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Instituto de Ciências Humanas Curso de Psicologia

Campus São José do Rio Preto – JK

ETICA E SEXUALIDADE

Discentes:

Carolina De Marqui Milani RA: N67913-1


Eliana da Silva A Vilela RA: N638AC-9
Jaqueline Rocha Filgueira RA: N618CG-5
Jhonatan Mayron Antoniassi RA: N593GC-9
Lavinia Dias Souto RA: N605DF-0
Mikaella Vicente RA: N633HG-0
Roberta Braz Ferreira RA: N658DE-8

Docente: Rosana

21/OUTUBRO/2020
SUMÁRIO

1 – INTRODUCAO -------------------------------------------------------------------------03
2 – DEFINICOES DE ETICA E SEXUALIDADE ------------------------------------04
3 – DIVERSIDADE SEXUAL E SEU CONTEXTO HISTORICO ----------------05
3.1. HOMOSSEXUALIDADE COMO PATOLOGIA -------------------------------05
3.2. DESPATOLOGIZACAO DA HOMOSSEXUALIDADE ----------------------06
3.3. SEXUALIDADE NA VISAO PSICANALITICA ATUAL ----------------------07
3.4 SEXUALIDADE NA ATUALIDADE ----------------------------------------------08
3.5 IDEOLOGIA DE GENERO ---------------------------------------------------------09
4 – POSICAO DO CONSELHO REGIONAL DE PSICOOGIA QUANTO A
SEXUALIDADE ----------------------------------------------------------------------------10
5– BIBLIOGRAFIA --------------------------------------------------------------------------11
1- INTRODUCAO:

Nos últimos anos, vem crescendo o número de pesquisas que tratam da


homossexualidade sob vários aspectos, ou seja, abordando a formação de
famílias homoafetivas e a violência contra as diversidades sexuais e
aprofundando questões sobre a história da homossexualidade e do
movimento homossexual, entre outros. Contudo, trata-se ainda de um tema
bastante polêmico e de difícil acesso devido aos preconceitos existentes. Não
é fácil falar sobre a diversidade em uma sociedade na qual o ideal (inclusive
educacional) é ter como padrão ser homem, heterossexual e branco.
Ainda que tais dificuldades existam, acreditamos que pesquisas sobre as
homossexualidades são por isso mesmo relevantes, pois percebemos
avanços políticos, jurídicos, científicos e sociais importantes nas últimas
décadas em torno desse tema. Mesmo assim, é notório que, nos últimos
anos, temos assistido, nos debates políticos e religiosos, ao recrudescimento
da onda conservadora que estigmatiza pessoas gays e lésbicas em razão da
condenação moralista e do caráter religioso que cerca algumas percepções
tradicionalistas. Em alguns meios e em algumas igrejas, essas pessoas são
tratadas como pecadoras e desviantes, algumas vezes com respaldos, ou
falsos respaldos, das ciências biológicas, antropológicas e psicológicas.
De acordo com as constantes mudanças sociais e do crescente avanço dos
meios de comunicação, deparamos com o aparecimento de novos estilos de
relacionamentos familiares, provenientes principalmente do contato frequente
com os costumes de outras nações contra o conservadorismo enraizado no
conceito de “Família Tradicional Brasileira”, disposto no projeto de Lei
6583/2013, Estatuto da Família.
2- DEFINICOES DE ETICA E SEXUALIDADE:

