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RPCV (2018) 113 (607-608) 20-30

Importância dos aminoácidos de cadeia ramificada na nutrição animal e


sobre a glicemia

Importance of branched chain amino acids in animal nutrition and


glycemia

Lucas A.C Esteves*1, Leandro D. Castilha1, Alessandra N.T.R. Monteiro2, Paulo C. Pozza1

1
Universidade Estadual de Maringá; Maringá; Brasil.
2
Animine, Sillingy, França

Resumo: A insulina é fundamental para que os Summary: Insulin is critical for glucose levels
níveis de glicose sejam mantidos em to be maintained in homeostasis. Given this, the
homeostase, de modo que, o conhecimento dos knowledge of the factors that can alter the
fatores que podem alterar a sensibilidade da sensitivity of the cell to insulin is of great
célula à insulina é de grande interesse, uma vez interest, since the reduction of this sensitivity is
que a redução desta sensibilidade está correlated to the development of diseases.
correlacionada ao desenvolvimento de Branched chain amino acids (BCAA) leucine,
distúrbios metabólicos. Os aminoácidos de valine and isoleucine are considered dietetically
cadeia ramificada (ACR) - leucina, valina e essentials, since they cannot be synthesized
isoleucina - são considerados aminoácidos from other precursors and are fundamental for
dieteticamente essenciais, já que não podem ser the formation of muscle proteins. Besides
sintetizados a partir de outros precursores e são participating as the building blocks of the
fundamentais para a formação das proteínas polypeptide chains, leucine in particular is
musculares. Além de participarem como blocos capable of modulating the activity of a key
construtores das cadeias polipeptídicas, a protein for protein synthesis, the mammalian
leucina, em especial, é capaz de modular a target of rapamycin (mTOR). Studies have
atividade de uma proteína chave para a síntese correlated BCAA and their metabolites, as well
proteica, o alvo mecanístico de rapamicina as the activation of mTOR, to cause insulin
(mTOR). Estudos têm correlacionado os ACR e resistance. This review aims to address the
seus metabólitos, assim como a ativação da mechanisms by which BCAA induce mTOR
mTOR, à diminuição da sensibilidade à activation and how this may interfere with
insulina. Esta revisão tem por objetivo abordar insulin sensitivity, as well as to discuss the
os mecanismos pelos quais os ACR induzem à importance of the knowledge of the metabolism
ativação da mTOR e como isso podem interferir of BCAA in animal nutrition.
na sensibilidade à insulina, além de abordar a
importância do conhecimento do metabolismo *Correspondência:
dos ACR na nutrição animal. lucasantonio_esteves@hotmail.com

Introdução processo de síntese é interrompido, evitando o


imbalanço energético e a morte celular (Zoncu
et al., 2011). Para que ocorram, esses processos
O crescimento dos animais envolve processos demandam energia e a glicose é a principal
bioquímicos que estão intimamente ligados à fonte de energia orgânica do organismo.
disponibilidade de nutrientes e energia. Para se No entanto, os aminoácidos de cadeia
desenvolver, o organismo realiza a síntese de ramificada (ACR) podem influenciar o
compostos fundamentais para as células, tais metabolismo da glicose nos tecidos adiposo,
como proteínas, ácidos nucleicos e lipídios. As muscular e hepático (Kawaguchi et al., 2011), e
células possuem componentes complexos são fundamentais para que a síntese das
capazes de identificar e quantificar os nutrientes proteínas musculares sejam adequadas, pois
e a energia disponível. Assim, quando não há representam 35% dos aminoácidos essenciais
disponibilidade celular destes elementos o

