Brasil Seikyo - Edição 2537 - 24/10/2020 - pág.
18 - Caderno Nova Revolução Humana
Brasil Seikyo - Caderno Nova Revolução Humana
Manter a verdade
PARTE 35
A história da humanidade registra
claramente o mundo real de sobrevivência
dos mais fortes mantido pelo poder das
armas, pela violência das guerras, dos
massacres, dos saques, das injustas
invasões e dos domínios. O fato de
Mahatma Gandhi ter conseguido
perseverar nos atos de não violência e de
desobediência se deve à sua confiança
absoluta no ser humano. Além disso, havia
o princípio de satyagraha (manter a
verdade) que corresponde à fé e à
convicção religiosa.
Diz-se que em suas orações na academia
(ashram), Gandhi havia incluído o daimoku
do Nam-myoho-renge-kyo.
O budismo é um ensinamento que elucida
a verdade eterna e imutável de que todas
as pessoas possuem a natureza de buda
inerente por meio de princípios de
“possessão mútua dos dez mundos” e de
“três mil mundos num único momento da
vida”. Nós, que nos levantamos com essa
convicção religiosa, possuímos o sólido
alicerce espiritual que nos possibilita
herdar o movimento da não violência de
Gandhi.
Depositando flores no memorial de
Gandhi, Shin’ichi enviou orações
prometendo no fundo do seu coração:
“Vou dedicar minha vida para unir a
humanidade e edificar a paz do mundo por
meio do poder do diálogo que simboliza a
não violência”.
Uma brisa suave fazia balançar as árvores.
Depois de depositar flores no memorial, os
membros da comitiva foram conhecer as
dependências do parque conduzidos pelo
administrador. O verde das plantas e das
árvores brilhava sob os raios do sol, e
flores de variadas cores preenchiam o
local. Em um dos cantos do terreno havia
uma pedra onde estava entalhada a
admoestação de Gandhi intitulada “Sete
Erros do Mundo”, em inglês e em hindi, os
quais são: política sem princípio; riqueza
sem trabalho; prazer sem consciência;
conhecimento sem caráter; comércio sem
moralidade; ciência sem humanidade; e
adoração sem sacrifício. São pontos que
vão contra a verdade conceituada por
Gandhi e descrevem de forma aguçada as
causas fundamentais para gerar o mal e
tornar o ser humano infeliz.
Shin’ichi sentiu uma atração especial pelo
item que adverte a “adoração sem
sacrifício”. Uma fé distante da ação não
passa de brincadeira teórica. A fé deve
revolucionar o caráter da pessoa e se
transformar na ação que sacrifica a vida
pela felicidade das pessoas.
 
PARTE 36
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  anos dedicada somente à felicidade das

pessoas.
Visitando Raj Ghat, Shin’ichi orou para que
o espírito de Gandhi continuasse Em particular, um objeto tocou
eternamente junto com aquele local, e profundamente o coração de Shin’ichi. Era
dedicou os seguintes versos ao um tecido com mancha de sangue que
administrador: cobria o corpo de Gandhi no dia do
assassinato dele em 30 de janeiro de 1948.
  Seus passos foram, de fato, uma luta para
mudanças na qual empenhou a própria
O pai da nação dorme vida.

neste local, Além da independência de seu país,

Gandhi se movimentou desejando a
O povo peregrina para este local. harmonia entre os seguidores do
hinduísmo, enraizado na gigantesca Índia,
Oro por muitas felicidades, e do islamismo. Porém, as estratégias de
segregação do governo da Inglaterra e os
Do pai e filho juntos, interesses políticos intensificaram cada vez
mais os conflitos inter-religiosos. Em
eternamente. agosto de 1947, foi conquistada a tão
almejada independência, que ocorreu
 
separando a Índia, de maioria hinduísta, do
Paquistão, de maior número de seguidores
Em Raj Ghat,
do islamismo. Cinco meses depois, um
jovem hinduísta radical, que clamava pela
8 de fevereiro
retaliação aos seguidores do islamismo,
disparou três tiros que acabaram com a
 
vida de Gandhi.

Depois do Raj Ghat, a comitiva visitou o

Gandhi sempre declarava: “Minha religião
Museu Nacional Gandhi, que se localiza
não possui fronteiras geográficas”.1 Essas
quase em frente ao parque. Lá estavam
palavras indicam o aspecto a ser mostrado
expostos a bengala utilizada por Gandhi,
pelas religiões de se basearem no ponto
suas sandálias, sua charka (roda de fiar),
comum chamado
seu caderno de anotações e uma estátua.
E ainda, havia diversas fotos retratando sua
“ser humano”.
juventude e momentos de alegria
carregando crianças, como também fotos
 
de “Mahatma”, que sempre caminhou ao
lado do povo, estavam expostas em
O personagem do presidente Ikeda no
painéis. Cada objeto demonstrava
romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu
claramente sua nobre existência de 78

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pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

Nota:

1. Gandhi. A Minha Não Violência 1.

Tradução Tatsuo Morimoto. Editora Misuzu
Shobou.

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