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Neurociência cognitiva na

área educacional
Estudo das relações entre o cérebro,
comportamento e cognição. 
Objetivo: Trazer conhecimentos da neurociência para profissionais da educação
conhecer o funcionamento do cérebro e melhor atuar na sua prática pedagógica.
Quando falamos em educação e aprendizagem, estamos falando em processos e
conexões neurais. A Neurociência da aprendizagem, em termos gerais, é o
entendimento de como as redes neurais são estabelecidas no momento da
aprendizagem, bem como de que maneira os estímulos chegam ao cérebro, da forma
como as memórias se consolidam, e de como temos acesso a essas informações
armazenadas.
Se o professor transita entre o ato de ensinar e o aprender dos alunos, este tem que,
minimamente, conhecer o aluno como um “SER todo aprendente”, em sua estrutura
biológica pelo órgão que processa a aprendizagem, o cérebro; em sua estrutura
psicológica que rege seu aprendizado frente a emoções e seu contexto sócio cultural
que embasa seu conhecimento prévio de enxergar o mundo que o cerca.
Entendendo os caminhos que levam a aquisição da aprendizagem, o professor poderá
melhor flexibilizar boas estratégias pedagógicas para atender as especificidades dos
alunos em sala de aula.
Educação enquanto ação pedagógica envolve entrega de quem ensina e de quem
aprende.
Uma vez consolidada a aprendizagem temos aí mudança de comportamento.
Daí, a responsabilidade de quem exerce a educação enquanto ato pedagógico.
...É que não existe ensinar sem aprender e com isto
eu quero dizer mais do que diria se dissesse que o ato
de ensinar exige a existência de quem ensina e de
quem aprende. Quero dizer que ensinar e aprender se
vão dando de tal maneira que quem ensina aprende,
de um lado, porque reconhece um conhecimento
antes aprendido e, de outro, porque, observado a
maneira como a curiosidade do aluno aprendiz
trabalha para apreender o ensinando-se, sem o que
não o aprende, o ensinante se ajuda a descobrir
incertezas, acertos, equívocos. (Carta de Paulo Freire
aos professores)

A Educação enquanto Processo Ensino e Aprendizagem pode ser compreendida como


uma intervenção técnica na condução do conhecimento em dimensão cognitiva:
perceber, aprender, apreender e se apropriar de forma crítico-reflexiva na percepção
do aluno enquanto observador e sujeito da intervenção formativo-educativa a qual foi
submetido. A Educação possui quanto ao seu objeto de estudo um domínio próprio e
um enfoque próprio (o educacional), que lhes asseguraram seu caráter científico.
Como ciência da área sócio humana, a Educação tem como intuito primordial o refletir
acerca dos fins últimos do fenômeno aprendizagem e fazer a análise objetiva das
condições existenciais e funcionais desse mesmo fenômeno.
A tarefa educativa consiste na capacidade de acompanhar uma inquietação natural do
ser humano, mantendo vivo o amor pelo saber, despertando o coração e pondo em
marcha a sua razão e a sua liberdade, tal liberdade construída pelos tijolos da
autonomia do indivíduo.
Transferir para a educação, conforme Assmann (2001), o entendimento da
aprendizagem como acoplamento estrutural implica uma visão nova do aprender, a
qual passa a estar fundamentada no fato de que experiências de aprendizagem em
contextos pedagógicos geram alterações na estrutura do indivíduo. As experiências em
sala de aula estimulam reflexões recursivas sobre os pensamentos, sentimentos e
ações, permitindo que a aprendizagem seja concebida como processo reconstrutivo,
envolvendo autorreorganização mental e emocional daqueles que interagem nesse
contexto.
FUNDAMENTOS DA NEUROCIÊNCIA COGNITIVA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM.
Funções Cognitivas e Aprendizagem
Cognição é uma função atuante na aquisição do conhecimento e se dá através de
alguns processos, como: percepção, atenção, associação, memória, raciocínio, juízo,
imaginação, pensamento e linguagem.
Podemos dizer que cognição é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda e
pensa sobre toda informação captada através dos cinco sentidos, bem como as
informações que são disponibilizadas pelo armazenamento da memória, isto é, a
cognição processa as informações sensoriais que vem dos estímulos do ambiente que
estamos e também processa o conteúdo que retemos em relação às nossas
experiências vividas.
Inibição cognitiva é a diminuição da atuação de algum aspecto da cognição o que é
expresso na forma de sintoma, entendido como dificuldade de aprendizagem.
Aprendizagem é uma das funções mentais mais importantes em humanos e animais.

