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questões da república
AS DIREITAS EM CHOQUE
O efeito retardado da bomba Bolsonaro sobre as tribos liberais
JOÃO GABRIEL DE LIMA
O cabo de guerra entre os direitistas que apoiam e os que desaprovam o governo: hoje, o Partido Novo está dividido em duas
alas. Uma é o PSL Personnalité, como é chamado o grupo dos que aderiram a Bolsonaro ou evitam críticas à sua
administração; outra é o Psol Laranja, como foram batizados os que se formaram na militância antipetista nas ruas mas
querem distância do presidente CREDITO: ROBERTO NEGREIROS_2020
O
jornalista Lucas Berlanza não quer ver Sara Winter nem pintada.
Ele, que hoje preside uma das entidades mais tradicionais da
direita brasileira, o Instituto Liberal, já defendeu a extremista dos
militantes conservadores que a criticavam por seu passado de feminista
radical. Chegou a escrever um artigo em que elogiava a “corajosa
transformação” de Sara Winter, que renunciou ao seu passado
esquerdista e virou uma defensora de Jair Bolsonaro e Olavo de
Carvalho. “Ao longo de seis anos de militância, participei de vários
congressos, com gente que se sentava na mesma mesa e que hoje não se
olha na cara”, diz ele. “Hoje, confesso que não tenho vontade de
participar de qualquer coisa ao lado de Sara Winter. Ela começou a
defender uma espécie de milícia louca e chegou ao ponto de divulgar
dados privados de uma menina de 10 anos, vítima de estupro, para que
houvesse pressão sobre ela para não abortar. É radical como antes, só que
com sinal trocado.”
https://piaui.folha.uol.com.br/materia/as-direitas-em-choque/ 1/2
09/10/2020 As direitas em choque
impulso a partir de 2013, mas não esconde que sua decepção com a
ascensão de Bolsonaro vai muito além de Sara Winter. “Ponha-se no
nosso lugar”, diz, começando a explicar por que liberais como ele
embarcaram na candidatura e no governo de Bolsonaro. “Estávamos
vendo liberais de prestígio entrando no governo. Gente que frequentava
nossos encontros e participava de nossos debates, como Salim Mattar,
Adolfo Sachsida e Geanluca Lorenzon. Isso ocorreu também com
conservadores como Bruno Garschagen e o professor Ricardo Vélez, que
é um nome histórico do Instituto Liberal.”
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