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Lição 8

O EXÍLIO DE DAVI
24 de Novembro de 2019
TEXTO ÁUREO VERDADE PRÁTICA
“Então, Davi se retirou dali e se escapou para a
caverna de Adulão; e ouviram-no seus irmãos e
toda a casa de seu pai e desceram ali para ele. E Dos muitos conflitos que vivenciamos aprendemos lições
ajuntou-se a ele todo homem que se achava em preciosas para a nossa vida espiritual e formação de nosso
aperto, e todo homem endividado, e todo homem de caráter, segundo o modelo Cristo.
espírito desgostoso, e ele se fez chefe deles; e eram
com ele uns quatrocentos homens.” (1Sm 22.1,2)
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Fp 2.4,21: Na obra de Cristo, lutemos Quinta - Sl 127.3: Os filhos devem cuidar dos pais em
por Cristo todos os momentos
Terça - Mt 4.1: Há um propósito elevado quando Sexta - Êx 20.12: Deus sempre abençoa os filhos
Deus nos “exila” obedientes
Quarta - 2Tm 2.12: A fidelidade é o segredo para Sábado - Hb 13.7: Os cristãos devem honrar os que são
reinarmos com Cristo colocados por Deus na obra
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
1 Samuel 22.1-5
1 Então, Davi se retirou dali e se escapou para a caverna de Adulão; e ouviram-no seus irmãos e toda a casa de
seu pai e desceram ali para ele.
2 E ajuntou-se a ele todo homem que se achava em aperto, e todo homem endividado, e todo homem de espírito
desgostoso, e ele se fez chefe deles; e eram com ele uns quatrocentos homens.
3 E foi-se Davi dali a Mispa dos moabitas e disse ao rei dos moabitas: Deixa estar meu pai e minha mãe
convosco, até que saiba o que Deus há de fazer de mim.
4 E trouxe-os perante o rei dos moabitas, e ficaram com ele todos os dias que Davi esteve no lugar forte.
5 Porém o profeta Gade disse a Davi: Não fiques naquele lugar forte; vai e entra na terra de Judá. Então, Davi
foi e veio para o bosque de Herete.
HINOS SUGERIDOS
36, 41, 42 da Harpa Cristã
OBJETIVO GERAL
Mostrar que dos muitos conflitos que vivenciamos podemos tirar lições preciosas para a nossa vida espiritual.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o
objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos sub-tópicos.
I. Caracterizar o exílio de Davi;
II. Expor Davi e o amor com os pais;
III. Explanar sobre pessoas que morreram por Davi.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR

As inúmeras situações difíceis que o seguidor de Cristo passa na caminhada cristã podem servir-lhe de
amadurecimento e crescimento na vida espiritual. A lição desta semana mostra que Davi cresceu como homem
de Deus no exílio, embora o sofrimento vivenciado ali lhe causasse períodos bastante desconfortáveis.
Entretanto, estava claro que Deus trabalharia na vida de Davi a fim de prepará-lo para reinar no lugar de Saul.
Nos momentos de solidão e de deserto, Deus fala conosco, conduz a nossa vida e nos dá diretrizes para fazermos
a sua vontade.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo do trimestre sobre liderança do povo de Deus, com base nos livros de Samuel,
trataremos nesta Lição do exílio de Davi. Exílio (do latim exilium = banimento, desterro) é o estado de estar
longe da própria casa (seja cidade ou nação) e pode ser definido como expatriação, voluntária ou forçada de um
indivíduo. Alguns autores utilizam o termo exilado no sentido de refugiado, longe do convívio social, no
ostracismo. Davi, o jovem que o Senhor ungiu para suceder a Saul ao trono de Israel; o valente destemido que
venceu o gigante Golias; aquele de quem as mulheres diziam: “Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus
dez milhares” (1Sm 18.7); aquele que comia à mesa do rei; aquele que comandava um grupo de homens da elite
do exército de Saul, agora é atingido fortemente pelo medo de morrer e é obrigado a viver no exílio, no
ostracismo, no desterro, em cavernas, longe do convívio social, num estado de completa humilhação. Entretanto,
os livros de Samuel deixam transparecer que Deus trabalhava na vida de Davi a fim de prepará-lo para reinar no
lugar de Saul. Como bem diz o Pr. Osiel Gomes, “nem sempre as vivências marcadas por situações traumáticas
podem ser vistas como negativas. Por vezes, elas servem para tirar as cascas das aparências, a infantilidade, o
esquecimento de nós mesmos, a fim de levar-nos à essência real da vida”. Temos a certeza de que, nos desertos
de nossa vida, Deus caminha conosco, nos conduzindo na direção certa e provendo para nós nos momentos de
aflição e necessidades. Devemos, pois, estar no centro da Sua vontade e esperar o momento certo da divina
providência, mesmo em tempos bastantes desconfortáveis. Nem sempre as vivências marcadas por situações
traumáticas podem ser vistas como negativas. Por vezes, elas servem para tirar as cascas das aparências, a
infantilidade, o esquecimento de nós mesmos, a fim de levar-nos à essência real da vida. O exílio fala de
expatriação forçada ou livre, isolamento social, solidão. A conotação nem sempre é pejorativa, pois, nas
Escrituras Sagradas, o exílio recebeu conotações positivas e negativas. O exílio pode ser o lugar onde nosso
caráter será testado, onde nossa própria identidade será descoberta, onde nossa lucidez mental e espiritual terá a
sua aurora (Pv 4.18). A caverna de Adulão não será apenas o exílio de Davi, mas, sim, o lugar que moldará o seu
caráter, preparando-o para uma missão maior: a liderança de Israel. Nesta lição estudaremos as grandes lições
que podemos extrair da vida de Davi quando este estava na caverna de Adulão; veremos as características dos
homens que ajudaram este monarca de Israel; pontuaremos o que podemos aprender com a liderança de Davi; e
por fim, analisaremos as qualidades do filho de Jessé como líder no exílio. A caverna é uma espécie de gruta na
rocha que servia de abrigo e de refúgio para animais, peregrinos e forasteiros que recorrem para se protegerem
de perigos e descansarem de suas árduas, fatigantes e exaustivas jornadas. E em tempos de guerra serviam de
lugares de refúgio (Jz 6.2). Na caminhada da vida às vezes recorremos a algumas cavernas, quando nos
sentimos: esgotados e sufocados com as lutas diárias; quando somos: perseguidos e ameaçados pelos inimigos; e,
em fim, quando nos encontramos: inseguros, abatidos, debilitados, deprimidos, desanimados e amedrontados.
Procuramos a caverna em busca de refúgio e refrigério. Depois da aliança com Jônatas, ciente que Saul queria
matá-lo por inveja, Davi sai em busca de um lugar para se esconder. A palavra Adulão tem dois significados: (1)
justiça do povo; (2) refúgio, esconderijo. Essas não são duas maravilhosas alusões à cruz do Calvário e à futura
história de Israel? Será feita justiça a Israel, e isso no dia da Grande Tribulação quando o povo judeu se refugiará
no Senhor e quando seus olhos virem àquele a quem haviam rejeitado. A salvação de Israel passa pelo Calvário
(Adulão)! Mas também a nós, que cremos em Jesus Cristo, foi concedida ali a justiça que tem validade diante de
Deus. Fomos justificados pelo sangue do Cordeiro (Rm 3.25,26). E na cruz igualmente encontramos refúgio. “O
Deus eterno é a tua habitação” (Dt 33.27). Bom estudo e crescimento maduro na fé cristã!

PONTO CENTRAL
O crente deve tirar preciosas lições para a vida espiritual dos muitos conflitos vivenciados.

I. AS CARACTERÍSTICAS DO EXÍLIO DE DAVI

O exílio de Davi foi uma experiência pedagógica para ele, cujos estágios moldaram o seu caráter, que o levaram
à maturidade e crescimento na vida espiritual e relacional, e que lhe promoveu à virtude da paciência: “pois a
tribulação produz a paciência” (Rm 5.3), e que fariam dele um homem resiliente diante das intempéries,
vicissitudes, preparando-o para uma missão especial de grande relevância: a liderança do povo de Deus, Israel.
Não sabia ele “que a prova de nossa fé produz a paciência” (Tg 1.3). É certo que houve momentos em que a fé
dele demonstrou arrefecimento, que é comum ocorrer com qualquer crente diante de provas inclementes. Um
exemplo disso, dentre outros, é quando, numa situação de total desespero, Davi foge para cidade Gate, território
inimigo, onde buscou asilo com Áquis, rei filisteu de Gate (1Sm 21.10), e ainda levava consigo a espada de
Golias que Aimeleque tinha dado a ele; é como se Davi tivesse se tornado Golias, armado com sua espada e
rumando para a cidade natal dele. Fica óbvio que Davi caminhava de acordo com o que via, e não pela fé, e
confiava em sua própria capacidade. Mas, cedo ou mais tarde, se perceberia que viver de acordo com o que se vê
terminaria em fracasso; e Davi, que anteriormente havia mentido para Aimeleque, dominado pelo medo, é
obrigado a encenar outra mentira e fingir-se de louco para não ser morto (1Sm 21.13). O respeito oriental em
presença da loucura salvou-o da morte praticamente certa. Davi, ao recorrer à fraude, deixou de entregar sua vida
incondicionalmente ao Senhor e à sua proteção. É um erro que não deve ser imitado. Quando a fé vacila, pode
acontecer de o indivíduo perder Deus de vista e agir de forma contrária às suas crenças e às suas experiências
pessoais. A despeito desse claro arrefecimento da fé diante das provas, Davi não perdeu a esperança em Deus,
ele ainda esperava na providência divina: “até que saiba o que Deus há de fazer de mim” (1Sm 22.3). As
diversas situações difíceis que o seguidor de Cristo passa na caminhada cristã podem servir-lhe de
amadurecimento e crescimento na vida espiritual. Em quaisquer circunstâncias devemos esperar em Deus, pois
no seu tempo (Kairos) ele cumprirá as suas promessas. Depois de escapar de Gate, Davi refugiou-se na Caverna
de Adulão (1Sm 22.1-5). Era assim chamada devido a uma cidade nas suas proximidades. Vamos explorar esta
Caverna e extrair dela lições para a vida. O povo de Israel passava por dias complicados. Davi, após ter sido
ungido a rei, ser um servo de Deus, havia se exilado, pois Saul, dominado por sentimentos negativos queria
matá-lo. O exílio de Davi, relatado em 1 Samuel 22.1-5, remete o cristão para a realidade de inúmeras situações
difíceis que o seguidor de Jesus pode ser acometido. Este episódio faz com que entendamos que a permissão do
Senhor, para que o crente vivencie o sofrimento, tem o objetivo de fazer com que este crente esteja, futuramente,
apto para assumir missões que jamais teria competência para exercê-la se não experimentasse o tempo da
provação.

1. A caverna de Adulão. A caverna de Adulão ficava nos arredores da cidade de mesmo nome, a oeste do pé da
montanha de Judá (Js 15.3), cerca 27 km a sudoeste de Jerusalém e 16 km sudeste de Gate, vale de Elá, entre
Jerimote e Socó, próximo ao local da épica batalha entre Davi e Golias. O nome ‘Adulão’ significa ‘lugar
fechado’, ‘refúgio’ ou ‘justiça do povo’. Adulão é uma cidade mencionada na Bíblia. Ela foi uma das cidades
reais dos Cananeus (Js 12.15; 15.35). Ela permaneceu próxima à estrada a qual posteriormente tornou-se a
Estrada romana no Vale de Elá, a cena da vitória memorável de Davi sobre Golias (1Sm 17.2) e não distante de
Gate. Foi uma das cidades que Roboão fortificou contra o Egito (2Cr 11.7). Miqueias a chamou de " a glória de
Israel" (Mq 1.15). Foi em uma de suas cavernas que Davi se refugiou quando estava fugindo do rei Saul (1Sm
22.1). Lugares, pessoas, situações - tudo serve para o nosso crescimento social e espiritual. Davi deixa o
território e vai para uma região que conhecia muito bem: a caverna de Adulão. O nome Adulão quer dizer
refúgio; era assim denominado por causa de uma cidade em suas proximidades. Situada na Sefelá, a planície de
Judá, distando de Jerusalém aproximadamente 26 km ao sudoeste e 20 km ao sudeste de Gate. No período dos
patriarcas tinha sido uma cidade cananéia (Gn 38.1) e, na época das batalhas de Josué, quando da ocupação da
terra, ela foi capturada (Js 12.15). Houve fatos importantes na caverna de Adulão. Ali, ela foi fortificada por
Roboão (2Cr 11.7); depois do cativeiro foi reocupada pelos filhos de Judá (Ne 11.30) e sua existência foi
comprovada nos dias do profeta Miqueias (1.15). Hoje ela é chamada de Aid-el-Ma. No dicionário organizado
por J. D. Douglas a definição de caverna do termo hebraico é mea´rah, que pode ser entendido como covil,
buraco. Formada por pedras calcárias e de giz, servia como habitação, esconderijo, cisterna, sepulcro.
Biblicamente falando, pode-se notar que diversos personagens aparecem habitando em cavernas, como foi o caso
de Ló (Gn 19.30). No tocante a ser usada como sepulcro, podemos citar o caso de Abraão, Isaque, Rebeca, Lia,
Jacó, os quais foram sepultados na Caverna de Macpela (Gn 23.19; 25.9; 49.29-32; 50.13). No caso de
esconderijo, elas foram usadas por Elias e Davi (1Rs 19.9; 1Sm 22.1). No seu aspecto literal, a caverna de
Adulão era denominada antigamente fortaleza. Acredita-se que o nome caverna surge pela corruptela do texto
hebraico. Essa caverna ficava 32 quilômetros a sudeste de Jerusalém e pouco mais que isso de Gate. Esse lugar
tornou-se o exílio de Davi, tanto antes como depois de grandes passagens (2Sm 23.13-17). A causa de Davi
dirigir-se para essa fortaleza deveu-se ao ódio e ao ciúme declarado de Saul contra sua pessoa. Isso se comprova
facilmente no ato da matança que ele faz com os sacerdotes de Nobe por considerar que o sumo sacerdote dera
apoio ao fugitivo Davi (1Sm 21.1-27). O fim de Saul será triste porque ele colhe aquilo que plantou (Gl 6.7).
Adulão, que significa refúgio, era uma antiga cidade real dos cananeus (Gn 38.1), situada numa região
montanhosa, próxima à fronteira filisteia, a vinte quilômetros a leste da cidade de Gate, na fronteira do território
de Judá, aproximadamente 26 km de Jerusalém, e a uns vinte quilômetros de Belém, a cidade natal de Davi.
Atualmente, Adulão é chamada de “Aid-el-Ma”. Para ficar longe de Saul Davi teve que ir para o exilo à busca
de refúgio, e um desses refúgios foi a caverna de Adulão (1Sm 22.1), um sistema de corredores sem fim e
passagens transversais. Davi, o valente que derrotou o gigante Golias, o valente cantado pelas mulheres de Israel
em suas músicas: “Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares” (1Sm 18.7), agora estava
fugindo em direção a uma caverna, tímido e com medo de morrer pelas mãos de Saul. Num verdadeiro
redemoinho de eventos, ele perdeu o emprego, a mulher, a casa, seu conselheiro, seus melhores amigos e,
finalmente, sua autoestima. À semelhança de Jó, ele foi golpeado com tanta força que sua cabeça deve ter ficado
girando durante horas. Davi chegara ao fundo do poço. Este foi o pior momento na vida de Davi até então. Se
você quiser saber como ele realmente se sentia, leia o Salmo 142, de sua composição. Era assim que Davi se
sentia como habitante da caverna: "Olhei para a minha direita e vi; mas não havia quem me conhecesse; refúgio
me faltou; ninguém cuidou da minha alma” (Sl 142.4). Davi não tinha segurança, alimento, alguém com quem
conversar, promessa à qual apegar-se e nem esperança de que as coisas viessem a modificar-se um dia. Estava
sozinho numa caverna escura, longe de tudo e de todos que amava. De todos, exceto de Deus. Podemos sentir a
solidão desse lugar tão desolado? A umidade dessa caverna? Podemos sentir o desespero de Davi? As
profundezas em que sua alma desceu? Não havia meios de fugir. Nada restou, absolutamente nada! Em meio a
tudo isso, Davi não perdeu Deus de vista. Ele clama ao Senhor para livrá-lo. É aqui que podemos vislumbrar o
coração desse jovem-homem, a essência que só Deus vê, a qualidade invisível que Deus viu quando escolheu e
ungiu o jovem pastor de Belém. Davi foi levado a um ponto em que Deus pôde começar realmente a moldá-lo e
fazer uso dele. Quando o Deus soberano nos reduz a nada, é para redirecionar nossa vida e não para extingui-la.
A perspectiva humana diz: "Ah, você perdeu isto e aquilo; você causou isto e aquilo; você destruiu isto e aquilo;
por que não acaba com a sua vida?". Mas Deus diz: "Não. Você está na caverna, mas isso não significa que é o
fim de tudo. Significa tempo para redirecionar sua vida. Está na hora de um novo começo!". Foi exatamente isso
que Deus fez com Davi. Apesar dos séculos existentes entre nós e Davi, esse homem e suas experiências são
mais relevantes do que nunca em nossos dias. Às vezes, as provas inclementes, as tribulações impiedosas, as
tempestades da vida tremendamente ameaçadoras, nos fazem perder de vista a verdade e nos levam ao fundo do
poço. A única solução? Buscar refúgio no único que nos pode socorrer: o Senhor Deus Todo-Poderoso. “A ti, ó
SENHOR, clamei; eu disse: tu és o meu refúgio e a minha porção na terra dos viventes. Atende ao meu clamor,
porque estou muito abatido; livra-me dos meus perseguidores, porque são mais fortes do que eu. Tira a minha
alma da prisão, para que louve o teu nome; os justos me rodearão, pois me fizeste bem" (Sl 142.4-7). “O
SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio” (Sl 46.11). A caverna de Adulão foi
uma bênção para Davi e os homens que ali se encontravam. Buscando ficar fora do alcance e da vista de Saul,
Davi refugiou-se em uma caverna na cidade canaanita chamada Adulão, no território de Judá, a meio caminho
entre Jerusalém e Laquis. A cidade foi fortificada por Roboão visando dificultar o ataque dos egípcios (2Cr
11.7); os judeus a habitaram após o exílio (Ne 11.30). Os Salmos 57 e 142 dão uma ideia do estado flutuante das
emoções de Davi durante sua provação. As duas poesias abordam o período em que se escondeu na Caverna de
Adulão. No Salmo 57, ele se mostra corajoso, animado, quase parece gostar da situação por causa da certeza do
seu resultado vitorioso. No Salmo 142, deixa transparecer a tensão que há em sua alma por ser odiado e estar
caçado, porém, continua reverente ao Senhor. Compreendemos por meio de suas palavras que sua fé o sustenta,
embora esticada até seu limite. Ao invés de se acovardar, por causa do círculo do inimigo que deseja seu mal,
reconhece que está em vantagem contra eles, pois conhece o poder do Altíssimo, que o protege e lhe dá
estratégias eficazes (1Sm 24.1-15). O arqueólogo francês Charles Clermont-Ganneau visitou o local em 1874 e
escreveu: "O local é absolutamente desabitado, exceto durante a estação chuvosa, quando os pastores se
abrigam lá durante a noite". Na atualidade, o lugar é identificado como Ai el Ma e Tell esh-Sheikh Madhkur.