Aprendizagem humana está relacionada à educação e desenvolvimento pessoal.


Educação engloba os processos de ensinar e de aprender.
 Introdução ao cérebro - Estruturas cerebrais
Cérebro Humano
Cérebro e encéfalo não são palavras que podem ser usadas como sinônimos. O
cérebro é a parte mais desenvolvida do encéfalo.
O encéfalo é uma porção extremamente complexa do Sistema Nervoso Central (SNC)
e ocupa o interior da caixa craniana. Está relacionado com atividades desde a razão e a
inteligência até o controle da temperatura corporal e pressão sanguínea.
Sistema nervoso central

O sistema nervoso central é constituído pelo encéfalo e pela medula espinhal.

O sistema nervoso central é constituído pelo encéfalo e pela medula espinhal.


O sistema nervoso central é a parte do sistema nervoso que garante a recepção e a
interpretação dos estímulos, podendo ser considerado o centro de processamento de
informações do nosso corpo. Os constituintes do sistema nervoso central são a medula
espinhal e o encéfalo.

Sistema Nervoso
O Sistema Nervoso Periférico é constituído de nervos, gânglios e terminações
nervosas. Ele é responsável pela transmissão impulsos e condução de estímulos ao
sistema nervoso central.
Diferentemente do que muitos pensam, o encéfalo não é constituído apenas pelo
cérebro, sendo essa apenas uma de suas partes.

Partes do encéfalo

Observe a localização das principais partes do encéfalo


Cérebro:

O cérebro humano é composto por bilhões de células nervosas.


Estas células estão organizadas de forma a exercerem comando sobre: emoções,
comportamento, movimento e sensações.
O cérebro humano é um dos órgãos mais complexos de nosso corpo. Está composto de
diversas partes e estruturas que realizam diferentes funções e trabalham em conjunto
através de milhares de conexões que unem o cérebro com o resto do corpo. Ele pode
ser dividido em duas partes, o hemisfério cerebral esquerdo e o direito, que estão
conectados pelo corpo caloso, uma estrutura formada por um espesso feixe de fibras
nervosas.
Mesencéfalo: Parte do encéfalo relacionada com o tônus muscular e a postura
corporal. Além disso, desempenha importante papel na coordenação de reflexos
visuais e na integração de informações sensoriais.
Cerebelo: Localizado entre a parte posterior do cérebro e a ponte, é responsável por
coordenar movimentos, garantir a postura corporal e desenvolver habilidades
motoras.
Ponte: Formado por fibras nervosas que conectam várias partes do encéfalo,
apresenta como principal função a transferência de informações.
Bulbo Raquidiano: Essa estrutura, que é a última porção do encéfalo, controla o
batimento cardíaco e a respiração. Além disso, atua em reflexos de deglutição, vômito
e tosse.
Tálamo: Região localizada logo abaixo do cérebro que recebe mensagens sensoriais,
com exceção das do olfato. O papel principal do tálamo é classificar o estímulo e enviá-
lo para o local apropriado de processamento.
Hipotálamo: É uma pequena estrutura que está relacionada com a temperatura do
corpo e com o relógio biológico. Relaciona-se também com a fome, sede e
comportamento sexual.
A porção mais externa do cérebro é o córtex cerebral, que é formado por corpos
celulares de neurônios e apresenta coloração escura (substância cinzenta). Já a região
mais interna apresenta coloração mais clara (substância branca) e é constituída por
dendritos e axônios. O cérebro está relacionado, entre outras funções, com atividades
sensoriais, movimentos, aprendizado, percepção, inteligência e memória.
Os neurônios, também chamados de células nervosas possuem como função principal
a transmissão do impulso nervoso, processam todas as informações fazendo com que
o cérebro execute todas as suas tarefas.
Os neurônios são formados por prolongamentos e um corpo celular. Os
prolongamentos podem ser de dois tipos: dendritos e o axônio. Os dendritos são
prolongamentos mais curtos, quando comparados ao axônio, e apresentam-se
bastante ramificados e numerosos. Eles estão relacionados com a função de receber
estímulos (terminação aferente). Já os axônios normalmente são únicos, com
ramificações geralmente em sua extremidade. Esse prolongamento pode atingir até 1
metro de comprimento e está relacionado com a transmissão do impulso nervoso
(prolongamento eferente).

