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Introdução a Banco de Dados

INTRODUÇÃO

Vivemos em um mundo repleto de dados e de informações, não é mesmo? Você talvez nem
perceba, mas consultar o saldo bancário, ver a previsão do tempo e jogar na loteria, entre tantas
outras atividades do cotidiano, envolvem dados e informações. Porém, com inúmeros meios de
produção e de transmissão de dados, armazenar e processar tamanha quantidade de material é
um desafio nos dias atuais, concorda?

Inicialmente, você entenderá aqui os conceitos de dado e de informação, além de saber como os
dados são transformados em informações. Em seguida, conhecerá como os dados eram
armazenados em décadas passadas e quais os principais problemas relacionados às formas
antigas de armazenamento. Você compreenderá também que as limitações, existentes no
passado, deram origem aos conceitos básicos da teoria de banco de dados, como redundância,
inconsistência, integridade, entre outros.

Por fim, você aprenderá, por meio de exemplos, qual o contexto de utilização dos bancos de
dados e por que eles são importantes atualmente, além de entender a motivação de seu
surgimento e sua evolução.

Bom estudo!

OBJETIVOS
 Diferenciar dados e informações.

 Entender as estruturas de arquivos.

1 Dados x Informações

Dado é um conjunto de símbolos sem significado próprio. O valor de um dado não constitui um
conhecimento útil por si mesmo. Já a informação é o dado associado a determinado significado.
A informação é um recurso valioso, que permite gerar e difundir o conhecimento. Mas como
podemos transformar dado em informação? Em outras palavras, como podemos realizar o
processamento de dados?

Na área de Tecnologia da Informação (TI), utilizamos os softwares. Software é um conjunto de


instruções utilizado para realizar processamento de dados. Isso quer dizer que o software recebe

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dados como entrada, processa-os e gera informação como saída. Os dados, então, fazem parte
do software.

A figura 1, a seguir, é uma representação típica do funcionamento de um software. Veja que os


dados são transformados em informação e que este papel é executado pelo software.

Computador

DADOS

Dados Processamento Informação

Figura 1 – Sistema monousuário.

Fonte: Morais (2014).

Na prática, a transformação dos dados pode ocorrer de duas formas: para um único usuário
(monousuário), conforme ilustrado na figura 1, ou de forma compartilhada (multiusuário), como
você pode ver na figura 2, na sequência, em que os dados são compartilhados por vários
usuários.

DADOS

Os dados são
compartilhados

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Figura 2 – Sistema multiusuário.

Fonte: Morais (2014).

Seja qual for a maneira de compartilhar os dados, é importante você saber que, nos últimos
anos, houve uma grande evolução na maneira de armazená-los. Os primeiros softwares
comerciais desenvolvidos, especialmente na década de 1980, por exemplo, utilizavam arquivos
em formato de texto puro para armazenamento de dados, que era o jeito mais comum de guardá-
los em arquivos permanentes.

Essa forma antiga de armazenar fazia com que todo o processamento tivesse de ser realizado
pelos programas que acessavam esses dados. Entenda por processamento aqui as seguintes
atividades: recuperação, inclusão, exclusão e alteração de dados.

Elmasri (2002) e Silbertchatz (1999) descrevem os principais problemas e limitações impostos


por essa forma de processamento, no que diz respeito à redundância, à integridade, ao
isolamento, à segurança, às transações e ao acesso concorrente aos dados. Entenda, na
sequência, cada uma dessas limitações. Prossiga!

1.1 Redundância

Por necessidade dos usuários, é possível que um mesmo dado tenha de ser repetido em
diferentes arquivos. Num sistema de recursos humanos, por exemplo, os dados referentes a
determinado funcionário precisam ser replicados no arquivo de folha de pagamento, no de
cadastro de dependentes etc. Essa redundância, se não for controlada de forma adequada, tende
a gerar diversos problemas.

O mais comum deles refere-se à atualização dos dados. No exemplo que citamos, quando os
dados de um funcionário são modificados, todos os arquivos que contêm esses dados também
devem ser atualizados. Logo, isso ocasiona uma multiplicação de esforço de atualização.

Outro problema, nessa tarefa, está relacionado ao desperdício de espaço utilizado no


armazenamento dos dados. Isso geralmente é mais problemático quando há necessidade de
guardar grande quantidade de dados.

Por último, existe também o problema de inconsistência de dados. Inconsistência é a existência


de dados errados (que não representem a realidade) nos arquivos. Esse problema ocorre quando
um arquivo é atualizado e outro não. Como a tarefa de atualização é sempre do software, isso
nem sempre é garantido, especialmente quando há um grande número de programas que
compõem o mesmo software.