2. Os exilados da caverna de Adulão. Muitos se dirigiam para ali, a fim de fazer companhia a Davi.
Primeiramente, seus irmãos e toda a casa de seu pai, posto que estavam ameaçados pelo rei Saul, devido à
ligação com Davi. Outros que foram à procura de Davi na caverna eram os homens que se encontravam em
dificuldades. Como Davi conseguiu firmar sua liderança nessas condições? Na verdade, não foi apenas uma ação
sua; todos os que se juntaram a ele estavam ansiosos por uma existência mais favorável. Davi treinou esse grupo,
aparentemente sem sucesso; obteve êxito, pois todos ali buscavam uma vida melhor, tinham os mesmos ideais e,
sendo assim, mantiveram-se fiéis a Davi, fazendo de tudo pelo seu líder (2Sm 23.8-39). Os cristãos, como
soldados reunidos por Cristo, devem lutar com os mesmos objetivos, não tendo cada um, sua própria prioridade,
mas a de Cristo (Fp 2.4,21). Se esse for o espírito, Deus dará o sucesso e o crescimento da obra. Os proscritos,
ou seja, degredados, banidos, que se juntaram a Davi, num total de 400 homens, eram de três classes: (1) aqueles
que se achavam em aperto, do hebraico matsowq, “apuro, pressão, dificuldade ou perseguição”; (2) os que
deviam dinheiro a juros, do hebraico nasha; e (3) homens amargurados, do hebraico marah. Era desses que Davi
seria líder. É bom entender que os que se ajuntaram a Davi estavam na mesma situação que ele: eram
considerados fora da lei e não estavam contentes com o governo de Saul. Então, com eles Davi forma um
exército que trabalhará a seu favor. Não foi difícil liderá-los por duas razões: primeiro, estavam nas mesmas
condições de Davi; segundo, tinham consciência de que Davi era a grande esperança de mudança. Eles iriam
trabalhar no mesmo propósito. Caso Davi crescesse, eles também cresceriam, e foi o que aconteceu. Ao subir
Davi ao trono, não foram esquecidos pelo seu rei. Quando líder e servo trabalham com os mesmos ideais,
objetivos, o sucesso é garantido. Paulo disse à igreja de Filipos que Timóteo tinha seus mesmos sentimentos, por
isso cuidaria bem deles (Fp 2.19-23). Vale dizer que esse grupo de homens passou a servir a Davi com
submissão porque a primeira coisa que ele fez foi valorizar cada um. Isso pode ser comprovado pelo elogio que
Davi faz quando menciona em sua lista os grandes valentes, que, em destaque, pode-se pontuar três (2Sm
23.13,14; 1Cr 11.15.16), enquanto o sistema os perseguia. Por vezes achamos por demais difícil liderar igreja,
um grupo de pessoas; todavia, quando o pastor ou líder procura valorizar o talento, a capacidade de seus servos,
sendo humilde em tudo, fica mais fácil. É nesse sentido que é bom atentar para o que Jesus disse em Mateus
10.44. Liderança firmada na autocracia, na inflexibilidade, que apenas exige, cobra, sem valorizar o outro,
jamais permanecerá de pé. É bom lembrar que Pedro nivelou-se aos demais presbíteros e, para alcançar o
respeito dos seus liderados, servia de exemplo (1Pe 5). Davi estava sozinho na caverna, e veja quem foi juntar-se
a ele: a sua família. "Quando ouviram isso seus irmãos e toda a casa de seu pai, desceram ali para ter com ele"
(1Sm 22.1). Já fazia muito tempo que a família de Davi não lhe dava atenção. Seu pai quase esquecera da sua
existência quando Samuel fora procurar em sua casa um possível candidato para reinar sobre Israel. Samuel teve
de dizer: "Você só tem esses filhos?". Jessé estalou os dedos e respondeu: "Oh, não, tenho um filho que cuida
das ovelhas". Mais tarde, quando foi para a guerra e estava pronto para lutar com Golias, os irmãos o
desprezaram, dizendo: "Sabemos porque veio, só para mostrar-se". E agora, os mesmos irmãos e o pai,
juntamente com o resto da casa, procuram Davi para ficar com ele, na caverna de Adulão. Algumas vezes,
quando estamos na “caverna”, não queremos ninguém por perto; às vezes, não conseguimos suportar outras
pessoas. Não admitimos isso publicamente, claro, mas é verdade; só queremos ficar sozinhos. Na minha
concepção, naquele momento da sua vida, Davi não queria ninguém por perto. Em vista de não valer nada para si
mesmo, não conseguia ver o seu valor para quem quer que fosse. Davi não queria seus parentes, mas eles
chegaram. Ele não desejava a presença deles, mas Deus os levou assim mesmo. Davi os levou para dentro da
caverna em que ele se escondia. Mas, não foi somente a família de Davi que se juntou a ele; outro grande grupo
de homens se juntou a ele. Ajuntaram-se a Davi todos os homens que se achavam em aperto, e todo homem
endividado, e todos os amargurados de espírito. Os primeiros eram em sua maioria estrangeiros em dificuldades,
homens rudes e problemáticos, no entanto, Davi os recebeu, acolheu-os, ensinou-os e preparou-os, e se fez chefe
deles. "E ajuntou-se a ele todo homem que se achava em aperto, e todo homem endividado, e todo homem de
espírito desgostoso, e ele se fez chefe deles; e eram com ele uns quatrocentos homens" (1Sm 22.2). A princípio,
eram 400 homens "em aperto", mas logo o número chegou a 600 (1Sm 22.2; 25.13). Esses eram os homens que
Deus deu a Davi para liderar. E Davi o fez com maestria. Ele fez com que esses homens tivessem um senso de
companheirismo e devoção a Deus. Logicamente, Davi teve de treinar esses “perdedores”, se quisesse formar
um exército eficiente, e ele o fez. Aquela caverna não era mais o refúgio de Davi. A caverna malcheirosa, úmida,
se tornara um campo de treinamento para os primeiros soldados que formaram o começo do exército que veio
mais tarde a ser chamado de "Os valentes de Davi". É isso mesmo, aquele bando heterogêneo se transformaria
em seus poderosos homens de guerra, e mais tarde, quando Davi subiu ao trono, eles viriam a ser os seus
ministros de gabinete. Davi modificou completamente a vida deles e incutiu-lhes ordem, disciplina, caráter e
direção. Davi teve de descer derrotado até o fundo do poço, quando não havia outro meio senão olhar para cima.
Quando levantou os olhos, Deus estava lá, levando aquele grupo de desconhecidos até ele, aos poucos, até que
finalmente provaram ser os homens mais corajosos de Israel. Quem podia imaginar que o próximo rei de Israel
estava treinando suas tropas numa caverna escura onde ninguém conseguia enxergar nada e ninguém se
importava? Que atitude pouco usual de Deus para preparar os líderes do seu povo! A pedagogia do Senhor é
impressionante! Davi atraiu homens semelhantes a ele, almas aflitas. Ele também reproduziu homens como ele,
guerreiros e conquistadores. Davi era um líder nato. Davi atraiu esses homens sem procurá-los. Davi extraiu
profunda lealdade deles sem nunca tentar obtê-la. Davi transformou esses homens proscritos sem desiludi-los
quanto ao seu estado inicial. Davi lutou lado a lado com esses “perdedores” e transformou-os em vencedores.
Davi teve o controle de seus liderados. Manter sob controle um grupo de pessoas de bem não é muito
complicado; contamos com a boa vontade e o respeito de todos para uma convivência cordial e amável. Mas,
liderar um grupo de pessoas atribuladas isso não é fácil. Junte em um ambiente hostil, dentro de uma caverna,
400 homens desgostosos da vida, que fugiram de sua terra por dívidas contraídas e não quitadas e outros
assuntos não resolvidos. Esses eram homens que não pensariam duas vezes em puxar uma arma para se defender
e matar alguém. Mas, Davi fez com que os seus liderados tivessem um senso de companheirismo e devoção a
Deus. Ele os ensinou o que significa esperar o tempo de Deus (ler 1Sm 24.5-7). Davi enfrentou altos e baixos em
sua vida e nessa ocasião, liderou um exército. A família de Davi logo sentiu o peso da ira de Saul contra o herói
proeminente de sua raça e temendo o destino que muitas vezes atingia famílias inteiras pelas falhas de um dos
membros mais ilustres, fugiram de suas casas e se juntaram a Davi e ao pequeno exército de ‘foras da lei’. No
exílio, Davi deu início à sua guarda de elite composta por um grupo de valentes, em 1 Samuel 22.2 aparece
"quatrocentos", antes rejeitados, sob a liderança de Davi, tornaram-se valorosos guerreiros e foram os guerreiros
mais corajosos e soldados mais extraordinários de Davi. Os nomes de 37 estão listados em 2 Samuel 23.8 e
aparece também em 1 Crônicas 11.11-41, com algumas variações. De acordo com 1 Crônicas 11.10, esses
homens ajudaram Davi a se tornar rei. A relação desses homens é apresentada em três grupos: primeiro, "os
três" (vv.8-12); segundo, dois mais honrados que "os trinta", mas não relacionados aos "três’' (vv.18-23);
terceiro, "os trinta" que, na verdade, são 32 (vv.24-39). Essa relação foi aumentada em 16 nomes em 1 Crônicas
11.41-47. Na liderança de Davi um bando de fracassados se tornou em um exército de Valentes e vencedores
(1Sm 22.2b). Os quatrocentos homens que se ajuntaram a Davi compunham três grupos de pessoas. Haviam 37
guerreiros valentes em Adulão, segundo a lista em 2 Samuel 23.8-39, porém em 1 Crônicas 11.11-41, o número
de homens chega a 53. Os relatos de suas façanhas encontram-se nestas referências bíblicas. Cavernas naturais
não são uma raridade nas regiões de Israel e da Palestina, visto que toda a região montanhosa a oeste do Jordão,
excetuando um trecho de basalto ao sul da Galileia se compõe de pedra calcária e de giz. Tais cavernas eram
usadas como habitações, esconderijos, túmulos. Abraão e sua família tiveram seus corpos sepultados em
cavernas de Macpela (Gn 23); Lázaro ficou quatro dias dentro de uma caverna até ser ressuscitado por Jesus (Jo
11.38); Ló e suas filhas abrigaram-se em uma caverna após a destruição de Sodoma (Gn 19.30); Josué
encurralou cinco reis, que se esconderam em uma caverna em Maquedá (Js 10.16); Israelitas se esconderam de
midianitas em cavernas (Jz 6.2); Obadias escondeu de Jezabel 100 profetas em cavernas (1Rs 18.4,13).
Juntaram-se a Davi três classes de pessoas: aqueles que se achavam em aperto, apuro, dificuldade ou
perseguição. aqueles que deviam dinheiro a juros; e homens amargurados. Os amargurados eram considerados
fora da lei e estavam insatisfeitos com o governo de Saul. E por se identificarem com a situação de Davi,
perseguido por Saul, se uniram a ele formando um exército sob sua liderança. O pequeno exército de homens
fiéis a Davi combatiam tribos selvagens que exploravam os fazendeiros, protegendo-os de muitos perigos. Em
troca, os protegidos de Davi separavam uma parte de seu lucro aos seus protetores. Um desses fazendeiros que
receberam proteção era Nabal, marido de Abigail, que, não soube ser grato ao auxílio recebido (1Sm 25.32).
Vejamos as características desses homens:

a) Homens que estavam em “aperto”. O primeiro grupo, segundo o texto, era formado por homens que “se
achavam em aperto” (1Sm 22.2a). Essa expressão se refere a pessoas perseguidas, assim como Davi. Ou seja,
homens que estavam sob pressão e em dificuldade. O conceito de “aperto” aqui é o de pessoas oprimidas ou
perseguidas. Essas pessoas certamente se identificaram com Davi por causa do “aperto” que ele também sofria.
Eram homens que precisavam de ajuda, e que não tinham muito a oferecer. O conceito de “aperto” aqui é o de
pessoas oprimidas ou perseguidas. Essas pessoas certamente se identificaram com Davi por causa do “aperto”
que ele também sofria. Na caverna Davi procurou refúgio e segurança – Deus é o nosso refúgio e segurança (Sl
46.1). Deus é o nosso esconderijo (Sl 91.1). Às vezes é preciso se recuar em Deus para continuar vivendo. Ex:
(Moisés).