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presentes nestas proteínas. Diferentemente dos dos ACR na nutrição animal, mais
demais aminoácidos essenciais, que são especificamente na nutrição de suínos.
catabolizados principalmente no fígado, o
primeiro passo do catabolismo dos ACR tem Controle glicêmico
início no músculo, uma vez que a enzima Para que a concentração de glicose seja
responsável pela transaminação, a mantida em níveis adequados à sobrevivência,
aminotransferase dos aminoácidos de cadeia já que alguns tecidos utilizam preferencialmente
ramificada (ATACR), tem baixa atividade no ou exclusivamente a glicose como fonte de
fígado, já o complexo responsável pela energia (ex: cérebro e células vermelhas do
descarboxilação, denominado complexo sangue), o organismo faz uso de algumas
enzimático desidrogenase de α-cetoácidos de estratégias, como a glicólise, glicogênese,
cadeia ramificada (DCCR), é mais ativo no glicogenólise e gliconeogênese. Esse controle é
fígado (Harper et al., 1984). feito principalmente com auxílio de alguns
A leucina é um aminoácido que pode estimular hormônios peptídicos produzidos nas ilhotas de
a síntese proteica no tecido muscular através da Langerhans do pâncreas endócrino, como a
via de sinalização da proteína “Mammalian insulina e glucagon (Silbernagl e Despopoulos,
Target of Rapamycin” (mTOR), sendo capaz de 2015).
estimular a síntese de novas proteínas, A secreção da insulina ocorre em resposta ao
biogênese mitocondrial e oxidação dos ácidos aumento no nível de glicose no sangue e seu
graxos (Liang et al., 2014). Adicionalmente a estímulo se dá pela digestão dos alimentos,
este processo, a leucina também é capaz de acetil colina, gastrina, secretina e ainda por
reprimir a proteólise autofágica nos músculos aminoácidos, como a arginina e a leucina
esqueléticos (Dodd e Tee, 2012; Tsien et al., (Silbernagl e Despopoulos, 2015), sendo que o
2015). Devido a isto, ela contribui para o aumento de transportadores de glicose GLUT-4
aumento do volume muscular. na membrana celular ocorre em resposta à
Os aminoácidos de cadeia ramificada exercem secreção de insulina (Silbernagl e Despopoulos,
um papel fundamental no controle fisiológico de 2015).
muitos processos, entre eles o metabolismo Os transportadores GLUT-4 estão presentes
lipídico, metabolismo da glicose e homeostase nas células musculares e tecido adiposo. Na
energética, além de estarem envolvidos no ausência do estímulo proporcionado pela
desenvolvimento de distúrbios metabólicos (Du insulina, 95% destes estão localizados no
et al., 2012; Duan et al., 2018; Newgard et al., citoplasma celular, no interior de vesículas,
2009). Trabalhando com pessoas magras e sendo que após o estímulo gerado pela insulina,
obesas, Newgard et al. (2009) identificaram e até 50% dos transportadores localizados no
quantificaram os metabólitos produzidos em citoplasma são incorporados à membrana
cada grupo. A maior diferença foi observada plasmática (Leney e Tavaré, 2009).
nos níveis dos ACR, fenilalanina, tirosina, A insulina liga-se a receptores específicos
glutamina, glutamato, alanina e as acilcarnitinas presentes na membrana plasmática de células
C3 e C5; e os autores concluíram que estes alvo (receptores tirosina-quinases), os quais
metabólitos estão ligados à resistência à possuem um domínio extracelular, e um sítio
insulina. Os resultados obtidos por Wang et al. ativo enzimático na face citoplasmática. Após a
(2011) estão em concordância com os obtidos ativação do receptor, realizada pela ligação da
no estudo supracitado. Os autores concluíram insulina a seus domínios extracelulares, cada
que cinco aminoácidos (leucina, isoleucina, subunidade citoplasmática fosforila três
valina, tirosina e fenilalanina) estão altamente resíduos de tirosina críticos próximos ao
correlacionados com o desenvolvimento da carboxiterminal da outra subunidade no dímero.
diabetes. Essa autofosforilação provoca uma mudança
Devido ao papel fundamental dos ACR, vários conformacional que expõe seu sítio ativo. Com
estudos foram realizados com o intuito de a liberação do sítio ativo da tirosina-quinase
avaliar a suplementação destes aminoácidos na ocorre a fosforilação do IRS-1, que é
nutrição animal, bem como as possíveis responsável por se ligar à enzima
interações e antagonismos, mas observa-se uma fosfoinositideo-3-cinase (PI-3K), ativando-a.
escassez de informações sistematizadas sobre a Assim, a PI-3K converte o lipídeo de membrana
relação dos ACR com a glicemia. Nesse sentido, fosfatidilinositol-4,5-bifosfato (PIP2) em
essa revisão de literatura tem o objetivo de fosfatidilinositol-3,4,5- trifosfato (PIP3) (Nelson
abordar os conceitos sobre ACR e sua interação e Cox, 2011). O aumento da conversão de PIP2
com a glicemia e como podem promover a em PIP3 provoca o recrutamento de enzimas
insensibilidade à insulina, assim como abordar a que contêm domínios homólogos de plecstrina
importância do conhecimento do metabolismo (PH). Isso inclui a proteína cinase B (PKB) e a
PDK1, tanto em células musculares quanto do

