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Artigo

Reciclagem Terciária do Poli(etileno tereftalato) Visando a


Obtenção de Produtos Químicos e Combustível: Uma Revisão
Figueiredo, A. L.*; Alves, A. P. M.; Fernandes Junior, V. J.; Araujo, A. S.
Rev. Virtual Quim., 2015, 7 (4), 1145-1162. Data de publicação na Web: 21 de janeiro de 2015
http://www.uff.br/rvq

Tertiary Recycling of Poly(ethylene terephthalate) Aimed at Obtaining Chemicals and


Fuels: A Review
Abstract: Plastics have been an indispensable material in the life of humanity. However, these
polymers have a slow degradation process that can lead to contamination of soil, air and water
when they are not properly allocated. Since the poly (ethylene terephthalate) - PET is one of the
most commonly consumed thermoplastic resins in Brazil and with a short time of use, it is normal
to find it being discarded in landfills, streets, lakes and garbage dumps. Consequently, the recycling
of plastic waste is an alternative for avoiding environmental and social problems. In this paper we
describe the recycling methods for reuse of plastic waste, mainly the tertiary recycling of PET using
the pyrolysis process. Tertiary recycling - pyrolysis – of PET is important because it reduces costs of
pre-treatment, collection and selection, and allows the obtaining of both a combustible substance
and chemicals used for the obtaining of the polymer which gave it origin or even a new polymer,
thus eliminating the risk of using recycled PET for packaging foods, beverages and pharmaceuticals.
Keywords: Plastics; contamination; plastic waste; PET; tertiary recycling; pyrolysis.

Resumo
Os plásticos têm sido um material indispensável na vida da humanidade, contudo, estes polímeros
têm um processo lento de degradação que pode levar a contaminação do solo, ar e água quando
não são destinados corretamente. Visto que, o poli(etileno tereftalato) - PET é uma das resinas
termoplásticas mais consumidas no Brasil e com um curto tempo de uso, é normal encontra-lo
descartado em aterros sanitários, ruas, lagos e lixões. Consequentemente, a reciclagem de resíduos
plásticos é uma alternativa para evitar problemas ambientais e sociais. Neste trabalho são descritos
os métodos de reciclagem para o reaproveitamento de resíduos plásticos, principalmente, a
reciclagem terciária do PET utilizando o processo de pirólise. A reciclagem terciária – pirólise - do
PET é importante, pois reduz custos de pré-tratamento, de coleta e seleção, além de permitir a
obtenção tanto de uma substância combustível quanto produtos químicos utilizados para a
obtenção do polímero que lhe deu origem ou até mesmo em um novo polímero, eliminando assim
o risco de utilizar o PET reciclado para embalar alimentos, bebidas e fármacos.
Palavras-chave: Plásticos; contaminação; resíduos plásticos; PET; reciclagem terciária; pirólise.
* Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Laboratório de Catálise e Petroquímica, Departamento
de Química, CEP 59078-970, Natal-RN, Brasil.
anelfigueiredos@gmail.com
DOI: 10.5935/1984-6835.20150064
Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 4| |1145-1162| 1145
Volume 7, Número 4 Julho-Agosto 2015

Revista Virtual de Química


ISSN 1984-6835

Reciclagem Terciária do Poli(etileno tereftalato) Visando a


Obtenção de Produtos Químicos e Combustível: Uma Revisão
Aneliése L. Figueiredo,* Ana Paula M. Alves, Valter José Fernandes
Junior, Antonio S. Araujo
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Laboratório de Catálise e Petroquímica,
Departamento de Química, CEP 59078-970, Natal-RN, Brasil.
* anelfigueiredos@gmail.com

Recebido em 17 de julho de 2014. Aceito para publicação em 13 de janeiro de 2015

1. Introdução
2. Poli(etileno tereftalato) – PET
2.1. Características do PET
2.2. Utilização do PET
3. Reciclagem de resíduos plásticos
3.1. Reciclagem Primária
3.2. Reciclagem secundária
3.3. Reciclagem terciária
3.4. Reciclagem quaternária
4. Reciclagem terciária: pirólise
4.1. Pirólise térmica
4.2. Pirólise catalítica
5. Pirólise do PET
5.1. Mecanismo de reação da degradação térmica e catalítica
6. Considerações finais

1. Introdução poliméricos de uso geral, os quais fazem


parte integrante do dia a dia das sociedades.
Em 2010, a produção mundial de plástico
Devido à evolução da produção industrial foi de aproximadamente 265 milhões de
dos materiais poliméricos de síntese (a toneladas,1 tendo como principal produtor
maioria derivados do petróleo), o século XX mundial de resinas termoplásticas a China
foi po vezes desig ado co o a e a do (23,5% da produção).2 De acordo com a
plástico . De fo a ge e alizada passou-se a PLASTICS (2012),3 a produção mundial de
designar por plásticos todos os materiais plástico aumentou de 2010 para 2011 em 10
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milhões de toneladas (3,7%) para cerca de plásticos (Figura 1) tem início na utilização da
280 milhões de toneladas em 2011 matéria-prima nafta ou gás natural –
continuando um padrão de crescimento que derivados do petróleo - para a geração dos
a indústria tem tido, desde 1950, cerca de 9% produtos petroquímicos básicos, como eteno,
ao ano. butadieno, benzeno, tolueno e para-xileno.
Esses petroquímicos básicos são obtidos na
A indústria de transformados plásticos no
primeira geração, nas centrais petroquímicas.
Brasil compreende cerca de onze mil
Para a produção de plástico são destinados
empresas que faturaram em 2011,
cerca de 4% da produção mundial de
aproximadamente, R$ 50 bilhões, com uma
petróleo.
produção de 6.502 mil toneladas de resinas
termoplásticas e consumo aparente de 6.894 As empresas da segunda geração
mil toneladas,2 utilizados em diversos transformam os petroquímicos básicos,
segmentos: eletrônico, alimentício, através de processos de polimerização, em
construção civil, cosméticos, brinquedos, resinas plásticas, ou seja, o PET, PP, PE, entre
automobilístico, farmacêutico, agrícola, outras. A terceira geração refere-se às
utilidades domésticas, higiene, limpeza, empresas transformadoras de plásticos, as
calçados, aviação e médico-hospitalar. quais irão transformar as resinas em
artefatos de diferentes cores, formatos e
Dentre os plásticos mais utilizados no
finalidades, que atendem aos mais diversos
Brasil temos: poli(etileno) - PE,
setores da economia. Esta transformação se
poli(propileno) - PP, poli(cloreto de vinila) -
dá, em geral através dos processos de
PVC, poli(etileno tereftalato) – PET e o
extrusão (54%), injeção (32%), sopro (7%) e
poli(estireno) – PS.
termoformagem (3%), segundo dados
A cadeia produtiva para a produção de ABIPLAST (2011).2

Figura 1. Esquema da cadeia produtiva petroquímica do poli(etileno tereftalato) – PET

O crescente uso destes plásticos corretamente, principalmente devido à sua


(polímeros), impulsionado pela diversidade inércia química e baixa degradabilidade.
de propriedades e características, tem Atualmente, esta é uma das principais
conduzido cada vez mais à utilização múltipla preocupações para a comunidade científica,
destes materiais, que estão presentes em bem como ambientalistas.5
quase todos os produtos que utilizamos no
Ultimamente, os resíduos tratados têm
nosso dia a dia. Sendo assim, contribuindo,
dois principais destinos: a incineração e
intensivamente, para o agravamento da
aterros industriais,6 que acarretam sérios
degradação do ecossistema, devido ao seu
riscos sociais e ambientais e, por isso faz-se
elevado tempo de degradação.4
necessário à busca de novas formas para
Quando os plásticos transformam-se em racionalizar a utilização destes resíduos.7
rejeitos são extremamente agressivos ao
A reciclagem de polímeros é classificada
meio ambiente, tornando-se um grande
em quatro categorias: re-extrusão
problema quando não são destinados
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(reciclagem primária), mecânica (reciclagem 2. Poli(etileno tereftalato) – PET


secundária), química (reciclagem terciária) e
a de recuperação de energia (reciclagem
quaternária). Cada método fornece um O poli(etileno tereftalato) – PET (Figura 2)
conjunto único de vantagens que a tornam é um material termoplástico constituído por
particularmente benéfica para determinados 62,5% de átomos de carbono, 33,3% de
locais ou aplicações.8 oxigênio e 4,2% hidrogênio.9 São necessários
0,76 kg/L de petróleo para produzir
aproximadamente 0,47-1,28 kg/L de PET.10

Figura 2. Estrutura química do PET

O PET é o mais importante membro da presença ou não de um catalisador de


família dos poliésteres, grupo de polímeros antimônio, com remoção de produtos
descoberto na década de 1930 por W.H. secundários como a água ou metanol.
Carothers, da Du Pont. No entanto, somente
em 1941 o PET foi desenvolvido - após a
Segunda Grande Guerra - pelos químicos 2.1. Características do PET
ingleses Whinfield e Dickson, sendo
empregado inicialmente na indústria têxtil.11
Com o passar dos anos o PET continuou a ser O poli(etileno terftalato) é um polímero
desenvolvido e novas aplicações surgiram. com estrutura linear. Apresenta inúmeras
Em 1962 passou a ser utilizado na indústria propriedades - que dependem do seu grau de
de pneus e nos anos 70 na Europa e nos EUA cristalinidade - tais como leveza, brilho,
surgiram às primeiras embalagens de PET. transparência e facilidade de moldagem; é
um polímero inodoro, insípido, atóxico e
Apenas em 1988 o PET chegou ao Brasil e inerte. Além disso, o PET possui elevada
fora utilizado primeiramente na indústria resistência mecânica, térmica e química e
têxtil e a partir de 1993 passou a ter forte com possibilidade de se apresentar no estado
expressão no mercado de embalagens, amorfo (transparente), semicristalino e
notadamente para os refrigerantes. orientado (translúcido) e altamente cristalino
Atualmente o PET está presente nos mais (opaco). Apresenta boas propriedades de
diversos produtos. barreira, alta resistência à gorduras, à tração
Segundo Romão; Spinacé; De Paoli e à abrasão.12-14
(2009)11 o poli(etileno tereftalato) é A temperatura característica da transição
produzido industrialmente por esterificação da fase amorfa, ou transição vítrea, do PET é
direta dos monômeros etileno glicol – EG em torno de 75°C. Isto significa que sua fase
(glicol etilênico) e o ácido tereftálico – TPA, amorfa, que está presente em teor superior a
ou por transesterificação do etileno glicol – 50% em massa, é rígida à temperatura
EG (glicol etilênico) com o tereftalato de ambiente e flexível acima de 75°C. Por outro
dimetila - DMT, esta etapa é chamada de pré- lado, sua temperatura de fusão está entre
polimerização e ocorre por meio de uma 250-270°C. Ainda como características, temos
reação de condensação. A polimerização sua baixa densidade que está entre 1,38
ocorre por aquecimento dos reagentes na
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g.mL-1 e 1,41 g.mL-1 e peso molecular aproximadamente 90% do total de resina


variando entre 15.000 – 42.000, sendo esta virgem colocada no mercado brasileiro.16 O
de extrema importância, pois se relaciona PET foi utilizado em frascos de refrigerantes,
diretamente com as propriedades físicas do água mineral, óleo combustível, produtos
polímero. farmacêuticos, produtos de limpeza, mantas
de impermeabilização, entre outros. O
restante (10%) utilizado na produção de
2.2. Utilização do PET fibras têxteis sintéticas.
De acordo com informações da ABIPET
A produção mundial de PET no final da (2010),16 entre 2000 e 2009, o consumo
década de 1990 foi cerca de 24 milhões de interno de resinas PET apresentou
toneladas utilizados principalmente para a crescimento de 104,7%, numa média anual
produção de fibras têxteis (67%), seguido de de 8,3%. Além disso, estima-se que o
garrafas moldadas por sopro (24%), consumo de resinas PET, em 2010, esteve em
polímeros de engenharia (9%) e filmes (2%).14 torno de 565 mil toneladas.