b) Homens que estavam “endividados”. O segundo grupo era formado por homens endividados. Talvez aqui a
referência seja a homens que tinham se tornado escravos por causa de enormes dívidas. Assim, a expressão
“homens endividados” é sinônima de “homens escravizados” (1Sm 22.2b). O termo hebraico usado neste texto
é “nashah” que significa “tomar dinheiro emprestado a juros, ter vários credores”, ou seja, eram pessoas que
não tinham condições de pagar suas dívidas. Agora, sim, a ideia é de aperto financeiro. Para que uma pessoa
fosse conhecida como “endividada”, ela, possivelmente, já teria se tornado escrava de alguém, para conseguir
quitar seus débitos. Assim, a expressão “homens endividados” é sinônima de “homens escravizados”. Por que
estavam atrás de Davi? Quem sabe buscavam um tipo de “anistia” caso Davi se tornasse rei. Na caverna os
desamparados foram acolhidos. Deus é quem nos alivia: "Venham a mim, todos os que estão cansados e
sobrecarregados, e eu lhes darei descanso.” (Mt 11.28). Na caverna os enfraquecidos foram fortalecidos e
encorajados. Na caverna os desanimados foram animados. Deus é quem nos anima: "Eu lhes disse essas coisas
para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o
mundo" (Jo 16.33).

c) Homens de “espírito amargurados”. O terceiro grupo era formado por homens “amargurados de espírito”
(1Sm 22.2c). No original hebraico, o termo é “maar néphesh” e significa: “estar com a alma atormentada”. Na
verdade, estes homens eram desqualificados e despreparados. Mesmo assim, não foram rejeitados por Davi:
“[…] se fez chefe deles” (1Sm 22.2). E foi com estes homens que Davi enfrentou e venceu grandes batalhas
(1Sm 23.1-5; 27.8-12; 30.7-21). Aqueles homens estavam sendo preparados para se tornarem o exército dos
valentes de Davi. Como líder, Davi trabalhou na vida daqueles homens desesperançosos, modificando as suas
vidas, encorajando-os e dando-lhes uma nova perspectiva de vida. Outro grupo de pessoas eram os
“amargurados de espírito”, isto é, deprimidos ou atormentados. A única razão que vejo para o interesse dessas
pessoas por Davi é a esperança de que o “remédio” usado com Saul funcionasse com outras pessoas. Quando
Davi tocava sua harpa diante do rei, o espírito que o atormentava saia dele e Saul se sentia melhor. Ora, havia
centenas de pessoas, com dificuldades semelhantes, querendo ouvir o canto de Davi.

d) Homens que eram “valentes”. Na caverna só ficaram aqueles que realmente eram valentes e fiéis (2Sm 23.8;
1Cr 11.10). Davi ficou com quatrocentos excelentes guerreiros, número que posteriormente subiu para seiscentos
(1Sm 22.2; 23.13; 25.13; 27.2; 30.9), e destes valentes trinta eram maiorais, e destes, destacam-se três: (1) O
primeiro comandante da guarda se chamava Josebe-Bassebete comandante da guarda do exército de Davi era
muito experiente com sua lança e em uma determinada guerra matou oitocentos homens com essa arma (2Sm
23.8); (2) O segundo comandante da guarda se chamava Eleazar que era mestre no manuseio da espada. Em uma
determinada guerra contra os filisteus e não se cansava e lutou tanto que teve uma espécie de câimbra na mão, a
ponto de mesmo cansado, não conseguiu largar a espada (2Sm 23.9,10); e, (3) O terceiro comandante da guarda
se chamava Sama que era mestre em estratégia de guerra (2Sm 23.11,12). Esses três homens eram tão leais ao rei
Davi que arriscaram suas vidas em favor do rei. Ao ponto que Davi ansiou por um pouco de água do poço em
Belém e estes três fiéis e valentes passaram pelas linhas inimigas a fim de buscá-la para seu líder (2Sm 23.13-
17).
3. O simbolismo da caverna de Adulão. Davi recorreu à caverna de Adulão para se proteger das constantes
perseguições, ameaças e afrontas do rejeitado Saul, sem o Espírito Santo agora sofria de pura inveja da graça e
unção que Deus derramara sobre a vida de Davi, e procurava a todo custo tirar sua vida e de sua família. Davi
conseguiu se esconder na caverna de Adulão, para não ser encontrado por Saul e seu exército. Na caverna, Davi
que se vê rodeado por quatrocentos homens com toda sorte de problemas. Davi estava ali naquela caverna por
causa da perseguição do rei Saul, e ali foi um lugar de tratamento de Deus na vida de Davi. Na caverna Davi
procurou refúgio e segurança - Deus é o nosso refúgio e segurança (Sl 46.1). Deus é o nosso esconderijo (Sl
91.1). Às vezes é preciso se recuar em Deus para continuar vivendo. O trabalho em equipe é um princípio básico
da liderança eficaz, inclusive na causa do Senhor. Se quisermos ser bem-sucedidos na obra de Deus não devemos
esquecer esse princípio. O modelo de liderança utilizado por Davi em nada fica a desejar se comparado às
modernas tendências em liderança da nossa sociedade globalizada. O modelo davídico de liderança é aquele
centralizado no caráter. As técnicas mudam, mas os princípios do caráter não. Quando Jesus pediu em sua oração
sacerdotal que os discípulos fossem um (Jo 17.11), quebrou um dos maiores dissidentes fomentadores de disputa
nas equipes, não fugindo a essa regra os seus discípulos por quem Ele até orava nesse sentido (Mt 20.24). Não é
de admirarmos que sua oração intercessória abrangesse todos os cristãos que surgissem dali para frente: [...] (Jo
17.20-23). Jesus, que é presciente, sabia da máxima que impera na sociedade atual: 'Viver é fácil, difícil é
conviver'. O que mais impede uma equipe de funcionar eficazmente e com eficiência é o individualismo e
partidarismo. O exílio no seu sentido literal fala de expatriação forçada, de ser afastado para um lugar remoto.
No seu aspecto figurativo, o isolamento pode ser usado no sentido de ausentar-se socialmente do convívio de
certas pessoas ou grupos. Davi buscou a caverna de Adulão como refúgio para proteger-se de Saul e a ele se
juntam 400 homens que estavam em busca de mudança. Metaforicamente, a caverna de Adulão foi uma bênção
para Davi e os homens que ali se encontravam passaram a entender que não valia a pena viver fugindo, tomando
atalhos, recorrendo a meios escusos, mas que precisavam de mudança. Em nossa vida, especialmente quando
estamos gozando de boa posição, nome, título, fama, esquecemos quem somos e, por vezes, somos levados a
situações conflitantes, perseguições, contrariedades, crises, as quais nos levam às cavernas do recôndito de nossa
alma, para que reflitamos e sejamos forjados outra vez para voltarmos ao caminho certo da vida. Na caverna,
somos confrontados com nós mesmos. Entramos ali porque tememos nossos inimigos, fugimos de algo que nos
persegue e com o qual não conseguimos lidar. Na caverna, somos desafiados a entender que não somos os
melhores, nem super-homens, mas, sim, que dependemos de Deus e de outros para avançarmos. Foi ali que os
dons de Davi como líder foram postos em prática. Ele treinou e preparou 400 homens para lutar no dia a dia, e
não demorou para que esse número subisse a 600. Isto quer dizer que todos quantos vinham ter com ele não
eram rejeitados. Davi é o modelo de líder que recebe homens angustiados pela vida, para torná-los capazes para
o serviço. A grande lição de Davi para esses homens é que os que desejassem reinar com ele deveriam aprender
a sofrer com ele, visando sempre o Reino de Deus. No simbolismo espiritual, podemos comparar Davi a Cristo.
Nosso Senhor se dirigiu aos miseráveis, aos cansados, aos oprimidos, aos amargurados, aos publicanos e aos
pecadores, e todos foram transformados pelo seu poder e passaram a fazer parte do seu reino (Mt 11.28,29; Lc
15.1; Mt 22.9,10). Assim, quem deseja reinar com Cristo precisa também sofrer com Ele (2Tm 2.12). O que
Deus quis ensinar a Davi e, também, a nós seguidores de Deus da Nova Aliança? Qual o significado de tudo
isso? A caverna de Adulão é a pedagogia de Deus para nos ensinar a confiar sempre nele. Ali, somos desafiados
a entender que não somos os melhores, nem super-homens, mas, sim, que dependemos de Deus e de pessoas
dispostas, e bem disciplinadas, a lutar por aquilo que Deus propôs para nós. E mais:

a) Adulão nos ensina que em nossa vida podemos estar na planície, mas, de repente, podemos estar numa
caverna, em aflição. Como diz o Pr. Osiel Gomes, em nossa vida, especialmente quando estamos gozando de
boa posição, nome, título, fama, esquecemos quem somos e, por vezes, somos levados a situações conflitantes,
perseguições, contrariedades, crises, as quais nos levam às cavernas do recôndito de nossa alma, para que
reflitamos e sejamos forjados outra vez para voltarmos ao caminho certo da vida. Na caverna, somos
confrontados com nós mesmos; lá somos desafiados a entender que não somos os melhores, nem super-homens,
mas, sim, que dependemos de Deus e de outros para avançarmos.

b) Adulão, lugar de sair da superficialidade e buscar profundidade insondável. Na caverna de Adulão,


existiam lugares profundos que ainda não tinham sido sondados, lugares onde não se conseguia medir a
profundidade. Mas, Davi conhecia em profundidade ao Senhor; ele conhecia o Bom Pastor (Sl 23), aquele que o
havia livrado do urso, do leão e do gigante Golias; aquele que havia entregue o gigante e todos os filisteus em
suas mãos. Davi conhecia ao Senhor, e seu conhecimento não era superficial. Às vezes, precisamos entrar em
Adulão para conhecermos o Senhor com intimidade.
c) Adulão, lugar de transformar a humilhação em honra. Os homens que procuraram a Davi eram homens
que se achavam em aperto, endividados, amargurados de espíritos, humilhados (1Sm 22.2). Mas, na Caverna de
Adulão eles foram honrados. Quando o Senhor livrou Davi das mãos de Saul, muitos daqueles endividados,
daqueles apertados, amargurados de espírito se tornaram heróis em Israel, porque o nosso Deus é um Deus que
exalta o humilde e abate ao soberbo (1Pe 5.5). Adulão é o lugar que aceita os perseguidos e injustiçados e os
redime, os transforma, e os torna pessoas honradas.

d) Adulão, o lugar de encontro com o Davi Celestial. Que tipo de pessoas vieram a Davi na caverna? Diz o
texto sagrado: "Ajuntaram-se a ele todos os homens que se achavam em aperto, e todo homem endividado, e
todos os amargurados de espírito, e ele se fez chefe deles; e eram com ele uns quatrocentos homens" (1Sm
22.2). Eram pessoas miseráveis, amarguradas, angustiadas, deprimidas, pessoas carregadas de culpa e com um
coração atormentado. Mas, na caverna de Adulão, eles encontraram refúgio, porque o rei ungido estava lá para
aceitá-los como eles eram. Em Jesus Cristo, as pessoas em aperto, as pessoas endividadas, as pessoas
amarguradas de espírito, encontram refúgio. Diz Jesus, o Ungido de Deus: “Vinde a mim, todos os que estais
cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é
leve” (Mt 11.28-30). Em lugar algum estamos mais abrigados e seguros do que em Jesus: "...porque Ele (Jesus
Cristo) é a nossa paz" (Ef 2.14). Toda vez que nos humilharmos diante d’Ele em arrependimento sincero e
confessarmos a Ele os nossos pecados poderemos respirar aliviados. Mas será que tomamos tempo suficiente
para buscarmos o Ungido Rei na "caverna de Adulão", para termos comunhão com o nosso Davi Celestial?

e) Deus é o nosso Refúgio e Fortaleza na hora da angústia (Sl 46.1). Para onde voltamo-nos quando o nosso
mundo desmorona? A quem procuramos refúgio na hora da angústia? Para quem nos voltamos quando não há
ninguém a quem contar as dificuldades? Davi estava nessa situação e ele se voltou para o Deus vivo, e descobriu
nele um lugar para descansar e recuperar-se. Encurralado, ferido pela adversidade, lutando contra o desânimo e o
desespero, ele escreveu estas palavras em seu diário de lamentos: “O SENHOR é o meu rochedo, e o meu lugar
forte, e o meu libertador; o meu Deus, a minha fortaleza, em quem confio; o meu escudo, a força da minha
salvação e o meu alto refúgio” (Sl 18.2). Precisamos de refúgio, um lugar onde se esconder e sarar. Precisamos
de alguém disposto, afetuoso, disponível; um confidente; um companheiro de “armas”. Você não está
conseguindo encontrar um? Por que não compartilhar do abrigo de Davi? Aquele que ele chamou de "minha
Força, minha Rocha, minha Fortaleza, meu Baluarte, minha Torre Alta"? Nós o conhecemos hoje por outro
nome: Jesus Cristo, o Senhor; Ele está sempre disponível, até mesmo para moradores de cavernas, pessoas
solitárias que precisam de alguém que se interesse por elas. “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem
presente na angústia” (Sl 46.1). “O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio”
(Sl 46.11).

