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Profª: Alessandra Vieira

Protistas
Introdução
 O termo protista deriva do grego e significa “primeiro de todos”, refletindo a
ideia de que eles teriam sido os primeiros eucariontes a surgir no curso da
evolução.
 atualmente o termo protista não se aplica mais para reino, mas pode ser
usado como um coletivo para organismos eucariontes uni ou multicelulares
sem tecidos. Outros dois termos muito empregados para esses seres são:
protozoários e algas.
 O termo protozoário deriva do grego e significa “primeiro animal”. Ele foi
criado há muitos anos, quando se falava em Filo Protozoa dentro do Reino
Animal, para unicelulares heterótrofos. Atualmente, emprega-se
“protozoário” como uma designação coletiva, sem valor taxonômico, para
unicelulares eucariontes heterótrofos que obtêm seus alimentos por ingestão
ou absorção, e não se fala mais em animais unicelulares.
 O termo alga também é empregado como uma designação coletiva, sem valor
taxonômico. São algas os seres fotossintetizantes oxígenos que vivem em
ambiente aquático ou terrestre úmido e que não apresentam organização
complexa do corpo, podendo ser uni ou multicelulares, mas sem formar tecidos
diferenciados.
 são importantes na produção do gás oxigênio para os ecossistemas.
 constituem a base da alimentação de animais aquáticos, e algumas espécies
de algas multicelulares
 são também utilizadas na alimentação humana, caso da nori (alga vermelha
usada para enrolar o sushi), da wakame (alga parda usada em sopas) e da
kombu (alga parda usada em pratos como arroz e leguminosas).
 Certas espécies de algas multicelulares produzem grandes quantidades
de substâncias utilizadas comercialmente. É o caso dos alginatos,
substâncias viscosas produzidas por algumas espécies de algas pardas,
que são usados na fabricação de papel e como estabilizadores em
cremes dentais e sorvetes.
 Outros exemplos são o ágar e a carragenina (carragena ou carragenana),
encontrados em espécies de algas vermelhas e usados para finalidades
diversas: na indústria farmacêutica, na fabricação de cosméticos e de
gelatinas, no preparo de meios de cultura para bactérias e com
emulsionante, estabilizante e espessante em alimentos.

A gelatina e o sorvete são exemplos de


alimentos fabricados com substâncias extraídas de
algas.
Endossimbiose e evolução dos eucariontes

 Na origem e na evolução da célula eucariótica, houve inicialmente um evento de


endossimbiose – em que uma célula eucariótica teria englobado bactérias
aeróbias, que deram origem às mitocôndrias; mais tarde, houve um novo evento de
endossimbiose, em que um eucarionte que já tinha mitocôndrias teria englobado
cianobactérias. Estas deram origem aos cloroplastos.
 Esses eventos de endossimbiose que deram origem, respectivamente, a
mitocôndrias e depois cloroplastos são chamados primários.
 A linhagem dos organismos com cloroplastos sofreu grandes modificações
e diversificação. Enquanto a mitocôndria se originou apenas por
endossimbiose primária, os cloroplastos se originaram por endossimbiose
primária e também por eventos independentes de endossimbiose
secundária.
A Classificação Antiga
 Antigamente, os protozoários eram classificados em quatro filos com base
na presença e na estrutura de locomoção.
 Filo Sarcodina ou Rhizopoda – protozoários heterótrofos que se deslocam
ou capturam alimento por meio de pseudópodes (pseudo = falso; podos =
pés), como é o caso dos amebozoários e dos foraminíferos;
 Filo Flagellata ou Mastigophora (mastix = flagelo; phoros = portador) –
protozoários que se deslocam por meio de flagelos, como é o caso das
euglenófitas, tripanossomos, giárdias, triconinfas, tricomonas;
 Filo Ciliophora – protozoários heterótrofos que se deslocam ou obtêm
alimento por meio de cílios; esse é o único grupo que se mantém igual à
classificação tradicional;
 Filo Sporozoa – protozoários heterótrofos que não apresentam estruturas
especiais para o deslocamento, como pseudópodes, cílios e flagelos, mas
podem se deslocar no meio por flexões do corpo ou por deslizamento;
obtêm alimento principalmente por absorção ou pinocitose; é o caso do
plasmódio, causador da malária.
Diplomonadidas e parabasálidas
 Na linhagem dos organismos heterótrofos resultantes apenas da
endossimbiose que originou as mitocôndrias, houve em alguns grupos
modificações nessas organelas, e elas deixaram de realizar a respiração.
 Foi o que ocorreu nos diplomonadidas e parabasálidas; os representantes
desses grupos são anaeróbios.
 O exemplo mais importante de diplomonadidas para a saúde humana é a
Giardia intestinalis (ou G. lamblia), parasita intestinal responsável pela
giardíase.
Os parabasálidas mais importantes são:
 • triconinfas (gênero Trichonympha), que vivem em mutualismo no intestino de
insetos comedores de madeira, como é o caso dos cupins;

