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Faculdade Brasil

A importância da relação escola família

Adriana Paravani

Araraquara

2016
Adriana Paravani

A importância da relação escola família

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Brasil , como exigência parcial
para a conclusão do curso de Pedagogia.
Orientadora:_______________________
Nota obtida____________

Araraquara

2016
DEDICATÓRIA

Dedico a realização deste trabalho aos meus familiares e amigos


que me incentivaram a prosseguir na continuação de meus estudos.
A Deus pela realização de mais uma etapa. Aos nossos colegas de
curso e professores que sempre nos incentivaram e orientaram.
AGRADECIMENTOS

ADeus, pelo sentido da vida

Aos nossos familiares por seu apoio e compreensão

Aos professores tutores, pela dedicação e disponibilidade nos momentos de


orientação e esclarecimentos de dúvidas.
Epígrafe

“Nem mais nem menos, o direito que tem o indivíduo de


se desenvolver normalmente em função das
possibilidades de que dispõe, e a obrigação, para a
sociedade de transformar essas possibilidades em
relações efetivas e úteis.”

Jean Piaget
RESUMO

Quando os professores relatam que o fato da “família não ir bem”


influencia o desenvolvimento escolar dos alunos, estão certamente, imbuídos
de razão. Porém, apenas diagnosticar as dificuldades dos pais, providenciará
um maior afastamento da família, pois os professores é que são especialistas
em educação. A construção da parceria enquanto uma relação de cooperação
entre as instituições família e escola, implica em colocar-se no lugar do outro, e
não apenas na troca de ideias ou favores, como aquela colaboração tão
conhecida do pai que envia à escola uma contribuição mensal, e a prenda para
a festa junina. O propósito é que essa parceria se construa através de uma
intervenção planejada e consciente, em que a escola possa criar espaços de
reflexão e experiências de vida numa comunidade educativa, estabelecendo
acima de tudo a aproximação entre as duas instituições. Reforça-se então, a
necessidade dos educadores dispensarem alguns momentos da sua formação,
para refletirem e reconstruírem essa relação.

Palavras chave: parceria escola-família, gestão democrática, envolvimento dos pais.

ABSTRACT
When teachers report that the fact that the "family did not go well" influence the
school development of students, they are certainly imbued with reason.
However, only diagnose the problems of parents, provide greater separation
from family, for teachers is that they are experts in education. Construction of
the partnership as a cooperative relationship between the family and school
institutions, implies putting yourself in another's place, not just the exchange of
ideas or favors, as that cooperation as well known the father who sends the
school a monthly contribution and the gift for the June festival. The purpose is
that this partnership be built through a planned and conscious intervention in
the school can create spaces for reflection and life experiences in an
educational community, setting up all the rapprochement between the two
institutions. It is stressed then the need for educators dispense a few moments
of their training, to reflect and rebuild that relationship.

Keywords: partnership school-family, democratic management, parental


involvement.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................7

1. PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA..................................8


2. A PARCERIA ESCOLA FAMÍLIA.................................................15

2.1- Um pouco da origem da gestão educacional......................................16

2.2- Os desafios da gestão democrática....................................................18

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................24

REFERÊNCIAS...............................................................................25

INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta algumas reflexões sobre o espaço que a família


tem nas escolas. A escola chama a família para ser parceira, mas na verdade,
muitas vezes, torna-se alvo de reclamações, constrangimentos e pedidos de
socorro para resolver problemas de disciplina. Isso fica evidente com o resultado
das observações e pesquisas com pais e professores que vivem o problema e
não encontram uma saída satisfatória.
Os encontros são necessários para unir os parceiros e não constrangê-
los. A participação de todos é fundamental, que não pode ser confundida com
mero envolvimento das pessoas presentes, mas como uma parceria entre
família, escola e comunidade.
A escola e a família têm na sociedade atual, tarefas que se
complementam apesar dos objetivos serem diferenciados. Cabe à família a
tarefa de estruturar o individuo em sua identificação, autonomia, convivendo,
conhecendo o funcionamento do mundo, oferecendo suporte material e
psicológico para sua sobrevivência. A criança se identifica com sua família por
compartilhar o mesmo sobrenome, costumes, valores que o caracterizamo seu
ser e seu papel na família.
No primeiro capítulo será abordada a importância da família na escola,
de sua participação na vida escolar das crianças.
No segundo capítulo será tratada as formas que permitam uma melhor
interação entre estas duas instituições tão importantes na vida dos educandos.

1. PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA

A família sempre foi de grande importância para o desenvolvimento global


dos indivíduos. Ao nascer o primeiro contato, o aprendizado são no ambiente
familiar, local incontestável de proteção e aprendizado dos atos mais
elementares de nós seres humanos.

“A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos


princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana,
tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho”. (LDB, 1996, art 2º)

Nota-se assim que os principais responsáveis pela tarefa de educar em


seu mais amplo sentido cabem a família e a instituição escolar.
A socialização não ocorre somente no âmbito escolar. Ao mesmo tempo a
criança constrói sua identidade familiare a escola, a igreja, o bairro vão dando as
peculiaridades a esta identidade. Portanto, à medida que a sociedade vai se
tornando mais complexa, maior ficam as redes de relações, as famílias já não
são as mesmas, os pais separam-se, formam novas famílias, o próprio avanço
tecnológico, nossas mudanças atuais são mais rápidas e constantes.
Antigamente a tarefa de construir valores e comportamentos era
exclusivamente da família. Hoje, as crianças vão cedo para berçários e escolas
de educação infantil promovendo um novo olhar para os educadores e a escola.
A própria família vem modificando cada vez mais sua estrutura. A mulher
saiu para o mercado de trabalho, não ficando mais como a única responsável
pela educação dos filhos ou necessitando se desdobrar na ausência do pai,
antes provedor.

A família está no limiar do que se pode chamar de mudanças de


paradigma Há um processo progressista e evolucionário
ocasionado por uma combinação de melhores condições de
vida, individualidade e mobilidade. O casamento tradicional está
sendo remodelado Dentre as principais mudanças duas delas
são as mais significantes: a redução do número de filhos e a
integração da mãe, cada dia mais, ao mercado de trabalho. A
unidade nuclear dos tempos modernos é menos comunitária e
mais individualizada: com isso grande parte do tempo familiar é
gasto em atividades que isolam seus membros, como a
televisão, a internet, os vide- games e outros. (IGNÁCIO, 2003,
p.34)

Deste modo, o papel da escola deve ser revisto e avaliado, visto que a
forma como a família educa cria um impacto direto no ambiente escolar. A
mudança tratada na citação acima nos leva a pensar que as mesmas trazem
para a escola um novo olhar sobre o aprendiz, seus costumes, valores e
experiências.Desde a infância o individuo desempenha papéis e funções,
estabelecendo relações consigo mesmo, com o outro e com o mundo Ele está
em constante aprendizado e para tanto interage inicialmente com seus
familiares, geralmente pais, irmãos, avós.
Diante da rapidez com que as coisas estão acontecendo, a relação que se
estabelece entre pais e filhos – nesta sociedade moderna – traz uma série de
incertezas e inseguranças quanto ao tipo de relação familiar que deve ser
construída, o que, normalmente, acarreta problemas quanto a adequação do
aluno ao meio social.

A escola é considerada o local no qual a criança vai interagir com outras


pessoas, por um longo espaço de tempo, sendo que a mesmaé uma instituição
potencialmente socializadora. Ela abre um espaço para que os aprendizes
construam novos conhecimentos, dividam seus universos pessoais, convivendo
com pessoas das mais diversas culturas.

“A primeira e talvez mais fundamental tarefa da escola é


facilitar o processo de diferenciação e individualização da criança
oferecendo-lhe uma espécie de introdução à vida social fora do
âmbito doméstico”. (OSÓRIO, 1996, pp.81-82)

Ao ingressar na escola, um novo universo, fora do ambiente familiar se


inicia medos, incertezas, novidades. Por isto, é importante que a família
colabore para que este ingresso seja o mais tranquilo possível. A família
precisa se mostrar interessada neste novo ambiente que seu filho passa boa
parte do seu dia, convivendo com pessoas diferentes. Isto pode gerar
angústias e preocupações. Porém a participação da família que deve acontecer
através do acompanhamento do processo de ensino com sua presença nas
tomadas de decisões, quando a escola precisa direcionar quais os caminhos a
serem trabalhados.