4. Lições da caverna de Adulão. Quatro capítulos foram dedicados ao período da vida de Davi em que ele foge
da perseguição de Saul (1Sm 21-24). Davi se exilou na caverna de Adulão na planície de Judá, em torno de 26
quilômetros a sudoeste de Jerusalém para preservar sua vida. O termo exílio vem do latim “exilium” e significa:
“banimento; degredo; desterro; deportação; ermo; expatriação; isolamento do convívio social; ostracismo;
proscrição; solidão”. É o estado de estar longe da própria casa (seja cidade ou nação) e pode ser definido como
a expatriação voluntária ou forçada de um indivíduo. Notemos algumas lições que aprendemos com Davi na
caverna de Adulão:

a) A caverna foi um lugar de refúgio. Na caverna de Adulão Davi se refugiou: “Davi retirou-se dali e se
refugiou na caverna de Adulão [...]” (1Sm 22.1a). Davi recorreu à caverna de Adulão que em hebraico significa:
“refúgio, abrigo, esconderijo” para se proteger das constantes perseguições, ameaças e afrontas de Saul que
procurava a todo custo destruir sua vida e a sua família. A caverna de Adulão foi um lugar de tratamento na vida
de Davi e não podemos esquecer que as cavernas, assim como os vales e desertos da vida não são permanentes e
sim temporários. Portanto, por mais pedregosos que sejam os vales, por mais extensos que seja os desertos, e por
mais sombrios que seja as cavernas, são apenas lugares de passagens, não são e jamais serão o estado definitivo
de nossas vidas, mas sim momentos de aprendizados, amadurecimento e crescimento (Hb 11.38). Na caverna
Davi procurou refúgio e segurança (Sl 46.1), na caverna ele se escondeu dos inimigos (Sl 91.1). Os Salmos 57 e
142 foram compostos por Davi enquanto ele esteve escondido na caverna de Adulão.

b) A caverna foi um lugar de reconciliação. Na caverna de Adulão toda sua família juntou-se a Davi no exílio:
“Deixa estar meu pai e minha mãe convosco, até que eu saiba o que Deus há de fazer de mim” (1Sm 22.3b). A
família toda de Davi juntou-se a ele na caverna, o que significa que seus irmãos desertaram do exército de Saul e
tornaram-se fugitivos com o Davi. Na caverna de Adulão aconteceram três coisas com Davi e sua família: (1)
Ele se reencontrou com sua família; (2) se reconciliou com sua família; e, (3) ele cuidou de sua família (1Sm
22.1). Depois, Davi tratou de levar seus familiares para Moabe e acampou na fortaleza conhecida como Massada
(1Sm 22.4). Davi honrou o pai e a mãe e procurou protegê-los, de modo que pediu ao rei de Moabe que lhes
desse abrigo até o final do exílio. Os moabitas eram descendentes de Ló (Gn 19.30-38) e nos dias de Moisés os
moabitas não eram um povo muito estimado pelos israelitas (Dt 23.3-6), mas Rute, bisavó de Davi, era de
Moabe (Rt 4.18-22), o que pode ter ajudado Davi a conseguir o apoio e abrigo para sua família (1Sm 22.4).
Também é possível que Davi estivesse contando com a inimizade entre Moabe e Saul (1Sm 14.47).

c) A caverna foi um lugar de reconhecimento. Na caverna de Adulão foi onde a família completa de Davi o
reconheceu como rei. Davi, que no passado nem havia sido valorizado por sua família agora é procurado por ela:
“… quando ouviram isso seus irmãos e toda a casa de seu pai, desceram ali para ter com ele” (1Sm 22.1).
Antes ele tentava provar sua capacidade, mas não era reconhecido (1Sm 17.28-30). Na caverna, Davi formou um
grande exército e passou a ser respeitado, não somente pelo povo, mas também por sua família que o havia
desprezado (Sl 27.10).

d) A caverna foi um lugar de restauração. Davi é o modelo de líder que recebe homens angustiados pela vida,
para torná-los capazes para o serviço: “Ajuntaram-se a ele todos os homens que se achavam em aperto, e todo
homem endividado, e todos os amargurados de espírito [...]” (1Sm 22.2). Na liderança de Davi homens
desprezados se tornaram em um exército de valentes vencedores, oficiais, ministros e governadores o famoso
grupo conhecido como os “valentes de Davi”: “São estes os principais valentes de Davi, que o apoiaram
valorosamente no seu reino [...]” (1Cr 11.10-12). Na caverna os desamparados foram acolhidos; os
enfraquecidos foram fortalecidos e encorajados; e os desanimados foram animados. A grande lição de Davi para
esses homens é que os que desejassem reinar com ele deveriam aprender a sofrer com ele. Podemos comparar
Davi a Cristo que se dirigiu aos miseráveis, aos cansados, aos oprimidos, aos amargurados, aos publicanos e aos
pecadores, e todos foram transformados pelo seu poder e passaram a fazer parte do seu reino (Mt 11.28,29; Lc
15.1; Mt 22.9,10).

5. As bençãos de Deus na caverna de Adulão. Davi é direcionado para a caverna por quê? (1Sm 22). (1) Para
reconciliar com seus Familiares (v.1). A caverna é um lugar de reconciliação: “… ouviram isso seus irmãos e
toda a casa de seu pai, desceram ali para ter com ele”. (1Sm 22.1b). Se Saul mandou matar adultos e crianças
da casa de Aimeleque, o que faria com os pais e irmãos de Davi, caso se atrevessem oferecer-lhe abrigo? Seus
irmãos, na verdade, nem eram tão fãs de Davi assim, mas a mãe e o pai certamente aguardavam ansioso, o
momento seguro para solidarizarem-se com a aflição do filho. Na caverna Davi se reencontrou com sua família
(casa de seu pai). (v.1b) e se reconciliou com seus irmãos. (v.1b). Na caverna Davi cuidou de seus pais (Pai e
mãe). (v.3). (Pv 23.22); (2) Foi levado a caverna para formar o seu exército (v.2); (3) Para buscar a orientação de
Deus (v.3b); e, (4) Para ficar perto do seu povo (v.5). Enquanto Deus não falou, ele permaneceu na fortaleza. Até
que Deus mandou o profeta Gade falar com ele. / Vá para Judá. Muitas vezes precisamos ser conduzidos a
Caverna para ser direcionado por Deus e ganhar os nossos.

a) Há um propósito elevado quando Deus nos "exila." "A seguir, Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto,
para ser tentado pelo diabo" (Mt 4.1). Há um grande benefício em servir a Deus, em circunstâncias de
adversidades e de bonança. Na geração do profeta Malaquias, o povo se queixava amargamente dizendo que não
via nenhuma consequência proveitosa em servir ao Senhor, posto que - acreditavam eles -, não recebiam
nenhuma recompensa especial. Em sua resposta, Deus não quis convencê-los de que os justos estavam em
melhor situação. Disse-lhes que conserva um "memorial escrito" no qual Ele anota os feitos de todos que o
temem, e que um dia virá como juiz para destruir os maus e preservar os que o temem. A fidelidade tem sua
relevância, seu valor será óbvio neste momento de prestação de contas, embora não o seja para muitos nos dias
atuais (Ml 3.1,14,16).

b) A fidelidade é o segredo para reinarmos com Cristo. "Se perseveramos, também com ele reinaremos; se o
negamos, ele, por sua vez, nos negará" (2Tm 2.12). Toda provação tem a permissão de Deus (Gn 22.1). Tiago
1.12 revela que o crente será provado durante toda a sua vida, o crente é um bem-aventurado ao não desistir da
sua fé durante as provações e quando provado e aprovado receberá a recompensa da vida eterna. Ser cristão não
nos isenta de sofrimentos e provações (Jo 16.33; At 14.22; Tg 1.1-11). Todo cristão passa por adversidade de
várias formas e intensidades (1Pe 1.6). Em meio aos tempos adversos, o crente pode encontrar alegria, pois a sua
fé sustenta-o com a consciência que o Todo Poderoso o ama e é fiel, não permite que sobrevenha sobre ele lutas
maiores do que sua capacidade de suportá-las e vencê-las (Hb 12.2; 1Co 10.13). Por estar escrevendo a um
amigo que o conhecia muito bem, Paulo sentiu necessidade de aconselhar Timóteo a ser perseverante, para isso
fez a comparação do cristão com o serviço militar (2.3) e com o trabalho da lavoura (2.4). Ele o aconselha e pede
que reflita sobre os aconselhamentos. Na ocasião, o apóstolo estava perfeitamente cônscio das ameaças e perigos
que pesavam sobre sua vida, e queria que Timóteo se exercitasse, preparando-se para qualquer dificuldade que
tivesse no futuro. E de fato Timóteo sofreu grande perseguição e chegou a ser preso também, porém, o escritor
do Livro aos Hebreus, no capítulo 13 e versículo 23, revela que ele foi posto em liberdade.

c) Na obra de Cristo, lutemos por Cristo. "Não façam nada por interesse pessoal ou vaidade, mas por
humildade, cada um considerando os outros superiores a si mesmo, não tendo em vista somente os seus
próprios interesses, mas também os dos outros" (Fp 2.3,4). Paulo estava preso por amor ao Evangelho quando
escreveu a carta aos crentes de Filipos. Apesar da liberdade restringida, ressoa por toda a carta uma mensagem
repleta de alegria. A alegria é tema mencionado dezoito vezes, a despeito das provações do apóstolo e das
dificuldades que a igreja enfrentava (1.27-30). Em cárcere, Paulo demonstrava querer cuidar dos interesses de
Cristo e não de seus interesses pessoais (Fp 2.21). Paulo estava preso por amor ao Evangelho quando escreveu a
carta, corria o risco de ser sacrificado, porém, se isso servisse para edificar os irmãos em sua fé, não seria um
fato entristecedor. O cristão deve analisar o tempo da adversidade e entender que a caminhada cristã é uma
situação em desenvolvimento no viver diário dos crentes, as lutas que enfrenta não podem se constituir em fator
desanimador. Pois, todos os acontecimentos devem ser vistos como oportunidades de crescimento espiritual.
Deus cuida de seus filhos e não os abandona jamais.

6. Lições que aprendemos com a liderança de Davi. O verdadeiro líder é aquele que é chamado por Deus.
Nenhum líder do povo de Deus terá êxito, se não for escolhido por Ele. O segredo do sucesso de um líder
depende, principalmente, de sua chamada. E Davi foi escolhido pelo próprio Deus (1Sm 16.1-13; 2Sm 12.7).
Muitas lições podemos aprender com a liderança de Davi. Vejamos algumas:

a) Davi depositou sua confiança em Deus. Apesar de contar com aqueles homens para a batalha, Davi sempre
depositou a sua confiança em Deus. Antes de sair à peleja, ele costumava consultar ao Senhor (1Sm 23.2; 30.8;
2Sm 2.1). Pois, ele sabia muito bem que a vitória não dependia de seus homens, e sim, do seu Deus (Sl 55; 57;
59).

b) Davi não descartou seus liderados. Liderar não é uma tarefa fácil, principalmente quando se trata de liderar
pessoas que estejam em “aperto, endividados e desgostosos”, como aqueles homens liderados por Davi (1Sm
22.2). Na caverna os desamparados foram acolhidos; os enfraquecidos foram fortalecidos e encorajados; e os
desanimados foram animados. Na liderança de Davi homens fracassados se tornaram em um exército de valentes
e vencedores.

c) Davi ensinou seus liderados. Davi sempre aproveitava as oportunidades para ensinar seus homens (1Sm
24.7,8; 26.8-10). Enquanto Saul contava com um poderoso exército de homens bem treinados e alimentados,
Davi dispunha apenas de um pequeno grupo de homens desqualificados. Mas, o grande e bem preparado exército
de Saul não pôde impedir que ele fosse derrotado e morto (1Sm 31.1-13); enquanto que, aqueles fracos homens
de Davi, puderam vê-lo sendo constituído rei de todo o Israel (2Sm 5.1-12). Nos vários estágios da vida de Davi,
ele demonstrou sabedoria; quer seja quando estava cuidando das ovelhas de seu pai (1Sm 17.15,20); quer seja
quando estava no palácio, à serviço do rei (1Sm 18.5,14); quer seja quando estava fugindo da presença de Saul
(1Sm 24; 26): “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Sl 111.10; Pv 9.10).

d) Davi foi humilde. Humildade significa: “ausência de orgulho e de soberba” e ser humilde é o mesmo que
“ser simples”, “modesto”. É uma das principais características de um líder. Davi era um homem humilde e
nunca se autoproclamou rei de Israel, nem revelou a ninguém que iria substituir a Saul, mesmo depois de haver
sido ungido como rei (1Sm 16.1-13).

e) Davi foi motivador. Uma das principais características de um líder é a capacidade de motivar seus liderados,
principalmente diante dos desafios e das dificuldades. Davi soube motivar, não só os seus liderados (1Sm 22.23;
23.1-5) como também seu próprio líder, Saul (1Sm 17.32).

f) Davi foi paciente. Davi soube passar pelos muitos estágios em sua vida (Sl 40.1-5), pois foi pastor de ovelhas
(1Sm 16.11); músico do rei (1Sm 16.23); pajem de armas (1Sm 16.21); capitão do exército de Israel (1Sm
18.13,30; 2Sm 5.2a;); líder de um exército de quatrocentos homens (1Sm 22.1,2); e, depois, de seiscentos
homens (1Sm 30.9). Na verdade, estes estágios em sua vida foi um período de preparação para que ele se
tornasse, finalmente, rei de todo o Israel (2Sm 5.1-5).

SÍNTESE DO TÓPICO I
A caverna de Adulão era um lugar de refúgio para Davi e seus amigos.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Inicie a aula desta semana falando um pouco da palavra “Exílio”. Basicamente, a palavra refere-se à expatriação
forçada de alguém por causa de uma perseguição do Estado e o local em que essa pessoa passará a viver. Use
exemplos das próprias Escrituras para introduzir o assunto. O povo de Israel viveu em exílio em grande parte da
história bíblica. É um período caracterizado pela absorção de outras culturas, distanciamento da terra de origem.
Todo esse sentimento estava sobre Davi quando este exilou-se na Caverna de Adulão.

II. DAVI E O AMOR COM OS PAIS

Os pais e os irmãos de Davi ao saberem onde ele se encontrava, e temendo represálias do rei Saul por causa do
seu parentesco com ele, mudaram-se também para Caverna de Adulão: “...e ouviram-no seus irmãos e toda a
casa de seu pai e desceram ali para ele” (1Sm 22.1). Este era o momento do apoio da família. Recebendo apoio
da família, Davi evidentemente se sentiu fortalecido. Ao longo das Escrituras, constatamos que a família desfruta
de destaque especial nos desígnios de Deus para a humanidade. Além do seu papel de coesão, inclusive social, a
família provê também apoio emocional e espiritual para seus membros. Todos nós de alguma forma
necessitamos também de nossa "caverna de Adulão", isto é, um local de refúgio, inclusive familiar.

