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Curso: Pós-Graduação em Gestão Pública com ênfase em Auditoria Pública

Disciplina: Transparência e Governança na Gestão Pública


Aluno: Augusto Teixeira Modesto
Módulo 1. Fórum – Atividade de Participação: O modelo de administração pública
social tem como característica inserir o cidadão nas decisões e serviços relacionados
ao setor público. Uma forma disso ocorrer é através da coprodução do bem público.
Em relação a isto, responda:
1. O que é coprodução do bem público?
2. Pesquise pelo tema e apresente um exemplo de coprodução do bem público.

Coprodução do bem público consiste no engajamento mútuo e ativo do Estado com a


Sociedade na realização / produção de serviços e bens públicos. A cidadania ativa e
responsável exigida para a coprodução dos serviços públicos encontra eco nas teorias da
democracia participativa.

Segundo o ilustre doutrinador José Matias-Pereira, o enfoque denominado democrático-


participativo busca estimular a organização da sociedade civil e promover a reestruturação
dos mecanismos de decisão, em favor de maior envolvimento da população no controle
social da Administração Pública e na definição e realização de políticas públicas.

Esse modelo tem como principal preocupação o aumento do controle social, pelo processo
de democratização das relações Estado-sociedade e o aumento da participação da
sociedade civil e da população na gestão pública.

Além disso, busca-se promover a accountability por meio do envolvimento e participação


intensa da sociedade civil organizada e dos cidadãos na formulação, implementação e no
controle das políticas públicas.

Para alguns autores, como Schmitter (2002), a governança interativa, ou participativa,


parece a forma mais adequada para se lidar com problemas complexos, como a promoção
do desenvolvimento sustentável ou de processos de inovação. Frey (2007, p. 136-150)
sustenta que:
“Enquanto o modelo gerencial visa isolar e proteger o gestor público
das pressões oriundas da sociedade, o modelo democrático-
participativo requer novas habilidades do gestor público, sobretudo em
relação à articulação e à cooperação com os mais variados atores
políticos e sociais. No modelo gerencial, o gestor público é avaliado
conforme sua capacidade de alcançar as metas estabelecidas pelo
sistema de decisão
política. Já no modelo democrático-participativo, ganha relevância o
próprio processo da gestão pública, particularmente no que diz respeito
ao seu caráter democrático.”

Nessa linha, vale destacar que não há uma denominação comum entre os autores sobre a
qual tipo de modelo de Administração Pública pertence a coprodução.

Segundo o emérito Augustinho Paludo, dentro do novo modelo de gestão pública gerencial,
há 3 estágios: o gerencialismo puro, o consumerism e o Public Service Orientation (PSO). A
coprodução estaria dentro do PSO. Segundo Paludo “o PSO inclui a participação do cidadão
e da sociedade nas decisões públicas”. Somam-se a esta participação a implementação de
conceitos como accountability, transparência, participação política, equidade e justiça.

Por fim, para a ilustre Professora Ana Paula Paes de Paula, haveria uma diferença
consolidada entre dois Modelos Teóricos, a Administração Pública Gerencial versus a
Administração Pública Societal, sendo que a coprodução pertenceria a este último.

Nos dizeres de Ana Paula, a vertente societal Manifesta-se nas experiências alternativas de
gestão pública, como os Conselhos Gestores e o Orçamento Participativo, e possui suas
raízes no ideário dos herdeiros políticos das mobilizações populares contra a ditadura e pela
redemocratização do país, com destaque para os movimentos sociais, os partidos políticos
de esquerda e centro-esquerda, e as organizações não-governamentais.

Ela traça um histórico de como surgiu a Administração Societal e a coprodução, comentando


que no início da década de 1980, surgiram as primeiras experiências que tentaram romper
com a forma centralizada e autoritária de exercício do poder público, como, por exemplo, os
mutirões de casas populares e hortas comunitárias de Lages, em Santa Catarina. O tema da
inserção da participação popular na gestão pública é o cerne dessa mobilização. O campo
movimentalista se centrava na reivindicação da cidadania e no fortalecimento do papel da
sociedade civil na condução da vida política do país, pois questionava o Estado como
protagonista da gestão pública, bem como a ideia de público como sinônimo de estatal.

Uma concepção passa a ser predominante: a implementação de um projeto político que


procura ampliar a participação dos atores sociais na definição da agenda política, criando
instrumentos para possibilitar um maior controle social sobre as ações estatais e
desmonopolizando a formulação e a implementação das ações públicas, abrindo-se,
portanto, oportunidades à coprodução.

Ampliava-se assim a inserção do campo movimentalista, que passou a atuar nos governos
municipais e estaduais por meio dos conselhos de gestão tripartite, comissões de
planejamento e outras formas específicas de representação. Outro exemplo de coprodução
é o PROERD, de Santa Catarina, sigla para Programa Educacional de Resistência às
Drogas e à Violência, consiste em um esforço cooperativo estabelecido entre a Polícia
Militar, a Escola e a Família e tem por objetivo capacitar jovens estudantes de informações e
habilidades necessárias para viver de maneira saudável, sem drogas e violência.

Bibliografia

MATIAS-PEREIRA, José. Curso de Administração Pública: Foco nas Instituições e


Ações Governamentais. 4 ed. São Paulo: Editora Atlas, 2014.

PAULA, Ana Paula Paes de. Administração Pública Brasileira entre o Gerencialismo e a
Gestão Social. RAE-Debate, Artigo de 2004.

PALUDO, Augustinho Vicente. Administração Pública. 7 ed. São Paulo: Editora Método,
2017.

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