 • Trichomonas vaginalis, que causa a tricomoníase, doença sexualmente


transmissível de ampla ocorrência, afetando cerca de 170 milhões de pessoas
no mundo.
Amebozoários
 Os mixomicetos são organismos que vivem em solos úmidos e sobre os troncos
de árvores; eles se alimentam de detritos.
 As amebas podem ser encontradas em água doce, solos úmidos e mares.
Algumas espécies são parasitas, inclusive do ser humano.
 As amebas locomovem-se por meio de pseudópodes (movimento ameboide),
que também são empregados na captura de alimento por fagocitose. Esses
organismos se alimentam de pequenos protozoários, fungos e algas, e também
de protoplasma (citosol) morto, digeridos intracelularmente.
 Protistas que vivem em água doce, como a Amoeba proteus, existem
organelas citoplasmáticas denominadas vacúolos contráteis ou pulsáteis,
que recolhem e eliminam a água em excesso do citoplasma.
Os vacúolos contráteis participam da osmorregulação (regulação osmótica)
nesses protistas.
 Os protozoários de água salgada, no entanto, geralmente não possuem
vacúolos pulsáteis, pois a concentração do meio externo é semelhante à
do citoplasma das células. Esses vacúolos estão ausentes nos parasitas.
Reprodução dos Amebozários