1. Protegendo seus pais. Honrar os pais é mandamento da Palavra de Deus (Êx 20.12). No meio de toda aflição
que estava passando, Davi tem um cuidado todo especial com seus pais, pois não poderia jamais deixá-los à
mercê dos ataques de Saul. Ele solicita ao rei de Moabe que conceda abrigo a eles. É claro, o rei de Moabe era
inimigo de Saul e prontamente aceita a solicitação de Davi. Faz isso porque acredita na amizade e que está
contribuindo com Davi, dentre outros benefícios. Davi tinha consciência de que Saul faria de tudo para acabar
com seus familiares, isso porque ele promoveu um grande e violento massacre contra os sacerdotes em Nobe.
Todos estavam socialmente rejeitados, e por isso ele procura conceder-lhes amparo, cuidado, proteção. Ir para os
moabitas não era algo estranho para Davi, pois Rute, que era bisavó de Davi, era moabita (Rt 4.17). Durante todo
o período em que Davi residiu em Adulão, sendo perseguido por Saul, sua família estava protegida em Moabe.
No tocante a Mispa, que quer dizer torre de vigia, alguns a tem identificado com Quir. É bem verdade que Mispa
como sendo território em Moabe é desconhecido. Davi não é conhecido apenas como um grande líder, mas
também como um bom filho. Ele teve todo um cuidado especial para com os seus pais. Foi até Moabe, porque
sabia que eles precisavam de um lugar seguro para habitar e, desse modo, estava se afastando dos territórios de
Saul. Há um propósito especial em Davi procurar Moabe. Diversos escritores afirmam que isso se deve aos laços
familiares através de Rute, que era a avó moabita de Jessé, pai de Davi. A inclusão de Mispa deve-se ao fato de
ser esta a cidade real de Moabe; sua citação está restrita aqui e o seu significado é “torre de vigília”; deixando
seus pais em segurança, uma expressão grandiosa sai dos lábios de Davi: “Até que saiba o que Deus há de fazer
de mim”. Davi ama a Deus, tinha grande amor e carinho pelos seus pais, e não se descuidava de seus
companheiros de luta. Os filhos, principalmente durante a velhice dos pais, devem honrá-los em tudo, a despeito
das lutas e crises que estiverem enfrentando (Sl 127.3). Davi não chegou ao trono apenas porque sabia cuidar dos
outros, nem porque era um bom guerreiro, mas, também, porque era um bom filho. Preocupados com o bem-
estar de seus pais, Davi viaja, de Adulão, para Mispa, em Moabe, e pede proteção e abrigo ao rei para eles,
enquanto ele estava escondido (1Sm 22.3,4). “E foi-se Davi dali a Mispa dos moabitas e disse ao rei dos
moabitas: Deixa estar meu pai e minha mãe convosco, até que saiba o que Deus há de fazer de mim. E trouxe-os
perante o rei dos moabitas, e ficaram com ele todos os dias que Davi esteve no lugar forte” (1Sm 22.3,4). Nesta
circunstância adversa, Davi teve o cuidado todo especial de proteger os seus pais das brutalidades de Saul. É
possível que o rei de Moabe tivesse alguma lealdade para com Davi graças aos antepassados dele (por parte de
pai, Davi é descendente da moabita Rute). Quando Davi voltou, o profeta Gade o instruiu a deixar Adulão, de
modo que ele foi para o bosque de Herete, também em Judá (1Sm 22.5). “Porém o profeta Gade disse a Davi:
Não fiques naquele lugar forte; vai e entra na terra de Judá. Então, Davi foi e veio para o bosque de Herete”.
Nesta fortaleza, Davi encontra segurança, e espera para ver o que Deus faria com ele. O texto não informa por
que o profeta disse para Davi voltar a Judá, mas é provável que o Senhor tenha considerado a partida de Davi
contrária a seu destino divinamente ordenado. Apesar de ser descendente de Rute, uma moabita (Rt 4.17), foi
errado Davi depositar sua confiança num rei que era inimigo do povo de Deus. (Diz a tradição que, mais tarde,
os moabitas mataram os pais de Davi). Um dos deveres dos filhos para com os pais é honrá-los. Só que não
podemos honrar os pais sem os amar, e nem os amar sem honrá-los. O amor aos pais inclui todas as
responsabilidades que temos perante eles. Na Lei moral que Deus revelou a Moisés, conhecida como os Dez
Mandamentos, vemos a seguinte divisão: os quatro primeiros mandamentos se referem aos deveres para com
Deus; os seis seguintes, aos deveres do homem para com a humanidade. O Primeiro Mandamento desta segunda
divisão foi escrito para os filhos, e é o único mandamento que tem uma condição ligada a uma promessa de
bênção para os que o observarem. “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra
que o Senhor teu Deus te dá” (Ex 20.12). Este Mandamento é ratificado no Novo Testamento. Paulo escreveu
aos Efésios: “Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem, e
vivas muito tempo sobre a terra” (Ef 6.2,3). Em Mateus 15.3-9, Jesus pregou um sermão cujo tema é a honra
devida pelos filhos aos pais. Marcos 7.6-13 repete o fato com mais detalhes. Este mandamento abrange todos os
devidos atos de bondade, ajuda material, respeito e obediência aos pais (Ef 6.1-3; Cl 3.20). Abrange, também,
não proferir palavras maldosas e agressão física aos pais. Em Êxodo 21.15,17, Deus estabeleceu a pena de morte
para quem ferisse ou amaldiçoasse seu pai ou sua mãe. Assim fica demostrada a grande importância que Deus
atribuiu ao respeito pelos pais. Portanto, Davi agiu corretamente engendrando esforços para proteger os seus pais
da fúria do inimigo Saul. Apesar que, aparentemente, a escolha do lugar do asilo seja questionável. Mispa
significa "torre de vigia", ou "lugar de observação". Localizada numa das alturas do planalto a leste do mar
Morto, esse local não pode ser identificado com exatidão, ao seu rei. Esse regente era provavelmente um inimigo
mútuo do rei Saul. Davi tinha sangue moabita de sua bisavó Rute e, portanto, buscou refúgio para seu pai e sua
mãe em Moabe (Rt 1.4-18; 4.13-22). Davi evidentemente buscava hospitalidade entre seus parentes em Moabe.
Jesse, seu pai, era o neto de Rute. A distância do sul de Judá, onde os fugitivos estavam vagando não era grande.
O rei de Moabe, sendo um dos inimigos de Saul, seria o melhor lugar para abrigar uma pessoa de quem ele
poderia pelo menos esperar amizade, se não serviços consideráveis. Os filhos são uma bênção da parte de Deus
(Sl 127.3). Essa palavra (bênção) faz alusão à promessa que Deus fez a Abraão de tornar sua descendência como
o pó da terra e as estrelas dos céus (Gn 13.16; 15.5). A Constituição Federal consagra o princípio da dignidade
da pessoa humana, que deve nortear, inclusive, as relações familiares. A família, de fato, é o núcleo da sociedade
e é a responsável pelo desenvolvimento do indivíduo. A entidade familiar não tem somente o papel reprodutivo,
mas também é fonte de afeto e solidariedade, atributos que ultrapassam os meros laços sanguíneos. A regra
constitucional prevista no art. 229 é objetiva: estabelece que assim como os pais têm o dever de cuidar dos filhos
enquanto menores, os filhos maiores devem amparar os pais na sua velhice. Em Efésios 6.1-3, Paulo orienta aos
filhos: “obedecei... no Senhor” (Veja Cl 3.20). No lar, o filho deve, de bom grado, estar debaixo da autoridade de
seus pais em submissão obediente a eles como agentes do Senhor colocados sobre ele, e obedecer a seus pais
como se estivesse obedecendo ao próprio Senhor. A razão aqui é, simplesmente, que esse foi o modo planejado e
exigido por Deus (Os 14.9). Enquanto o versículo 1 fala a respeito da ação, os versículos 2 e 3 fala a respeito da
atitude, pois Paulo lida com o motivo por detrás da ação. Quando Deus entregou a sua lei nos Dez
Mandamentos, a primeira lei que orientava os relacionamentos humanos foi essa (Êx 20.12; Dt 5.16). É o único
mandamento dentre os dez que se refere à família porque esse princípio por si só assegura o cumprimento da
família (Êx 21.15,17; Lv 20.9; Mt 15.3-6). Provérbios afirma esse princípio (Pv 1.8; 3.1; 4.1-4; 7.1-3; 10.1;
17.21; 19.13,26; 28.24). Embora a submissão aos pais deva ser, primeiramente, por amor ao Senhor, ele,
graciosamente, acrescentou uma promessa de bênção especial para aqueles que obedecem a esse mandamento.

a) Os filhos devem cuidar dos pais em todos os momentos. "Herança do SENHOR são os filhos; o fruto do
ventre, seu galardão" (Sl 127.3). Honrar os pais é mandamento da Palavra de Deus (Êx 20.12). No meio de toda
aflição que estava passando, Davi cuidou especialmente de seus pais, deu-lhes amparo e proteção, pois não
poderia jamais deixá-los ao alcance das mãos de Saul. Ele solicita ao rei de Moabe que conceda abrigo a eles.
Talvez lembrando-se que Rute, bisavó de Davi, era moabita e sendo Saul inimigo de Moabe, o rei aceitou o
pedido (Rt 4.17). Moabe era um país situado ao sul de Amon, a sudeste do Mar Morto, na Transjordânia. A
região foi destinada por Deus aos descendentes de Moabe, filho de Ló (Gn 19.37). O conselho dos pais quando
são mais do que meros "não faça isso, não faça aquilo", mas orientações cuja base é a Palavra de Deus, têm
potencial para desenvolver o amor pelas melhores coisas da vida. Este amor pelas melhores coisas,
especialmente pelo conhecimento da vontade de Deus, começa quando alguém presta atenção aos conselhos dos
servos do Senhor. Isto pode ocorrer na relação familiar, dos pais aos filhos. Quando as instruções começam a ser
recebidas no período infantil, o amor pela sabedoria do alto se transforma numa busca de toda a vida, podendo
tornar o filho até mais sábio que seu pai. Tal condição privilegiada faz com que a criança cresça e tenha a
consciência lúcida para entender perfeitamente que precisa amar seus pais, e principalmente saber e ter
disposição para cuidar muito bem deles no período da velhice avançada.

b) Deus sempre abençoa os filhos obedientes. "Honre o seu pai e a sua mãe, para que você tenha uma longa
vida na terra que o SENHOR, seu Deus, lhe dá." (Êx 20.12). Os Dez Mandamentos, que aparecem no capítulo
20 de Êxodo e em Deuteronômio 5, formam o núcleo central da moralidade e da ética; e são um grande avanço
sobre outros códigos legais da época. O Novo Testamento repete todos eles, à exceção do quarto mandamento. A
expressão "ética judaico cristã", que às vezes se ouve nas cortes e nas câmaras legislativas, refere-se aos amplos
princípios morais que são derivados das leis delineadas em Êxodo, Números, Deuteronômio e Josué.
2. A recompensa bíblica para os filhos obedientes. A Bíblia tem muito a dizer sobre como cuidar de pais
idosos e outros membros da família que não são capazes de cuidar de si. A igreja cristã primitiva agia como a
agência de serviços sociais para os outros crentes. Eles cuidavam dos pobres, dos doentes, das viúvas e dos
órfãos que não tinham mais ninguém para cuidar deles. Os cristãos que tinham parentes passando por
necessidade tinham a responsabilidade de atender a essas necessidades. Infelizmente, cuidar de nossos pais em
sua velhice não é mais uma obrigação que muitos de nós estão dispostos a aceitar. Os idosos podem ser vistos
como fardos em vez de bênçãos. Às vezes, quando os nossos próprios pais precisam de ajuda, somos rápidos
para esquecer os sacrifícios que fizeram por nós. Em vez de abrir a porta de nossas casas para recebê-los -
sempre que seguro e viável - podemos colocá-los em comunidades de aposentados ou lares de idosos, por vezes
contra a sua vontade. Talvez não valorizemos a sabedoria que adquiriram em suas longas vidas, e podemos
ignorar os seus conselhos como "ultrapassados". Quando honramos e cuidamos dos nossos pais, estamos
servindo a Deus também. A Bíblia diz: "Honra as viúvas verdadeiramente viúvas. Mas, se alguma viúva tem
filhos ou netos, que estes aprendam primeiro a exercer piedade para com a própria casa e a recompensar a
seus progenitores; pois isto é aceitável diante de Deus. Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e
especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente" (1Tm 5.3,4,8). Nem todos os
idosos precisam ou querem ajuda constante na casa dos seus filhos. Eles podem preferir viver em uma
comunidade com outras pessoas da sua idade, ou talvez sejam capazes de total independência.
Independentemente das circunstâncias, ainda temos obrigações para com nossos pais. Se estão em necessidade
de assistência financeira, devemos ajudá-los. Se estão doentes, devemos cuidar deles. Se precisam de um lugar
para ficar, devemos oferecer a nossa casa. Se precisam de ajuda com a casa e/ou trabalho no jardim, devemos
nos prontificar para ajudar. E se estão sob os cuidados de uma casa de repouso, é preciso avaliar as condições de
vida para garantir que nossos pais estão recebendo os cuidados de forma correta e amorosa. Nunca devemos
permitir que os cuidados do mundo ofusquem as coisas mais importantes - servir a Deus através de servir às
pessoas, especialmente as das nossas próprias famílias. A Bíblia diz: "Honra a teu pai e a tua mãe (que é o
primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra" (Ef 6.2,3). Desde
o Antigo Testamento, a ênfase é que Deus abençoa sempre os filhos obedientes, pois é o primeiro mandamento
com promessa (Êx 20.12; Dt 5.16). Esse ensino foi ministrado por Paulo (Ef 6.2,3). Nosso Senhor manifestou-se
contra os filhos que não cuidavam dos seus pais (Mt 15.5-7). Tais filhos simulada e mentirosamente dedicavam a
Deus todos os seus bens, para não honrarem nem sustentarem os seus pais, quebrando, assim, o mandamento.
Em Êxodo 20.12, há uma promessa de prolongamento de dias na terra para quem honrasse os pais. Em Efésios
6.2, Paulo diz que honrar pai e mãe é o primeiro mandamento com promessa. No tocante a esse mandamento, os
questionamentos são e têm sido os mais diversos em referência à promessa; todavia, o propósito presente no
texto não é que a bênção feita como promessa deva ser a causa para nós obedecermos a esse mandamento.
Sabemos que a família é a base da sociedade, assim, as relações de respeito, amor, consideração, carinho, estima,
tudo deveria ser mantido, o que se perpassaria para as gerações futuras e aí se construiria uma sociedade
maravilhosa. Muitos entenderam a promessa em termos materiais, como também seguros da propriedade da terra
a qual Deus havia concedido, pois revelaria a fidelidade divina para com seu povo, o que resultaria em sua
glória. É bem verdade que a concepção judaica parava nesse sentido, mas, como dizem certos biblistas, eles
pensavam assim porque ainda estavam na infância de Deus, eram bebês na fé, no conhecimento de Deus. Os dias
prolongados, que é a promessa, na verdade apontava para uma vida ininterrupta de comunhão com Deus, vida
eterna. O propósito geral dos dez mandamentos se consuma em dois: amar a Deus e ao próximo. Assim, o
homem primeiramente relaciona-se com Deus em amor, e esse amor é aplicado na comunidade de modo geral.
Isso demonstra comunhão e traz prolongamento de dias, ou seja, vida eterna (Dt 6.5; Lv 19.18; Jr 22.16). Os
filhos devem aprender a serem gratos aos seus pais em tudo, dando-lhes honra, dignidade e cuidados materiais.
Isso é mandamento de Deus! O assunto da obediência tem sido um problema, desde que nossos primeiros pais
praticaram o ato da desobediência. Paulo descreveu os efeitos do pecado nos filhos, em Romanos 1.30,31: “...
desobedientes aos pais e às mães; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem
misericórdia”. Muitas famílias pagãs que se convertiam a Cristo nos dias do Novo Testamento eram
caracterizadas conforme esse descrito de Paulo. Em Efésios 6.1-4 e Colossenses 3.20,21 Paulo exorta os filhos
concernente às suas atitudes e ações que devem ter para com os seus pais. “Vós, filhos, obedecei em tudo a
vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor” (Cl 3.20). “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no
Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa, para que
te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra. E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na
doutrina e admoestação do Senhor” (Ef 6.1-4). “Porque isto é justo” (Ef 6.1). É um princípio básico da vida
familiar que, os ainda imaturos, impulsivos e inexperientes se submetam à autoridade do seus pais, que são mais
velhos e mais experientes. “Para que te vá bem” (Ef 6.3). O bem-estar dos filhos depende da obediência
prestada aos pais. Pense no que aconteceria a um filho que nunca recebeu instrução ou correção dos seus pais.
Ele se tornaria insuportável pessoalmente e intolerável socialmente. “Para que vivas muito tempo sobre a terra”
(Ef 6.3). A obediência promove uma vida plena. Nos dias do Antigo Testamento o filho que obedecia aos pais
desfrutava de uma vida longa. Hoje isso não é mais uma regra sem exceção. De fato, obediência filial nem
sempre traz longevidade. Um filho respeitoso pode morrer jovem. Porém, de modo geral é verdade que a vida de
disciplina e obediência é mais segura, saudável e longa, enquanto a vida de rebelião de imprudência muitas vezes
termina em morte prematura. Jesus foi um exemplo de obediência e submissão aos Seus pais adotivos: “E
desceu com eles para Nazaré; e era-lhes submisso” (Lc 2.51). A Bíblia diz que todos os filhos de Recabe foram
usados por Deus como exemplo para a nação israelita, pelo fato de obedecerem a seu pai. Levados ao templo
pelo profeta Jeremias, foram convidados a tomar vinho. Não parecia ser nada de mais, principalmente em se
tratando de convite feito pelo profeta de Deus. Mas, os recabitas responderam: “Não beberemos vinho; porque
Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, nos mandou, dizendo: Nunca jamais bebereis vinho, nem vós nem vossos
filhos” (Jr 35.1-6). Deus repreendeu o povo de Israel, mostrando-lhe que aqueles filhos obedeciam a seu pai,
enquanto a nação era desobediente a seu Deus. A obediência dos filhos aos pais, portanto, é um dever sagrado.
Deus não abre mão em tempo algum dessa exigência. Ele exige isto a ponto de condicionar a felicidade no viver
ao seu cumprimento. Infelizmente, no mundo de hoje, onde a maior parte das pessoas só faz o que acha certo aos
seus próprios olhos, a obediência não é algo popular.