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tecido adiposo (Leney e Tavaré, 2009). A DCCR e a fenilalanina hidroxilase podem ser
PDK1 fosforila a enzima PKB na treonina (Thr reguladas por fosforilação e desfosforilação, o
308), no entanto, deve ser realizada outra que possibilita uma rápida alteração na
fosforilação no resíduo de serina (Ser 473) para atividade enzimática (Harper et al., 1984).
que seja totalmente ativada, porém, a PDK1 não A suplementação de leucina na dieta de
é capaz disso, e esta fosforilação será então suínos aumentou os níveis de leucina e KIC
realizada pela mTOR-RICTOR (Hresko e presentes no plasma, diminuiu os níveis
Mueckler, 2005). plasmáticos de valina e KIV e também de
As enzimas AS160 e TBC1D1 modulam a isoleucina e KMV, esse resultado indica o
atividade das Rap-GTPase, enzimas que podem aumento do catabolismo destes aminoácidos
inibir a translocação dos transportadores de (Wiltafsky et al., 2010). A suplementação de
GLUT-4 até a membrana plasmática e uma vez leucina ainda foi responsável por aumentar a
ativa, a PKB fosforila as enzimas AS160 e atividade do complexo DCCR no fígado. Já o
TBC1D1, inativando-as. Com isso, ocorre a aumento da inclusão de valina na dieta foi
translocação dos transportadores de glicose e responsável por aumentar os níveis plasmáticos
incorporação destes à membrana celular (Ho, de KIV, mas não alterou a concentração
2011). plasmática de KIC e KMV (Xu et al., 2018).
A leucina também compete com o triptofano
Aminoácidos de cadeia ramificada na transposição da barreira hematoencefálica, o
Os ACR caracterizam-se por sua estrutura de que resulta em menor concentração de
cadeias laterais ramificadas, sendo oxidados triptofano no cérebro e, consequentemente,
como combustíveis pelos tecidos muscular, menor produção de serotonina, desencadeando a
adiposo e renal. Por apresentarem estruturas redução do consumo e do ganho de peso em
semelhantes, compartilham as mesmas enzimas suínos (Henry et al., 1996). Não só a leucina,
nos processos de transaminação e mas todos os ACR competem com o triptofano
descarboxilação. A atividade da ATACR é alta livre pela ligação ao mesmo transportador de
nos músculos, já a DCCR apresenta maior aminoácidos neutros na barreira
atividade no fígado. A expressão do RNA hematoencefálica; a entrada do triptofano no
mitocondrial da aminotransferase dos sistema nervoso central é regulada pela razão
aminoácidos de cadeia ramificada em suínos plasmática de triptofano livre: ACR (Rogero e
chega a ser 137 vezes maior no coração, quando Tirapegui, 2008), além dos aminoácidos
comparada à presente no fígado (Wiltafsky et aromáticos fenilalanina e tirosina.
al., 2010). Rações com elevados teores de proteína
Com a transaminação dos ACR ocorre a bruta podem alterar a produção de serotonina,
formação dos seus respectivos α-cetoácidos, pois fornecem uma alta quantidade de ANCL,
conhecidos como α-cetoisocaproato (KIC), α- quais sejam a leucina, valina, isoleucina,
ceto-β-metilvalerato (KMV) e α-cetoisovalerato fenilalanina e tirosina, aumentando a proporção
(KIV), provenientes da leucina, isoleucina e destes em relação ao triptofano. Assim, ocorrerá
valina, respectivamente (Figura 1). Como o a diminuição da entrada de triptofano no sistema
processo de transaminação é reversível, os α- nervoso central pela maior competição aos
cetoácidos podem ser transportados através da transportadores de aminoácidos neutros
corrente sanguínea até outros tecidos e ser presentes na barreira hematoencefálica. Ocorre
reaminados para que os ACR sejam restaurados o oposto quando uma dieta é rica em
e utilizados na síntese de novas proteínas carboidratos, ou seja, a maior secreção de
(Harper et al., 1984). insulina promove a captação de leucina, valina e
O catabolismo dos três ACR é controlado, isoleucina para os tecidos periféricos e,
principalmente, por um ciclo de fosforilação e consequentemente, favorece o triptofano, por
desfosforilação da enzima DCCR, tornando-a melhorar sua relação sérica com os aminoácidos
ativa (fosforilada) ou inativa (desfosforilada) neutros ( Young, 1991; Dye et al., 2000).
(Figura 1). A baixa ingestão de proteínas Com o catabolismo dos ACR, ocorre a
favorece a inativação da DCCR, enquanto que a formação de novos aminoácidos, especialmente
alta ingestão favorece sua ativação. Dietas com a glutamina e a alanina. Dentre todos os
alta concentração de leucina podem aumentar a aminoácidos, a glutamina é o que está em maior
exigência de valina e isoleucina, já que a leucina concentração na circulação. Esse aminoácido é
também favorece a ativação da DCCR através uma reserva de nitrogênio para o músculo e é
da inibição da quinase responsável por sua capaz de transportá-lo entre os tecidos
fosforilação, aumentando assim o catabolismo (DeBerardinis e Cheng, 2010). Já a alanina,
dos α-cetoácidos de cadeia ramificada (Rogero e além de ser utilizada para a síntese de proteínas,
Tirapegui, 2008). Entre as enzimas responsáveis também pode ser utilizada como precursora para
pelo catabolismo dos aminoácidos, apenas a a gliconeogênese no fígado (O’Connell, 2013).