O mercado de PET no Brasil é


relativamente recente, com cerca de 20 anos 3. Reciclagem de resíduos plásticos
de idade. Apesar disso, segundo a Associação
Brasileira da Indústria do PET – ABIPET as
embalagens de PET demonstram sua
Devido ao grande consumo de artigos
modernidade ao atender os mais exigentes
plásticos, espera-se encontrar uma
padrões de desempenho ambiental, além de
quantidade considerável de resíduos sólidos
alcançar os anseios do consumidor que
plásticos (RSP) no fluxo final de resíduos
deseja produtos modernos e adequados ao
sólidos urbanos (RSU). No Brasil, cerca de
seu modo de vida. Desta forma, o PET está
13,5% dos resíduos sólidos são de resíduos
entre as principais resinas termoplásticas
plásticos pós-consumo.17
consumidas no Brasil em 2011, com 7% do
consumo.2 Resíduo de plástico constitui um problema
social crescente, por causa da perda de
O PET é considerado um dos mais
recursos naturais, a poluição ambiental e o
importantes polímeros das duas últimas
esgotamento do espaço de aterro sanitário. A
décadas, devido ao rápido crescimento de
situação torna-se pior quando constatamos
sua utilização.12 As embalagens de garrafas
que em algumas das cidades brasileiras o lixo
plásticas de PET são ideais para o
é depositado em terrenos baldios ou nos
acondicionamento de alimentos, devido às
i ade uados li ões .
suas propriedades de barreira que
impossibilitam a troca de gases e absorção de Segundo levantamentos feitos em grandes
odores externos, mantendo suas cidades brasileiras, os principais polímeros
características originais dos produtos encontrados nos resíduos sólidos urbanos
envasados.15 Além disso, é amplamente são o polietileno de alta e baixa densidade
utilizado em instrumentos elétricos e (PEAD e PEBD), PET, PVC e o PP. Outros tipos
eletrônicos, produtos automobilísticos, de polímeros encontrados correspondem a
produtos de iluminação, ferramentas apenas 11% do total.18
elétricas, artigos esportivos, médico-
Dos resíduos plásticos totais, mais de 78%
hospitalares, artigos farmacêuticos, entre
em peso do total corresponde a
outros. Tendo como uma aplicação mais
termoplásticos e o restante aos termofixos.19
antiga filmes e fibras.12
Vale ressaltar que, apenas os termoplásticos
No Brasil, a principal aplicação do PET é na são passíveis de reciclagem, podendo ser
indústria de embalagens, na qual em 2009 reutilizados infinitas vezes.
foram responsáveis pelo uso de

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Em 2010, no Brasil foram reciclados 953 popular, pois garante simplicidade e baixo
mil toneladas de resíduos plásticos. Além custo.22
disso, o País mantém a sua posição entre os
líderes da reciclagem de PET no mundo, o
qual, em 2011 deu a destinação correta a 294 3.2. Reciclagem secundária
mil toneladas de embalagens de PET pós-
consumo, de um total de 515 mil fabricadas
no País, o que representa 57,1% das A reciclagem secundária também
embalagens descartadas pelo consumidor.20 conhecida por reciclagem mecânica consiste
na conversão dos descartes plásticos pós-
A reutilização de plásticos é indicada industriais ou pós-consumo em grânulos que
como uma opção preferível para a podem ser reutilizados na produção de
reciclagem, pois utiliza menos energia e outros produtos que tenham requisitos de
menos recursos, conserva os combustíveis desempenho menos exigentes do que o
fósseis e reduz a emissão do dióxido de material original, como sacos de lixo, solados,
carbono (CO2), óxidos de nitrogênio (NOx) e pisos, mangueiras, fibras, canos, calhas e
dióxido de enxofre (SO2).8 muitos outros. Esta reciclagem só pode ser
Anos de estudo, pesquisa e realizada com um único tipo de resíduo
desenvolvimento resultaram em um número plástico. Quanto mais complexo e
de métodos de reciclagem, tratamento e contaminado for o resíduo, mais difícil é para
valorização dos RSP que podem ser recicla-lo mecanicamente.8
economicamente e ambientalmente A reciclagem mecânica versa na seleção e
viáveis.21 limpeza de resíduos termoplásticos
Reciclar consiste em vários processos que provenientes da produção ou de materiais
um determinado material deve passar para descartados (lixos); em seguida o material é
que retorne ao seu ciclo de produção após já submetido à trituração, produzindo flocos; os
ter sido utilizado e descartado, para que flocos são lavados, secos e depois
novamente possa ser transformado em um submetidos a uma extrusora para produção
bem de consumo. Os sistemas de reciclagem dos grãos do material. O granulado poderá
de polímeros são classificados em quatro ser misturado com materiais novos do
tipos: primária, secundária, terciária e mesmo tipo para ser novamente
23
quaternária. processados. O esquema geral do processo
de reciclagem mecânica foi descrito por
Spinacé e De Paoli, 2005.18
3.1. Reciclagem Primária
Dos resíduos plásticos gerados, 19,4% é
reciclado através da reciclagem mecânica,
tendo a resina termoplástica mais utilizada
A reciclagem primária ou pré-consumo,
nesse processo o PET, com aproximadamente
melhor conhecida como re-extrusão, é a
54%.24
reintrodução de resíduos industriais de um
único polímero, a fim de produzir produtos
com características equivalentes àquelas dos
3.3. Reciclagem terciária
produtos originais produzidos com polímeros
virgens. Esses resíduos são constituídos por
artefatos defeituosos e aparas provenientes De modo geral, todas as tecnologias que
dos moldes ou dos setores de convertem polímeros em seus monômeros
corte/usinagem. Esta é a reciclagem de ou petroquímicos úteis são referidas como
resíduo limpo, não contaminado e de um reciclagem química também conhecida como
único tipo que continua a ser o processo mais reciclagem terciária ou reciclagem de
matéria-prima. Neste tipo de reciclagem,
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materiais plásticos sólidos são convertidos nesses resíduos. Se o reuso do resíduo