SÍNTESE DO TÓPICO II
Davi era um grande líder, e também um bom filho. Ele amava seus pais.

SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ

O texto bíblico narra quando Samuel foi à casa de Jessé, pai de Davi. O motivo da visita era ungir o novo rei.
Nesse caso, Davi não fora a primeira opção apresentada pelo pai ao profeta (1Sm 16.11-13). Entretanto, o jovem
amava-o e honrava-o. Assim, é importante destacar uma atitude cristã que os pais devem ter para com os seus
filhos, conforme escreve o Dr. Stephen Adei: “No entanto, dar uma visão a um filho não é tão fácil quanto
parece. Isto é porque os pais, às vezes, procuram viver as suas próprias aspirações, não satisfeitas, em seus
filhos. Um adolescente certa vez confessou: ‘Tudo o que eu quero estudar é francês, mas meus pais insistem que
eu estude medicina. Vou fazer isso, desde que seja em francês’. Uma das maiores injustiças que podemos fazer
aos nossos filhos é impor a eles uma visão que é contrária à sua tendência. Devemos desafiar nossos filhos a
explorar seus interesses, mas não tentar impor a eles a nossa visão, especialmente na sua escolha de carreiras.
Como podemos fazer isso? Devemos incentivá-los a ser holísticos, isto é, não focados indevidamente na área
acadêmica e profissional, mas na maturidade cristã. Permitir que tenham uma visão de servos do Senhor em
relação a todos os outros aspectos - profissões, ganhos, casamento, etc. - sendo subordinados a ela” (ADEI,
Stephen. Seja o Líder que sua Família precisa. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.129).

III. MORRENDO POR DAVI

Davi significa “amado e respeitado por Deus”, enquanto Saul significa “pedido a Deus”. Ambos eram de boa
aparência e foram ungidos pelo profeta Samuel, ambos reinaram quarenta anos. Suas semelhanças, porém,
terminam aí. Davi foi um rei escolhido por Deus e não pelos homens, enquanto Saul foi pedido pelos homens,
fora da prioridade de Deus. Muitas foram as diferenças entre esses dois reis, esses dois líderes. Eles tomaram
caminhos diferentes, fizeram coisas diferentes, viveram de forma diferente, colheram resultados diferentes e
morreram de forma diferente. Porém, a diferença primordial entre eles não consiste em experiências e ou
vivências, mas em obediência! Saul era persistente na desobediência, enquanto Davi tinha um coração obediente.
Saul escolhia o que obedecer das ordens de Deus. Em Hebreus 13.7, além da lista dos fiéis do capítulo 11, o
escritor faz os hebreus se lembrarem de seus próprios líderes fiéis dentro da igreja.

1. A inconsistência de Saul. Segundo o dicionário Aulete, inconsistência é a qualidade, caráter ou estado do que
ou de quem é inconsistente; é a falta de consistência, de estabilidade ou de firmeza. Esta era uma característica
do perfil da liderança de Saul. Embora ele tenha se tornado rei, principalmente por causa de sua formidável
aparência, ele nunca venceu as suas lutas interiores. Externamente, era alto, bonito e de corpo bem constituído
(1Sm 9.2); mas, internamente, não passava de um anão. Observe esses aspectos do caráter de Saul: Quando
chega o tempo de ser ungido, Saul se esconde entre a bagagem (1Sm 10.22); Quando Samuel pede para Saul
liderar, ele apresenta desculpas de incapacidade (1Sm 9.21); Quando os soldados de Saul começam a se
dispersar, ele entra em pânico e desobedece às ordens divinas (1Sm 13.1-14); Quando confrontado com o seu
pecado, Saul apresenta justificativas (1Sm 15.14-23); Quando Saul ataca os amalequitas, ele está com medo de
confiar em Deus e destruir o inimigo (1Sm 15.8); Quando Saul teme perder o apoio do povo, ele constrói uma
estátua de si mesmo, a estátua do orgulho (1Sm 15.12); Quando os filisteus enfrentam Israel, o medo impede
Saul de negociar (1Sm 17.1-11); Quando Davi ganha popularidade, a insegurança leva Saul a tentar homicídio
(1Sm 18.9-11). Saul não teve nenhuma caverna para forjar sua vida, não lidou com situações conflitantes, tinha
apenas aparência de líder, mas não era um homem segundo o coração de Deus. Os homens que estavam com
Saul, ainda que não vivessem as mesmas condições dos que estavam com Davi, não se sentiam tranquilos, pois
ele suspeitava da lealdade de todos, inclusive a de seu filho. Saul orgulhava-se de ter dado honras à tribo de
Benjamin, presentes e posições na liderança; algo que Davi, filho de Jessé, jamais faria. Saul não sabia que
lealdade não se compra com presentes, dinheiro, mas nasce naturalmente pela sinceridade, verdade e caráter de
um líder genuíno. Só os líderes inseguros fazem cobranças exageradas, dão presentes em troca de lealdade, se
inquietam com os que podem “representar risco” à sua posição. Quando os líderes são verdadeiramente
chamados por Deus é maravilhoso que as pessoas os honrem e os considerem como homens de Deus. O escritor
aos hebreus fala da necessidade de se considerar os líderes (Hb 13.7). Saul era um líder sem firmeza. Para
manter seu poder e ter apoio dos liderados, ou seja, a lealdade deles, fazia ofertas de cargo, posição, concedia
riquezas aos seus associados, dentre outras vantagens, como as que fez a quem vencesse Golias. Esse tipo de
liderança beneficiava um pequeno grupo a ele associado, mas gerava no povo insatisfação. Em prosseguimento,
Saul diz aos seus liderados que Davi jamais poderia fazer o que ele fez, dando terras, vinhas e posição destacável
no exército. Por meio dessas palavras, o que se percebe é a falta de uma liderança firme, de uma autoridade
confirmada, pois, ao ter ciência de que Davi estava com um grupo, temeu muito mais ainda, acreditando que
muitos iriam aliar-se a ele. Entende-se claramente aqui que Saul era um rei sem conteúdo administrativo, sem
influência espiritual e moral, pois, para se manter no poder, usava de meios ardilosos, maquiavélicos; para seus
soldados não inspirava confiança, segurança. É lamentável dizer, mas muitos querem ser líderes fazendo
imposições, cobranças sem limites, amedrontando e ameaçando, usando de favoritismo para benefício próprio.
Todavia, o verdadeiro líder, pastor, é aquele que influencia seus liderados por seu exemplo de vida. Sua
autoridade resulta do caráter que tem, do trabalho que desempenha, da habilidade administrativa, e, no mais
específico, da presença de Deus, e não da troca de favores. Saul, apesar de toda politicagem, sente-se traído, pois
seus comandantes não falam da intimidade que existe entre Davi e Jônatas, seu filho. Observe que Saul diz que
até seu filho trabalhou de modo injusto para que Davi se levantasse contra ele para o tirar do trono. Saul via a
todos os seus subordinados como suspeitos e ninguém se compadecia dele; não eram fiéis. Não se conquista
lealdade, fidelidade, com presentes, mas representa fragilidade da parte de um líder quando busca dirigir um
povo com favoritismo. Muitos recebiam as dádivas de Saul, mas tinham um coração não fiel a ele, mas a Davi,
porque viam a falta de equilíbrio espiritual, moral e psicológico em Saul.

2. O preço de proteger Davi. Proteger Davi, estando Saul ainda no comando da nação, significava pagar um
preço alto, e o preço era a morte do indivíduo ou de um grupo de indivíduos, ou até mesmo de uma cidade
inteira. Foi o que aconteceu com os sacerdotes e a cidade de Nobe (1Sm 22.6-19). Foi um massacre cruento
contra um povo inocente. A suspeita de Saul veio do relato de Doegue, que flagrou Davi em uma conversa com
Aimeleque, o sumo sacerdote, e ainda receber comida e uma espada (1Sm 22.9,10). Esta atitude insana de Saul
foi uma demonstração incontestável de que ele estava possuído pelo poder demoníaco e tinha uma mente
doentia. Ele não confiava em nada e em ninguém, nem mesmo no próprio filho Jônatas - em duas ocasiões ele
procurou matar o próprio filho (1Sm 14.44; 20.33); da segunda vez, em virtude da lealdade de Jonatas a Davi.
Por mais que Aimeleque explicasse sua inocência, no sentido de tramar contra o rei, era impossível Saul confiar
nas suas palavras, visto que ele estava dominado por poderes demoníacos, de maneira que todos eram acusados
de conspiração (1Sm 22.11-23). O sentimento de ciúme, ódio e inveja que dominava o coração de Saul fez com
que de imediato ordenasse a morte de todos os sacerdotes do Senhor na cidade de Nobe. Saul deu a ordem aos
soldados para matarem os sacerdotes, mas eles não quiseram de maneira alguma praticar tal massacre e não
obedeceram à ordem do rei. Então, entra em cena Doegue para cometer esse crime bárbaro. Oitenta e cinco
sacerdotes foram mortos e a cidade foi destruída com seus habitantes. A atitude de Saul demonstrou sua
instabilidade mental e emocional e seu distanciamento de Deus. Por que Deus permitiu que 85 inocentes
sacerdotes do Senhor fossem assassinados? Suas mortes serviram para mostrar à nação de Israel como o rei Saul
tornara-se um déspota. Onde estavam os conselheiros de Saul? Onde estavam os anciãos de Israel? Às vezes
Deus permite que o mal ocorra a fim de nos ensinar que jamais devemos aceitar que os sistemas malignos
floresçam. Servir a Deus não é um ingresso para a riqueza, o sucesso ou a saúde. Servir a Deus não é ser
protegido numa redoma de vidro contra as intempéries e vicissitudes da vida. Servir a Deus significa luta renhida
e correr risco de vida. O Senhor não promete proteger as pessoas do mal deste mundo, mas garante que toda a
maldade será abolida um Dia. Os que permanecem fiéis nas suas provações receberão grandes recompensas no
porvir (Mt 5.11,12; Ap 21.1,7; 22.1-21). “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a
primeira terra passaram, e o mar já não existe. Quem vencer herdará todas as coisas, e eu serei seu Deus, e ele
será meu filho” (Ap 21.1,7). “Eis que presto venho. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia
deste livro” (Ap 22.7). Saul convocou Aimeleque e seus sacerdotes para que se apresentassem em Gibeá. Não
houve da parte de Aimeleque reação nervosa; ele se declara limpo, pois tinha consciência de que apenas ajudara
Davi por tê-lo em grande consideração e por saber que era um soldado da confiança de Saul, aliás, da família
real, genro do rei. Apesar dessa declaração sincera, Saul considerou-a um ato de traição, pois Aimeleque havia
ajudado Davi, não informando ao rei os seus movimentos. Assim, ele e seus companheiros deveriam morrer.
Houve uma recusa dos soldados em atacar os sacerdotes, os ungidos de Deus. Foi alguém de fora, um edomita
chamado Doegue, que cometeu esse crime brutal. Nessa audiência, Saul insistiu falsamente que Aimeleque havia
feito um pacto com seu inimigo Davi. Aimeleque respondeu defendendo o caráter de Davi como leal a Saul. É
importante aqui relembrarmos a maldição à casa de Eli (1Sm 2.31), a morte de Aimeleque e seus filhos cumpre
essa maldição, com a exceção de Abiatar, o único sobrevivente da Chacina em Nobe, onde Doegue, criado de
Saul, matou 85 sacerdotes. Abiatar foi um Sumo Sacerdote de Israel, exilado por Salomão (o único caso
histórico da deposição de um sumo sacerdote) e banido para sua casa em Anatote, por ter favorecido, depois da
morte de Davi, as pretensões de Adonias ao trono de Israel (1Rs 2.26-29). Embora Saul tivesse condenado
Aimeleque e os sacerdotes à morte, seus servos tinham suficiente sabedoria para não levantarem suas armas
contra os sacerdotes do Senhor, cabendo a Doegue esse papel assassino. “Também a Nobe, cidade destes
sacerdotes, passou a fio de espada: homens, e mulheres, e meninos, e crianças de peito, e bois, e jumentos, e
ovelhas” (1Sm 22.19). O que Saul fracassou em fazer com justiça aos amalequitas (15.3,8,9), ele fez
injustamente com os cidadãos de Nobe. Observe o disparate de Saul: Deus ordenou que ele matasse os
amalequitas e não o fez; mas agora extermina prontamente a família de sacerdotes, sem piedade alguma. Apenas
um filho de Aimeleque, Abiatar, sobreviveu, salvou o éfode santo e foi ter com Davi (1Sm 23.6). A amizade
entre Davi e Abiatar foi duradoura, ao longo de todo o seu reinado (1Rs 2.26,27), pois a família de Abiatar
morreu para proteger Davi. O massacre contra os sacerdotes de Nobe feita por Saul revela o quanto ele estava
dominado pelo poder demoníaco e tinha uma mente doentia. Na verdade, ele estava paranoico. Saul não confiava
em nada e em ninguém. Desconfiava de tudo e de todos. Via ameaça por todos os lados, traição de todas as
partes, inclusive deslealdade em Jônatas, seu filho. Ao relatar Doegue o que testemunhou em Nobe (1Sm 22.1-
9), isso vai custar a vida de Aimeleque, pois, pelo que foi dito, tornou-se cúmplice de Davi. O texto nos revela
que não havia qualquer conspiração em Aimeleque, pois ele atendeu Davi por entender que ele estava a serviço
do rei (1Sm 21.2) e a quem ele era totalmente fiel. Era ignorante a respeito de qualquer problema envolvendo
Saul e Davi. Seria impossível Saul confiar nas palavras do sumo sacerdote, visto que ele estava dominado por
poderes demoníacos, de maneira que logo todos são acusados de conspiração (1Sm 22.11-13). O sentimento de
ciúme, ódio e inveja que dominava o coração de Saul fez com que de imediato ordenasse a morte de todos os
sacerdotes de Nobe. Note que seus soldados não quiseram de maneira alguma praticar tal massacre e não
obedeceram à ordem do rei. Entra, então, em cena Doegue, para cometer esse brutal crime. Oitenta e cinco
sacerdotes foram mortos e a cidade foi destruída com seus habitantes. Ainda que a maldição lançada sobre a casa
de Eli seja cumprida aqui, devido ao seu grande pecado, a perversidade desse ato brutal ordenado por Saul não
seria atenuado. É claro, o rei fez isso porque seu coração não era puro, sincero para com Deus, daí a falta de
temor para com aqueles que vestiam o éfode de linho, ou seja, os sacerdotes. No mais, Doegue, além de
estrangeiro, não sabia o valor daqueles que serviam ao Senhor. Aqueles que não são puros nem têm temor a
Deus não medem esforços para atacar os ungidos do Senhor, que dedicam sua vida à causa do Mestre, razão pela
qual por vezes fazem a obra do Senhor sofrendo, chorando, o que não é bom. O escritor aos Hebreus diz que os
cristãos devem respeitar os pastores e a eles se sujeitarem, para que façam o trabalho com alegria, não chorando
(Hb 13.17). Os soldados que tinham temor a Deus não obedeceram à ordem do rei, ainda que pudessem estar
correndo risco de vida, pois Saul poderia também ordenar a morte deles. Abiatar, o filho de Aimeleque que
escapara do massacre, relatou tudo a Davi, o que lhe gerou tristeza profunda por saber que a causa da morte dos
sacerdotes do Senhor fora por sua culpa. É claro, isso não foi de modo intencional. Davi pede para que Abiatar
fique com ele, pois assim estaria em segurança. Esse sacerdote veio a ser um grande amigo de Davi e também
sumo sacerdote no período do seu reinado (1Sm 23.9; 30.7; 2Sm 14.24).

