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1*
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais . Avenida Amazonas, 5253, Nova Suíça,Belo Horizonte,
MG -rangelrs@yahoo.com.br
2
Depto. de Energia Nuclear da UFPE . Avenida Professor Luiz Freire, 1000, Cidade Universitária, Recife, PE -
esa@ufpe.br
3
Depto. de Engenharia de Materiais da UFCG . Avenida Aprígio Veloso, 882, Campina Grande, PB
O atual estudo consistiu em avaliar o comportamento de degradação por ESC de um PMMA tenacificado irradiado com
diferentes doses de radiação gama. Os corpos-de-prova do polímero foram obtidos por injeção, irradiados em uma fonte
de 60Co e submetidos a ensaios de relaxação de tensão, tendo-se o etanol e o etileno glicol como líquidos de ESC. Foi
observada uma maior ação de ESC sob etanol com o aumento da dose de radiação. Em ensaios sob etileno glicol apenas
foi observado ação de ESC com o polímero irradiado na maior dose e sob a maior carga de ensaio. Análise da superfície
de fratura dos corpos-de-prova ensaiados, sob etanol, revelou um padrão dendrítico na superfície de fratura.
The influence of gamma radiation on the ESC behaviour of a toughened PMMA through stress relaxation
On this work we studied the ESC degradation behaviour of a toughened PMMA irradiated with different gamma
radiation doses. Tensile samples were obtained by injection moulding, and then irradiated using a 60Co source. The
samples irradiated on several doses were submitted to relaxation tests under air, ethanol and ethylene glycol. The results
showed that the ESC action was intensified with the rising radiation doses when the relaxation tests were done under
ethanol. On the tests under ethylene glycol the ESC effect was observed only to the irradiated polymer through the
higher dose and under the higher relaxation load. The fracture surface analysis of tested relaxation samples, under
ethanol, showed a dendritic pattern formed on fracture surfaces.
Introdução
Experimental
Material
Os corpos-de-prova (formato tração/ASTM D638/espessura de 3,4mm) de PMMA
tenacificado foram doados pela Resarbrás Acrílicos. Eles foram obtidos por injeção, com os
seguintes parâmetros de moldagem: temperatura do barril da injetora entre 190 e 205oC;
temperatura do molde de 35oC.
Ensaios
ESC
Foram realizados ensaios de relaxação de tensão, utilizando um equipamento Lloyd LR 10K,
para avaliar a degradação por ESC do PMMA tenacificado não irradiado e irradiado com as doses
de 25kGy, 50kGy e 100kGy. O ensaio consistiu em aplicar uma carga inicial. Duas cargas foram
Resultados e Discussão
0,32
Viscosidade Intrínseca (dL/g)
0,28
0,24
0,2
0 50 100 150
Dose (kGy)
Figura 1 - Viscosidade intrínseca do PMMA tenacificado em função da dose de radiação gama.
Ao observar as curvas da Figura 2.a, referentes aos ensaios de relaxação a partir da carga
inicial de 400N, conclui-se que existe uma dependência do comportamento de relaxação com a dose
300 300
Força (N)
Força (N)
0kGy - sem líquido
0kGy - sem líquido
0kGy - etanol
150 25kGy - etanol 150 0kGy - et. glicol
50kGy - etanol
100kGy - etanol
0 0
1 10 100 1000 1 10 100 1000
Tempo (s) Tempo (s)
450
(c)
300
Força (N)
150
0
1 10 100 1000
Tempo (s)
Figura 2 - Curvas de relaxação para uma carga inicial de 400N: a - PMMA tenacificado sob etanol; b - PMMA tenacificado não irradiado, sem
líquido e sob etileno glicol; c - PMMA tenacificado irradiado, sem líquido e sob etileno glicol.
Os resultados de relaxação obtidos com a carga de 800N se assemelham aos da menor carga.
