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Doenças do Trabalho
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Doenças do Trabalho
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Doenças do Trabalho
Objetivos
• Reconhecer os principais agravos relacionados ao trabalho;
• Entender a relação entre agentes ambientais (físicos, químicos e biológicos) e doenças
do trabalho;
• Identificar principais agravos na indústria e no meio rural;
• Compreender a importância dos aspectos epidemiológicos para as ações de prevenção e
promoção à saúde do trabalhador.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Doenças do Trabalho
Contextualização
Esta Unidade tem a finalidade de partilhar com o estudante informações sobre os
principais agravos relacionados ao trabalho. Trabalhadores apresentam doenças e aci-
dentes muitas vezes decorrentes do trabalho que executam e dos ambientes a que estão
expostos em função desses trabalhos. Dessa forma, o perfil de adoecimento dos traba-
lhadores depende diretamente da influência do ambiente de trabalho como um determi-
nante ou condicionante do processo de saúde-doença.
Para iniciarmos esta unidade, convidamos você a refletir acerca das consequências
de um ambiente de trabalho sem as devidas orientações de saúde e segurança. Veja um
documentário denominado Sucata de Plástico no endereço a seguir:
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Introdução
Os agentes ambientais são agentes existentes nos ambientes de trabalho que, em fun-
ção de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de
causar danos à saúde do trabalhador. Dessa forma, necessita-se que sejam eliminados,
minimizados ou neutralizados e constantemente monitorados.
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Doenças do Trabalho
Acidente de Trabalho
Fórum Acidentes do Trabalho, acesse o link: http://bit.ly/2Gy1f4Z.
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De acordo com o Ministério da Fazenda, entre 2012 e 2016, foram registrados
3,5 milhões de casos de acidente de trabalho em 26 estados e no Distrito Federal.
Esses casos resultaram na morte de 13.363 pessoas e geraram um custo de R$22,171
bilhões para os cofres públicos, com gastos da Previdência Social, como auxílio-do-
ença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte e auxílio-acidente para pessoas
que ficaram com sequelas. Nos últimos cinco anos, 450 mil pessoas sofreram fraturas
enquanto trabalhavam.
O que muda com a Lei n.º 13.467, de 13 de julho de 2017, que altera a CLT?
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Dermatoses Ocupacionais
É toda alteração das mucosas, pele e seus anexos, que seja direta ou indiretamente
causada, condicionada, mantida ou agravada por agentes presentes na atividade ocupa-
cional ou no ambiente de trabalho (BRASIL, 2006c).
Dentre os agentes físicos, os principais são: radiações não ionizantes, calor, frio, ele-
tricidade. E quanto aos agentes químicos, os principais são:
• Irritantes: cimento, solventes, óleos de corte, detergentes, ácidos e álcalis;
• Alérgenos: aditivos da borracha, níquel, cromo e cobalto como contaminantes do
cimento, resinas, tópicos usados no tratamento de dermatoses.
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Os fatores de risco não são independentes: interagem entre si e devem ser sempre
analisados de forma integrada. Envolvem aspectos biomecânicos, cognitivos, sensoriais,
afetivos e de organização do trabalho. Por exemplo, fatores organizacionais como carga
de trabalho e pausas para descanso podem controlar fatores de risco quanto à frequên-
cia e à intensidade.
Tabela 1
Regiões anatômicas submetidas
Punho, cotovelo, ombro, mão, pescoço etc.
aos fatores de risco.
Para carga musculoesquelética, por exemplo, pode ser o peso do objeto
Magnitude ou intensidade
levantado. Para características psicossociais do trabalho, pode ser a percepção do
dos fatores de risco.
aumento da carga de trabalho.
Variação de tempo dos fatores de risco. Duração do ciclo de trabalho, distribuição das pausas, estrutura de horários etc.
O tempo de latência das lesões e dos distúrbios pode variar de dias a décadas
Tempo de exposição aos fatores de risco.
(KIVI, 1984; CASTORINA, 1990).