Conheça, na sequência, outra limitação relacionada ao armazenamento de dados.

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1.2 Integridade

Integridade de dados diz respeito a algumas regras (restrições) que devem ser seguidas para que
os dados se mantenham íntegros (verdadeiros). A altura de um indivíduo, por exemplo, deve ser
um número real que varia de 0,30 a 2,50. Já o nome de uma pessoa precisa ser composto de
letras e conter no máximo 50 caracteres.

Há tipos de restrições mais complexas, que ocorrem com bastante frequência. Elas especificam
que um registro (uma linha) em determinado arquivo deve estar relacionado a uma linha em
outro arquivo. Como exemplo, podemos citar um sistema acadêmico, em que determinada
turma só é aberta se há um professor e uma disciplina a ela vinculados. Nesse caso, tanto o
professor quanto a disciplina já devem existir nos arquivos, para que a turma possa ser
cadastrada. A esse tipo de restrição dá-se o nome de restrição de integridade referencial.

Um último tipo de restrição determina a exclusividade de valores para alguns itens de dados
contidos nos arquivos. Por exemplo, um CPF só pode estar relacionado a uma única pessoa em
todos os arquivos, a matrícula de um aluno deve ser única etc. Esse tipo de restrição é conhecido
como restrição de chave, ou singularidade.

Todas essas restrições, também chamadas de Regras de Negócio, são derivadas da


representação do mundo real que os arquivos retratam.

Agora que você já conhece as questões relacionadas à redundância e à integridade dos


dados, aprenda em seguida a importância do isolamento no armazenamento dos dados.
Continue!

1.3 Isolamento

Quando utilizamos os arquivos, a estrutura de cada um deles está embutida no código dos
programas de aplicação do software que realizará o processamento dos dados. Desse modo,
quaisquer mudanças na estrutura dos arquivos exigirá alteração em todos os programas que
acessam esses mesmos arquivos. O ideal é que houvesse isolamento e, consequentemente,
independência entre as estruturas que armazenam os dados e os códigos que os manipulam.

Esse isolamento é especialmente importante porque permite que os arquivos sejam alterados
sem causar grande impacto ou necessidade de alteração nos programas de aplicação, para tornar
a evolução dos sistemas menos traumática para seus usuários.

Saiba, a seguir, os problemas ligados à segurança dos dados.

1.4 Segurança

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Nem todos os usuários estão autorizados ao acesso a todos os dados. Uma vez que o controle de
acesso de usuários é feito via programa de aplicação, torna-se difícil garantir a efetividade das
regras de segurança necessárias para cada arquivo.

Dados financeiros ou médicos, por exemplo, geralmente são de natureza sigilosa. O acesso a
esses dados deve ser restrito e controlado. A utilização de arquivos não permite esse controle.
Além disso, pode ser necessária a concessão de diferentes tipos de acessos a um mesmo
arquivo. Enquanto um grupo de usuários tem direito de consulta aos dados de determinado
arquivo, outro grupo tem direito a alterar, a excluir e a incluir registros.

Figura 3 – Segurança dos dados é tema recorrente na atualidade.

Fonte: Shutterstock (2014).

Continue a leitura e conheça as propriedades das transações.

1.5 Transações

Transação é

[...] uma sequência de operações executadas como uma única unidade lógica
de trabalho. Uma unidade lógica de trabalho deve garantir quatro
propriedades, designadas pelas iniciais ACID (Atomicidade, Consistência,
Isolamento e Durabilidade), para que seja qualificada como uma transação.
(MICROSOFT, 2014).

Confira, na sequência, cada uma dessas propriedades.

 Atomicidade: uma transação deve ser uma unidade atômica de trabalho, isto é, ou todas
as modificações solicitadas para os dados são realizadas ou nenhuma delas acontece.

 Consistência: quando concluída, uma transação deve deixar todos os dados em um


estado consistente. Isso significa que todas as restrições de integridade devem ser
mantidas.

 Isolamento: modificações feitas por uma transação devem ser isoladas de modificações
feitas por outras transações. Dessa forma, o efeito de uma transação não ocorre sobre

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outra. Em outras palavras, as transações são enfileiradas (serializabilidade), de maneira
que uma ocorra somente após o término da outra.

 Durabilidade: depois que uma transação tiver sido concluída, seus efeitos (dados que
foram modificados) ficam gravados permanentemente no arquivo.