3. A sina de Doegue. O salmo 52 é uma lição poética sobre a futilidade do mal, o triunfo final do justo e o
controle soberano de Deus sobre os acontecimentos morais da História. O fato na vida de Davi que o motivou a
escrever esse salmo está registrado em 1 Samuel 21-22. Logo no versículo 1, ‘homem poderoso’, é uma
referência a Doegue, chefe dos pastores, que contou a Saul que os sacerdotes de Nobe haviam ajudado Davi
enquanto ele era um fugitivo (1Sm 22.9,18,19). Doegue era pastor-chefe de Saul. Seu nome do hebraico é
“temeroso” ou “ansioso”. Crê-se que ele havia se convertido, ou seja, se tornado um prosélito, mas não foi de
verdade, pois não tinha o temor de Deus nem o respeito que os hebreus mantinham para com os sacerdotes.
Quando Davi chegou ao sacerdote Aimeleque, lá estava esse homem. Alguns supõem que ele estivesse no
tabernáculo para pagar algum tipo de voto, um tipo de purificação, ou para fazer qualquer outro sacrifício,
deixando de lado a causa de ele estar ali. Sua presença o fez testemunha do que Davi pediu ao sacerdote. Doegue
era esperto e em tudo queria tirar vantagens. Logo que viu Saul ficar contra os seus próprios subordinados, esse
homem apresentou-se como leal. Alguns biblistas afirmam que ele se portou dessa maneira porque queria ganhar
terras, mais outros tipos de bens e ter uma posição elevada entre os soldados de Saul. Para Doegue, cometer
aquele crime brutal contra os ungidos do Senhor era algo normal, um simples ataque. No mais, seu objetivo era
agradar e satisfazer o ímpio rei Saul, que queria apenas manter seu poder. Esse homem matou oitenta e cinco
sacerdotes indefesos, desarmados, inocentes. Estudiosos afirmam categoricamente que no Salmo 52 Davi
profetiza o fim trágico de Doegue. O salmista diz que, assim como suas palavras provocaram a morte de pessoas
inocentes, sacerdotes, entre outros, Deus haveria de o destruir e o lançaria fora. Ele seria arrancado de sua
habitação e lançado fora da comunhão de entre os homens; seria desenraizado como uma árvore é pela
tempestade. Sua vida seria privada de toda bênção de nutrição (Sl 52.1-5). Isso mostra para nós que aqueles que
se entregaram à calúnia, à falsidade, à mentira, buscando vantagens e atacando os homens escolhidos por Deus,
pagaram um alto preço. Sua sina será semelhante à de Doegue. Portanto, o que realmente cada cristão deve fazer
é respeitar os servos escolhidos de Deus. Alguns estudiosos acreditam que o Salmo 52 foi pronunciado por Davi
predizendo o destino de Doegue. Davi inicia o salmo mostrando que o ímpio ama a malícia e despreza a bondade
de Deus. O caráter do ímpio é descrito pelo salmista assim: (1) sua língua intenta o mal (Pv 10.31); (2) traça
enganos (Jó 15.35); (3) despreza o bem e ama o mal (Jr 9.4,5); (4) não é reto no seu falar. Tudo indica que o
destinatário do salmista Davi é uma pessoa prepotente, arrogante; sua língua era usada como arma para revelar o
que estava dentro do seu coração perverso. Por vezes, o ímpio se mostra perante as pessoas deste mundo com o
espírito de grandeza, soberba; busca sempre ser reconhecido e se apresenta como poderoso; suas obras são
perversas. O salmista deixa claro que Deus punirá esse ímpio arrogante. Note que isso será feito de modo
poderoso e pode ser visto pela presença dos seguintes verbos bíblicos: destruir, arrancar, arrebatar, desarraigar.
O ímpio pecador será varrido da face da terra. Quando Davi chegou ao sacerdote Aimeleque, lá estava Doegue,
edomita, chefe dos pastores de Saul (1Sm 21.7). Alguns supõem que ele estivesse no tabernáculo para pagar
algum tipo de voto, um tipo de purificação, ou para fazer qualquer outro sacrifício, deixando de lado a causa de
ele estar ali. Sua presença o fez testemunha do que Davi pediu ao sacerdote. Davi não podia mudar isso, nem
impedir a horrível vingança que a ira de Saul trouxe sobre o sumo sacerdote e dezenas de outros sacerdotes, bem
como mulheres, crianças e animais em Nobe (1Sm 22.9-19). Decidido a aproveitar ao máximo a oportunidade de
impressionar o rei, Doegue contou a Saul que Aimeleque, sumo sacerdote em Nobe, havia ajudado Davi com
provisões e consultado o Senhor a favor dele. Saul convocou de imediato Aimeleque e sua família e o acusou de
traição. A ordem de Saul foi inapelável: “...matem os sacerdotes do Senhor...” (1Sm 22.17). Este texto retrata
Saul como inclinado a cometer homicídios. As próprias palavras de Saul o condenaram, pois ele reconheceu que
os sacerdotes eram os “sacerdotes do Senhor”. Ao ordenar a execução deles, posicionou-se contra o próprio
Senhor. Mas, os seus servos “se recusaram a levantar as mãos para arremeter contra os sacerdotes do Senhor”
(1Sm 22.17). Eles se recusaram a cumprir a ordem do rei porque perceberam que seria uma atrocidade matar os
sacerdotes do Senhor. Mas, o desejo do endemoninhado rei não podia deixar de ser realizado; alguém deveria
realizar a chacina, e a sina caiu para Doegue (1Sm 22.18). “Então, disse o rei a Doegue: Vira-te tu e arremete
contra os sacerdotes. Então, se virou Doegue, o edomita, e arremeteu contra os sacerdotes, e matou, naquele
dia, oitenta e cinco homens que vestiam éfode de linho”. Para Doegue, homem sem princípio, cometer aquele
crime brutal contra os ungidos do Senhor era algo normal, um simples ataque. No mais, seu objetivo era agradar
e satisfazer o ímpio rei Saul, que queria apenas manter seu poder. Esse homem matou oitenta e cinco sacerdotes
indefesos, desarmados, inocentes. Davi escreveu o Salmo 52 para registrar a maldade de Doegue. Só escapou um
sacerdote, de nome Abiatar, filho de Aimeleque. Davi instou com Abiatar que ficasse com ele, porque confiava
na orientação e na proteção de Jeová (1Sm 22.22,23). Doegue realizou o massacre, mas o sacerdote Abiatar,
filho de Aimeleque, atribuiu o crime corretamente a Saul, pois vieram dele as ordens para que se cometesse essa
atrocidade (cf. 1Sm 22.18,19). Sem dúvida, Saul era totalmente incapaz de reinar sobre o povo de Deus. Pode
acontecer de um crente estar esperando o tempo de Deus e assim mesmo ocorrerem problemas, fraquezas e
dificuldades, como foi o caso ocorrido quando da visita de Davi ao sacerdote Aimeleque (1Sm 21.1-9; 22.6-22).
Às vezes o inimigo da Obra de Deus se encontra dentro da própria Casa de Deus, trazendo inúmeros prejuízos e
perturbações ao povo de Deus e à sua liderança fiel. Tenhamos cuidado com os “Doegue’s” infiltrados!

4. Os cristãos devem honrar os que são colocados por Deus na obra. "Lembrem-se dos seus líderes, os quais
pregaram a palavra de Deus a vocês; e, considerando atentamente o fim da vida deles, imitem a fé que tiveram"
(Hb 13.7). Em seu formato, Hebreus é mais um livro de ensino teológico do que voltado para orientações da
prática cristã, aos deveres espirituais do cristão neste mundo. Mas no décimo terceiro capítulo, o autor reúne uma
lista de sugestões e recomendações específicas, dedica-se aos conselhos para a jornada de fé. Entre as
orientações contidas no último capítulo, observa que visto que Cristo já cumpriu tudo o que era necessário para a
nossa salvação, em gratidão ao Senhor devemos oferecer-lhe sacrifícios de louvor, que é confessar ao mundo a
autoridade que há em seu nome (v.15). O autor de Hebreus, em 13.1-25, encerra o livro exortando os leitores
para uma vida de bom testemunho cristão. Alguém disse com bastante propriedade que "testemunhar não é algo
que fazemos; é algo que somos". Nesta linha de raciocínio, o autor de Hebreus mostra que é preciso anunciar ao
mundo a nossa crença no Altíssimo através do nosso comportamento, pois se o que falamos estiver em
desarmonia com as atitudes, a pregação torna-se em sal insípido e luz apagada. Billy Graham certa vez disse que
"a maior necessidade do mundo hoje é de cristãos com maturidade espiritual, que não somente tenham
professado sua fé em Cristo, mas que vivam essa fé a cada dia". Ainda, como um pastor que cuida do seu
rebanho, o autor de Hebreus apresenta uma bênção (13.20,21). Esta bênção revela alguns dos muitos privilégios
que temos como cristãos: nós temos o Deus da paz; nós temos um pastor grande e imortal; nós vivemos sob uma
nova aliança; nós somos aperfeiçoados por Deus para cumprirmos a sua vontade; nós temos um Deus que opera
em nós para vivermos de forma agradável em sua presença e para a sua glória.

a) Quando Deus nos valoriza, os que não valorizavam, um dia irão valorizar. É preciso lembrar que quando
Samuel foi a casa de Jessé por ordem divina na finalidade de ungir aquele a qual viria a ser o rei de Israel, Davi
estava sendo ignorado pelos seus. Isso é notório quando todos os irmãos de Davi foram desaprovados por
Samuel e este teve que perguntar a Jessé se havia mais alguém e foi quando Jessé disse que tinha o mais jovem,
o qual estava no campo cuidando das ovelhas. Nessa situação do exilio vemos que a situação se reverteu entre
Davi e a sua família, pois eles puderam ver que após o filho ser ungido, ele realizou muitas proezas, tais como
matar o gigante; demonstrar ser um grande guerreiro em combate com os inimigos e muito mais. Agora eles
sabiam como o seu filho era importante na vida deles, como também os protegeriam da ira de Saul, o qual
certamente se vingaria de Davi atacando-os. A importância da presença dos familiares de Davi envolvia serem
protegidos por ele; disposição em ajudá-lo e confortá-lo nesses momentos angustiosos. Uma família unida tem
relevante importância na vida de um líder.

b) Quando Deus é presente em nós, somos vistos com bons olhos pelos outros. Muitos dos soldados de Saul,
descontentes com a sua obsessão em perseguir Davi a fim de matá-lo decidiram desertar e se aliar a ele. Também
havia outros endividados que eram perseguidos pelo seu rei que em fúria certamente os matariam. Esses homens
queriam uma liderança que os conduzissem num caminho promissor com a esperança de um futuro melhor. Davi
conseguiu formar um regimento de quatrocentos homens e não era composto de homens notáveis, mas de
homens em aperto, endividados, desgostosos e sem rumo na vida, dada às circunstâncias em que viviam. Aqui
aprendemos que os instrumentos que Deus usa para atender os seus propósitos, não são os significantes, mas sim
os insignificantes, pois Ele não vê o exterior do indivíduo e sim o interior.

c) Quando honramos e protegemos os nossos pais, tudo irá bem em nossa vida. Para Davi a vinda da família
buscando a sua proteção foi algo muito alentador, pois pondo os seus em segurança, ele se livraria dessa
preocupação, para estar mais atento às perseguições e ciladas engendradas por Saul. Davi também conhecia o
quinto mandamento honrando seus pais para que tudo fosse bem com ele na terra. E todo cristão deve honrar os
seus pais, pois a não obediência a esse mandamento implica na sua própria salvação.

d) Quando obedecemos à voz de Deus não ficamos presos a medos ou situações. Uma das virtudes essenciais
de Davi era a obediência a voz de Deus vinda através dos Seus profetas. Observemos que Davi era liderado por
Deus na sua caminhada e como rei de Israel ainda não coroado, ele não deveria continuar no exílio e sim ir para
a terra de Judá, com o seu pequeno exército. A questão do exílio foi somente para ele organizar o seu pequeno
exército, pois o seu campo de combate, não seria no exílio, mas na sua própria nação. É verdade que Saul tinha
supremacia no poderio militar, mas algo muito importante ele não tinha mais, que era a proteção e direção de
Deus, a qual agora estava com Davi e quem tem Deus dirigindo os seus passos, a sua caminhada sempre será
coroada de vitórias.

