de 700°C. CA-60
perde significativa resistência a temperaturas inferiores. Cabos
de protensão perdem maior parte da resistência até 700°C.
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:
DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:
• Incêndios levam a bruscas elevações da temperatura.
1

• A água nos poros do concreto forma o vapor.


2

• Cria-se tensões internas elevadas dentro das argamassas


3 e do concreto.

• A pressão de vapor dentro destes materiais leva ao


4 “spalling” ou lascamento.

(J. Tanesi e A. Nince – TECHNE set./2002)


DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:
Anéis de concreto (lajes)
do Channel Tunnel
destruídos por
lascamentos térmicos
explosivos nos primeiros
minutos do incêndio,
expondo a armadura à
ação direta do fogo (ULM
(2000)).

(Costa et al, 2002)


DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:

Viaduto em SP, 1998

(Paulo Barbosa, PhDesign)


DETERIORAÇÃO POR AÇÕES FÍSICAS:
Efeitos da temperatura na resistência do concreto e do aço

(José A. Freitas Jr.)


TRINCAS E FISSURAS - CLASSIFICAÇÃO
Originada por conta da atuação de tensões nos materiais.
Surge quando a solicitação é maior do que a capacidade de
resistência do material;

Mecanismos básicos que podem originar deformações no


concreto:
• Retração de secagem, expansão ou contração térmica,
deformação plástica;
• Expansão de materiais no interior do concreto (corrosão);
FISSURAS: FLEXÃO
Causas prováveis:
• Insuficiência de armadura longitudinal (positiva);
• Ancoragem insuficiente da armadura positiva;
• Sobrecargas acima do previsto no cálculo estrutural;
FISSURAS: FLEXÃO
Causas prováveis:
• Insuficiência de armadura longitudinal (negativa);
• Ancoragem insuficiente da armadura negativa;
• Sobrecargas acima do previsto no cálculo estrutural;
FISSURAS: FLEXÃO
Causas prováveis:
• Deslizamento da armadura longitudinal por falta de
aderência;
• Sobrecargas acima do previsto no cálculo estrutural;
• Ancoragem insuficiente da armadura;
• Concreto de resistência inadequada;
FISSURAS: CISALHAMENTO
Causas prováveis:
• Insuficiência de armadura transversal (estribos);
• Concreto de baixa resistência;
• Sobrecargas acima do previsto no cálculo estrutural;
• Estribos mal posicionados;
FISSURAS: ESMAGAMENTO
Causas prováveis:
• Sobrecarga acima do previsto no cálculo estrutural;
• Concreto de resistência inadequada;
FISSURAS: RETRAÇÃO
Causas prováveis:
• Secagem prematura do concreto (cura inadequada
provocando a evaporação da água);
• Contração térmica devido a diferenças de temperatura;
• Relação água cimento inadequada;
• Adensamento inadequado ou concreto mal vibrado;
FISSURAS: PARTE INFERIOR DA LAJE
Causas prováveis:
• Insuficiência de armadura positiva;
• Sobrecargas acima do previsto no cálculo estrutural;
• Ancoragem insuficiente da armadura;
FISSURAS: PARTE INFERIOR DA LAJE
Causas prováveis:
• Espessura do concreto insuficiente;
• Sobrecargas acima do previsto no cálculo estrutural;
FISSURAS: PARTE INFERIOR DA LAJE

Causas prováveis:
• Cura insuficiente;
• Excesso de calor de
hidratação;
• Cimento muito fino;
• Granulometria dos agregados
fora da especificação;
• Quantidade excessiva de água
na mistura.
FISSURAS: PARTE SUPERIOR DA LAJE
Causas prováveis:
• Insuficiência de armadura negativa;
• Armadura negativa mal posicionada;
• Sobrecargas acima do previsto no cálculo estrutural;
FISSURAS: EM PILAR
Causas prováveis:
• Recalque de fundação;
• Carga superior a prevista;
• Concreto de resistência
inadequada;
FISSURAS: EM PILAR
Causas prováveis:
• Insuficiência de estribo;
FISSURAS: EM PILAR
Causas prováveis:
• Adensamento do concreto
inadequado;
• Concreto muito fluido;
FISSURAS: EM PILAR
Causas prováveis:
•Junta de concretagem (pilar
concretado antes das vigas – para
não ocorrer fissuras deve haver
devida ligação do concreto
endurecido com o novo trecho
com aditivos estabilizantes de
hidratação do concreto ou
armaduras de costura;
•Topo do pilar com excesso de
nata de cimento ou sujeira;
FISSURAS: CANTOS DE JANELAS
Causas prováveis:
•Sobrecargas não previstas;

•Vergas e contra-vergas inexistentes ou mal executadas.


Atividade Avaliativa – 2ª Etapa
Identificar 5 fissuras distintas dentre as diversas
apresentadas acima através de registro fotográfico.
Grupos: 5 pessoas
Entregar em formato de apresentação Power Point com
as devidas comparações e explicações sucintas.
E-mail: wcavalare2005@yahoo.com.br
Assunto: TP Patologia das Construções
Prazo para realização e envio: 4h/a - 19/06/19
Valor: 5 pontos dos 30 previstos da etapa.
Obs.: Só vale uma foto de dentro da UEMG.
PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES
PATOLOGIAS ASSOCIADAS AO CONCRETO
PARTE 1
ENGENHARIA CIVIL | PROF. WAGNER CAVALARE DE SOUZA

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