Pneumoconioses
As pneumopatias relacionadas etiologicamente à inalação de poeiras em ambientes
de trabalho são genericamente designadas como Pneumoconioses (do grego, conion
= poeira). São excluídas dessa denominação as alterações neoplásicas, as reações de
vias aéreas, como asma e a bronquite, e o enfisema. Apesar de esse conceito englo-
bar a maior parte das alterações pulmonares envolvendo o parênquima, alguns autores
apontam para o fato de que o termo pneumoconiose pode não ser adequado quando
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aplicado a determinadas pneumopatias mediadas por processos de hipersensibilidade,
atingindo o parênquima pulmonar, como as alveolites alérgicas por exposição a poeiras
orgânicas e outros agentes, a doença pulmonar pelo berílio ou a pneumopatia pelo co-
balto, por exemplo.
Entende-se por “asbesto”, também denominado amianto, a forma fibrosa dos silicatos minerais per-
tencentes aos grupos de rochas metamórficas das serpentinas. Entende-se por “exposição ao asbesto”,
a exposição no trabalho às fibras de asbesto respiráveis ou poeira de asbesto em suspensão no ar origi-
nada pelo asbesto ou por minerais, materiais ou produtos que contenham asbesto. Os registros das ava-
liações dos trabalhadores expostos deverão ser mantidos por um período não inferior a 30 (trinta) anos.
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Além dos sintomas auditivos frequentes – quais sejam, perda auditiva, dificuldade de
compreensão de fala, zumbido e intolerância a sons intensos –, o trabalhador portador
de Pair também apresenta queixas como cefaleia, tontura, irritabilidade e problemas
digestivos, entre outros.
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• Limitações em atividades da vida diária: que incluem atividades como autocuida-
do, higiene pessoal, comunicação, deambulação, viagens, repouso e sono, atividades
sexuais e exercícios de atividades sociais e recreacionais. O que é avaliado não é sim-
plesmente o número de atividades que estão restritas ou prejudicadas, mas o conjunto
de restrições ou limitações que, eventualmente, afetam o indivíduo como um todo;
• Exercício de funções sociais: refere-se à capacidade do indivíduo de interagir
apropriadamente e comunicar-se eficientemente com outras pessoas. Inclui a ca-
pacidade de conviver com outros, tais como membros de sua família, amigos, vizi-
nhos, atendentes e balconistas no comércio, zeladores de prédios, motoristas de táxi
ou ônibus, colegas de trabalho, supervisores ou supervisionados, sem alterações,
agressões ou sem o isolamento do indivíduo em relação ao mundo que o cerca;
• Concentração, persistência e ritmo: também denominados capacidade de com-
pletar ou levar a cabo tarefas. Esses indicadores ou parâmetros referem-se à capa-
cidade de manter a atenção focalizada o tempo suficiente para permitir a realização
cabal, em tempo adequado, de tarefas comumente encontradas no lar, na escola ou
nos locais de trabalho. Essas capacidades ou habilidades podem ser avaliadas por
qualquer pessoa, principalmente se for familiarizada com o desempenho anterior,
basal ou histórico do indivíduo. Eventualmente, a opinião de profissionais psicólo-
gos ou psiquiatras, com bases mais objetivas, poderá ajudar na avaliação;
• Deterioração ou descompensação no trabalho: refere-se a falhas repetidas na
adaptação a circunstâncias estressantes. Frente a situações ou circunstâncias mais
estressantes ou de demanda mais elevada, os indivíduos saem, desaparecem ou
manifestam exacerbações dos sinais e sintomas de seu transtorno mental ou com-
portamental. Em outras palavras, descompensam e têm dificuldade de manter as
atividades da vida diária, o exercício de funções sociais e a capacidade de completar
ou levar a cabo tarefas. Aqui, situações de estresse, comuns em ambientes de traba-
lho, podem incluir o atendimento de clientes, a tomada de decisões, a programação
de tarefas, a interação com supervisores e colegas.