“Costuma-se dizer que a família educa e a escola ensina, ou


seja, a família cabe oferecer à criança e ao adolescente a
pauta ética para a vida em sociedade e a escola instruí-lo,
para que possam fazer frente às exigências competitivas do
mundo na luta pela sobrevivência”. (OSÓRIO, 1996, p.82)

Desta forma, seria correto afirmar que família e escola possuem


funções complementares, no entanto nem sempre a escola e a família dão
conta das demandas de inúmeros problemas, em especial quando se trata de
desvios de conduta, violência, drogas, marginalidade.
alguns padrões reforçam a formação ou o rompimento de vínculos
afetivos, todos querem ser amados pelos familiares e acabam
repetindo as tradições e regras para que possam receber apoio,
admiração, aceitação. Tudo isto acontece a nível inconsciente. Os
padrões familiares estão tão arraigados que seus membros os
repetem automaticamente, sem avaliar sua validade e
consequências..( MUNHOZ, 2000 p.71)

Questões como estas possuem uma grande complexidade e não nos


cabe neste trabalho discuti-las, porém é preciso analisar que o caráter subjetivo
no processo de aprendizagem e nas relações humanas se sobrepõe,
desafiando familiares e educadores a resolver problemas dos mais variados
para que o indivíduo tenha seu desenvolvimento assegurado, uma vez que
este é um importante objetivo dos que educam. O aluno é também uma pessoa
em seu sentido global com sentimentos, vontades, emoções.

Ao observarmos o desempenho de um aluno em sua trajetória escolar,


não serão analisados apenas os conhecimentos adquiridos, mas também sua
história de vida. História esta que faz com que seja levado em conta as
experiências dos indivíduos, seus valores e a forma como lida com a
aprendizagem e com o outro. É inegável a influência que a família exerce, pois
é a responsável pelo desenvolvimento da criticidade, da cidadania refletindo no
processo escolar. É fundamental que a família participe, pois deste modo, o
aluno sentirá mais segurança e autonomia.

No entanto, nem sempre há uma sintonia entre a participação da família


e as expectativas da escola. A escola culpa a família por delegar à mesma
muitas atribuições e pouco colaborar

Essa erosão do apoio familiar não se expressa só na falta de


tempo para ajudar as crianças nos trabalhos escolares ou para
acompanhar sua trajetória escolar. Num sentido mais geral e
mais profundo, produziu-se uma nova dissolução entre família
e escola, pelas quais as crianças chegam à escola com um
núcleo básico de desenvolvimento da personalidade
caracterizado seja pela debilidade dos quadros de referência,
seja por quadros de referência que diferem dos que a escola
supõe e para os quais se preparou. (TEDESCO, 2002, p.36).

Nota-se, porém uma falta de preparo da escola para lidar com as


mais variadas demandas, suas expectativas nem sempre correspondem ao tipo
de educação que as crianças recebem em casa É preciso que a equipe escolar
esteja preparada para lidar com alunos oriundos dos mais diversos ambientes
e buscar formas de levar o conhecimento ao aluni, respeitando suas
diferenças, seu tempo. Permitindo que eles e seus familiares participem do
processo escolar.

Quando a criança não recebe limites, ela não entende os papéis, o


funcionamento do mundo. A criança não percebe o outro como outro,
igualmente importante. Ela fica centrada em si mesma, em suas coisas, em
seus quereres e em seu ponto de vista. As crianças e adolescentes vivem
neste mundo moderno, repleto de informações de todos os tipos Cabe a seus
educadores, pais e professores, o importante papel da formação para que eles
tenham referências para lidar a tudo que estão expostos. Os limites não
nascem com as crianças, eles precisam ser ensinados para que sejam
colocados em prática.

Os pais também se sentem perdidos diante de tantas informações e


alguns nem sempre estão preparados para exercer a maternidade e a
paternidade, pois sempre existem contradições com relação a educação dos
filhos.Não há receitas prontas, deve haver bom senso e bom exemplo.

A educação familiar é um fator de elevada importância na formação


da personalidade da criança, refletindo diretamente no processo escolar, de
acordo com a citação abaixo:

o comportamento das crianças no ambiente escolar e em


casa é, na verdade, uma reação às atitudes de seus pais. Foi
constatado que a maioria dos problemas de comportamento,
como ausência de atenção e agressividade Uma criança, por
exemplo, que não consegue, em sala de aula, ficar parada em
momento nenhum, mostrado sempre nervosa, brigona,
agressiva com os colegas, sempre mal arrumada, cadernos
rasgados, pode ser que uma das causas para tudo isso seja
um relação conflituosa com a família ou a relação, também
conflituosa, entre os pais, os quais brigam o tempo todo na
frente dos filhos e acabam descontando na criança, com
desprezo ou indiferença, com agressões físicas ou verbais.
Este fenômeno, tão comum, leva a criança a pedir ajuda,
demonstrando isso de várias maneiras, inclusive chamando a
atenção para si, no ambiente escolar. (WEIL, 1984, p.47)
.
Os pais não devem conceber a escola como local responsável pela
educação de seus filhos, nem confundir e atribuir responsabilidades apenas a
supervisão escolar. A responsabilidade é importante para o desenvolvimento
do ser humano, porém, precisa de pessoas mais experientes que direcionem
as atitudes tomadas. A família pode participar, colaborando para que seja
construída uma relação de amizade e companheirismo, sendo que ambas
devem ser parceiras e não rivais.

Se não houver interesse mútuo em solucionar os problemas


existentes, o esforço de detectar os mesmos torna-se nulos, impedindo que a
equipe escolar possa intervir para o sucesso do educando. A questão do
rendimento escolar é algo muito mais complexo e amplo, exigindo esforço e
dedicação não só de pais e professores, mas do aluno que deve ser um
sujeito ativo no processo.

Nossa cultura escolar costuma dar muita importância ao


rendimento avaliado em medições quantitativas (notas maiores ou menores) e
não em medições qualitativas levando em consideração o aprendizado sob
um enfoque mais voltado para o aprendizado de fato e não para a
competição.

Os pais devem evitar as reações desproporcionadas perante


‘as notas’. Dissemos que o importante é o esforço que o filho
desprendeu não os resultados alcançados. Uma nota elevada
sem esforço não merece um prêmio e, por vezes, uma
aprovação pode ser motivo para uma celebração. (GOKHALE,
2007, p.23)

Nem sempre as melhores notas significam que o estudante teve


uma aprendizagem significativa crianças que têm o acompanhamento familiar
– boa convivência, relacionamento, regras, limites, entre outros – têm bom
rendimento escolar, tanto quantitativa, quanto qualitativamente, não
apresentando dificuldades quanto às normas e rotinas escolares. O
acompanhamento familiar pode evitar uma possível reprovação e possibilitar o
verdadeiro aprendizado do educando.

se os pais acompanharem o rendimento escolar do filho


desde o começo do ano, poderão identificar precocemente
essas tendências e, com o apoio dos professores, reativar
seu interesse por determinada disciplina em que vai mal.
(TIBA, 2002, p.181)

Oprimeiro passopara a construção de uma parceria entre a escola


e a família está no reconhecimento de que a escola é uma instituição
educadora, que ensina, mas também aprende. Deve haver também respeito
mútuo, confiança e delimitações no papel de cada uma A missão principal da
escola é estimular a construção do conhecimento nas várias áreas do saber,
importantes para o processo de formação dos alunos. Da mesma forma que
não cabe aos educadores assumir responsabilidades inerentes à família do
aluno

A escola assume funções antigamente reservadas a instituição


familiar, ficando sobrecarregada em suas atribuições, percebendo a falta de
estrutura familiar e buscando suprir essas lacunas. Deste modo, é necessário
que seja construída uma relação entre a escola e a família estabelecendo
compromissos e acordos mínimos para que o educando tenha um
desenvolvimento com qualidade tanto em casa como na escola.

Porém observamos que as discussões sobre a participação da


família na escola vêm sendo feita com mais frequência no ambiente escolar,
com direção, grupo de professores, deste modo, a escola vem administrando
um tanto solitária os conflitos nela observados.Culturalmente as famílias e
professores não estão habituados a cooperar.

as relações que se estabelecem entre essas duas instâncias


tendem a focar ausências ao invés das presenças de
contatos, os motivos negativos sobre os positivos; os contatos
informais sobre os formais; os individuais sobre os coletivos; a
distância sobre a proximidade; o envolvimento sobre a
participação; o papel em vez da voz. (SILVA, 2001, p. 45)

No próximo capítulo veremos se é possível um novo modelo de


relacionamento entre pais e filhos dentro do processo educativo, na qual não
existaconflitos, nem objetivos tão diferenciados, em que o foco central seja o
aluno e seu aprendizado enquanto ser que aprende com palavras, com novos
conhecimentos, mas principalmente com ações que permitam que todos
caminhem juntos.

2. A parceria escola família

A relação entre a escola e a família deve ser vista como uma


necessidade para que se estabeleça uma parceria propiciando vivências dos
educadores com as famílias, buscando viver momentos de maior intercâmbio,
ampliando o envolvimento da família com a vida escolar dos filhos. A família
acaba refletindo consequentemente os problemas sociais bem como a
ausência ou não de valores nos mais variados contextos.
Neste contexto este conhecimento compartilhado entre pais e
professores vai permitir que sejam estabelecidos critérios educativos comuns.
É importante que existam acordos com relação a determinadas proibições e
permissões. Esta coerência irá contribuir para o desenvolvimento da criança.
A predominância da instituição escolar sobre a familiar, naquilo que
concerne à formação é irreal, pois o desenvolvimento do aluno depende entre
tantos fatores, da participação de pais, professores, gestores Entretanto o que
se observa é exatamente a falta de iniciativa dos professores:

Quanto à falta de um necessário conhecimento e habilidade dos pais


para incentivarem e influenciarem positivamente os filhos a respeito
de bons hábitos de estudo e valorização do saber, o que se constata
é que os professores, por si, não têm a iniciativa de um trabalho a
esse respeito junto aos pais e mães. Mesmo aqueles que mais
enfaticamente afirmam constatar um maior preparo dos pais para
ajudarem seus filhos em casa se mostram omissos no tocante à
orientação que eles poderiam oferecer, especialmente nas reuniões
de pais, que é quando há um encontro que se poderia considerar
propício para isso. (PARO, 2000, p.65)

A própria experiência que os pais tiveram em suas vidas escolares


refletem diretamente sua postura com relação a escola que seus filhos
freqüentam. Em contrapartida os professores também acabam por refletir suas
experiências positivas ou não enquanto alunos. Consequentemente a própria
forma de gerir a escola também acaba por refletir na forma como é realizada a
parceria entre escola e família, como será visto a seguir no próximo item.

2.1- Um pouco da origem da gestão educacional.

A democratização da gestão educacional somente será possível se


houver uma compreensão abrangente do papel social e político da escola.

lócus privilegiado da educação sistematizada e da sua


importância n processo de transformação da sociedade, ao
mesmo tempo que ela deve se comprometer com a função de
preparar e elevar o individuo ao domínio de instrumentos
culturais, intelectuais, profissionais e políticos. (DOURADO,
2003, p. 21).

No Brasil, as discussões sobre a administração educacional ou gestão


escolar são definidas pelas diferentes concepções presentes nas correntes
teóricas que fundamentam a organização empresarial e a organização escolar
como também pelos procedimentos a serem adotados na administração de
ambas.
entende-se por gestão da escola a articulação entre as
condições físicas, materiais e pessoais, pedagógicas e
financeiras que possibilitam as mediações indispensáveis à
efetivação da tarefa da escola, entendida como espaço de
socialização e problematização da cultura, especialmente, do
saber historicamente produzido. (DOURADO, 2003, p.14)

Os problemas existentes na escola tinham origem na utilização


adequada ou não das teorias e técnicas administrativas, que desconsideram os
determinantes econômicos e sociais próprios da educação. Outra corrente
postula que a gestão escolar não pode seguir os princípios da administração
geral devido principalmente à natureza do trabalho pedagógico e da instituição
escolar.
As reformas educacionais da década de 1990 implementam uma nova
concepção de gestão escolar com base em novos procedimentos gerenciais.

Durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002),


as políticas educacionais preconizaram a descentralização da
educação como forma eficaz de administrar e/ou gerenciar os
sistemas de ensino e, particularmente, as escolas. Por outro
lado, contraditoriamente, essas políticas centralizaram no
governo o controle do processo de políticas, gestão da
educação e das unidades escolares. Visando romper com essa
lógica, entendemos que a defesa da gestão democrática
implica luta pela garantia da autonomia da unidade escolar,
pela implementação de processos colegiados nas escolas, pela
garantia de financiamento das escolas pelo poder público,
dentre outros. (DOURADO, 2003, p. 20).

Estas questões que envolvem políticas públicas costumam emperrar


projetos no qual a gestão da escola se propõe a permitir uma maior
participação da sociedade no âmbito escolar A gestão educacional, na
perspectiva democrática, exige diferentes espaços de aprendizado de
sociabilidades que devem estar contextualizados historicamente e vinculados
com a realidade social mais ampla, uma vez que a escola é um espaço
constitutivo de relações sociais.
A gestão democrática exige uma nova adequação de recursos e pessoal
para cumprir os objetivos sociais da escola é corrente nos meios políticos e
administrativos do Brasil que a demanda pelo ensino fundamental, do ponto de
vista quantitativo, já foi atendida, mas falta garantir a permanência desses
alunos na escola e a melhoria da qualidade do ensino oferecido.

de nada adiante os donos do poder porem a culpa na baixa


qualidade dos professores, providenciando parabólicas que
dão lucro aos empresários, ou apontar como causa a
incompetência administrativa dos diretores, providenciando
belas estratégias para a administração, com qualidade total dos
recursos, se o que falta são precisamente os recursos em
qualidade e quantidade adequadas ao número de alunos que
se precisa atender. (PARO, 2001, p. 82-83)

Principalmente nas escolas públicas faltam recursos materiais que


exprimem a necessidade do poder público olhar com mais atenção e garantir
melhores recursos para uma educação de melhor qualidade. Isto posto, gera
divergências entre o discurso oficial e os desejos populares na busca pela
qualidade, muito propagada pelos órgãos governamentais.
Verificamos desta forma que a luta pela democratização reivindica a
qualidade da escola pública que deve ser o melhor meio para a construção de
uma escola de melhor qualidade, possibilitando a discussão e construção de
objetivos comunsNo próximo item será analisado o papel do gestor e os
desafios de todos os envolvidos no processo

2.2- Os desafios da gestão democrática

A grande problemática no que se refere a um melhor entrosamento


encontra-se na distância existente entre a equipe gestora e pedagógica e os
pais dos alunos Existem muitas formas de se promover a aproximação com as
famílias e esta é uma das funções dos gestores, que passa não só pela boa
vontade, mas principalmente pelo planejamento e implantação de uma
concepção de educação construída no coletivo. A educação integral da criança
só é possível quando se trabalha de forma não fragmentada.
Esta falta de preparo poderia ser sanada com ações que permitam e
estimulem uma maior compreensão dos pais no processo educativo, orientada
pela equipe diretiva da escola. Deste modo, o papel do gestor é fundamental
no direcionamento de ações que permitam a participação efetiva dos pais e da
comunidade local.

o diretor da escola antes de ser um educador comprometido com a


formação do educando depara com situações em que se reduz a
mero repassador de ordens ,burocrata atado atrás da mesa,
assinando papéis de pouco significado para a educação ,sendo
obrigado a cumprir e fazer cumprir programas educacionais que
continuadas vezes não leva em conta o conhecimento da realidade e
as necessidades da comunidade escolar. (HORA, 1994, p.19)

Os diretores deveriam estar mais atentos para as questões que


envolvem a comunidade na qual sua escola está inserida, propiciando
participação mais efetiva da comunidade, como forma de ampliar
significativamente ações que beneficiem a escola, alunos e funcionários. Existe
um abismo entre concepção e execução dos projetos colocados pelo sistema,
fazendo com que haja uma ação fragmentada.
As propostas que visam a transformação da escola baseiam-se em
criação de espaços para a formação de pessoas capazes de elaborar e realizar
projetos de interesse não só pessoal, mas coletivo. Isso permite que os
estudantes desde cedo aprendam a planejar,executar e avaliar projetos,
acompanhado sempre pela equipe escolar.

A relação da escola com os demais agentes da educação é de parceria e


complementaridade no processo de produção do conhecimento que tem
as crianças e os jovens como protagonistas, e as tecnologias de
informação e comunicação são operacionalizadas como ferramentas de
aprendizagem que contribuem para a concretização dos projetos. Nestas
escolas, o papel prioritário do educador é o de orientador de itinerários
da aprendizagem e também de inspirador e modelo de condut a.
(LIBÂNEO, 2004, p.37)

Atualmente muito se fala em gestão democrática da escola, em projetos


que permitam uma interação entre pais e escola, de forma a permitir que os
vários segmentos se unam em busca de objetivos comuns A consolidação de
uma gestão democrática no interior da escola não é um processo fácil.
De acordo com Hora (1994) “a dinâmica das relações de poder poderá
fazer recuar o avanço do processo sendo necessário que o permanente
esforço humano seja coletivo e decidido nos grupos”.Isto coloca a necessidade
de que, na prática, tomem-se atitudes que venham a modificar
comportamentos, permitindo a participação das pessoas a de forma efetiva
desde o desenvolvimento de um clima amistoso nas relações humanas, um
espírito de cordialidade e ações solidárias no interior da escola.

Organizar o trabalho pedagógico e ainda administrar a escola públicaé


um desafio para coordenadores pedagógicos professores, para os diretores,
funcionários, pais, pois são esses os principais responsáveis sociais da
organização escolar, responsáveis pelas ações que possam de fato gerar uma
prática democrática.
.
Não é preciso ao administrar uma gestão democrática na qual sejam
eliminados os serviços públicos, mas é preciso haver mecanismos que possam
submeter as decisões do Estado ao debate de pais, grupos , da comunidade de
forma geral. Os problemas não acabam aí, sabemos. Não há verbas para as
despesas mínimas, há excesso de alunos e de faltas de professores e também
encontramos as barreiras que distanciam a vida escolar da vida cotidiana
dessas crianças e de seus familiares, o que acarreta um desconhecimento da
escola no que se refere á população que ela mesma atende a escola se
localiza por vezes no bairro, mas não pertence ao mesmo Os altos muros, os
portões, as grades e os cadeados revelam a distância.
.Assim, cabe ao gestor saber como trabalhar os conflitos e
desencontros,deverá ter competência para buscar novas alternativas e que as
mesmas atendas aos interesses da comunidade escolar, compreendendo que
a qualidade da escola dependerá da participação ativa de todos
membros,respeitando a individualidade de cada um e buscando nos
conhecimentos individuais novas fontes de enriquecer o trabalho coletivo, de
forma que sejam quebradas as barreiras, as distãncias para que haja um maior
conhecimento de ambas as partes e uma interação que permita este
envolvimento.
As atitudes os conhecimentos o desenvolvimento de
habilidades na formação do gestor da educação são elementos
cruciais  para o funcionamento da educação escolar.O estudo
realizado ressalta a importância e necessidade de um maior
aprofundamento e conhecimento por parte da comunidade
escolar no que se refere à organização da gestão do trabalho
pedagógico na escola pública frente aos princípios de gestão
democrática.A construção de um projeto educativo coletivo
constitui a identidade de cada Escola e é, sem dúvida,o
instrumento primordial que permite uma gestão democrática.
(LIBÂNEO, 2004, p.145)

A questão da participação da comunidade escolar numa visão têm


aumentado no Brasil ultimamente, mostrando a gestão participativa como uma
das condições necessárias para o desenvolvimento de uma sociedade
maisparticipativa e democrática..
A escola é vista como um local previlegiado na construção de novos
modelos e práticas que priorizem a via democrática na escola e na sociedade.
Ela pode dar início a projetos que integrem, mas precisa de parcerias, de
modelos que não priorizem questões burocráticas,
De acordo com Hora(1994) os educadores, incluindo os gestores,
encaram a democratização como o desenvolvimento de processos
pedagógicos que permitam a permanência do educando no sistema escolar,
através da ampliação de oportunidades educacionais Neste sentido, as
mudanças também devem ocorrer nos processos administrativos do âmbito
escolar, propiciando a participação de pais, professores nas tomadas de
decisões. A democratização da escola torna-se um caminho para que a prática
pedagógica torne-se efetivamente prática social.

.tendo em conta que a participação democrática não se dá


espontaneamente, sendo antes um processo histórico em
construção coletivacoloca-se a necessidade de se preverem
mecanismos institucionais que não apenas viabilizem mas
também incentivem práticas participativas dentro da escola
pública.(PARO, 1998,p.46).”

No entanto, a escola não se torna democrática apenas por sua prática


administrativa, mas também por toda sua ação pedagógica. A gestão
democrática também não pode por si só dar conta de todos os problemas
enfrentados pelo sistema educacional Mesmo porque, a democratização
almejada deve ter sua consolidação também na sociedade, a escola não é e
nem deve ser o único orgão responsável por este processo.

esta participação se efetivará através da integração do


processo educacionais, demais dimensões da vida comunitária
e da geração e operacionalização de situações de
aprendizagem com base no repertório cultural,regional e local .
(HORA, 1994, p.25)

Ainda segundo a autora citada algumas açoes são imprescindíveis pra


que a gestão escolar possa se caracterizar por um processo democrático em
relação articulada com a comunidade local, com os seguintes objetivos:
identificar perante as práticas administrativas desenvolvidas em uma escola
que tem relação articulada com a comunidade; identificar ante as
determinações do Sistema Oficial de Ensino, a postura adotada por uma escola
que acata a participação da comunidade em seu processo gestionário; verificar
as contribuições que a relação escola-comunidade oferce à gestão do processo
educacional; identificar os compromissos que uma postura democrática com
participação comunitãria exige do diretor e por último identificar os resultados
qualitativos e quantitativos apresentados no ensino, produzidos pela gestão
democrática de uma escola.

as dinâmicas internas e o universo sócio-cultural vivenciados


pelos seus alunos, para que possam respeitá-los, compreendê-
los e tenham condições de intervirem no providenciar de um
desenvolvimento nas expressões de sucesso e não de
fracasso diagnosticado. Precisam ainda, dessa relação de
parceria para poderem também compartilhar com a família os
aspectos de conduta do filho: aproveitamento escolar,
qualidade na realização das tarefas, relacionamento com
professores e colegas, atitudes, valores, respeito às regras.
(PARO, 2001, p.36)

A relação escola-família prevê o respeito mútuo, o que significa tornar


paralelos os papéis de pais e professores, para que os pais garantam as
possibilidades de exporem suas opiniões, ouvirem os professores sem receio
de serem avaliados, criticados, trocarem pontos de vista. Tal parceria implica
em colocar-se no lugar do outro, e não apenas enquanto troca de favores.
O objetivo mais relevante desta proposta é conscientizar a escola do
papel que possui na construção dessa parceria: a intervenção pedagógica a
estas questões deve ser no sentido de considerar a necessidade da família
vivenciar reflexões que lhes possibilitem a reconstrução da autoestima, afim de
que se sintam primeiramente compreendidos e não acusados, recepcionados e
não rejeitados, pela instituição escola, além de que esta última possa fazê-los
sentir-se reconhecidos e fortalecidos enquanto parceiros nesta relação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente vive-se em uma época em que a desintegração de


valores éos maior obstáculo para o ser humano. ética e cidadania tem sido
deixados de lado, fora da formação dos indivíduos. Deste modo, instituições
como a família e a escola não podem deixar que isto aconteça ignorando esta
situação. Assim, é preciso uma integração entre ambas, buscando objetivos
comuns, com educadores e familiares responsáveis, bem como metodologias
que permitam resgatar valores tão importantes na formação do caráter dos
educandos.

Deste modo, o principal objetivo deste trabalho é abordar a parceria


entre a escola e a família, contribuindo para o desenvolvimento do educando e
a função do gestor enquanto mediador de práticas educativas que propiciem ao
aprendiz garantia que este desenvolvimento se efetive, trabalhando juntamente
com a equipe escolar e comunidade.

Assim, o principal objetivo da educação é propiciar uma participação


que gere compromisso da família com a aprendizagem e o compromisso da
escola com a inserção do ambiente cultural da família e da comunidade,
garantindo a plena função social da escola.

Deste modo, nos dias atuais, a escola não pode viver sem a família
e vice versa, pois é através desta interação desse trabalho em conjunto que
objetiva o bem estar e a aprendizagem do educando.

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