em moléculas menores, como produtos polimérico não é prático ou econômico, é
químicos intermediários, através da utilização possível fazer uso de seu conteúdo
de calor e/ou tratamento químico.22 Em energético através da incineração.18 Este tipo
particular, os polímeros de condensação tais de reciclagem é aconselhado para resíduos
como polietileno tereftalato e o nylon sofrem complexos (termorrígidos, borrachas e
degradação para produzir unidades de compósitos) ou que necessitem de cuidados
monômeros, que podem ser utilizados na especiais (descartáveis médico-hospitalares,
obtenção de polímeros. embalagens de óleos, etc.).
Os produtos da reciclagem química, Sabe-se que a energia contida em 1 kg de
geralmente líquidos e/ou gases, têm provado plásticos é equivalente à quantidade em 1 kg
ser úteis como combustíveis. As tecnologias de óleo combustível. No entanto, alguns
por trás desse sucesso são: processo de compostos plásticos emitem produtos
despolimerização por solvólise (hidrólise, tóxicos, como hidrocarbonetos policíclicos
alcoólise, amilose), métodos térmicos aromáticos (PAHs) e fuligem. Assim a
(pirólise, gaseificação, hidrogenação) ou recuperação de energia a partir de resíduos
ainda por métodos térmico/catalíticos de plástico não é aceitável.22
(pirólise e a utilização de catalisadores
seletivos). Estas tecnologias resultam em um
esquema muito rentável e sustentável 4. Reciclagem terciária: pirólise
industrialmente, proporcionando um
rendimento de produto elevado e o mínimo
de desperdício. A reciclagem terciária tem sido
Dentre as tecnologias disponíveis e amplamente utilizada através do processo de
adequadas no mercado, o tratamento pirólise, também chamado de craqueamento,
térmico por pirólise recebe destaque por considerada como sendo uma avançada
reduzir o volume do resíduo em até 90% de tecnologia de conversão. A pirólise é definida
seu peso, além de favorecer o como uma reação de degradação do resíduo
reaproveitamento da matéria-prima em plástico em elevada temperatura na ausência
vários segmentos industriais.25 Desta forma, total ou parcial de oxigênio, tendo como
nos últimos anos o método térmico/catalítico produtos: líquidos, sólidos e gás. Os
através do processo de pirólise tem recebido processos pirolíticos são endotérmicos, ao
muita atenção, como uma rota de produção contrário do processo de incineração, sendo
de combustível e frações variadas de assim, é necessário o fornecimento de calor
petroquímicos. ao sistema.25 O principal objetivo da
reciclagem terciária é recuperar valiosos
A reciclagem química permite também
produtos químicos como os monômeros
tratar misturas de plásticos, reduzindo custos
originais.7
de pré-tratamento, de coleta e seleção, além
de permitir a produção de plásticos novos A pirólise pode ser definida como a
com a mesma qualidade de um polímero transformação de um composto em outra
original. substância através apenas da ação do calor.
Te os tais co o deco posição t ica ,
c a uea e to e deg adação t ica" t
3.4. Reciclagem quaternária sido usados como sinônimos para o termo
pirólise na literatura.26
Segundo Walendziewski (2002),27 os
A reciclagem quaternária chamada
processos térmicos e todos os processos
também de energética, inclui a recuperação
catalíticos de reciclagem de polímeros são
do conteúdo de energia de resíduos plásticos
economicamente e ambientalmente aceitos,
através do tratamento térmico aplicado
gerando como um dos produtos uma mistura
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líquida de hidrocarbonetos. Esse produto associação com a cromatografia gasosa e/ou


pode ou não, depois de processado na espectrometria de massas para análise
indústria petroquímica, ser usado na qualitativa e estudos mecanicistas.29
produção de novos plásticos.5 Desta forma,
Atualmente, vários países desenvolvidos
com a pirólise dos resíduos plásticos, será
vêm empregando o processo pirolítico, tendo
agregado valor a este resíduo, visto que os
como principal objetivo a obtenção de
produtos formados poderão ser utilizados
produto líquido de elevado potencial
como combustíveis ou como matéria-prima
energético, visando substituir combustíveis
para a indústria petroquímica, bem como
líquidos derivados do petróleo. É possível
diminuirá a grande quantidade de resíduos
encontrar na literatura estudos sobre pirólise
plásticos descartados no meio ambiente.
de polímeros, com ou sem o auxílio de
As primeiras experiências práticas com catalisadores, como pode ser observado na
reatores pirolíticos somente foram Quadro 1. Estes estudos têm envolvido
desenvolvidas, em 1926, na Alemanha, por F. diversos polímeros, com maior destaque para
Winkler.28 Com o avanço da tecnologia, a o polietileno, seja ele de alta ou baixa
técnica de pirólise tornou-se um instrumento densidade (PEAD e PEBD respectivamente), o
de grande utilidade para o combate aos polipropileno (PP), o poliestireno (PS), o
problemas causados pela grande quantidade policloreto de vinila (PVC) e o polietileno
de rejeitos plásticos. Além disso, o processo tereftalato (PET), por serem os plásticos mais
de pirólise é considerado uma ferramenta consumidos.
extremamente poderosa particularmente em

Quadro 1. Resumo de estudos realizados sobre a pirólise de resíduos plásticos


Referência Resumo
O comportamento da termodegradação do polipropileno (PP) e das
Ali, Ahmed e Qureshi
blendas PP/petróleo e resíduos/carvão foi investigado na presença
(2011)30
de quatorze tipos de catalisadores.
Foram utilizadas simultaneamente a Análise Termogravimétrica (TG)
e o Calorímetro Diferencial de Varredura (DSC) para investigar o
Coelho et al. (2012)5
efeito da acidez da zeólita HZSM-5 na degradação catalítica do
polietileno de alta densidade (PEAD).
A pirólise de 200 g de polímeros (PEBD e PEAD) foi estudada a baixa
temperatura, visando desenvolver um modelo cinético para a
Ding et al. (2012)31
formação de diferentes produtos durante o craqueamento térmico
dos plásticos.
O objetivo deste trabalho foi o de aumentar o rendimento das
olefinas gasosas (monômeros) como matéria-prima para o processo
Donaj et al. (2012)32 de polimerização, para tal realizou-se testes aplicando o catalisador
comercial Ziegler-Natta (Z-N):TiCl4/MgCl2 para o craqueamento de
uma mistura de poliolefinas (PEBD, PEAD e PP).
A partir da pirólise catalítica dos resíduos plásticos municipais
Lee e Oh (2012)33 utilizando como catalisador a zeólita HZSM-5 comercial, obteve-se
como produto um óleo pirolítico.

Panda e Singh Em um reator fechado e no intervalo de temperatura de 400-550°C


(2011)34 realizou-se o craqueamento térmico e catalítico do polipropileno
(PP), na presença de caulim e sílica alumina, a fim de obter os

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combustíveis líquidos adequados.


Através do craqueamento catalítico de resíduos de poliestireno
Jin et al. (2012)35 estudou-se a atividade catalítica da peneira molecular mesoporosa
do tipo MCM-41 sintetizada a partir da sepiolite natural.
Realizou o craqueamento de resíduos do poli(etileno tereftalato) –
Sarker et al. (2011)9
PET vidando obter valioso produto líquido (combustível).

4.1. Pirólise térmica térmica de resíduos plásticos visando a


obtenção do produto líquido, também
chamado de óleo pirolítico. Utilizou três
A pirólise térmica é geralmente conduzida diferentes tipos de resíduos plásticos:
a temperaturas entre 350 e 900°C e resulta poliestireno (PS), polietileno (PE) e
na formação de finos de carvão e uma fração polipropileno (PP) que foram coletados em
volátil, que pode ser separado em um aterro sanitário. O processo de pirólise foi
hidrocarbonetos líquidos e em gases não realizado em um tubo de aço inox, com
condensáveis com elevado poder calorífico.19 temperatura variando para cada resíduo: PE
As proporções de cada fração e suas (760°C); PP (740°C); PS (580°C); Mistura
composições dependem primeiramente da (750°C). O autor observou que o rendimento
natureza do resíduo plástico, como também do produto gasoso aumenta com o aumento
das condições do processo. da temperatura de pirólise, enquanto que o
Kiran; Ekinci e Snape (2000)36 utilizaram produto líquido aumenta seu rendimento
dois tipos de resíduos plásticos: polietileno com a temperatura até 476°C acima dessa
(PE) e poliestireno (PS) no processo de temperatura o rendimento diminui. Além
pirólise térmica, empregando um pirolisador disso, o produto gasoso contem
Gray-King Assay com temperatura de pirólise hidrocarbonetos parafínicos C1-C4 e o
de 600°C e taxa de aquecimento de 5°C min-1. produto líquido pode ser considerado como
O trabalho objetivou recuperar uma mistura de frações: nafta pesada (C7-
petroquímicos brutos e/ou gerar energia a C10), gasolina (C8-C10) e gásóleo leve (C10-C20).
partir desses resíduos plásticos. Os resultados Sendo assim, a maioria dos produtos líquidos
mostraram que o resíduo de PS produz formados poderia, posteriormente, ser
grande quantidade de líquido e o produto processado em uma refinaria petroquímica e
dominante obtido nesse resíduo é seu o produto gasoso ser utilizado diretamente
monômero, o estireno, seguido por tolueno, como combustível.
naftaleno e xileno. Os produtos da pirólise do
PE consistiram principalmente de
4.2. Pirólise catalítica
propenilbenzeno, seguido por
butenilbenzeno. Desta forma, pode-se dizer
que a pirólise de resíduos plásticos agrega
O uso de catalisadores no processo de
valor a esse resíduo ao recuperar
pirólise permite um melhor desempenho na
convenientes hidrocarbonetos.
degradação de polímeros a uma temperatura
De acordo com Bhaskar et al. (2003),37 a inferior, bem como um melhor rendimento e
pirólise de polímeros, com elevado índice de seletividade do produto. Este fenômeno pode
hidrocarbonetos, é bastante favorecida ser atribuído aos sítios ácidos dos
devido às elevadas taxas de conversão em catalisadores que auxiliam a formação de
produto líquido (óleo pirolítico), que pode ser maior número de fragmentos moleculares
utilizado como combustível ou como matéria- instáveis a temperatura mais baixa. A
prima (feedstock) nas refinarias. presença do catalisador reduz a temperatura
de reação e o tempo. Além disso, a
Demirbas (2004)38 realizou a pirólise

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Figueiredo, A. L. et al.

degradação catalítica produz um número Ortega et al. (2006)41 realizaram a pirólise


