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Nessa seara, a terceira corrente mostra-se mais sólida, sustentada inclusive por Dallari
quanto à consolidação do Estado Moderno com os tratados de paz de Westfália, que tem
como característica básica a unidade territorial dotada de um poder soberano.
Reforça tal linha posições como de Kelsen, que define o Estado como uma sociedade
politicamente organizada, BURDEAU, para quem o Estado é uma institucionalização do
poder, e o próprio Dallari ao conceituar o Estado como a ordem jurídica soberana que tem
por fim o bem comum de um povo situado em determinado território.
Destaque-se que no Brasil, cada função que compõe a lógica tripartite, Legislativa,
Executiva e Judiciária, consolidada por Montesquieu, é de caráter preponderante, mas
não exclusiva, pois cada um dos Poderes exerce as 03 funções, sendo uma delas de
maneira típica e as outras duas de maneira atípica.
Nessa linha, vale ressaltar que a Constituição Brasileira prevê no seu art. 3 os objetivos
fundamentais da República Federativa do Brasil, quais sejam: (i) construir uma sociedade
livre, justa e solidária; (ii) garantir o desenvolvimento nacional; (iii) erradicar a pobreza e a
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais e (iv) promover o bem de
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
Historicamente, Cyonil destaca que o Estado de Direito surgiu, essencialmente, para fazer
frente ao Estado Absolutista, centrado na figura do soberano. No Estado de Direito a
contenção do poder é feita pela lei, consagrando-se a fórmula ocidental do “rule of law” (o
Estado é que cria as regras, mas a estas deve se sujeitar).
Esse “primado da lei” no Estado de Direito promove a presunção de legitimidade “relativa”
(admite-se prova em contrário) dos atos estatais. De fato, se o Estado é de Direito e,
assim, pressupõe-se que cumpra a lei, todo e qualquer ato proveniente do Estado é
produzido, presumidamente, de acordo com a ordem jurídica, portanto legítimo.
A Governabilidade, ensina Augustinho Paludo, refere-se ao poder político em si, que deve
ser legítimo, traduzido no apoio social e político. Segundo Bresser-Pereira, é a
capacidade política de governar, derivada da relação de legitimidade do Estado e do seu
governo com a sociedade (obediência sem uso da força).
Evidentemente que a Administração Pública tem limites para atuar na vida das pessoas,
sendo freada pelos direitos e garantias fundamentais, doutrinariamente previstos na 1
dimensão do Direito Constitucional. O princípio da legalidade faz um importante papel
neste sentido, o qual prescreve que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei.
Não obstante o que foi descrito anteriormente, há claro possibilidade jurídica de restrições
do Estado à propriedade privada, mas são casos específicos. O Estado detém
ferramentas neste sentido, dentre as quais podemos citar a ocupação temporária e
requisição de imóveis, tombamento, servidão administrativa, desapropriação etc.
Inclusive, cumpre-se salientar que há dois cenários (exceções) previstos na Carta Magna
tupiniquim, nos quais o poder do Estado aumenta consideravelmente e há o risco
inclusive de termos sobrestados os direitos individuais: o estado de defesa e o estado de
sítio.
Acemoglu, Daron; Robinson, James. Why Nations Fail: The Origins of Power,
Prosperity and Poverty. 1 ed. Estados Unidos: Crown Business, 2012.
Dallari, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral de Estado. 30 ed. São Paulo:
Editora Saraiva, 2011.
Novelinho, Marcelo; Júnior, Dirley da Cunha. Constituição Federal. 9 ed. Bahia: Editora
Juspodivm, 2018.
Paludo, Augustinho Vicente. Administração Pública. 7 ed. São Paulo: Editora Método,
2017.