"Neurônios"; Brasil Escola

AS DIVISÕES DO CÉREBRO
Estruturas cerebrais
O cérebro é constituído por estruturas que funcionam de forma interligadas
Os dois lados do cérebro
O cérebro humano é dividido em duas metades: lado direito e lado esquerdo.
Embora essas metades tenham uma estrutura muito parecida, algumas funções são de
predominância de um dos lados. Geralmente, o hemisfério esquerdo se ocupa da
linguagem e das operações lógicas, como fazer contas, estudar, escrever, etc. já o
hemisfério direito controla as emoções e a criatividade.
A metade esquerda do cérebro comanda o lado direito do corpo, e a metade direita do
cérebro comanda o lado esquerdo do corpo.
Cada hemisfério está dividido em 4 lobos:
Lobo frontal – Relacionados com trabalho criativo, raciocínio, personalidade, tomada
de decisões, movimentação dos músculos esqueléticos, entre outras funções;
Lobo temporal – Atua, principalmente, na comunicação, relacionando-se com a fala,
audição e, até mesmo, a escrita;
Lobo parietal – Relacionado, entre outras funções, com a percepção de dor, frio, calor
e toques;
Lobo occipital – Possui relação com o processamento das informações visuais.
A atividade mental estimula a reconstrução de conjuntos neurais, processando
experiências vivenciais e/ou linguísticas, num fluxo e refluxo de informação. As
informações, captadas pelos sentidos e transformadas em estímulos elétricos que
percorrem os neurônios, são catalogadas e arquivadas na memória. Izquierdo, 2002
Assim, o cérebro pode ser visto como um sistema dinâmico que tem sua complexidade
funcional subsidiada pela sua interação com outros sistemas nele presentes.