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Doenças do Trabalho
O primeiro relato associando câncer à ocupação foi descrito por Percival Pott, em
1775, relacionando câncer de escroto em limpadores de chaminé como decorrente da
exposição à fuligem. Todavia, o modelo experimental da carcinogenicidade da fuligem
só foi demonstrado em 1920, ou seja, 150 anos depois da primeira observação epide-
miológica (OIT, 2009).
A associação de câncer com causas ocupacionais tem sido demonstrada por meio
de estudos epidemiológicos. A partir de 1965, com a criação da IARC pela Organiza-
ção Mundial da Saúde (OMS), ficou a cargo dessa Agência o consenso internacional
para o reconhecimento do caráter cancerígeno das substâncias, agentes ou outras
formas de exposição. No que tange à exposição ocupacional, o papel da IARC tem
sido fundamental no sentido de reconhecer os ambientes complexos e as múltiplas
exposições que ocorrem no ambiente de trabalho e que não permitem a identificação
de agentes isolados.
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Quanto à forma de utilização das substâncias químicas, importantes compostos can-
cerígenos encontram-se entre os metais pesados, os agrotóxicos, os solventes, formal-
deído e as poeiras. Existem diferentes formas de classificação para o mesmo agente.
As restrições para a exposição a substâncias químicas baseadas no conhecimento da
toxicidade potencial ou da carcinogenicidade são bastante recentes.
Investir em segurança do trabalho deve estar para além de uma obrigação im-
posta pela lei. Quando, de fato, o empregador se preocupa e aposta na área de
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Doenças do Trabalho
Doenças Relacionadas
ao Trabalho no Meio Rural
No âmbito rural o direito brasileiro regulou a atividade do trabalhador, inicialmente
pela Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973, e pelo Decreto nº 73.626, de 12 de fevereiro
de 1974. Mais tarde, em 1988, a Constituição Federal, no seu art. 7º equipara em di-
reitos o trabalhador rural ao urbano. O meio onde o trabalhador exerce suas atividades
pode apresentar riscos à sua integridade física e psicológica (CERVI, 2015).
Segundo Laurell e Noriega (1989), os riscos, fatores de risco e danos à saúde dos tra-
balhadores devem ser compreendidos como expressão das tecnologias utilizadas, da orga-
nização e da divisão do trabalho, da intervenção dos trabalhadores nos locais de trabalho,
da ação de técnicos e instituições relacionados à questão e do arcabouço jurídico vigente.
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Podemos considerar que os riscos e danos que podem acometer o trabalhador agro-
pecuário são:
• Acidentes com ferramentas manuais, com máquinas e implementos agrícolas ou
provocados por animais, ocasionando lesões traumáticas de diferentes graus de
intensidade. Entre os agricultores, esses são os acidentes de trabalho mais comu-
mente notificados, seja por meio dos sistemas oficiais de informação em saúde, seja
pela empresa;
• Acidentes com animais peçonhentos cuja relação com o trabalho quase nunca é es-
tabelecida, embora sejam bastante comuns. Ofidismo, aracneísmo, escorpionismo
são os mais comuns. Acontecem ainda com taturanas, abelhas, vespas, marimbon-
dos etc.;
• Exposição a agentes infecciosos e parasitários endêmicos que provocam doenças
como a esquistossomose, a malária etc.;
• Exposição à radiação não ionizante (solar) por longos períodos, sem observar as
pausas e as reposições calórica e hídrica necessárias, desencadeia uma série de
problemas de saúde, tais como cãibras, síncopes, exaustão por calor, envelheci-
mento precoce e câncer de pele;
• Exposição ao ruído e à vibração que estão presentes no uso de motosserras, colhe-
deiras, tratores etc. O ruído provoca perda lenta e progressiva da audição, fadiga,
irritabilidade, aumento da pressão arterial, distúrbios do sono etc. Já a exposição à
vibração ocasiona desconforto geral, dor lombar, degeneração dos discos interver-
tebrais, a “doença dos dedos brancos” etc.;