O tipo de reprodução mais comum entre os ameboides é a divisão binária ou


bipartição. Nessa forma de reprodução assexuada a célula divide-se ao
meio, dando origem a duas células-filhas com a mesma informação genética
da célula-mãe.
Foraminíferos
 Foraminíferos também formam pseudópodes, mas diferentes dos que ocorrem
nas amebas. Eles são finos e ramificados (chamados reticulópodes), formando
uma espécie de trama com a qual capturam os pequenos organismos dos
quais se alimentam.
 Foraminíferos são organismos principalmente marinhos que vivem no
sedimento, embora existam algumas espécies que vivem em suspensão na
água. Eles geralmente apresentam exoesqueleto formado por carbonato de
cálcio ou pela aglutinação de areia, espículas de esponjas ou outros materiais
inorgânicos Esses organismos deixaram amplo registro fóssil.
Geólogos usam foraminíferos fósseis como indicadores de locais onde pode
haver petróleo e também para avaliar dados climáticos de eras geológicas
passadas, com base na temperatura dos mares.
Grandes quantidades de carapaças dos foraminíferos foram depositadas no
fundo dos mares ao longo de milhares de anos, dando origem a rochas
sedimentares de coloração esbranquiçada que formam, por exemplo, as
falésias de Dover, na Inglaterra.
Cinetoplastídeos
 Os cinetoplastídeos deslocam-se por meio de flagelo. São caracterizados pela
presença de uma única e grande mitocôndria que, na base do flagelo,
apresenta uma dilatação onde se encontra grande quantidade de DNA. Essa
região da mitocôndria rica em DNA é denominada cinetoplasto (cineto =
movimento).
 Há cinetoplastídeos de vida livre, vivendo em água doce, no mar e em solos
úmidos; há também os parasitas.
 Os mais importantes para a espécie humana são os parasitas dos gêneros
Trypanosoma e Leishmania.
Euglenófitas
 As euglenófitas têm como representante mais conhecido o gênero
Euglena
 As euglenas são algas unicelulares que se locomovem por meio de um
flagelo e vivem principalmente em água doce, mas também em água
salgada.
 A Euglena viridis é um exemplo desse grupo de algas, possui
predominantemente o pigmento verde da clorofila. Ela se reproduz
por bipartição e, quando sua reprodução é intensa, a água pode adquirir
uma coloração esverdeada.
Ciliados
 Os ciliados são protozoários dotados de cílios, estruturas utilizadas na
locomoção e, em alguns casos, na filtragem do alimento. Ocorrem na água
doce, no mar e em ambientes terrestres úmidos.
 É nesse grupo que se encontra a maior diversidade de espécies entre os
protozoários.
 Existem representantes predadores, outros que se alimentam de algas e há,
também, parasitas e filtradores de partículas.
 No paramécio, a ingestão de alimento ocorre pelo citóstoma, estrutura
que tem localização fixa na célula. No citóstoma formam-se os vacúolos
alimentares (fagossomos), que se desprendem para dentro do citoplasma,
onde se fundem com os lisossomos e, já como vacúolos digestivos,
circulam pelo interior da célula movidos pelas região específica da célula,
denominada citopígeo ou citoprocto (termos que significam “ânus de
célula”).
 presença de dois tipos de núcleo: um deles, denominado macronúcleo, é
grande e regula as atividades do metabolismo celular; o outro,
denominado micronúcleo, é pequeno e participa das reproduções
sexuada e assexuada.
 A reprodução assexuada ocorre por divisão binária transversal.
 Na conjugação, dois indivíduos se unem, o macronúcleo sofre
degeneração e o micronúcleo sofre meiose. Há troca e fusão de
micronúcleos entre os indivíduos conjugantes. Nesse tipo de reprodução
não há formação de gametas.
 Entre os ciliados parasitas destaca-se a espécie Balantidium coli , que
causa a balantidiose, (uma parasitose intestinal que produz lesões no
intestino grosso; essas lesões provocam diarreia com sangue nas fezes).
Apicomplexos
 Os apicomplexos, também chamados esporozoários, são parasitas
caracterizados pela ausência de estruturas especializadas para
locomoção. Eles, no entanto, conseguem se deslocar por flexões no corpo
ou por deslizamento.
 O nome apicomplexo deve-se à presença, na célula desses organismos,
de uma estrutura chamada complexo apical, relacionada ao processo de
penetração ou fixação desse parasita na célula do hospedeiro.
 A malária é causada por esporozoários do gênero Plasmodium.
Existem três espécies no Brasil:
 • Plasmodium vivax: causam acessos febris a cada 48 horas (o nome
popular da doença é, neste caso, febre terçã benigna — ocorre de 3 em
3 dias);
 • Plasmodium malariae: causam acessos febris a cada 72 horas (febre
quartã benigna);
 • Plasmodium falciparum: causam acessos febris irregulares, de 36 a 48
horas (febre terçã maligna, pois as hemácias parasitadas aglutinam-se e
provocam a obstrução de vasos, podendo levar o indivíduo à morte).