DESENVOLVIMENTO DO CÉREBRO E SUA RELAÇÃO COM A APRENDIZAGEM


Conhecer como o cérebro humano se desenvolve é conhecer como os circuitos
neuronais e os mecanismos biológicos afetam a aprendizagem, a linguagem, o
comportamento e a saúde do indivíduo ao longo de sua existência
Durante a formação embrionária-fetal e durante o desenvolvimento infanto-juvenil, o
cérebro passa por fases de crescimento heterogêneas. Regiões do cérebro são
impulsionadas ao crescimento e amadurecimento em diferentes épocas (KEUNEN et
al., 2015). A trajetória do desenvolvimento está atrelada à carga genética, porém
grande parte da influência sobre o desenvolvimento cerebral deriva do ambiente que
foi exposto durante os períodos do crescimento. Está descrito na literatura científica
que os primeiros 1000 dias de vida, fase neonatal e também primeira infância, é um
período de grande remodelamento cerebral (CUSICK; GEORGIEFF, 2016). Até os 3 anos
de idade, o infante já desenvolveu cerca de 90% do cérebro que terá quando adulto
(WINSTON; CHICOT, 2016).
O conhecimento sobre cada fase da infância e adolescência ajuda a evitar problemas
na jornada da aprendizagem e oferece subsídios para garantir estratégias que
desenvolvam as habilidades necessárias para um aprendizado saudável em todas as
etapas da vida.
A neurocientista Suzana Herculano-Houzel (2015), considera a infância como sendo o
período de zero a dez anos de idade, ressaltando que é um grande período de
aprendizado, onde o cérebro está em formação biológica anatômica, mas é importante
reconhecer que essa formação biológica se dá de acordo com o contexto ambiental
que você tem ao redor.
Na Carolina do Norte, no estudo Abecedarian, crianças afro-americanas com 4 meses
de idade foram divididas aleatoriamente em dois grupos: um com um programa anual
intensivo de pré-escola e outro sem um programa específico. Ao ingressar no sistema
escolar, as crianças de cada grupo foram aleatoriamente colocadas em um programa
educacional especial de três anos de duração ou no programa escolar padrão. O
programa especial de três anos promoveu alguma melhora nas funções de leitura e de
operação com números em crianças que não tinham frequentado o programa pré-
escolar, mas o efeito foi pequeno e se perdeu gradualmente. Crianças que haviam
frequentado a pré-escola e o programa escolar padrão exibiram desempenho escolar
muito melhor, mas com alguma queda de desempenho aos 21 anos de idade. Crianças
que haviam frequentado o programa pré-escolar e o programa de três anos de
duração exibiram os maiores ganhos e os mantiveram. Campbell FA, 2009
Os anos iniciais do desenvolvimento humano estabelecem a arquitetura básica e a
função do cérebro. Esse período inicial de desenvolvimento – da concepção aos 6-8
anos de idade afeta o estágio seguinte do desenvolvimento, assim como os estágios
posteriores. Hoje, por meio da neurobiologia do desenvolvimento, compreendemos
melhor como as experiências no início da vida interferem nessas diferentes fases. Um
desenvolvimento inicial prejudicado afeta a saúde (física e mental), o comportamento
e a aprendizagem na vida futura. A arquitetura e a função do cérebro são modeladas
pelas experiências de vida.  McCain MN, 2007
Experiências sensoriais que promovem o desenvolvimento do cérebro incluem
estímulos do som, do toque, da visão, do cheiro, da alimentação e até dos
pensamentos. 
O desenvolvimento afetivo, social, físico e intelectual das crianças de pouca idade tem
um impacto direto em seu desenvolvimento global e na pessoa adulta que elas se
tornarão.
Sabemos hoje que, assim como a herança genética, os cuidados no início da vida são
importantes para o desenvolvimento humano inicial, e que os cuidados nos primeiros
anos têm efeitos importantes sobre a aprendizagem na escola e sobre a saúde física e
mental por todo o ciclo da vida. Mustard F.J, 2010
A herança genética, os cuidados no início da vida são importantes para o
desenvolvimento humano inicial. Os cuidados nos primeiros anos têm efeitos
importantes sobre a aprendizagem na escola e sobre a saúde física e mental por todo o
ciclo da vida. Mustard F.J, 2010
A maioria dos adolescentes consegue efetuar com sucesso a transição entre o estado
de dependência da infância e a autonomia da idade adulta. Contudo, a adolescência
pode também constituir um período de grandes turbulências pertinentes a fase de
neurodesenvolvimento que se encontra.
Compreender o curso, os mecanismos e as influências da maturação do cérebro
adolescente podem iluminar o caminho para intervenções mais eficazes e a otimização
de um desenvolvimento saudável.
Segundo os especialistas, o cérebro só é “finalizado” a partir dos 20 anos. Uma das
últimas áreas a ser terminada é a frontal, que controla impulsos e molda as
perspectivas de futuro.
A adolescência constitui uma época em que muitas decisões de vida importantes são
tomadas e a sociedade concede mais liberdade e mais responsabilidades. Nesta fase
mudanças cognitivas, emocionais e comportamentais afetam os processos de tomada
de decisão. A adolescência é também a época mais comum para o aparecimento de
diversos tipos de problemas de saúde mental e emocional, incluindo ansiedade e
transtornos do humor, psicoses, transtornos alimentares, transtornos da
personalidade e abusos de substâncias.
Estudos longitudinais realizados com sujeitos de 3 a 30 anos de idade revelaram que o
volume da substância branca continua aumentando até depois da terceira década,
enquanto que o volume da substância cinzenta aumenta e depois diminui, atingindo
seu máximo em momentos característicos durante a infância e a adolescência,
específicos para cada área do cérebro. Essas mudanças estão por trás da melhoria
geral nos planos funcional e estrutural, da conectividade e dos processos de
integração, e de uma mudança do equilíbrio entre as funções límbicas/subcorticais e
do lóbulo frontal que se estendem até a idade adulta.  Jay N. Giedd, MD, 2013
PLASTICIDADE NEURAL E A APRENDIZAGEM
O cérebro humano tem uma notável plasticidade, a habilidade em ser modelado e
modificado pelo crescimento de novas e mais complexas conexões entre células.
Alguns neurônios desenvolvem até 50.000 conexões, um número espantoso quando
consideramos que existe bilhões de neurônios no cérebro.
A plasticidade neural ou neuroplasticidade acontece em três instâncias: durante todo
o desenvolvimento (bebê, criança, adolescente, adulto, senioridade); pela exposição
ao aprendizado (nossa capacidade de aprender é infinita) e mediante um dano na
estrutura cerebral (um derrame ou outra tipo de lesão). O cérebro muda
fisiologicamente e funcionalmente.
Durante os primeiros anos de vida e durante a adolescência há mais possibilidade e
capacidade de plasticidade no cérebro. Com o tempo, o cérebro vai perdendo tal
capacidade, porém vários são os recursos para que possamos manter o que
conquistamos, o que é útil e importante e estimularmos novas conexões neurais.

“Encorajar a neuroplasticidade do cérebro é a chave para


uma aprendizagem e inteligência emocional na fase
adulta, o que o ajuda a permanecer mais aberto, intuitivo
e capaz de superar preconceitos”. Tara Swart

FUNÇÕES COGNITIVAS E SUAS RELAÇÕES COM A APRENDIZAGEM


As funções cognitivas são muito importantes no processo de aprendizagem.
Com o estudo das Neurociências foi possível determinar quais as áreas do cérebro
são responsáveis por determinados aprendizados e assim verificar que o mesmo muda
de acordo com as influências ambientais, por isso tanto os pais como os educadores
podem favorecer o desenvolvimento cerebral das crianças.
IBCM INEB I FUNDAÇÃO CALOUST GULBENKIAN

Por ser responsável pelo processamento de informações, armazenamento de


conhecimentos e comportamentos, é relevante que educadores entendam os
mecanismos do cérebro e sua relação com o processo ensino-aprendizagem.

De acordo com a neurociência cognitiva, cujo foco de atenção é a compreensão das


atividades cerebrais e dos processos de cognição, a aprendizagem humana não
decorre de um simples armazenamento de dados perceptuais, e sim do
processamento e elaboração das informações oriundas das percepções no cérebro.

A atenção é uma função cognitiva que permite o indivíduo selecionar, em um


determinado momento, o estímulo mais relevante e significativo dentre os vários
recebidos. A atenção depende da atividade dos neurônios que são ativados em
conjunto com os neurônios que estão processando determinada experiência.
Todo ser humano nasce com uma estrutura cerebral que apresenta regiões específicas
da linguagem, sendo que no hemisfério esquerdo destacam-se as áreas de Broca e
Wernicke, possibilitando assim a fala e o entendimento de qualquer língua do planeta,
entretanto se ninguém interagir com esse ser, negligenciá-lo de comunicação, esta fala
apesar de ter todos os pressupostos para que aconteça de modo eficiente, poderá
apresentar inúmeras defasagens.
Mudanças espetaculares nas áreas do cérebro envolvidas na memória ocorrem ao
longo dos dois primeiros anos da vida.

Funções Executivas estão entre as diversas funções cognitivas. São responsáveis por
criar e regular estratégias de comportamento, ações que dependem da atividade da
área pré-frontal do cérebro. O desenvolvimento das funções executivas possibilita ao
estudante autorregular seu comportamento, o que colabora para que sua
aprendizagem seja mais eficaz.

SISTEMA LÍMBICO E A EMOÇÃO NA APRENDIZAGEM


Estudos em neurociência têm indicado que o desempenho acadêmico é influenciado
principalmente pelas emoções (positivas e negativas).
Estudos realizados em orfanatos na Romênia mostram que crianças colocadas em lares
de classe média na Grã-Bretanha, no Canadá e nos Estados Unidos, tendo
permanecido pelo menos oito meses em orfanatos, apresentaram, aos 11 anos de
idade, desenvolvimento cerebral anormal (cérebro pequeno), eletroencefalograma
(EEG) anormal e baixa atividade metabólica, diferentemente de crianças adotadas em
até quatro meses após o nascimento. Crianças adotadas tardiamente exibiram, aos 11
anos de idade, comportamentos atípicos: TDAH, agressão, características do autismo e
desenvolvimento cognitivo insatisfatório (baixo QI).
Algumas crianças dos orfanatos foram colocadas aleatoriamente com pais adotivos na
Romênia e comparados às crianças mantidas em orfanatos. Quando esse estudo foi
feito, a maioria das crianças tinham passado, pelo menos, dois anos em orfanatos. O
QI médio das crianças dos orfanatos foi 71; o QI das crianças colocadas em adoção foi
81; e entre as crianças criadas por seus pais biológicos, o QI foi 110. Crianças que
foram adotadas mais cedo se aproximavam do desenvolvimento humano normal, o
que não estava ocorrendo com crianças colocadas em adoção após os 2 anos de idade.
Os estudos mostram que situações que desencadeiam no aluno estresse, ansiedade, e
emoções como medo, raiva dentre outras, ativam áreas cerebrais ligadas às regiões do
sistema límbico responsável pela manifestação da emoção no corpo. Dentre as
estruturas que compõem este sistema este o hipocampo, responsável pela modulação
da memória. O hipocampo é responsável pelo processamento e gerenciamento da
memória, fundamental para a consolidação da aprendizagem. Ames EW, 1997/ Nelson CA,
2007.
Assim, entendemos que emoção/afeto e aprendizagem/QI são indissociáveis.

O sistema límbico é formado pelo tálamo, amígdala, hipotálamo e hipocampo. É


responsável por avaliar as informações que chegam ao cérebro decidindo que
estímulos devem ser mantidos ou descartados, dependendo a retenção da informação
no cérebro da intensidade da impressão provocada nele. A consciência da experiência
vivenciada é atingida quando, ao passar pelo córtex cerebral, compara-se a experiência
com reflexões anteriores. Assim, quando conseguimos estabelecer uma ligação entre a
informação nova e a memória preexistente, são liberadas substâncias
neurotransmissoras - como a acetilcolina e a dopamina - que aumentam a
concentração e geram satisfação.
É dessa maneira que emoção e motivação influenciam a aprendizagem. Os
sentimentos, intensificando a atividade das redes neuronais e fortalecendo suas
conexões sinápticas, podem estimular a aquisição, a retenção, a evocação e a
articulação das informações no cérebro. Diante desse quadro, os autores defendem a
importância de contextos que ofereçam aos indivíduos os pré-requisitos necessários a
qualquer tipo de aprendizado: interesse, alegria e motivação. Conforme Lent 2001, "a
razão é fortemente relacionada com a emoção. De um modo ou de outro, nossos atos
e pensamentos são sempre influenciados pelas emoções"
CONCLUSÃO
Os conhecimentos das neurociências, trouxeram importante contribuição para
educação que ganhou importantes conhecimentos sobre como o cérebro funciona.
Empoderados de conhecimentos de como o cérebro funciona, os educadores
compreenderem melhor como as informações são processadas e de que maneira o
conhecimento é armazenado. Dessa forma, os educadores podem oferecer estratégias
pedagógicas mais eficazes em um determinado contexto ou grupo de alunos. O
aprendizado se torna mais acessível e melhor compreendido uma vez que o professor
entende como a atenção, a memória, a emoção e a função executiva contribuem para
a aprendizagem. Quanto mais amor for disponibilizado no ato de ensinar e maior for a
diversidade de estímulos para o aluno receber, maior será a facilidade com que o
conteúdo será memorizado e aprendido e apreendido.
Por isso, gestores e educadores precisam estar bem atentos à evolução da ciência
aliada à educação. Entender as relações do cérebro com o processo ensino-
aprendizagem para um planejamento educacional competente e coerente.

Vamos finalizar a leitura fixando a mensagem de que o cérebro que aprende é aquele
que precisa estar ativo e feliz.

O psiquiatra chileno, Cláudio Naranjo, destaca que quando há amor na forma de


ensinar, o aluno aprende mais facilmente qualquer conteúdo. Por isso, ao pensar em
estratégias para aprendizagem inclua um toque de amor e garanta um aprender
estimulante e instigante.
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