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A alanina é sintetizada a partir do piruvato Por outro lado, o catabolismo da glicose


gerado da glicólise aeróbica e da transferência pode proporcionar a formação do malonil Coa,
do grupo amino do glutamato. A transaminação que é um inibidor da oxidação de ácidos graxos,
dos ACR, catalisada pela enzima ATACR, é capaz de inibir a carnitina palmitoil transferase
responsável pela formação do glutamato a partir 1, responsável por transportar os ácidos graxos
do α-cetoglutarato. Galim et al. (1980) e para o interior da mitocôndria para que a
Haymond e Miles (1982) identificaram que oxidação ocorra (Vavrova et al., 2016).
entre 30-53% e 28%, respectivamente, do Contudo, estudos recentes comprovam que,
nitrogênio encontrado na alanina era além dos lipídios, os aminoácidos de cadeia
proveniente da leucina; estes estudos ramificada e aminoácidos aromáticos também
comprovaram que grande parte da alanina podem estar relacionados com distúrbios
utiliza o nitrogênio proveniente dos ACR para metabólicos (Newgard, 2012).
sua formação. A alanina formada no músculo é Alterações na expressão de genes
transportada através da corrente sanguínea até o responsáveis pelo catabolismo dos ACR podem
fígado. A enzima alanina-aminotransferase causar um impacto significativo em seus níveis
catalisa a reação que transfere o grupo amino da circulantes. A diminuição da expressão desses
alanina para o α-cetoglutarato, formando o genes resultou em aumento dos níveis de ACR
glutamato e piruvato. O piruvato, por meio da circulantes. A atividade de enzimas chave no
gliconeogênese, é utilizado para a produção de catabolismo dos ACR nos adipócitos e no
glicose que, por sua vez, pode ser transportada fígado é influenciada pela obesidade já que, em
de volta para o músculo em que será utilizada comparação a ratos magros, ocorre um aumento
(Nelson e Cox, 2011). da fosforilação do complexo desidrogenase dos
α-cetoácidos de cadeia ramificada em ratos
Lipídios e a resistência à insulina obesos. A fosforilação desse complexo é
Os adipócitos não são unicamente responsável por inativá-lo, cessando, dessa
responsáveis pelo armazenamento de ácidos forma, o catabolismo dos ACR (She et al.,
graxos, mas também pela síntese de substâncias 2007). De forma semelhante, Lackey et al.
essenciais para o organismo. A obesidade é (2013) identificaram que no tecido adiposo de
responsável por provocar alterações nas funções pacientes obesos que apresentavam resistência à
dos adipócitos. Os ácidos graxos livres (AGL) insulina, e também em ratos obesos, a expressão
promovem a ativação dos macrófagos presentes gênica de enzimas responsáveis por realizar o
no tecido adiposo. Com isso, ocorre a formação catabolismo dos ACR foi significativamente
de citocinas pró-inflamatórias, como a menor, o que resultou no aumento dos níveis
interleucina 6 (IL-6) e fatores de necrose citoplasmáticos dos ACR no plasma. Segundo
tumoral alfa (TNF-α). O aumento dos níveis Estrada-Alcalde et al. (2017) a alta concentração
circulantes de IL-6, TNF-α e AGL resultam em de lipídios na dieta também pode diminuir a
resistência à insulina no fígado e nos músculos, expressão de enzimas responsáveis pelo
levando à maior produção de glicose no fígado e catabolismo dos ACR. Portanto, o excesso na
menor captação desta pelo tecido muscular (Yao ingestão de lipídios e o acúmulo de tecido
et al., 2016). Além disso, o aumento crônico nos adiposo podem promover o acúmulo dos ACR
níveis de AGL inibem a secreção de insulina (Gannon et al., 2018).
pelas células β do pâncreas, através da maior
expressão da proteína desacopladora 2 (UCP-2), mTOR e a resistência à insulina
que provoca a diminuição da produção de ATP Há muito tempo sabe-se que a leucina é um
que é necessária para a secreção de insulina, e aminoácido chave na síntese proteica, e seu
posteriormente pode resultar na apoptose das efeito anabólico é intermediado por uma
células β (Zhao et al., 2006). proteína serina/treonina quinase, a proteína
O aumento da lipólise durante o jejum mTOR, que é essencial para que ocorram os
resulta em maior disponibilidade de ácidos processos de crescimento, desenvolvimento,
graxos livres circulantes, o que provoca a proliferação celular e síntese proteica (Zoncu et
dependência dos tecidos para que sua demanda al., 2011). A mTOR pode se apresentar em dois
energética seja suprida através da oxidação complexos distintos, mTORC1 e mTORC2 (
destes ácidos graxos. A oxidação da glicose Wang e Guo, 2013; Bar-Peled e Sabatini, 2014).
nestas condições é reduzida, em partes, pela A diferença entre os dois complexos é que a
formação de subprodutos gerados a partir da mTORC1 é muito sensível à rapamicina e
oxidação dos ácidos graxos, que são capazes de estimula, principalmente, a síntese proteica e o
suprimir passos chave no metabolismo crescimento celular; já o mTORC2 exibe uma
glicolítico, como a formação do acetil Coa a inibição limitada pela rapamicina e estimula
partir do piruvato, realizada pelo complexo da principalmente a proliferação celular (Adeva et
piruvato desidrogenase (Randle et al., 1963). al., 2012).

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Figura 1. Catabolismo dos aminoácidos de cadeia ramificada demostrando a ação da enzima


aminotransferase dos aminoácidos de cadeia ramificada (ATACR) responsável pela transaminação dos
três ACR; embora não conste na ilustração, esta etapa é dependente de vitamina B6. A segunda etapa
demonstra a ação do complexo desidrogenase dos α-cetoácidos de cadeia ramificada (DCCR), que
quando fosforilado (inativo) e ao ser desfosforilado promove a descarboxilação do α-cetoisocaproato
(KIC), α-ceto-β-metilvalerato (KMV) e α-cetoisovalerato (KIV) (Adaptado de Newgard, 2012).

O processo de crescimento celular iniciar a síntese de novas proteínas, atuar em


promovido pela mTORC1 é regulado por outra via, através da fosforilação de resíduos de
diversos fatores intracelulares e extracelulares, serina na IRS-1 (Yoon, 2016). A fosforilação da
que incluem os fatores de crescimento, o status IRS-1 faz com que sua atividade seja
energético da célula, oxigenação e comprometida, impossibilitando sua união a PI-
disponibilidade de aminoácidos (Yoon, 2016). 3K; com isso, a resposta da interação da insulina
A insulina também é responsável por modular a com seu receptor de membrana fica
atividade da mTOR, potencializando o efeito da comprometida, já que a IRS-1 e PI-3K
leucina sobre a síntese proteica, mediante desempenham papel fundamental nesta via, o
ativação da PKB, que é capaz de inibir a que pode resultar na resistência à insulina.
proteína tuberina (TSC2), fosforilando-a e Entretanto, Rajan et al. (2013) concluíram que a
inativando o complexo TSC2/TSC1. A leucina S6K1 não é a enzima responsável por fosforilar
também promove seu efeito anabólico por a serina 307 presente na IRS-1.
intermédio da inibição da TSC2 (Duan et al., Além das enzimas já mencionadas, a
2015) (Figura 2). Porém, estudos sugerem que a mTORC1 também é responsável por fosforilar a
ação da insulina sobre a síntese de proteínas não proteína ligada ao receptor do fator de
ocorre sem a presença de aminoácidos, e que a crescimento 10 (growth factor receptor-bound
insulina e aminoácidos agem em conjunto para protein 10 – Grb 10) e, quando fosforilada,
estimular as funções mitocondriais das células também é capaz de inibir a PI-3K, diminuindo a
musculares e síntese de proteínas (Barazzoni et sensibilidade da célula à insulina e inibindo a
al., 2012). atividade das proteínas quinases ativadas por
O complexo TSC2/TSC1 é capaz de inibir a mitógenos (MAPK); com isso tem sido
mTOR, pois induz à inativação de uma proteína considerada uma proteína capaz de suprimir o
G, a Rheb; essa inibição ocorre em virtude da desenvolvimento de tumores (Yu et al., 2011).
transformação de Rheb-GTP (forma ativa) em
Rheb-GDP (forma inativa). Sendo a Rheb a
responsável por ativar o mTORC1, sua
inativação é responsável por reprimir a síntese
proteica (Duan et al., 2015).
A mTORC1 ativa é responsável por
fosforilar a S6K1 e a proteína ligadora do fator
de iniciação eucariótico (4E-BP1), sendo então
responsáveis por iniciar a síntese proteica.
Entretanto, mTORC1 e S6K1 podem, além de

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Figura 2: Reação intracelular que ocorre nas células após a ação da insulina em suas células alvo;
leucina promovendo a ativação da mTORC1 por meio da inibição das tuberinas; insulina por meio da
PKB potencializando a ação da leucina pela inativação das tuberinas; mTORC1 e S6K1 agindo sobre a
IRS-1, o que por fim pode causar a insensibilidade da célula à insulina (Adaptado de Yoon 2016)

O processo de síntese proteica desencadeado Brasileiras (Rostagno et al., 2011; Rostagno et


pela leucina, via mTOR, é responsável por al., 2017), podemos observar que ao mesmo
grande parte do gasto energético da célula, e a tempo em que houve uma tendência na redução
síntese é um dos processos que mais consomem dos níveis proteicos utilizados nas formulações
energia celular. A AMP-proteína quinase para suínos em crescimento e terminação, houve
ativada (AMPK) é uma proteína regulada pelas aumento na exigência de aminoácidos, como no
mudanças nas concentrações de ATP na célula. caso da valina digestível que, para suínos
Quando os níveis de AMP começam a aumentar machos castrados de alto potencial genético
e de ATP a reduzir, ocorre a ativação da AMPK. com desempenho superior (30-50 kg),
Entre suas funções, ela pode inibir a mTORC1 aumentou em 11,79%.
através da ativação da TSC2. Altos níveis de A redução da proteína bruta (PB) das dietas,
glicose inibem a atividade da AMPK, aliada à suplementação de aminoácidos
consequentemente o efeito inibitório da industriais, pode proporcionar menor excreção
TSC2/TSC1 é mitigado (Duan et al., 2015). de nitrogênio e, consequentemente, menor
emissão de gases de efeito estufa, tais como
Importância dos ACR na nutrição de amônia (NH3) e óxido de nitroso (N2O). A cada
suínos 1% de redução na PB das dietas de suínos é
Como podemos observar, o conhecimento possível diminuir a excreção de N em 8%
sobre o metabolismo dos ACR é fundamental (NRC, 2012), além da redução de 24,1% na
para que possamos fornecer a nutrição adequada excreção de N, sem que o desempenho dos
aos animais de produção, visto que estes suínos seja prejudicado, Monteiro et al. (2017)
aminoácidos podem modular o metabolismo também obtiveram redução no custo de
proteico, lipídico e da glicose e assim estão produção dos animais que receberam dietas com
diretamente relacionados ao desempenho dos redução dos níveis de PB.
animais, à qualidade de carne e até mesmo ao Atualmente, as dietas são formuladas
impacto ambiental causado pela produção. Os utilizando-se o conceito da proteína ideal, de
estudos relacionados a estes aminoácidos forma a atender as exigências diárias dos
apresentam maior importância na nutrição animais, sem que ocorra excesso de nutrientes.
animal quando observamos a tabelas de Isso só é possível com a inclusão de
exigências nutricionais. No caso das Tabelas aminoácidos industriais à ração. Os