bem maior de hidrocarbonetos leves e ocorre catalítica do polietileno de baixa densidade
a temperaturas consideravelmente mais utilizando como catalisadores o Fluid
baixas.19 Catalytic Cracking (FCC) novo (25-35% de
zeólita e 2,4% de terras raras com 84 e 108
A degradação catalítica de materiais
ppm de Ni e V, respectivamente), o FCC-
poliméricos tem sido relatada na literatura
equilibrado (18-24% de zeólita e 2% de terras
com uma utilização ampla de vários tipos de
raras com 389 e 1532 ppm de Ni e V,
catalisadores, incluindo amorfo de sílica-
respectivamente), Ga-MCM-41, Al-MCM-41 e
alumina, zeólitas Y, mordenita, HZSM-5 e
zeólita natural mordenita objetivando obter
ZSM-5, a família dos materiais mesoporosos
como produtos a gasolina e o gasóleo. Os
MCM-41, algumas peneiras moleculares do
resultados obtidos mostraram que o
tipo silicoaluminofosfato e catalisadores a
processo de pirólise é um caminho promissor
base de argila.
para a obtenção de combustível limpo a
Fernandes; Fernandes e Araujo (2002)39 partir de polímeros como o PEBD, reduzindo
realizaram a pirólise térmica e catalítica do ao mesmo tempo, os problemas ambientais
polietileno de alta densidade (PEAD), decorrentes dos resíduos de plásticos. O
utilizando como catalisador o catalisador do tipo Al-MCM-41 produziu a
silicoaluminofosfato do tipo SAPO-37. A menor quantidade de resíduos, como
degradação térmica e a degradação catalítica também teve a maior proporção de produtos
(mistura física de 25% de SAPO-37/PEAD) gasosos. Para a produção de produtos
foram realizadas em uma termobalança com líquidos o melhor catalisador seria a zeólita
temperatura de 30-900°C, ambas nas natural mordenita e o FCC equilibrado, pois
mesmas condições. A degradação do PEAD produzem uma grande proporção de
sozinho produz uma grande variedade de gasolina.
hidrocarbonetos (C5-C25), enquanto que na
Lee (2009),42 em seus estudos de pirólise
presença do catalisador obtiveram-se
térmica e catalítica de resíduos plásticos
hidrocarbonetos leves (C2-C12), isso ocorre
utilizando um reator em escala de bancada
devido à seletividade do SAPO-37.
com temperatura de pirólise de 420°C e taxa
A pirólise catalítica do polietileno de alta de aquecimento de 10°C min-1, observou que
densidade (PEAD) foi investigada e a pirólise catalítica, com o catalisador Fluid
comparada frente aos catalisadores Al-MCM- Catalytic Cracking (FCC) novo e reutilizado,
41, HZSM-5 e o híbrido ZSM-5/MCM-41 no tem um melhor rendimento em produtos
trabalho de Garcia; Serrano e Otero (2005).40 líquido e gás, como também alta fração de
Os autores realizaram a pirólise em um hidrocarbonetos pesados quando comparado
reator de aço inoxidável do tipo batelada, aos resultados da pirólise térmica.
com temperatura de 380°C. A distribuição
Segundo Miskolczi et al. (2009)43 o uso de
dos produtos obtidos pelo material híbrido é
ZSM-5 no processo de pirólise do polietileno
mais próxima dos observados na pirólise do
de alta densidade (PEAD) e do polipropileno
PEAD sobre a zeólita HZSM-5, com uma
(PP), proporcionou um aumento em
proporção elevada de hidrocarbonetos leves.
rendimento de frações combustíveis, como a
Além disso, os produtos apresentam um teor
gasolina e o óleo leve.
elevado de olefinas em C3-C5. Concluindo
que, o aumento da cristalinidade do material Analisando o comportamento de diversos
zeolítico híbrido provoca um aumento na tipos de catalisadores (USY, ZSM-5, MOR,
produção de produtos mais pesados com ASA, MCM-41) no processo de pirólise de
pontos de ebulição dentro da faixa da mistura de resíduos plásticos (PEAD, PEBD,
gasolina e um teor elevado de PP e PS), utilizando um reator de leito
hidrocarbonetos aromáticos. fluidizado, objetivo estudar a distribuição dos
produtos obtidos na degradação, Huang et al.

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Figueiredo, A. L. et al.

(2010)44 concluíram que a distribuição dos resíduos de plástico, promovendo a produção


produtos varia significativamente de gás e dando origem a líquidos contendo
dependendo do tipo e estrutura do menor peso molecular e elevados compostos
catalisador utilizado. O estudo foi conduzido aromáticos, mesmo a baixas temperaturas
em um reator de leito fluidizado. Os (440°C). Além disso, permite operar a
catalisadores ácidos de zeólita, ZSM-5, MOR temperaturas mais baixas (440°C), obtendo
e USY, resultam em uma degradação rendimentos e propriedades do produto
catalítica com quantidades maiores de semelhantes aos da pirólise térmica a
hidrocarbonetos voláteis em comparação aos temperaturas mais elevadas (500°C). Isto
catalisadores não zeolíticos (MCM-41 e ASA). implica a poupança de energia e,
ASA e MCM-41 apresentaram a menor consequentemente, redução de custos de
conversão e geraram um produto de olefina operação. A lama vermelha mostra uma
com uma gama mais ampla de carbono. atividade notável na pirólise de resíduos
Maior seletividade do produto foi observada plásticos. No entanto, esse catalisador
no catalisador ZSM-5 com cerca de 60% do necessita de temperaturas mais elevadas que
produto na faixa do C3-C5 e MOR gera o a zeólita ZSM-5 para se tornar ativo no
rendimento mais elevado de i-C4 entre todos processo de pirólise.
os catalisadores estudados.
Como solução para um craqueamento
catalítico eficiente de polímeros, Serrano et 5. Pirólise do PET
al. (2010)45 propõem a utilização de
catalisadores do tipo zeólitas com porosidade
hierárquica, como foi demostrado em seu Os trabalhos encontrados na literatura
trabalho: foram realizados testes catalíticos sobre a pirólise do PET têm como principal
do craqueamento de poliolefinas utilizando objetivo recuperar valiosos produtos
catalisadores H-ZSM-5 nanocristalina e ZSM-5 químicos. Ademais, estudos que abordam a
nanocristalina hierárquica. Observou que a reciclagem química do PET utilizam os
zeólita hierárquica mostrou ter uma atividade processos de hidrólise47 e glicólise,48,49
muito superior, com valores até seis vezes buscando a obtenção dos produtos de
maiores ao de uma amostra padrão de H- partida.
ZSM-5 nanocristalina utilizada como A degradação térmica do PET foi realizada
referência. Isto ocorre devido principalmente por Dzieciol e Trzeszczynski (2000)50 em um
aos seus maiores valores de área específica forno tubular, atmosfera inerte e com
externa. Por fim, os autores afirmam que a diferentes temperaturas de pirólise (200-
ZSM-5 hierárquica preparada pelo método de 700°C), tendo como objetivo identificar e
silanização pode ser vista como catalisador quantificar as substâncias obtidas e observar
promissor para o craqueamento catalítico de o efeito da temperatura sobre essas
resíduos de polietileno, por possuir uma substâncias. As principais substâncias voláteis
combinação adequada de acessibilidade e obtidas a partir da degradação térmica do
força ácida. PET foram: monóxido de carbono, dióxido de
López et al. (2011)46 estudaram a carbono, acetaldeído, acetofenona,
influência dos catalisadores zeólita ZSM-5 e hidrocarbonetos alifáticos C1-C4 e benzeno.
lama vermelha (resíduo insolúvel gerado no Dentro da faixa de temperatura de 200-
processo Bayer) na pirólise da mistura de 300°C, apenas acetaldeído e formaldeído
plásticos (PP, PE, PS, PET e PVC), tendo como foram detectados. A temperatura mais
interesse principal a comparação entre os elevadas, a mistura de produtos voláteis de
catalisadores zeólita ZSM-5 e lama vermelha decomposição do PET tornou-se mais
e a comparação com a pirólise térmica. Com complexa. Os rendimentos máximos de
o estudo pode concluir que a zeólita ZSM-5 é acetaldeído e benzoato de vinila foram
um catalisador muito ativo para a pirólise de observados a 600 °C.

