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professor supostamente suficientemente generalista para dominar disciplinas tão
distintas. Com a agravante de que os Apoios Educativos de escpla, tal como se conhecem,
desaparecerão para dar lugar a este Estudo Acompanhado, assim reformulado.
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desemprego docente e abrir a porta aos despedimentos por ‘racionalização de
efectivos’ e ‘extinção de postos de trabalho’.
No total e incluindo a redução em cerca de 70% do crédito de horas previsto na
reorganização do próximo ano lectivo, as escolas perderão em média cerca de um
quarto dos professores que leccionam actualmente. Note-se que os cálculos, não são
dos Sindicatos, mas da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), que não vê
como vai conseguir manter os alunos a tempo inteiro nas escolas. Como alerta o
presidente da ANDE, Manuel Pereira, "a diminuição da carga horária coloca-nos um
sério problema - os alunos terão mais tempos livres e as escolas menos recursos para
mantê-los ocupados". Resumindo, ou os alunos passam mais tempo nos ATL ou vão
para casa e os pais que se arranjem.
Paralelamente, anuncia-se já a redução do número de funcionários não docentes,
criando problemas ao nível do funcionamento de serviços essenciais, como a
biblioteca, o bufete, a papelaria e outros, agravando inclusivamente as condições de
segurança dos alunos.
A isto junta-se à insistência cega na constituição de mega-agrupamentos, envolvendo
não só escolas afastadas e culturalmente diferenciadas, mas também um número
desmedido de alunos, ao mesmo tempo que se introduzem restrições nos quadros de
gestão escolar – menos gente para um trabalho violentamente acrescido –, isto ao
arrepio do retorno avassalador às pequenas ‘unidades educativas’ na maior parte dos
países do Norte e Centro da Europa, nomeadamente naqueles anteriormente
considerados pela tutela ‘Exemplos a seguir’ e, agora, nos EUA.
Diane Ravitch, citada no parecer 2/2011 do Conselho Nacional de Escolas, órgão
consultivo criado pelo próprio governo, a propósito das políticas de educação da
última década, escreveu: «Hoje, observando os efeitos concretos destas políticas,
mudei de opinião: considero agora que a qualidade do ensino que as crianças
recebem tem prioridade sobre os problemas de gestão, de organização ou de
avaliação dos estabelecimentos de ensino».
A mesma senhora, Subsecretária da Educação e Conselheira do Secretário da
Educação, na Administração de George Bush, pai, liderando o esforço federal para
promover a criação de standards académicos nacionais nos EUA, depois de lembrar os
milhares de milhões de dólares que foram gastos para conceber e realizar as baterias
de testes necessárias a um complexo sistema de avaliação das crianças, como o que
alguns aspiram instalar no nosso sistema de ensino, diz-nos que «muitos especialistas
concluíram que este trabalho não beneficia as crianças», isto no âmbito das Políticas
Curriculares para Desenvolvimento de Competências Básicas.
Ora, se, como diz Diane Ravitch, “a qualidade do ensino que as crianças recebem tem
prioridade sobre os problemas de gestão, de organização ou de avaliação dos
estabelecimentos de ensino”, não seria a altura de parar e de repensar aquilo que, no
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âmbito já da gestão e da organização, já da avaliação, outros países, começando-a
mais cedo, já assumiram como um erro?
A resposta ponderada e não comprometida seria: é evidente que sim. Mas a resposta
que os professores recebem da tutela vai no sentido contrário e desembesta num
delírio avaliativo, organizativo e gestionário inédito mesmo se ineficaz, de contornos
única e exclusivamente economicistas, e incapaz de aprender com o exemplo de
outros países que já viveram a experiência.
Ora, todas estas medidas, as já tomadas e as previstas, são didáctica, pedagógica e
socialmente dramáticas, contraproducentes e indiferentes ao valor humano da escola -
que não é, nem se pode querer que seja, uma máquina de produção de bens a custo
mínimo -, ou às condições de trabalho dos professores, e de consequências
absolutamente negativas para o sucesso escolar.
O mais absurdo, é que nada justifica tais medidas, a não ser, obviamente, o desejo, por
parte do Ministério das Finanças, de contracção inconsequente do número de horários
e do brutal agravamento do desemprego docente, que começará por tocar os
professores contratados, mas que não vai, desde logo, deixar de fora professores
afectos aos quadros, por inexistência forçada de horários nas suas escolas.
Veja-se então o que ganham os alunos com isto, questão fundamental na nossa
profissão. O desvirtuar de uma disciplina como EVT que ameaça tornar-se uma
disciplina teórica. A perda dos Apoios pedagógicos de oferta da escola. O fim dos
Clubes e das tutórias. A aprendizagem do trabalho em grupo e de gestão dos grupos
que era apanágio da Área de Projecto. O fim de quaisquer actividades extra-lectivas.
Professores fatigados pela sobrecarga lectiva e crescentemente desmotivados, sem
tempo para preparar as aulas, ameaçando a qualidade do ensino ministrado.
Finalmente, as intermináveis perversidades da necessidade de organizar mais trabalho
com muito menos docentes, traduzindo-se em alguns Agrupamentos, por exemplo, na
impossibilidade de garantir, de facto, o direito à opção, no 9º ano, entre as três
disciplinas da Área Artístico - tecnológica (e.g. Educação Visual, Oficina de
Artes/Oficina de Música e Educação tecnológica).
Trata-se, em suma, burocraticamente, de salvar a casa hipotecando os filhos – pura
impiedade de uma política educativa desnorteada e incapaz de pensar no médio e no
longo prazo.
Face ao exposto, os professores do Agrupamento Vertical Clara de Resende, em
reunião realizada no dia 3 de Fevereiro de 2011, não podem simplesmente cruzar os
braços e alhearem-se do aniquilamento do propriamente pedagógico e humano na
profissão docente, da rápida transformação dos professores em simples mangas-de-
alpaca, fiéis executores acéfalos de políticas e cartilhas ruinosas, ou consentir em,
impávidos, já na pauperização das escolas já na desconsideração a que a docência tem
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vindo a ser sujeita pela tutela e, em consequência, a autêntica deflação do valor do
professor.
Assim, recusam, também e desde já, qualquer responsabilidade pelos efeitos negativos
que tais decisões venham a ter na qualidade das escolas e, sobretudo, do processo de
ensino/aprendizagem e manifestam veementemente o seu repúdio pelas medidas
implementadas, anunciadas e previstas, e por mais este ataque brutal contra o ensino
público e a escola inclusiva, que só vem agravar as condições de trabalho dos
professores, o insucesso e o abandono escolares e comprometer o desenvolvimento
do processo de ensino/aprendizagem, os direitos e as expectativas de crianças e
jovens, e das suas famílias.
Mais solicitam, ao Director da Escola que se digne dar conhecimento do presente
documento às seguintes entidades:
- Gabinete da Exma. Sr.ª Ministra da Educação
- Comissão Nacional de Avaliação
- Conselho Científico para a Avaliação de Professores
- Exmo. Sr. Director da Direcção Regional do Norte
- Conselho Nacional de Escolas
- Exmo. Sr. Director da Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação
- Conselho Pedagógico do Agrupamento
- Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento