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“No lugar da dificuldade que até agora ocupou os economistas, isto é, explicar
a queda da taxa de lucro, aparece a dificuldade inversa, ou seja, explicar por
que essa queda não é maior ou mais rápida. Deve haver influências
contrariantes em jogo, que cruzam e superam os efeitos da lei geral, dando-lhe
apenas o caráter de uma tendência. As mais genéricas dessas causas são as
seguintes”: (p.177)
1. “O grau de exploração do trabalho, a apropriação de mais-trabalho e de mais-
valia, é elevado a saber por meio de prolongamento da jornada de trabalho e
intesificação do trabalho”. (p. 177)
2. [A compressão do salário abaixo de seu valor] “é uma das causas mais
significativas de contenção da tendência à queda da taxa de lucro”. (p. 179)
3. [O barateamento dos elementos do capital constante] “é uma das causas em
atuação constante e que pode conter a queda da taxa de lucro, embora possa,
sob certas circunstâncias, restringir a massa de lucro por meio da restrição da
massa de capital que proporciona lucros”. (p. 180)
4. Com a superpopulação relativa “o capital variável constitui uma proporção
significativa do capital global e o salário está abaixo da média, de modo que
tanto a taxa de mais-valia quanto a massa de mais-valia são
extraordinariamente altas nesses ramos da produção”. (p. 180)
5. “À medida que o comércio exterior barateia em parte os elementos do capital
constante, em parte os meios de subsistência necessários em que o capital
variável se converte, ele atua de forma a fazer crescer a taxa de lucro, ao
elevar a taxa de mais-valia e ao reduzir o valor do capital constante”. (p.180) “O
mesmo comércio exterior, porém, desenvolve no interior o modo de produção
capitalista, e com isso a diminuição do capital variável em relação ao
constante, e produz, por outro lado, superprodução em relação ao exterior,
tendo por conseguinte, no decurso posterior, também o efeito contrário”.
(p.181)
6. [Por fim, o aumento do capital por ações], “uma parte do capital, com o
progresso da produção capitalista, que anda lado a lado com a acumulação
acelerada, só se calcula e emprega como capital que proporciona juros”.
(p.182)
Cap. 15 – Desdobramento das Contradições Internas da Lei
“A acumulação, por sua vez, acelera a queda da taxa de lucro, à medida que
com ela está dada a concentração dos trabalhos em larga escala e, com isso,
uma composição mais elevada do capital. Por outro lado, a queda da taxa de
lucro acelera novamente a concentração do capital e sua centralização
mediante a desapropriação dos pequenos capitalistas, mediante a
expropriação do resto dos produtores diretos, entre os quais ainda haja algo a
expropriar. Por meio disso por outro lado, a acumulação é acelerada em sua
massa, embora caia, com a taxa de lucro, a taxa de acumulação”. (p.183)
“A taxa de lucro, é o aguilhão da produção capitalista, sua queda retarda a
formação de novos capitais autônomos, e assim aparece como ameaça para o
desenvolvimento do processo de produção capitalista; ela promove
superprodução, especulação, crises, capital supérfluo, ao lado de população
supérflua”. (p.183)
“Os agentes antagônicos atuam simultaneamente uns contra os outros.
Simultaneamente com os estímulos para o aumento real da população
trabalhadora, oriundos do aumento da parte do produto social global que atua
como capital, atuam os agentes que criam uma superpopulação apenas
relativa. Simultaneamente com a queda da taxa de lucro cresce a massa dos
capitais e lado a lado com ela transcorre uma desvalorização do capital
existente, que retém essa queda e dá à acumulação de valor-capital impulso
acelerador. Simultaneamente com o desenvolvimento da força produtiva
desenvolve-se a composição superior do capital, a diminuição relativa da parte
variável em relação à constante. Essas distintas influências se fazem valer ora
justapostas no espaço, ora sucessivamente no tempo; periodicamente o
conflito entre os agentes antagônicos se desafoga em crises. As crises são
sempre apenas soluções momentâneas violentas das contradições existentes
irrupções violentas que restabelecem momentaneamente o equilíbrio
perturbado”. (p.188)
“A contradição, expressa de forma bem genérica, consiste em que o modo de
produção capitalista implica uma tendência ao desenvolvimento absoluto das
forças produtivas, abstraindo o valor e a mais-valia nele incluídos, também
abstraindo as relações sociais, dentro das quais transcorre a produção
capitalista; enquanto, por outro lado, ela tem por meta a manutenção do valor-
capital existente e sua valorização no grau mais elevado(...). Os métodos pelos
quais ela alcança isso implicam: diminuição da taxa de lucro, desvalorização do
capital existente e desenvolvimento das forças produtivas do trabalho à custa
das forças produtivas já produzidas”. (p.188)
“O meio - desenvolvimento incondicional das forças produtivas sociais de
trabalho - entra em contínuo conflito com o objetivo limitado, a valorização do
capital existente. Se, por conseguinte, o modo de produção capitalista é um
meio histórico para desenvolver a força produtiva material e para criar o
mercado mundial que lhe corresponde, ele é simultaneamente a contradição
constante entre essa sua tarefa histórica e as relações sociais de produção que
lhe correspondem”. (p.189)