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aminoácidos mais comumente utilizados são a três ACR, o aumento de sua atividade pode
lisina, metionina, triptofano e treonina, porém, proporcionar menor disponibilidade de valina e
de acordo com Figueroa et al. (2002), em dietas isoleucina no sangue. Com isso, a demanda de
à base de milho e farelo de soja e com redução valina e isoleucina na dieta aumentam quando
de PB, a valina e isoleucina podem ser os há suplementação de leucina (Zhang et al.,
próximos aminoácidos limitantes a restringirem 2016).
o crescimento dos animais se não forem Em um estudo utilizando leitões alimentados
suplementados. Segundo Xu et al. (2018), com dietas contendo diferentes níveis de leucina
leitões atingem seu máximo crescimento quando e valina, Meyer et al. (2017) observaram que o
a relação valina/lisina digestível é de 68%. As excesso de leucina provocou queda no
Tabelas Brasileiras (Rostagno et al., 2017) e o desempenho dos animais e que, embora os
NRC (2012) propõem os valores de 69% e 63%, animais que receberam dietas com menor
respectivamente. Além da possível limitação concentração de valina tenham apresentado uma
destes aminoácidos, o que vem sendo estudada é queda mais severa no desempenho, os animais
a interação existente entre eles ( Wiltafsky et al., que receberam dietas com alta concentração de
2010; Millet et al., 2015; Meyer et al., 2017). valina também apresentaram queda no
Os alimentos comumente utilizados nas desempenho quando alimentados com excesso
rações possuem maior quantidade de leucina do de leucina. A suplementação de valina ainda
que valina e isoleucina. O farelo de soja, um dos pode melhorar a morfologia intestinal, uma vez
principais alimentos utilizados como fonte de que Xu et al. (2018) observaram aumento na
proteína na alimentação de aves e suínos, altura das vilosidades do intestino (duodeno,
contém 3,51; 2,22 e 2,13%, de leucina, jejuno e íleo) em função da suplementação de
isoleucina e valina, respectivamente; já o milho valina, o que pode ter contribuído para o
possui 0,95; 0,26; 0,36% de leucina, isoleucina melhor desempenho dos leitões, devido à
e valina, respectivamente (Rostagno et al., importância das vilosidades nos processos de
2017). Ou seja, o milho possui 72,63% a mais digestão e absorção dos nutrientes.
de leucina que isoleucina, contudo a diferença Diferentes níveis de leucina em relação à
não é tão expressiva no farelo de soja, mas as valina para suínos em crescimento também
concentrações destes aminoácidos são elevadas foram estudados por Huepa et al. (2018).
nesse ingrediente. Com isso, a redução de Independente do nível de leucina avaliado (1,20
proteína das rações, sem que ocorra a e 1,77%), não foi observada nenhuma diferença
suplementação de isoleucina e valina, pode no desempenho dos animais. Contudo, houve
resultar na deficiência destes aminoácidos, não diferença significativa em relação aos níveis de
atendendo às exigências diárias dos animais e glicose, em que os animais que consumiram
comprometendo seu desempenho. ração com maior inclusão de leucina
Como o excesso de leucina pode alterar a apresentaram maior quantidade de glicose
exigência de valina e isoleucina, pelo aumento plasmática. Isso pode estar relacionado à ação
da atividade do complexo enzimático DCCR da mTOR, S6K1 e demais proteínas que podem
(Rogero e Tirapegui, 2008), é importante que ser ativadas pela maior concentração de leucina,
em rações com redução de PB sejam calculadas o que resultará na fosforilação e inativação de
as quantidades de valina e isoleucina que estão proteínas fundamentais para a sinalização
sendo fornecidas, pois quando há redução de PB desencadeada pela insulina.
da ração, em dietas convencionais à base de A relação entre a leucina, isoleucina e valina
milho e farelo de soja, ocorre menor inclusão de também pode modificar a composição corporal
farelo de soja e maior de milho, sabendo-se que dos suínos, devido à maior expressão e ativação
o milho apresenta maior diferença entre os de diversas proteínas, entre elas a mTOR e
ACR, logo, sua maior inclusão pode AMPK, e a partir da ação de hormônios, como a
potencializar o antagonismo entre os ACR. adiponectina e a leptina. Quando a relação entre
O excesso de leucina na dieta de suínos em os ACR está em equilíbrio (relação 1:1:1 de
crescimento proporciona uma menor absorção e leucina, isoleucina e valina, respectivamente)
maior degradação da valina e isoleucina, ocorre o maior acúmulo de gordura na carcaça;
reduzindo os níveis séricos destes aminoácidos mas quando a leucina prevalece na relação entre
no sangue (Morales et al., 2016). Entretanto, eles (relação 1:0,25:0,25 de leucina, isoleucina e
estes mesmos autores observaram que o valina, respectivamente) é observada uma maior
aumento dietético de valina e isoleucina atenuou concentração de adiponectina e,
este antagonismo. A menor concentração consequentemente, menor quantidade de
plasmática de valina e isoleucina pode ser gordura. A maior concentração de leucina em
explicada pelo aumento da atividade do relação aos outros ACR pode estimular a maior
complexo DCCR causada pela leucina. Como liberação de adiponectina dos adipócitos. A
essa enzima é responsável pela degradação dos adiponectina provoca a ativação da AMPK,