• Exposição a partículas de grãos armazenados, ácaros, pólen, detritos de origem
animal, componentes de células de bactérias e fungos provocam um problema de
saúde muito comum em trabalhadores rurais, e pouco reconhecido e registrado
como tal. São as doenças respiratórias, com destaque para a asma ocupacional e
as pneumonites por hipersensibilização;
• A divisão e o ritmo intenso de trabalho com a cobrança de produtividade, jornada
de trabalho prolongada, ausência de pausas, entre outros aspectos da organização
do trabalho, condição particularmente observada em trabalhadores rurais assala-
riados (como, por exemplo, colheita de cana, flores, café etc.) têm ocasionado o
surgimento de LER/Dort;
• Exposição a fertilizantes, que podem causar intoxicações graves e mortais. As in-
toxicações registradas têm sido consideradas acidentais, envolvendo produtos do
grupo dos fosfatos, sais de potássio e nitratos. As intoxicações por fosfatos se ca-
racterizam por hipocalcemia, enquanto as causadas por sais de potássio provocam
ulceração da mucosa gástrica, hemorragia, perfuração intestinal etc. Os nitratos,
uma vez no organismo, transformam-se – por meio de uma série de reações meta-
bólicas – em nitrosaminas, que são substâncias cancerígenas;
• Exposição a agrotóxicos.
A essas situações de risco para a saúde do trabalhador se somam condições que afe-
tam o conjunto dos trabalhadores brasileiros como baixos salários, condições sanitárias
inadequadas, carência alimentar, deficiência dos serviços de saúde, entre outras.
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Doenças do Trabalho
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Documentário Linha de Corte
https://youtu.be/Iy7MWg3Llq8
Leitura
Doenças Relacionadas ao Trabalho: Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde
Doenças Relacionadas ao Trabalho: Manual de Procedimentos para os Serviços de
Saúde. Ministério da Saúde do Brasil, Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil;
Organizado por Elizabeth Costa Dias; colaboradores Idelberto Muniz Almeida et al. –
Brasília: Ministério da Saúde do Brasil, 2001.
http://bit.ly/2Gyasdz
Modelo de análise e prevenção de acidente de trabalho – MAPA
ALMEIDA, Ildeberto Muniz. Modelo de análise e prevenção de acidente de trabalho –
MAPA. Ildeberto Muniz Almeida e Rodolfo A. G. Vilela; Alessandro J. Nunes da Silva
[et al.], (colab.). – Piracicaba: CEREST, 2010. 52 p.
http://bit.ly/2GtxWAk
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Referências
ALVES, R. A.; GUIMARÃES, M. C. De que sofrem os trabalhadores rurais? Análise dos
principais motivos de acidentes e adoecimentos nas atividades rurais. Informe Gepec,
Toledo, v. 16, n. 2, p. 39-56, jul./dez. 2012
BRASIL. Ministério da Saúde. Dor relacionada ao trabalho: lesões por esforços repeti-
tivos (LER): distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dort). Brasília: Editora
do Ministério da Saúde, 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Perda auditiva induzida por ruído (PAIR). Brasília:
Editora do Ministério da Saúde, 2006d.
BRASIL. Ministério da Saúde. Risco químico: atenção à saúde dos trabalhadores ex-
postos ao benzeno. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006g.
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Doenças do Trabalho
CERVI, Mauro Luiz. The injuries at work and the occupational diseases in the
rural environment and their judicial impacts. 2015. 215 f. Tese (Doutorado em
Engenharia Agrícola) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2015.
KIVI, P. Rheumatic disorders of the upper limbs associated with repetitive occupacional
tasks in Finland in 1975-1979. Scand. J. Rheumatology, [S.l.], v. 13, p. 101-7, 1984.
LAURELL, A. C.; NORIEGA, M. Processo de produção e saúde. São Paulo: Hucitec, 1989.
MENDES, René (Org.) et al. Patologia do trabalho: volume 1. 3. ed. São Paulo:
Atheneu, 2013a.
MENDES, René (Org.) et al. Patologia do trabalho: volume 2. 3. ed. São Paulo:
Atheneu, 2013b.
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