SÍNTESE DO TÓPICO III


Aimeleque e outros sacerdotes foram executados sob as ordens de Saul.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“Irado, não convencido e tomado por um ódio selvagem, o rei ordenou a execução de todo o grupo de
sacerdotes. Quando seus próprios soldados se recusaram a obedecer, o rei ordenou que Doegue executasse o
crime. O edomita assassinou oitenta e cinco sacerdotes, e destruiu a cidade sacerdotal de Nobe com todos os seus
habitantes (17-19). Existe um vívido contraste entre a recusa dos próprios homens de Saul e a perversa
disposição de Doegue - o que ressaltou a atrocidade do acontecimento. Vestiam éfode de linho (18), ou seja,
eram sacerdotes do Senhor. Os de peito (19) eram bebês de colo. Abiatar, um dos filhos de Aimeleque,
conseguiu escapar do massacre e fugiu ao encontro do grupo de Davi, a quem relatou o brutal crime que Saul
incitara (20,21). O filho de Jessé foi tomado pela tristeza, e contou a Abiatar sobre o seu medo quando
reconheceu Doegue em Nobe, durante a sua primeira e precipitada fuga (21.1-9). Ele confessou ser a causa da
morte de todos os sacerdotes e do povo de Nobe, embora não intencionalmente (22)” (Comentário Bíblico
Beacon: 2 Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.218).

CONCLUSÃO
Por motivo de segurança e para preservar a si e a sua família, motivado pela perseguição furiosa de Saul, Davi
prudentemente se exilou saindo da sua nação para se refugiar em outra. Como Saul não lhe daria trégua, pois seu
instinto assassino o levaria a uma incessante perseguição com ideia fixa em matar Davi movido por um ódio
feroz e satânico é que foi necessário esse exilio. O exílio de Davi, também era uma providência divina no sentido
de prepará-lo para assumir o reino de Israel. Nesse exílio Davi que tinha prática de lidar com ovelhas, agora teria
que aprender a lidar com bodes, lógico que isso num sentido figurado. Um líder para assumir um ofício de
grande responsabilidade deve ter necessariamente experiência e vivência para estar nessa posição. Foi o caso de
Davi, que sendo ungido rei de Israel ainda moço, não tinha condições de assumir esse reino, sem passar por
várias experiências, O seu preparo duraria um longo tempo, adquirindo experiências que seriam essenciais para
quando fosse coroado como rei de Israel. Deus quando escolhe alguém para um ofício, não significa que
prematuramente esse alguém já seja separado e colocado para exercer esse ofício, pois essa precipitação pode ser
desastrosa. Moisés para ser líder de Israel no Êxodo passou por preparação; José para ser o governador do Egito
passou por preparação; os discípulos de Jesus para serem apóstolos passaram por preparação; Paulo para ser o
apóstolo dos gentios passou por preparação. A obra do Senhor não pode ser realizada por pessoas despreparadas,
pois isso tem trazido muitos prejuízos e escândalos no reino de Deus. Tem muitos no meio evangélico querendo
ser o que não pode, se colocando por conta própria numa posição não autorizada por Deus ignorando o risco que
estão correndo. Em todo o seu exílio Davi buscou refúgio, protegendo-se das artimanhas de Saul. Quase sem
forças, e como o espírito quebrantado, Davi implora por refúgio. Todos nós, em nossa jornada da vida,
precisamos de refúgio. Por que temos necessidade de um refúgio? Primeiro, porque estamos aflitos e sofrendo;
segundo, porque somos pecadores e a culpa nos acusa; terceiro, porque estamos cercados por adversários e as
incompreensões nos atacam. Não há outro refúgio melhor para nas horas de angústia: Jesus. Ele continua
disponível até para os “moradores de cavernas”, pessoas solitárias que precisam de alguém que se interessa por
elas. Deus é o refúgio do Seu povo na hora da angústia. O salmista assim se expressou: “Deus é o nosso refúgio
e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade” (Sl 46.1). Deus usa instrumentos falhos para fazer
a sua obra nesta terra, como disse Paulo em 1 Coríntios 1.28: “E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as
desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são”. Antes, porém, esses instrumentos devem ser
trabalhados, forjados pelo auxílio do Espírito Santo, a fim de que sejam vasos de honra no trabalho do Senhor.
Se não foi fácil para Davi liderar sobre aqueles fracos homens, também não foi fácil para eles serem liderados
por Davi, pois, naquela ocasião, ele não tinha nada a lhes oferecer. Não tinha emprego, salário, posses, e nem
despojos para repartir com eles. No entanto, eles se submeteram à liderança de Davi, mesmo que, aparentemente,
nada pudessem receber em troca. Tivessem eles rejeitado à liderança de Davi, não teriam tido o privilégio de,
tempos depois, servirem ao rei de Israel. Por isso, aprendemos, não só com Davi, mas também, com sua equipe
de liderados a sermos obedientes e submissos a Deus e aos nossos líderes. Não podemos esquecer que as
cavernas, assim como os vales e desertos da vida não são permanentes e sim temporários. Portanto, saiba que por
mais pedregosos que seja os vales, por mais extensos que seja os desertos, e por mais sombrios que seja as
cavernas, são apenas lugares de passagens, não são e jamais será o estado definitivo de nossas vidas, mas sim
momentos de aprendizados, amadurecimento e crescimento para a gloria de Deus!

“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração;
porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jr 15.16). “Corramos, com perseverança, a
carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus...” (Hb 12.1,2).
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a
palavra da verdade”. (2Tm 2.15). “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar e apresentar-vos
irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória. Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e
majestade, domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém”. (Jd 24,25),

Naqu’Ele que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef
2.8)”,

Cor mio tibioffero,


Domine, prompte et sincere!
Soli Deo Gloria

“Ommia Autem probate, quod bonum este tenete...”


“Examinai tudo. Retende o bem...” (1Ts 5.21)

“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a
palavra da verdade” (2Tm 2.15)
“Quero que sejam sábios a respeito do que é bom e não tenham nada a ver com o que é mau” (Rm 16.19)

Sou apenas "um caco dentre outros cacos de barro" (Is 45.9)

Àquele que é “âncora da alma, segura e firme” (Hb 6.19)

“Porque ninguém pode ser dono absoluto do conhecimento”

“Ipse scientia potestas est”


“Conhecimento é poder”

APLICAÇÃO PESSOAL
O exílio de Davi, também era uma providência divina no sentido de prepará-lo para assumir o reino de Israel.
Um líder para assumir um ofício de grande responsabilidade deve ter necessariamente experiência e vivência
para estar nessa posição. A obra do Senhor não pode ser realizada por pessoas despreparadas, pois isso tem
trazido muitos prejuízos e escândalos no reino de Deus.

SUBSÍDIO ENSINADOR CRISTÃO

O EXÍLIO DE DAVI

A vida cristã é feita de muitos obstáculos espirituais e materiais. Se fizermos um balanço do que aconteceu
conosco desde o primeiro dia em que nos entregamos a Cristo até hoje, veremos que trilhamos caminhos difíceis
e agudos. Mas neles ganhamos experiências e maturidade. A lição desta semana quer mostrar ao crente que dos
muitos conflitos que vivenciamos podemos tirar lições preciosas para a nossa vida espiritual.

Resumo da lição. Nesta lição, você caracterizará para o aluno o exílio de Davi. Em seguida, fará a exposição de
Davi e seu amor pelos pais. E concluirá, explanando sobre pessoas que morreram por Davi. Para expor o exílio
de Davi, o primeiro tópico revela que a caverna de Adulão era um lugar de refúgio para Davi e seus amigos. O
segundo tópico mostrará que Davi era um grande líder, e também um bom filho. Ele amava seus pais. O terceiro
tópico revela que Aimeleque e outros sacerdotes foram executados sob as ordens de Saul. Não foram poucas as
situações difíceis que Davi vivenciou. Ele viu muitas pessoas tombarem. Ele vivenciou muitas perdas, mas
também alegrias. De tudo isso ele aprendeu e ensinou lições preciosas para vida espiritual. Quem ler o livro dos
Salmos testemunhará isso.

Aplicação da lição
É interessante lembrar que a palavra “exílio” refere-se à expatriação forçada de alguém por causa de uma
perseguição do Estado e o local em que essa pessoa passará a viver. A palavra alude sempre a momentos difíceis
e de saudade da terra que ficou para trás. Geralmente é um lugar de sofrimento. O hino 36 da Harpa Cristã
mostra a seguinte imagem: “Da linda pátria estou bem longe/ Cansado estou/ Eu tenho de Jesus saudade/ Oh!
Quando é que eu vou?”. O poeta faz o contraste entre a saudade da terra que ele está longe, isto é, o Céu, com a
terra em que ele se encontra cansado, ou seja, o mundo em que vive. Isso é exílio! Aproveite a oportunidade para
dizer aos alunos que, embora estejamos neste mundo, segundo as Escrituras, somos peregrinos. Temos uma
pátria no Céu e a nossa esperança é a de estarmos para sempre com Cristo. Essa é a esperança cristã! Com o
olhar para a pátria verdadeira, vivamos o nosso “exílio” em que Deus seja honrado e glorificado. Assim, não
podemos perder a esperança de “retocar para a nossa pátria”.

SUBSÍDIO LIÇÕES BIBLICAS

O EXÍLIO DE DAVI

A verdade prática transmite a seguinte realidade: Dos muitos conflitos que vivenciamos aprendemos lições
preciosas para a nossa vida espiritual e formação de nosso caráter, segundo o modelo Cristo. O vocábulo
caráter deriva do grego χαρακτήρ que tem como significado reprodução ou representação. Corresponde a uma
ferramenta para gravação, isto é, uma coisa estampada, cunhada, ou seja, um caráter, uma marca, ou sinal de
distinção. Pois, caráter é a qualidade inerente a um indivíduo e corresponde com o temperamento próprio e a
índole de cada pessoa. Conforme Miles Munroe caráter significa: Ter um comprometimento com um conjunto de
valores sem comprometer-se... Ser dedicado a um conjunto de padrões sem hesitar... Esforçar-se continuamente
para integrar seus pensamentos, palavras e ações... Fazer sacrifícios para manter os seus princípios... Ter
autodisciplina para manter seus valores e padrões morais. Lembrando que a marca distintiva do caráter é a
lealdade. Lealdade é o produto da estabilidade criada pelas provações que surgem ao longo do tempo. Já
conforme o pastor Antônio Gilberto o caráter: É um componente da personalidade. É adquirido, não herdado. A
criança herda tendências, não caráter. Resulta da adaptação progressiva do temperamento às condições do
meio ambiente: o lar, a escola, a igreja, a comunidade, e o estado socioeconômico. Portanto, a presente lição
tem como objetivo geral: Mostrar que dos muitos conflitos que vivenciamos podemos tirar lições preciosas para
a nossa vida espiritual.

1. Características do exílio de Davi. Caracterizar o exílio de Davi é o objetivo específico do presente tópico.
No período de exílio Davi se transformou em um grande líder, pois da caverna em que ele busca refúgio e
segurança, pessoas passaram a buscarem em Davi força para obtenção de êxito, sendo assim 400 homens foram
trenados de fato alcançaram êxito ao ponto de aumentarem para 600 homens. O futuro monarca iniciou a
formação de uma equipe, sendo que liderar um grupo requer habilidades e conhecimento. As habilidades são
fundamentais para um bom entrosamento entre líderes e liderados. Já o conhecimento é fundamental para saber
conduzir o grupo. Porém, ninguém lidera com apenas o conhecimento, pois a este seguem a perspectiva e a
atitude.

2. Davi e o amor com os pais. Biblicamente compreende-se que os filhos que amam os pais são: Leais (Gn
37.2); Obedientes (Mt 21.28-31); Conselheiros (1Sm 19.4-6); e principalmente são reconhecedores de seus erros
(Lc 15.18). Sendo assim ao ler a biografia de Davi, entende-se que ele além de ser destaque como liderança foi
no decorrer de sua vida um bom filho. Logo, há recompensas da parte de Deus para os filhos obedientes, são
elas: (1) Prolongamento dos dias - Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que
o Senhor teu Deus te dá (Êx 20.12); (2) Para que ocorra êxito - Honra a teu pai e a tua mãe, como o Senhor teu
Deus te ordenou, para que se prolonguem os teus dias, e para que te vá bem na terra que te dá o Senhor teu Deus.
(Dt 5.16). Em suma, o objetivo do presente tópico é expor Davi e o amor com os pais.

3. Morrendo por Davi. O presente tópico tem como objetivo específico explanar sobre pessoas que morreram
por Davi. O tópico destaca três personagens bíblicos: Saul, Aimeleque e Doegue. Sobre Saul pode-se
compreender que foi o primeiro rei de Israel e por 40 anos governou a nação eleita por Deus, porém por falta de
equilibro e por uma atitude repleta de desespero realizou o holocausto, ação que não lhe era oficializada (1Sm
13.10), e desobedeceu a Deus quando lhe foi ordenado eliminar os amalequitas (1Sm 15.22). O salário do
pecado é a morte, e que dura morte sofreu Saul, a prática do ato suicida (1Sm 31.6). Já Aimeleque o sumo
sacerdote foi benevolente para com Davi ao outorgar pão e dá-lhe a espada de Golias. Porém, as atitudes
benéficas para com Davi resultaram na sua morte e na de mais oitenta e quatro outros homens (1Sm 22.9-23).
Por fim, Doegue se destaca em sua biografia pela maldade que se manifesta na morte de oitenta e cinco
sacerdotes, tal atitude segundo Davi no Salmo 52 não seria por Deus esquecida, mas o Senhor puniria tamanha
maldade aos sacerdotes.

PARA REFLETIR

• Qual o simbolismo do exílio para o cristão?


O exílio pode ser o lugar onde nosso caráter será testado, onde nossa própria identidade será descoberta, onde
nossa lucidez mental e espiritual terá a sua aurora (Pv 4.18).

• Qual o significado de Adulão?


O nome Adulão quer dizer refúgio; era assim denominado por causa de uma cidade em suas proximidades.

• Qual o propósito especial em Davi procurar Moabe?


Há um propósito especial em Davi procurar Moabe. Diversos escritores afirmam que isso se deve aos laços
familiares através de Rute, que era a avó moabita de Jessé, pai de Davi.

• Qual é o procedimento de um líder inseguro?


Só os líderes inseguros fazem cobranças exageradas, dão presentes em troca de lealdade, se inquietam com os
que podem representar risco à sua posição.

• Que tipo de pessoa o salmista Davi descreve?


Tudo indica que o destinatário do salmista Davi é uma pessoa prepotente, arrogante; sua língua era usada como
arma para revelar o que estava dentro do seu coração perverso.

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