Fotografia
de fêmea do
mosquito
Anopheles sp.
Mede cerca
de 4 mm de
comprimento.
Dinoflagelados
 Esse grupo também é denominado Dinophyta (dino = terrível) ou Pyrrophyta
(pyrro = fogo). A maioria dos dinoflagelados vive no mar, mas existem
algumas espécies de água doce.
 Os dinoflagelados são unicelulares ou coloniais. A forma do corpo é muito
variada, mas em geral têm dois flagelos que se dispõem de modo
característico: um deles circunda a célula, promovendo seu giro como um
pião, e o outro volta-se para a região posterior da célula, fazendo com que
ela se desloque para a frente. Fala-se que esse flagelo “empurra” a célula.
 Metade das espécies de dinoflagelados é heterótrofa, como é o caso da
espécie Noctiluca scintillans, uma das responsáveis pela bioluminescência
nas águas do mar. A noctiluca captura seu alimento usando um longo
tentáculo. Os flagelos são reduzidos.
 As formas autótrofas são importantes produtoras no ecossistema marinho. É o
caso de espécies do gênero Gimnodinium e Ceratium, ambos comuns no pl
 Entre os dinoflagelados existem representantes tóxicos, como Gonyaulax
catenela e Gymnodinium breve, duas das espécies que podem provocar um
fenômeno conhecido por maré vermelha: sob determinadas condições
ambientais, ocorre intensa proliferação de organismos tóxicos, formando
extensas manchas de cor geralmente avermelhada ou amarelada na
superfície do mar e causando grande mortalidade de peixes e de outros
animais marinhos.
Branqueamento de Corais
Um fenômeno que tem acontecido no ambiente marinho em função de
alterações ambientais, como aumento de temperatura da água e poluição, é o
“branqueamento” de corais. Essas alterações provocam a morte das
zooxantelas, dinoflagelados bastante modificados que vivem em mutualismo nos
tecidos dos hospedeiros. Como a cor da maioria desses hospedeiros resulta, em
grande parte, das zooxantelas, seus tecidos tornam-se pálidos ou brancos, daí o
nome “branqueamento”. No caso do branqueamento de corais, a situação é
preocupante, pois esses organismos recebem nutrientes sintetizados pelas
zooxantelas e dependem delas para o processo de secreção de cálcio e
formação do esqueleto. Sem as zooxantelas, os tecidos dos corais ficam
praticamente transparentes, revelando o esqueleto branco subjacente. Muitos
pesquisadores têm proposto que o branqueamento dos recifes de coral poderia
ser usado como bioindicador do aquecimento global.
Diatomáceas
 As diatomáceas vivem em ambiente de água doce ou no mar. São
unicelulares ou coloniais e fotossintetizantes.
 A célula apresenta parede celular rígida, denominada frústula ou
carapaça, impregnada de compostos de sílica.
 Existem depósitos seculares dessas carapaças, denominados terras de
diatomáceas ou diatomito, que, em algumas regiões, como o Nordeste
brasileiro, atingem grandes proporções e são explorados comercialmente.
 Essas carapaças são utilizadas, por exemplo, na fabricação de cosméticos,
produtos de polimento e até mesmo tijolos.

Igreja Matriz - Fortaleza-CE


Algas pardas
 As algas pardas ou feofíceas (Phaeophyta) são principalmente marinhas.
Entre elas há representantes de grande porte, com cerca de 60 m de
comprimento, que são conhecidos por kelps e chegam a formar extensas
“florestas aquáticas” nas costas frias e temperadas dos continentes.
 No Brasil, as algas pardas de grande porte chegam a 4 metros de
comprimento e ocorrem no litoral do Espírito Santo.
 Outro exemplo de alga parda comum no Brasil pertence ao gênero
Sargassum, que ocorre em rochas nas regiões entremarés de grande parte
do litoral brasileiro.
 Algumas espécies são apreciadas como alimento, caso da Laminaria
japonica (conhecida comercialmente como kombu) e da Undaria
pinnatifida (conhecida comercialmente como wakame).Também são
usadas no preparo de carnes, peixes, molhos e sopas e como tempero.
Elas possuem altos teores de proteínas, vitaminas e sais minerais,
importantes para a dieta humana.

kombu wakame
Referências Bibliográficas

Lopes, Sônia Bio, volume 2 / Sônia Lopes, Sergio Rosso. -- 3. ed. -- São Paulo :
Saraiva, 2016.

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