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Figueiredo, A. L. et al.

Çit et al. (2009)51 fizeram um estudo A fim de monitorar a presença de


comparativo dos produtos obtidos da pirólise contaminantes no PET reciclado e a evolução
de poliolefinas (PP e PEBD) e do PET. A dos produtos da decomposição térmica das
degradação térmica foi realizada em um amostras: PET virgem, PET contaminado (PET
reator tubular em atmosfera inerte com K) e do PET reciclado (PET RM), Dimitrov et
diferentes temperaturas (400, 500, 600 e al. (2013)53 utilizaram o processo de pirólise
700°C). Com seus estudos pode observar que acoplado a cromatografia a gás e a um
a pirólise de PP e PEBD produz finos de espectrômetro de massas (Py-GC/MS) com
carvão que contém estruturas parafínicas e uma temperatura de pirólise de 600 °C. A
olefinicas, enquanto que a pirólise de PET partir dos resultados observaram que a
conduz à formação de alcatrão, que é concentração final dos produtos obtidos
formado principalmente por estrutura depende do tipo da amostra estudada (PET
aromática. Além disso, hidrocarbonetos C3 virgem, PET K, PET RM). Os principais
foram significativamente obtidos pela pirólise produtos do PET virgem são: ácido 4-
de PP, enquanto C1-C2 são os principais tipos (viniloxicarbonil) benzóico (27%), substâncias
de hidrocarbonetos gerados no processo de de baixo peso molecular (CO2/acetaldeído)
pirólise de PET. A pirólise de PEBD conduz à (21%) e o ácido benzóico (10%). As amostras
formação de C1-C2, C4 e C6-C7. PET K e PET RM, que passaram por um
procedimento de contaminação têm como
Siddiqui and Redhwi (2009)4 realizaram a
principais produtos de pirólise os compostos
pirólise térmica e catalítica de misturas
de baixo peso molecular, tais como
plásticas de poliestireno (PS) com polietileno
CO2/acetaldeído (44 e 34%) e o ácido
de baixa densidade (PEBD), polietileno de
benzóico (17%), enquanto que apenas 4% do
alta densidade (PEAD), polipropileno (PP), e
ácido 4-(viniloxicarbonil) benzóico foi
por fim com polietileno tereftalato (PET).
detectado.
Adrados et al. (2012),55 também realizou a
pirólise térmica e catalítica da mistura de Segundo Haken e Iddamalgoda (1996)29 o
resíduos plásticos (polietileno (PE), processo de pirólise é aplicável a ambos os
polipropileno (PP), poliestireno (PS), polímeros de adição e de condensação e
policloreto de vinila (PVC), polietileno fornece informações sobre a composição
tereftalato (PET), acrilonitrila butadieno química e estrutura dos polímeros.
estireno (ABS) e filmes) real e simulada,
A utilização da reciclagem terciária do PET
objetivando analisar o comportamento
é importante, pois reduz custos de pré-
dessas misturas no processo de pirólise
tratamento, de coleta e seleção, além de
utilizando como catalisador a lama vermelha.
permitir tanto obtenção de uma substância
Ambos os trabalhos concluíram que o
combustível quanto de um produto químico,
processo de pirólise de mistura de plásticos é
a ser utilizado para a obtenção do polímero
uma abordagem alternativa para a
que lhe deu origem ou até mesmo de um
reciclagem de polímeros.
novo polímero, eliminando assim o risco de
Araújo et al. (2010),52 determinaram a utilizar o PET reciclado para embalar
energia de ativação da decomposição térmica alimentos, bebidas e fármacos.
do poli(etileno tereftalato)-PET na presença
do catalisador mesoporoso MCM-41,
utilizando o método cinético Flynn-Wall. A 5.1. Mecanismo de reação da degradação
partir dos resultados concluiu-se que o efeito térmica e catalítica
do material sobre a cinética da decomposição
térmica do PET foi evidenciada por uma
diminuição na energia de ativação do Durante o processo de pirólise de
processo quando o MCM-41 foi utilizado materiais poliméricos vários tipos de reações
como catalisador. químicas ocorrem: cisão (ou quebra) de

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Figueiredo, A. L. et al.

