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A regeneração (1851-1910)

Em 1851, o golpe de Estado do marechal-duque de Saldanha instaurou uma nova etapa politica em Portugal,
designada por Regeneração. Tratou-se de um movimento simultaneamente político e social, na medida em
que pretendeu conciliar as diversas facções do Liberalismo e harmonizar os interesses da alta burguesia com
os das camadas rurais e da pequena e médias burguesias. Para o efeito, procedeu-se à revisão da Carta
Constitucional (o Acto Adicional de 1852 alargava o sufrágio e estabelecia eleições directas para a Câmara
dos Deputados), assegurou-se o rotativismo partidário e promoveu-se uma série de reformas económicas. A
política de Obras Públicas do período da Regeneração foi designada por fontismo devido à acção do
ministro Fontes Pereira de Melo. Preocupado em recuperar o país do atraso económico e tecnológico, Fontes
encetou uma política de construção de novos meios de comunicação e transporte, tais como estradas,
caminhos-de-ferro, carros eléctricos, pontes, portos, telégrafo e telefones. Vislumbravam-se três grandes
vantagens decorrentes do investimento em transportes e meios de comunicação: a criação de um mercado
nacional, fazendo chegar os produtos a zonas isoladas e estimulando o consumo; o incremento agrícola e
industrial e o alargamento das relações entre Portugal e a Europa evoluída.
- Revolução dos transportes –
esperava-se que a política de instalação de meios de transporte e de comunicação levasse a todo o país um
progresso geral. Assim, apostou-se na construção rodoviária e na expansão da rede ferroviária (em cerca de
50 anos, desde a ligação de Lisboa ao Carregado, em 1856, as vias férreas cobriram o território nacional).
Construíram-se pontes (por exemplo, a ponte D. Maria Pia, no Porto, 1857-1877) e portos (nomeadamente, o
porto de Leixões). A introdução do telégrafo (1857) e a reorganização dos correios, através do
estabelecimento do porte único para todo o país e da criação de um novo mapa de estações postais,
completou a obra do fontismo. Nos finais do século XIX, o automóvel e o carro eléctrico eram conhecidos
dos portugueses.
 - Livre-cambismo – 
o fomento económico assentou na doutrina livre-cambista, expressa na pauta alfandegária de 1852 que
visava uma maior liberalização do comércio. Fontes Pereira de Melo era um acérrimo defensor da redução
das tarifas aduaneiras, argumentando que só a entrada de matérias-primas a baixo preço poderia favorecer a
produção portuguesa. - Exploração da agricultura orientada para a exportação – a aplicação do liberalismo
económico favoreceu a especialização em certos produtos agrícolas de boa aceitação no estrangeiro como,
por exemplo, os vinhos e a cortiça. A aplicação do capitalismo ao sector agrícola passou por uma série de
inovações, nomeadamente os arroteamentos, a redução do pousio, a abolição dos baldios e dos pastos
comuns permitiram aumentar a superfície cultivada. Difundiram-se máquinas agrícolas (sobretudo no Centro
e Sul do país, pois no Norte a terra é mais fragmentada e irregular) e, a partir da década de 70, cresceu o uso
de adubos químicos, produzidos nacionalmente, devido ao desenvolvimento da indústria química.
-Arranque industrial – 
apesar do atraso económico de Portugal em relação aos países desenvolvidos da Europa, registaram-se
alguns progressos a nível industrial: a difusão da máquina a vapor; o desenvolvimento de diversos sectores
da indústria (nomeadamente cortiças, conservas de peixe e tabacos); a criação de unidades industriais e
concentração empresarial em alguns sectores (por exemplo, no têxtil); o aumento da população operária,
sobretudo no Norte do país (apesar de se tratar maioritariamente de mão-de-obra não qualificada); a criação
de sociedades anónimas e a aplicação da energia eléctrica à indústria (já no século XX). No entanto, a
economia portuguesa padecia de alguns problemas de base que impediram o crescimento industrial: a falta
de certas matérias-primas no território nacional (por exemplo, o algodão); a carência de população activa no
sector secundário (totalizava apenas cerca de 20%, em 1890); a falta de formação do operariado e do
patronato; a orientação dos investimentos particulares para as actividades especulativas e para o sector
imobiliário e a dependência do capital estrangeiro.
OsGrandes Armazéns do Chiado, início do século XX. A livre
circulação de mercadorias, garantida pela legislação liberal e facilitada pela revolução dos transportes, estimulou o
comércio a retalho.naugurada em 1877

Mecanização da agricultura

Ponte D. Maria Pia, construída sobre o rio Douro, i

Selo de emissão de D. Maria II, 1853

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