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Raízes judaicas de Lênin são expostas em Moscou

2020-10-14 07:10:23 Redação

O judeu Vladimir Ilich Ulianov, conhecido como Lênin

Muitos judeus se juntaram aos bolcheviques para combater o desenfreado antissemitismo na Rússia czarista e alguns estavam
entre os líderes do Partido Comunista, quando assumiu o poder após a Revolução de 1917. O mais proeminente entre eles foi Leon
Trotsky, cujo nome verdadeiro era Bronstein. Mas Lênin, que nasceu Vladimir Ilich Ulianov, em 1870, se identificou apenas como
Russo…

Museu de Moscou coloca raízes judaicas de Lênin em exposição

MOSCOU – Pelo primeira vez, os russos podem agora ver os documentos que parecem confirmar os boatos, de longa data, de que
Vladimir Lênin tinha origem judaica.

Em um país duramente castigado pelo antissemitismo, esse patrimônio familiar pode ser uma mancha significativa, especialmente
para o fundador da União Soviética, que ainda hoje é reverenciado por muitos russos idosos.

Entre dezenas de documentos recém-liberados, em exibição no Museu da História do Estado, está uma carta escrita pela irmã mais
velha de Lênin, Anna Ulyanova, dizendo que seu avô materno era um judeu ucraniano que se converteu ao cristianismo para
escapar da perseguição antissemita.

“Ele veio de uma família pobre judaica e foi, segundo a sua certidão de batismo, o filho de Moisés Blank, natural da cidade da
Ucrânia ocidental, Zhitomir,”, Ulyanova escreveu em uma carta de 1932 para Josef Stálin, que sucedeu a Lênin depois sua morte,
em 1924.

“Vladimir Ilich tinha sempre pensado muito sobre judeus”, escreveu ela. “Lamento muito que o fato de nossa origem – o que eu
suspeitava antes, não foi conhecida durante a sua vida”.

Sob o regime czarista, a maioria dos judeus foram autorizados a residência permanente apenas em uma área restrita, que incluía
grande parte da Lituânia de hoje, a Bielorrússia, Polônia, Moldávia, Ucrânia e partes do oeste da Rússia.

Muitos judeus se juntaram aos bolcheviques para combater o desenfreado antissemitismo na Rússia czarista e alguns estavam
entre os líderes do Partido Comunista, quando assumiu o poder após a Revolução de 1917. O mais proeminente entre eles foi Leon
Trotsky, cujo nome verdadeiro era Bronstein.

Mas Lênin, que nasceu Vladimir Ilich Ulianov, em 1870, se identificou apenas como Russo. Lênin era o seu nome de guerra, em
1901, enquanto vivia no exílio na Sibéria, perto do rio Lena.

Um breve período de promoção da cultura judaica, que começou sob Lênin, terminou no início dos anos 1930, quando Stálin
orquestrou expurgos antissemitas entre os comunistas e traçou um plano para transferir todos os judeus soviéticos para uma região
na fronteira com a China.

Ulyanova perguntou a Stálin se poderia fazer a herança judaica de Lenin conhecida, para tentar conter o avanço do anti-semitismo
da época. “Ouvi dizer que nos últimos anos o antissemitismo tem sido cada vez mais forte, mesmo entre os comunistas,” ela
escreveu. “Seria errado esconder este fato das massas.”

Stálin ignorou o apelo e pediu a ela para “manter um silêncio absoluto” sobre a carta, de acordo com a curadora da exposição,
Tatyana Koloskova.

A biógrafa oficial de Lênin, sua sobrinha Olga Ulyanova, tinha escrito que sua família só tinha raízes russas, alemãs e suecas.

A carta da irmã de Lênin tornou-se disponível aos historiadores russos no início de 1990, mas sua autenticidade foi ferozmente
disputada. A decisão para inclusão na exposição foi de Koloskova, que como diretora da sucursal do Museu de História do Estado
dedicado a Lênin, é uma das estudiosas mais importantes sobre sua vida.

A exposição no museu, na Praça Vermelha, perto do mausoléu de Lênin, também revela que ele estava em tal miséria, depois de
sofrer um derrame em 1922, que pediu a Stálin para trazer-lhe veneno.

“Ele não esperava, aliás, que Stálin atendesse a este pedido”, escreveu a irmã caçula de Lênin, Maria Ulyanova, em 1922 no seu
diário. “Ele sabia que o camarada Stálin, como um bolchevique leal, simples e desprovido de qualquer sentimentalismo, não ousaria
pôr fim à vida de Lênin”.

Inicialmente, Stálin prometeu ajudar Lênin, mas outros membros do Politburo decidiram rejeitar o seu pedido, diz a carta. Trotsky,
que Stálin tinha forçado a sair da União Soviética, afirmou em suas memórias que Stálin tinha envenenado Lênin.

Os 111 documentos em exibição, muitos deles só recentemente classificados e liberados, e todos eles abertos ao público pela
primeira vez, deu informações surpreendentes sobre figuras de topo da antiga União Soviética. Homens geralmente retratados
como austeros e destemidos, por vezes, são vistos como lunáticos, medrosos e até desesperados.

Um dos documentos contém um apelo desesperado que Stálin recebeu, em 1934, de um líder comunista preso, Lev Kamenev, cujo
nome verdadeiro era Rosenfeld.

“Num momento em que minha alma está cheia de nada além de amor para o partido e a sua liderança, por ter vivido hesitações e
dúvidas, eu posso corajosamente dizer que aprendi a confiar no Comitê Central, a cada passo e a cada decisão que você,
camarada Stálin, fizer”, escreveu Kamenev. “Eu fui preso por meus laços com pessoas que são estranhas e repugnantes para
mim.”

Stálin ignorou esta carta, também, e Kamenev foi executado em 1936.

Um pouco mais cômica – mas não menos macabra ” é o aspecto da exposição onde estão as caricaturas desenhadas por membros
do Politburo.

O proeminente economista Valery Mezhlauk ridiculariza Trotsky como um judeu errante e retrata um ministro das Finanças
pendurado em uma posição desconfortável. Em uma nota manuscrita por este último caricaturista, Stálin recomenda que o ministro
seja enforcado pelos seus testículos. O ministro e os cartunistas foram presos e executados em 1938.

A exposição, que foi inaugurada na semana passada, ficará aberta até 3 de julho.

Mansur Mirolav, Associated Press.

Fonte: Folha do Delegado, 24/05/2011.

Parece que aqueles que viam judeus em toda a liderança comunista soviética não estavam tão equivocados assim, como quer nos
fazer crer o politicamente correto. Esta marcante presença de alguns “eleitos” na liderança soviética deu origem ao termo
“bolchevismo judaico” – NR.

Artigo publicado pela primeira vez em nosso Portal a 25/05/2011.

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