Manter as propriedades ACID é uma tarefa impossível diretamente na estrutura de arquivos,


uma vez que esse tipo de estrutura não fornece os recursos necessários para tal.

Curiosidade

O átomo é a menor partícula de qualquer elemento constituído de matéria existente no universo.


Sua principal característica é ser indivisível. O átomo é formado por um núcleo central que, por
sua vez, contém prótons (com carga positiva) e nêutrons (sem carga). Ao redor do núcleo,
movimentam-se os elétrons (com carga negativa e massa insignificante), em diferentes
trajetórias imaginárias conhecidas como órbitas. Com base nessas definições, você pode
entender melhor a propriedade de atomicidade, não é mesmo?

Saiba, a seguir, as dificuldades que podem ocorrer com o uso de dados, ao mesmo tempo, por
diferentes usuários. Prossiga!

1.6 Acesso Concorrente aos Dados

A execução de várias transações pressupõe acesso simultâneo aos dados. A ideia de


serializabilidade indica que várias transações são solicitadas ao mesmo tempo pelos softwares.
Veja que, na maioria das aplicações, isso ocorre de fato. Imagine uma instituição bancária, por
exemplo. Os dados de movimentação de conta-corrente dos clientes são acessados ao mesmo
tempo por milhares de caixas bancários, clientes, gerentes etc. Já um site de comércio eletrônico
disponibiliza consulta a seus produtos para milhares de clientes, que o fazem simultaneamente.

Outro exemplo é a compra de passagens aéreas. Conforme a demanda, é relativamente comum


um bilhete estar disponível a determinado valor em uma consulta e, no minuto seguinte, após
nova consulta, já ter sido vendido ou ter seu preço modificado. Isso ocorre por que os dados são
acessados ao mesmo tempo. Você já passou por esse tipo de situação?

CONCLUSÃO

Neste material, você aprendeu o conceito de dado e de informação. Entendeu como os dados são
transformados em informações e quais são os principais conceitos relacionados ao universo dos
bancos de dados.

Você viu também que, em décadas passadas, os dados eram armazenados em arquivos do tipo
texto e que isso apresentava uma série de limitações. Afinal, deixar a cargo das aplicações

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tarefas como controle de redundância, inconsistência ou segurança, por exemplo, não era viável.
Por isso, para resolver essas limitações, surgiu então a teoria de banco de dados.

Finalmente, você aprendeu que, além dos dados propriamente ditos, um banco de dados deve
incorporar todos os controles necessários para lidar com as limitações dos sistemas de arquivos.

REFERÊNCIAS

ELMASRI, R. Sistemas de banco de dados: fundamentos e aplicações. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2002.

KORTH, H. F.; SILBERSCHATZ, A. Sistema de banco de dados. 3. ed. São Paulo: Makron Books,
1999.

MICROSOFT. Transações (Mecanismo de Banco de Dados). Disponível em:


<http://technet.microsoft.com/pt-br/library/ms190612(v=sql.105).aspx >.
Acesso em: 25 ago. 2014.

MORAIS, E. Banco de Dados 1. Disponível em: <http://www.edison.eti.br/bd1_ufg.html>. Acesso em:


16 abr. 2015.

EXERCÍCIO PARA FÓRUM

Nos dias atuais, existe a ideia de que vivemos a chamada Era da Informação. Isso ocorre por
que, ao contrário de anos atrás, há um grande volume de dados disponíveis, principalmente na
internet, gerando excesso de informações tanto para as pessoas quanto para as empresas.

Para as pessoas, a principal questão atualmente é como ter acesso à informação de qualidade. Já
para as empresas, a busca é por maior competitividade com base na transformação de
informações (disponíveis em seus sistemas) em conhecimento.

E você, concorda que vivemos atualmente a Era da Informação (ou do Conhecimento)? Leia
algum dos textos sugeridos, assista ao vídeo indicado a seguir e discuta com seus colegas os
impactos positivos e negativos do grande volume de informações disponíveis na atualidade.

Textos

“Reflexões sobre a avaliação do desempenho empresarial na era da informação: uma


comparação entre a gestão do capital intelectual e o Balanced Scorecard.”

<http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_da_fae/v5_n2_maio_agosto_2002/reflexoes
%20sobre%20a%20avaliacao%20do%20desempenho%20empresarial.pdf >.

“Informação e globalização na Era do Conhecimento”

<http://www.liinc.ufrj.br/pt/attachments/055_saritalivro.pdf >.

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Vídeo

“A Era do Conhecimento (Prof. Marins)”

<https://www.youtube.com/watch?v=EvfS3tGjqDk>.

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