ligação na cadeia principal ou em grupos reações de decomposição, se o processo é


laterais, reticulação, eliminação ou radicalar ou iônico, como também, quanto à
substituição de cadeias laterais, reações formação dos produtos, oligômeros cíclicos
intramoleculares e despolimerização. ou abertos.
De acordo com De Paoli (2008)54 o McNeill e Bounekhel (1991)55 propõem
mecanismo de reação é divido em três que a cisão inicial em poliéster (PET, PBT e
etapas: iniciação, propagação e terminação. PDMT) ocorre na ligação éster para dar
A primeira etapa da degradação, sempre está estruturas terminais de carbóxilo e vinilo.
relacionada ao rompimento de uma ligação Existem provas claras a partir dos estudos
química covalente, seja ela na cadeia realizados por estes autores, de que em
principal ou em cadeia lateral. Esse todas as temperaturas de degradação os
rompimento ocorrerá quando a energia produtos voláteis são compostos de
fornecida for superior a energia de ligação monóxido de carbono e dióxido de carbono,
existente. Este rompimento vai gerar juntamente com uma variedade de outros
espécies reativas que serão responsáveis pela materiais, o que implica a ocorrência de
propagação do processo. Estas espécies reações homolíticas a tais temperaturas.
reativas são, na maioria dos casos, radicais
Mountaudo; Puglisi e Samperi (1993)56
livres.
evidenciaram que oligômeros cíclicos são os
Sabe-se que na degradação térmica e principais produtos da pirólise de PET e PBT,
catalítica, o craqueamento de ligações C-C formados por reações de recombinação
ocorre como resultado da competição entre intramolecular (iônica), ocorrendo a
as reações iniciadas por efeitos térmicos e ciclização da cadeia polimérica. Estes se
catalíticos. Isto significa que as reações decompõem ainda mais por uma reação de
térmicas e catalíticas não se separam uma da t a sfe cia de hid og io β-CH, que
outra, portanto, os tipos de reação química envolve um anel de seis membros em um
serão os mesmos para ambos os processos. estado de transição cíclico, e geram assim os
Porém, a degradação térmica (não catalítica) oligômeros de cadeia aberta, olefina e grupos
de plásticos ocorre por uma reação radicalar, carboxílicos terminais. Além disso, os autores
onde os radicais iniciadores são formados mostram que as reações de degradação com
pela ação do calor, reação do tipo cisão o uso de catalisadores ácidos são mais
homolítica. Por outro lado, a degradação rápidas, mas com reações idênticas àquelas
catalítica geralmente decorre em íons que ocorrem na pirólise dos polímeros puros.
carbônios, que são produzidos devido à
Segundo, Botelho e Queiro (2001)57 que
captação de íons hidretos do polímero
realizaram investigações detalhadas sobre a
(quando o catalisador atua como ácido de
degradação térmica e termo-oxidativa do
Lewis) ou a adição de prótons no polímero
PET, o ácido benzóico e os ésteres são
(quando o catalisador atua como ácido de
formados durante a degradação térmica,
Bronsted), para essa degradação, podemos
enquanto que o ácido benzóico, anidridos,
considerar a reação de cisão heterolítica.22
ácidos aromáticos e alifáticos e álcoois são
A cisão homolítica corresponde à quebra formados por degradação termo-oxidativa.
da ligação covalente com um elétron Tais resultados foram obtidos com base nas
permanecendo ligado em cada fragmento, técnicas de espectroscopia na região do
formando dois radicais livres. Na cisão infravermelho e de cromatografia gasosa
heterolítica, o par de elétrons fica em um dos acoplada a espectrometria de massas.
fragmentos (excesso de elétrons - ânion) e o
De acordo com Sofri (2005)58 a formação
outro fragmento ficará deficiente de elétrons
de acetaldeído é atribuída à degradação
(será um cátion).54
térmica. Dois mecanismos são propostos,
Para materiais poliéster, como o PET, há sendo um deles a decomposição térmica do
muitas discussões quanto as principais grupo terminal hidroxietil.

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Figueiredo, A. L. et al.

Para De Paoli (2008)54 e Myer (2012)59 com a formação de estado de transição com
cada poliéster deverá ter o seu próprio um anel de seis membros, em todos os casos
mecanismo de degradação, porém a etapa o de há hid og io e posição β Figu a 3 .
inicial será a quebra da ligação alquil-oxigênio

Figura 3. Decomposição das ligações estéres. [FONTE: De Paoli, 2008]


A degradação primária da estrutura do literatura há uma carência em estudos sobre
PET pode ser atribuída a uma cisão aleatória a pirólise térmica e/ou catalítica do
das ligações éster na cadeia principal, em poli(etileno tereftalato) – PET, por isso
seguida ocorrem reações secundárias nos tornam-se necessários novos estudos sobre o
produtos de degradação primária.51 Nos processo de pirólise desse resíduo, já que o
estudos de Dimitrov et al. (2013)53 é afirmado PET encontra-se dentre as resinas
que tem sido bem aceito o inicio da termoplásticas mais consumidas no Brasil.
degradação do PET durante a pirólise (reação Pode-se observar uma ampla obtenção de
primária) ser a cisão de ligações éster, que produtos químicos através da pirólise térmica
produz o ácido carboxílico e os grupos e catalítica do PET, estes podem ser aplicados
terminais de olefinas. Esta cisão pode então como matéria-prima para a produção de
produzir distintas substâncias gasosas novos produtos, como plásticos, fármacos,
(produtos primários) que ainda reagem entre solventes, perfumes, lubrificantes, tintas,
si (reação secundária). germicidas, colas, entre outros. Esses
produtos podem voltar para a indústria
petroquímica para produzir o poli(etileno
6. Considerações finais tereftalato) – PET com a mesma qualidade do
original.

Vários aspectos motivam a reciclagem dos


resíduos poliméricos contidos nos resíduos Agradecimentos
sólidos urbanos (RSU), a economia de
energia, a preservação de fontes esgotáveis
de matéria-prima, a redução de custos com Os autores gostariam de agradecer à
disposição final do resíduo e o aumento da Petrobras (PRHPB 222) pelo apoio financeiro.
vida útil dos aterros sanitários. Sendo assim,
a utilização do processo de pirólise na
reciclagem química de resíduos plásticos Referências Bibliográficas
torna-se um método viável na reutilização
desse resíduo, contribuindo de diversas
1
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de acordo com a literatura, os produtos Manufacturers. Plastics - the Facts 2011 An
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