UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIA TECNOLÓGICAS

Departamento de Engenharia Civil

ESTRUTURAS DE CONCRETO III

NOTAS DE AULA

Prof. Msc. Clodoaldo Cesar Malheiros Ferreira

1.- ESCADAS

1.1 Generalidades

Dimensões usuais

De um modo geral o comportamento estrutural das escadas é o mesmo das lajes.

Sendo assim a sua espessura mínima deve atender a espessura mínima das lajes

Lajes não em balanço ⇒ ℎ ≥ 8

Lajes em balanço ⇒ ℎ ≥ 10

p e
h1 hm
h

Para escada ser confortável a relação entre piso e espelho deve obedecer:

2 + ≅ 64

Deve-se evitar escadas com os seguintes limites:

< 25
> 19

Duas outras medidas com relação a espessura da escada devem ser consideradas:

ℎ = ℎ⁄cos

ℎ =ℎ +
2

A determinação do número de degraus depende da altura a vencer e do espaço

disponível na horizontal.

Em edifícios de apartamentos, hotéis e escritórios: 80 ≤ ≤ 120 .

Le= largura da escada

Tipos de Escadas

As escadas podem ser classificadas de duas formas:

a) Segundo a direção de seu eixo

- Escadas retangulares;

ESCADA RETANGULAR

- Escadas com Lajes Ortogonais ( Em forma de L; U e O);

ESCADA EM L ESCADA EM U ESCADA EM O

- Escadas com Lances Adjacentes;

ESCADA COM VÃOS ADJACENTES

- Escadas Autoportantes
São escadas com lajes adjacentes, em L, ou circulares que possuem apoios
somente em suas extremidades.

ESCADA AUTOPORTANTE ESCADA AUTOPORTANTE EM L

- Escadas Circulares

ESCADA CIRCULAR

b) Segundo a direção das Armaduras

- Escada armada transversalmente;

- Escada armada longitudinalmente;
- Escada armadas nas duas direções.

1.2 – Ações nas Escadas

As ações são consideradas na vertical por m2 de projeção na horizontal.

a) – Peso próprio

Determinado através de (ℎ ) quando os degraus também forem de concreto.

Considerando o valor de = 25 / .

hm=h1+(e/2)

hm h1

 
Se a laje for de espessura constante e o enchimento de degraus for de alvenaria, o
peso próprio será calculado somando-se o peso da laje (calculado em função de ℎ )
ao peso de enchimento (calculado em função de e/2).

b) - Revestimento

O peso de revestimento pode variar entre 0,80 / e 1,2 / .

c) – Ação Variável (Sobrecarga)

Escada com acesso ao público - 3,0 /

Escada sem acesso ao público - 2,5 /

q Q
g
g

L L

As escadas com degraus isolados, segundo a NBR 6120 (1980), devem ser
projetadas para suportar além das condições normais de carga permanente (g) e
carga variável (q), também, devem ser verificadas para uma condição de carga
concentrada Q=2,5 kN aplicada na situação mais desfavorável do degrau da escada.
Nesta verificação, têm-se os seguintes esforços:

.
= + . = . +
2

Este carregamento não deve ser considerado na composição das cargas aplicadas
nas vigas de suporte dos degraus isolados.

d) Proteção (Gradil, mureta ou parede)

Quando a ação do gradil, mureta ou parede não estiver diretamente sobre uma viga
de apoio, ela deve ser considerada no cálculo da laje da escada.

Gradil: Normalmente, o peso do gradil varia no intervalo de 0,30 kN/m a 0,50 kN/m.
Mureta ou Parede: Depende do material constituinte.

Material Espessura Ação (kN/m2)

½ tijolo (15 cm) 2,7
Tijolo maciço
1 tijolo (25 cm) 4,5
½ tijolo (15 cm) 1,9
Tijolo furado
1 tijolo (25 cm) 3,2
10 cm 1,9
Bloco de concreto 15 cm 2,5
20 cm 3,2

Tabela extraída de (Giongo e Pinheiro)

Ações em Parapeitos

Segundo a NBR 6120 (1980) em seu item 2.2.1.5 em parapeitos e balcões devem
ser previstas uma carga horizontal de 0,8 kN/m na altura do corrimão e uma carga
vertical mínima de 2 kN/m.

q1=2,0 kN/m
q2=0,8 kN/m

1.3 - Escadas Retangulares

Podem ser armadas transversalmente, longitudinalmente ou em duas direções.

Podem ser com patamar, com laje em balanço, com degraus isolados ou degraus
em cascata.

a) Escadas Armadas Transversalmente

São as armadas na direção da menor dimensão da projeção da escada. Ou seja, a

escada terá sua armação principal na direção transversal.
 VIGA V1

A A

L
Armadura secundária
VIGA V2
Armadura principal

Os esforços são dados por:

= =
8 2

Altura de cálculo para o dimensionamento: (ℎ )

Altura de cálculo para o dimensionamento: h1 se degraus forem de tijolo.

Armadura mínima:

, = . .ℎ

Pode-se utilizar para armadura mínima (ℎ) que é um valor um pouco menor que
(ℎ ). (Gingo e Libanio)

Lembrando sempre que (ℎ ≥ 8 )

Armadura de distribuição:

20% ,
, ≥ 50% ,
0,90 ⁄

Espaçamento máximo da armadura principal : 20 cm

Espaçamento máximo da armadura de distribuição: 33 cm

b) Escadas armadas longitudinalmente

p s
R co
=
R1
R=p.L

p1

s s
/co /co
=L =L
 L1  L1

L L

Para as escadas armadas longitudinalmente, a altura (ℎ) é a que deve ser utilizada
para o dimensionamento.

Considerando a resultante: = .

Decompondo na direção perpendicular a escada temos:

= cos ⇒ = . cos

Transformando em carga distribuída na direção inclinada, conforme a escada tem-

se:

. cos
= ⇒ = ⇒ = cos
cos

Então para o momento atuando na direção perpendicular a seção (ℎ) da escada,

chega-se a:

. cos .
= ⇒ = ∙ ⇒ =
8 8 cos 8
E o esforço cortante é determinado por:

. cos .
= ⇒ = . ⇒ = ∙ cos
2 2 cos 2

Exemplo: Calcular a escada armada longitudinalmente com dois apoios em suas

extremidade com os seguintes dados:

Concreto: C35 Aço: CA 50 d´=2,5 cm

Sobrecarga: 2,5 kN/m2 Revestimento: 1,0 kN/m2 Gradil:0,3 kN/m
p (piso)=28 cm e (espelho)=18 cm h= 12cm

28

20

306
18
12

20 448

Numero de pisos=16 e piso = 28 cm

Número de espelhos=17 e espelho=18 cm

Desnível a ser vencido pela escada: ℎ = 17. (18) ⇒ ℎ = 306

Vão livre de projeção na horizontal da escada: = 16(28) ⇒ = 448

Cálculo da altura média da escada:

28
cos = ⇒ cos = cos = 0,8412
+ √18 + 28

ℎ 12
ℎ = ⇒ℎ = ⇒ ℎ = 14,266 ℎ = ℎ + ⇒ ℎ = 23,27
cos 0,8412 2
Ações a serem consideradas:

Sobrecarga ou ação variável: = 2,5 /

Peso próprio da estrutura: = ∙ℎ ⇒ = 25. (0,2327) ⇒ = 5,816 /
Peso do revestimento: = 1,0 /
Peso do gradil: = 0,3 / ⁄1,0 ⇒ = 0,3 / (largura da escada 1,0m)

= + + + ⇒ = 9,616 /

Cálculo do momento fletor:

. (9,616). 4,68
= ⇒ = ⇒ = 26,328 . /
8 8

= . ⇒ = 2632,8 (1,4) ⇒ = 3685,9 /

Cálculo de Kmd:

3685,9
= ⇒ = ⇒ = 0,1634
. . 3,5
∙ (100)(9,5)
1,4

Cálculo de Kz (o valor de Kz pode também ser determinado através de tabela):

− − 2. .
= ⇒ = 0,2692 = 1 − 0,5 . ⇒ = 0,8923
.

Cálculo de As:

3685,9
= ⇒ = ⇒ = 10,00
. . 50
0,8923. (9,5).
1,15

Utilizando como armação ( 12,5 /12,5) que corresponde a uma área efetiva de
10,00 .

Cálculo da armadura mínima

, = . .ℎ ⇒ , = 0,00164. (100). 12 ⇒ , = 1,968

Cálculo da Armadura de distribuição

 0,20. = 0,20.10 = 2,0 ⁄
, ≥ 0,50. , = 0,50. (1,968) = 0,984 ⁄
0,90 ⁄

, = 2,0 ⁄ (∅6,3 ⁄15)

, = 2,10 ⁄

Detalhamento
3
8
N
2
Ø
6
.
3
-
9
5
-
c
/
1
5

1
5
5
.
21
/c
-
50 3
6
- 5
5.
21

7
Ø
1
N
9
1
7

c) Escadas Armadas em duas direções

As escadas armadas em duas direções são calculadas através de tabelas usuais de

lajes considerando para os vãos as medidas na projeção horizontal. Devendo
sempre considerar que, para este tipo de laje, a relação entre vãos deve ser menor
que 2.

Para o dimensionamento utilizar como alturas:

ℎ − para a armadura na transversal (Aderson pg 61)

ℎ −para a armadura na direção longitudinal (Aderson pg 61)
 VIGA V1

Ast(hm)

Asl(h1)
VIGA V3

VIGA V4
VIGA V2

Para o cálculo da armadura mínima utiliza-se (ℎ ) na direção transversal e (ℎ)na

direção longitudinal (Libânio e Giongo).

Escada com patamar

As disposições da escada com patamar são as mostradas nas figuras abaixo:

a) b)

c) d)

Dependendo das condições de apoio as disposições a) e b) podem mudar de

comportamento. Se a escada for considerada apenas com um apoio do 1º gênero e
outro apoio do 2º gênero (estrutura isostática), então somente haverá momento
positivo, conforme a figura abaixo:
 p1 p1
p2 p2

Diagrama de Momento Fletor Diagrama de Momento Fletor

1 apoio do 1o Gênero e 1 do 2o Gênero 2 apoios do 2o Gênero

Se os dois apoios forem do 2º gênero (estrutura hiperestática) então deve aparecer

um momento negativo. Este comportamento é devido as reações na horizontal que
ocorrem no apoio. Neste caso deve ser previsto na viga de apoio o carregamento
indicado na figura abaixo, caso não haja continuidade de laje:

FORÇA HORIZONTAL LINEAR EM VIGAS DE APOIO DE ESCADA