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proteína que tem como função reestabelecer a


reserva energética das células, promovendo a Conclusão
biogênese mitocondrial, o que resultará na
maior oxidação de ácidos graxos e, com isso, o
menor acúmulo de gordura (Duan et al., 2018). O conhecimento do metabolismo dos ACR e
No trabalho supracitado também foram sua influência em outras vias catabólicas e
observadas diferenças na expressão de enzimas, anabólicas, como dos lipídios e carboidratos, é
entre elas a acetil-CoA-carboxilase (ACC), que de fundamental importância para o
é responsável por catalisar a formação do entendimento do desenvolvimento da resistência
malonil-CoA a partir de acetil-CoA e à insulina. Entre os aminoácidos, muita atenção
bicarbonato, passo inicial na síntese de ácidos tem sido dada aos ACR, devido à sua provável
graxos. No tratamento em que havia maior inibição na resposta à insulina, assim como o
concentração de leucina, em relação aos outros efeito de seus metabólitos nesta via. Um
ACR, ocorreu menor expressão dessa enzima. crescente número de evidências tem mostrado
Em outros trabalhos que avaliaram a que sensores celulares, como o AMPK, mTOR e
suplementação de leucina também foram processos como biogênese mitocondrial, têm
observadas diferenças na expressão da ACC (Fu grande influência sobre estas vias, e que o
et al., 2015). entendimento da relação entre a síntese proteica
Como o excesso de leucina também pode e o metabolismo energético é de grande
resultar na diminuição do consumo, em interesse na produção animal, pois isso poderia
decorrência da menor produção de serotonina, auxiliar em estratégias que favoreçam a melhor
pesquisadores avaliaram se a suplementação de composição corporal e desempenho dos
valina, isoleucina ou triptofano poderia reverter animais, e também para os humanos, o que
os efeitos causados pelo excesso de leucina na poderia representar o desenvolvimento de novas
dieta de suínos. Millet et al. (2015) concluíram estratégias que favoreçam a perda de tecido
que a queda no desempenho causada pelo adiposo em excesso e alternativas para o
excesso de leucina pode ser revertida pela tratamento de distúrbios metabólicos.
suplementação de valina, porém, esta queda no
desempenho não pode ser mitigada pela Bibliografia
suplementação de isoleucina ou triptofano.
A compreensão do metabolismo dos ACR
pode ainda auxiliar para o melhor desempenho Adeva MM, Calviño J, Souto G, Donapetry C
de leitões na fase de lactação, uma fase crítica (2012). Insulin resistance and the
na suinocultura. O aumento da prolificidade nas metabolism of branched-chain amino acids
genéticas modernas é fundamental para que as in humans. Amino Acids, 43, 171–181.
granjas possam atingir melhores resultados Bar-Peled L e Sabatini, DM (2014). Regulation
econômicos, porém fêmeas prolíficas of mTORC1 by amino acids. Trends Cell
demandam maior atenção e cuidados durante a Biol, 24, 400–406.
fase de gestação e lactação, visto que o aumento Barazzoni R, Short KR, Asmann Y, Coenen-
do número de leitões nascidos resulta em menor Schimke JM, Robinson MM, Sreekumaran
peso ao nascimento e maior variabilidade. Para Nair K (2012). Insulin fails to enhance
a maior sobrevivência dos leitões nessa fase é mTOR phosphorylation, mitochondrial
preciso garantir a adequada ingestão de leite. protein synthesis, and ATP production in
Nesse sentido, Moser et al. (2000) concluíram human skeletal muscle without amino acid
que a maior inclusão de valina na dieta replacement. American Journal of
melhorou o peso dos leitões ao desmame, fato Physiology-Endocrinology and Metabolism,
que pode estar relacionado à necessidade dos 303, E1117–E1125.
ACR para a síntese de outros aminoácidos DeBerardinis RJ e Cheng T (2010). Q's next:
presentes no leite, como a glutamina e o asparto The diverse functions of glutamine in
(aminoácidos presentes em grande quantidade metabolism, cell biology and cancer.
na proteína do leite) o que pode ser comprovado Oncogene, 29, 313–324.
pela atividade da enzima ATACR, que no tecido Dodd KM e Tee AR (2012). Leucine and
mamário é 258, 538 e 219% mais alta que no mTORC1: a complex relationship. American
músculo esquelético, fígado e intestino delgado, Journal of Physiology-Endocrinology and
respectivamente (Li et al., 2009). Metabolism, 302, E1329–E1342.
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