O etanol exerce intensa ação de ESC, evidenciado pela menor relaxação e menor tempo de ruptura
em relação à carga de 400N (Figura 3.a). As curvas de relaxação do polímero não irradiado
ensaiado sem líquido e sob etileno glicol novamente apresentam comportamento semelhante
(Figura 3.b). Para o polímero irradiado com 100kGy, as curvas referentes aos ensaios sem líquido e
sob etileno glicol se sobrepõem, no entanto alguns corpos-de-prova ensaiados com líquido sofreram
fratura antes do término do ensaio, indicando a ação de ESC dependente da dose (Figura 3.c). A
ação de ESC pelo etileno glicol observada na maior dose devido à ruptura de alguns corpos-de-
prova durante o ensaio é diferente da observada com o etanol, pois não ocorre a separação da curva
de relaxação em relação ao ensaio sem líquido. A relaxação se deve a formação de crazes
superficiais, o que, portanto, não é favorecido pelo etileno glicol, evidenciado pela aparência dos
corpos-de-prova após o ensaio. Os resultados obtidos com o polímero irradiado com as doses de 25
e 50kGy sob etileno glicol não indicaram fratura de corpos-de-prova durante o ensaio [15].
0kGy - etanol
600 25kGy - etanol 600
Força (N)
Força (N)
50kGy - etanol
0kGy - sem líquido
100kGy - etanol 0kGy - sem líquido
300 300 0kGy - et. glicol
0 0
1 10 100 1000 1 10 100 1000
Tempo (s) Tempo (s)
900
(c)
600
Força (N)
0
1 10 100 1000
Tempo (s)
Figura 3 - Curvas de relaxação para uma carga inicial de 800N: a - PMMA tenacificado sob etanol; b - PMMA tenacificado não irradiado, sem
líquido e sob etileno glicol; c - PMMA tenacificado irradiado, sem líquido e sob etileno glicol.
A intensa relaxação observada nos ensaios sob etanol é devido à formação e crescimento de
crazes superficiais (ver Figura 6). O processo de crazing no PMMA-t durante o ensaio de relaxação
se caracterizou por um aspecto peculiar, com a formação de um padrão de ramificações semelhante
à dendritas (ramificações) observado na superfície de fratura dos corpos-de-prova. Tal padrão
[12]
também foi observado em ensaios de ESC mediante tração . Os ensaios de tração para o par
[11]
PMMA/etanol também resultaram na formação do padrão dendrítico . A fratura dos corpos-de-
prova ocorreu a partir de uma craze entre várias delas formadas na superfície, o que é esperado
[5]
quando o mibrofibrilamento (crazing) é o mecanismo de deformação predominante . Após
inspeção visual de outras crazes formadas, ou seja, as que não se transformaram em trinca e
fraturaram, e favorecido pela transparência do polímero, foi possível constatar a formação do
padrão de ramificações no interior dos corpos-de-prova, semelhante ao verificado na superfície de
fratura. A Figura 4 mostra as superfícies de fratura dos corpos-de-prova após ensaio sob etanol para
(a) (b)
0,4mm 0,4mm
(c) (d)
0,4mm 0,4mm
Figura 4 - Superfícies de fratura do PMMA tenacificado ensaiado sob etanol, a partir da carga inicial de 400N: a - não irradiado; b - 25kGy; c -
50kGy; d - 100kGy.
0,4mm 0,4mm
(c) (d)
0,4mm 0,4mm
Figura 5 - Superfícies de fratura do PMMA tenacificado ensaiado sob etanol a partir da carga inicial de 800N: a - não irradiado; b - 25kGy; c -
50kGy; d - 100kGy.
0,4mm
Figura 6 - Corpos-de-prova de PMMA tenacificado irradiados com diferentes doses, ensaiados por relaxação sob diferentes condições de carga
inicial: a - não irradiado/800N; b - não irradiado/400N; c - 50kGy/800N; d - 50kGy/800N; e - 100kGy/800N; f - 100kGy/400N.
Agradecimentos
Ao CNPq pela concessão da bolsa de doutorado ao aluno Alexandre R. Sousa. A Resarbrás pela
doação do polímero.
Referências Bibliográficas