SEXUALIDADE:

se define pelas práticas erótico-sexuais nas quais as pessoas se envolvem


pelo desejo e atração que leva ou não a sua expressão, através de algumas
práticas. Nesse contexto, as pessoas são classificadas em heterossexuais,
homossexuais, bissexuais, transexuais, etc.
Toda e qualquer expressão da sexualidade, deve ser embasada sobre:
1°- O princípio da valorização da vida humana
2° - A estrutura existencial da pessoa concreta; - Valores sociocultural
contextualizados - Valores pro vida (amor, saúde, liberdade e
responsabilidade)
3°- O conhecimento cientifico. A sexualidade dos humanos tem uma história.
Os princípios que constituem esta história começam antes da criança nascer
e estão relacionados com o lugar que esta ocupa no imaginário dos pais e na
economia libidinal do casal. Depois do nascimento inicia-se a constituição do
sujeito, um processo notado por grandes movimentos pulsionais, movimentos
estes que determinarão a expressão da sexualidade adulta. Isto significa que
o modo como cada um vive a sua sexualidade, de um jeito mais ou menos
reprimido, com culpa, prazer, enfim, a singularidade das manifestações da
sexualidade de cada pessoa, é construída a partir dos primeiros dias de vida.
A avaliação da sexualidade, ou seja, o objetivo de descobrir os diversos e
profundos sentidos que se encerram na dimensão da sexualidade, para dirigir
de modo crítico e cientifico, no entanto, mas igualmente próximo e presente
da vida, por outro torna-se uma das funções mais exigentes e complexas da
educação afetiva e formação ética do nosso período. Quer dizer, tomar
distanciamento para ver a sexualidade em sua criação histórica, política e
cultural, mas semelhantemente armazenar as dimensões subjetivas pessoais
idiossincrática. O corpo é um instrumento de relacionamento, podendo ser
tanto receptivo, quanto expressivo, ou seja, um canal eficiente de expressão
dos sentimentos. Se centrarmos na escuta de nós mesmos, podemos muitas
vezes dar forma ás nossas emoções, materializar nossos sentimentos,
mediante a descoberta do simbolismo do corpo. O desejo sexual humano,
está junto aos fatores biológicos, mas por sua natureza subordina-se à
vontade e ao dinamismo da liberdade, e dessa forma, transforma-o em ato de
amor, a tendência sexual destaca-se ,transcende o determinismo e passa a
ter um significado e valor propriamente humano. A sexualidade envolve
corpos, mente, sociedade, valores e religião enfim.

ETICA:

estuda os principais fundamentos e sistemas morais, oferecendo um tratado


de deveres ao ser humano que garanta o seu bem em nível social e
individual. Oferece a reflexão sobre a finalidade e significado da existência do
ser humano, procurando definir a moralidade.
3- DIVERSIDADE SEXUAL E SEU CONTEXTO HISTORICO:

3.1-HOMOSSEXUALIDADE COMO PATOLOGIA:

Durante muito tempo a indagação da homossexualidade foi vista como uma


questão de falta de índole, ou uma doença, movendo muitas pessoas a
posições violentas para com todos aqueles que contém uma expressão da
sua sexualidade diferente. Formas de tratamento foram desenvolvidas para
tentar curar a “doença” gay, pois no compreender das organizações mundiais
de saúde, a homossexualidade era uma doença causada por distúrbios
hormonais ou psicológicos no progresso do ser humano. A Associação
Americana de psiquiatria (1952) por exemplo, publicou em seu primeiro
Manual Diagnostico e Estatístico de Transtornos Mentais, que a
homossexualidade era uma irregularidade mental, o que fez com que a
escolha sexual fosse estudada por cientistas que acabaram falhando por
diversas vezes ao tentarem comprovar que a homossexualidade era
cientificamente, um distúrbio. Com a ausência desta comprovação, a
Associação Americana de Psiquiatria retirou em 1973 a opção sexual da lista
de transtornos mentais. No Brasil a Psicóloga carioca Rozângela Alves
Justino sofreu uma restrição pública em 31 de julho de 2009, feita como
forma de penalidade do Conselho Federal de Psicologia (CFP) pelo fato da
referida psicóloga estar disponibilizando terapia para curar o
homossexualismo. Por esse mesmo ocorrido ela já havia sido condenada à
restrição pelo Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro. A
resolução do CFP DE 1999 proíbe os psicólogos de tratarem a
homossexualidade como doença, distúrbio ou perversão e de oferecer
qualquer tipo de tratamento. A resolução do CFP não impede o atendimento
a pessoas que queiram reduzir seu sofrimento psíquico causado por sua
orientação sexual. Na época presente os termos gays, lésbicas foram
alterado pelo termo homoafetividade, essa palavra busca o reconhecimento e
a descriminalização das relações homossexuais, considerando então como
uma entidade familiar. Homoafetividade é um termo a qual se torna cada vez
mais comum e conhecida, pois termos como gays, lésbicas são
preconceituosos para com as pessoas que vivem essa existência.
O mundo todo move-se para entender a orientação sexual apenas como
uma expressão individual das sexualidades e não mais como um problema
de saúde, erro ou pecado. Nas culturas de rejeição ao direito de orientação
sexual, o desafio continua, o preconceito chegando, inclusive a condenação
penal, em muitos países como o Irã, pela pena de morte por enforcamento.
A homossexualidade é um enunciado que sempre seguiu a história da
humanidade. O primeiro caso homossexual foi registrado por um casal
egípcio do sexo masculino cujo os nomes são Khnumhotep e Niankhkhnum
que viveu por volta de 2400 a.C. A atração de uma pessoa homossexual é
física, emocional e espiritual por outras pessoas do mesmo sexo. Esse termo
homossexual foi criado por um jornalista austro-húngaro chamado Karl Maria
Kertbeny em 1868. Existem vários estudos biológicos e psicológicos que
buscam respostas atualmente acerca da origem da homossexualidade. O Dr.
Dean Hamer, geneticista e diretor de uma rádio de estrutura e regulação
genética situada nos Estados Unidos, defende a existência de um gene
responsável pela característica homossexual.
Podemos falar em homossexualidades, no plural, pois existem diversas
formas de compreender, de ser e de existir homossexual. São proposições
históricas e sociais dos sujeitos que vivenciam suas sexualidades e seus
modos de ser no mundo. Alguns estudiosos relatam que a expressão
homossexual foi usada pela primeira vez em 1869, contudo outras
nomenclaturas foram e são usadas, de maneira pejorativa ou não, para se
referir aos sujeitos que vivenciam sua sexualidade com pessoas do mesmo
sexo, tais como: pederasta, uranista, sodomita, lésbica, gay, invertido,
homoerótico, entre outras. Todas essas nomenclaturas foram discutidas
pelos grupos militantes, pela academia e por órgãos governamentais e se
constituem como campos políticos, com disputas e lutas por reconhecimento
e direitos. Desse modo, outra questão a ser considerada são as siglas que
estão associadas ao movimento homossexual, tais como: Movimento Gay,
GLS (Gay, Lésbica e Simpatizantes), GLBT (Gay, Lésbica, Bissexuais,
Transexuais), LGBT (Lésbica, Gay, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros)
e LGBTQI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Travestis,
Transgêneros, Queer e Intersex). As siglas e os termos foram se alterando
com o tempo, num importante passo para a inclusão de diversas
sexualidades não hegemônicas, e também como expressão de luta pela
visibilidade lésbica – inserindo o L como a primeira letra da sigla – e pela
despatologização, que procura retirar as homossexualidades do rol das
doenças médico-psiquiátricas, em 1973, pela Associação Americana de
Psiquiatria. Com isso, a expressão homossexualismo também entrou em
discussão pelo movimento LGBT, que considera o sufixo “ismo” como
doença. 7 A Psicologia, ciência do comportamento humano, também foi
chamada para auxiliar na busca da compreensão, identificação e
classificação da homossexualidade.
O indivíduo anormal é aquele que não estaria inserido nas normas dos
discursos estabelecidos. Assim, as sexualidades desviantes das normas do
poder médico colocariam o sujeito na categoria de anormal, com suas
patologias sexuais. A Psicologia surge, então, como Psicologia da análise do
anormal, do patológico, do conflituoso (FOUCAULT, 2014f).
A Medicina e a Psiquiatria constituem outros campos conceituais que, a partir
do século XVIII ou do século XIX, entraram em atividade para suscitar os
discursos sobre o sexo. Segundo Foucault (2015, p. 144), “[...] a medicina é
uma estratégia biopolítica”. Há uma ampla literatura sobre as doenças dos
nervos, o combate ao onanismo, a etiologia das doenças mentais e o
conjunto das perversões sexuais; e o discurso da justiça penal, que, por
muito tempo, ocupou-se da sexualidade, sobretudo sob a forma de crimes
crapulosos e antinaturais. Posteriormente, por volta da metade do século XIX,
a literatura médica e jurídica se abriu à jurisdição dos pequenos atentados,
dos ultrajes de pouca monta, das perversões sem importância. Enfim, todos
esses controles sociais que se desenvolveram desde então e que filtram e
normalizam a sexualidade dos casais, dos pais e dos filhos, dos adolescentes
perigosos e em perigo. Cria-se, assim, os especialistas na sexualidade
humana.
3.2- DESPATOLOGIZACAO DA HOMOSSEXUALIDADE:

A importância de Freud (1856-1939) para a descontinuidade dessa teoria da


degenerescência é a de dissociar a homossexualidade da hereditariedade e
da degenerescência da espécie. Em seus estudos, Freud mostra que: 1. há
uma diversidade das manifestações homossexuais; 2. as civilizações no seu
auge praticavam o amor homoerótico, como exemplo a Grécia Antiga e a
Roma Antiga; 3. muitas pessoas de elevado senso moral, desenvolvimento
intelectual e humano, como grandes artistas, a exemplo de Leonardo da Vinci
(1452-1519), foram homossexuais; 4. a análise da homossexualidade, a partir
da percepção de que a sexualidade determina objetos, foi a base para que e
Freud demonstrasse o seu papel fundamental na teoria que desenvolveu
sobre o Complexo de Édipo.
Nesse período e, posteriormente, até meados do século XX, a questão da
homossexualidade estava vinculada ao projeto higienista e associado a uma
subcultura noturna urbana que tentava escapar das prisões.
Trocas culturais se espalharam pelo mundo e constituíram um dos traços
fundamentais que caracterizou toda a década de 1960. Esse processo
propiciou os grandes movimentos pelos direitos civis de negros e pelos
direitos feministas. Este último denominado de “segunda onda feminista”,
surgida no final dos anos 1960 e tendo iniciado sua luta no seio do
movimento pelos direitos civis dos negros, e estendia-se às discussões
acerca das formas de opressão que aprisionavam as mulheres e as
relegavam à categoria de cidadãs de segunda classe. Assim, a década de
1960 se caracterizou pela elaboração de novas formas de expressão política
e novos movimentos sociais espalhados por diversos países e regiões do
mundo. Tais movimentos ganharam forças e corpo também entre os
estudantes, principalmente os estudantes e professores universitários e os
intelectuais, nascendo o movimento que se denominou de contracultura.
No Brasil, o movimento LGBT surgiu no final da década de 1970 e início de
1980 e foi fruto do processo tímido e gradual de abertura política da ditadura
militar.
Assim, a homossexualidade começou a ser relacionada a questões ligadas
ao período de redemocratização, pós-ditadura, e o movimento gay foi
intensificando os discursos sobre a sexualidade livre e reivindicando um
espaço de não preconceito e de não patologização. Com o advento da aids,
iniciou-se uma nova forma de dizer a homossexualidade. O “câncer gay”
assusta e cria mais preconceitos em relação aos homossexuais, fazendo com
que eles lutem por direitos e, agora, pela vida.
A Aids marcou não apenas a estigmatização do sujeito homossexual, mas
também possibilitou a visibilidade e o diálogo do movimento gay com o
Estado e com a universidade. Com a epidemia, cresceu o incentivo e o
financiamento para estudos sobre homossexualidades. Mesmo que não
houvesse uma crítica à naturalização da heterossexualidade e os
heterossexuais se mantivessem em uma zona conforto, o enfrentamento da
epidemia de HIV/Aids permitiu uma harmonização relativa entre
interesses do Estado, pesquisas acadêmicas e organização do movimento
social.
As décadas de 1970 e 1980 foram marcadas pelo forte movimento de busca
pela despatologização da homossexualidade, destacando-se, nesse período,
a atuação do movimento gay, nos Estados Unidos, no início dos anos de
1970, para a retirada do diagnóstico de “homossexualismo” do manual da
American Psychiatric Association (APA), o que ocorreu em 1973. No Brasil, a
homossexualidade deixou de ser considerada como uma patologia apenas
em 1985, pelo Conselho Federal de Medicina.
A Psicanálise, em diferentes nuances e interpretações, é a teoria que mais se
destaca nessas tentativas dos articulistas de explicar a homossexualidade e
aceitá-la como caso clínico igual a qualquer outro neurótico, e, ao mesmo
tempo, associá-la a um distúrbio psíquico. A ambiguidade apresenta-se em
Freud, dando margem a diferentes interpretações. Ele aponta, na carta a uma
mãe de um homossexual, um mote para deixar claro que a
homossexualidade não é uma doença. Em sua carta, de 9 de abril de 1935,
Freud diz que:
Deduzo de sua carta que seu filho é homossexual. Impressionou-me muito o
fato de que a senhora não mencione esse vocábulo em suas informações
acerca dele. Posso perguntar-lhe por que a senhora o omite? A
homossexualidade não é, certamente, nenhuma vantagem, mas não é nada
de que se tenha vergonha; nenhum vício, nenhuma degradação, não pode
ser classificada como doença; nós a consideramos como uma variação da
função sexual. Muitos indivíduos altamente respeitáveis, tanto nos tempos
antigos quanto nos modernos, têm sido homossexuais, e vários dos maiores
dentre eles (Platão, Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci etc.). É uma grande
injustiça perseguir a homossexualidade como crime, e é também uma
crueldade.
Na mesma carta, Freud relata que não tem como colocar a
heterossexualidade no lugar da homossexualidade e que a análise poderá
trazer “[...] harmonia, paz de espírito, plena eficiência, continue ele
homossexual ou se modifique”.
3.3- SEXUALIDADE NA VISAO PSICANALITICA ATUAL:

No campo “estereótipos”, Barroso relata que “as mulheres são percebidas


como menos competentes, menos independentes, menos objetivas e menos
lógicas que os homens”. Sobre a escolha profissional, a autora relata que há
uma tendência para a diminuição do prestígio de uma carreira quando
aumenta o número de mulheres nela ingressantes e que “quando as pessoas
são informadas de que a taxa de mulheres numa carreira tende a aumentar,
essa carreira perde o prestígio e desejabilidade para essas pessoas”. A
autora finaliza apresentando três teorias da Psicologia que apresentam
explicações de como os estereótipos sociais auxiliam na aquisição de
comportamentos considerados típicos de homens e mulheres, a “teoria do
reforço”, “segundo a qual os comportamentos típicos do sexo da criança
tendem a ser mantidos por terem sido recompensados e os típicos do outro
sexo tendem a ser evitados por terem sido punidos”. A outra teoria que
salienta a importância do exemplo, ou seja, na necessidade da criança adotar
“os comportamentos típicos do seu sexo através da imitação de modelos do
mesmo sexo que o seu”. E, a última, da identificação, que fala que a criança
se identifica com modelos que percebe como similares a si e, também, emite
novos comportamentos que julga estarem de acordo com as regras dos
modelos com os quais se identificou.
E essa proposição se diferencia da freudiana pelo fato, segundo o autor, da
menina ter como primeira identificação a mãe e, com isso, seu primeiro
objeto de amor ser alguém do mesmo sexo, necessitando superar o
obstáculo da homossexualidade no desenvolvimento da identificação. A
identificação inicial com o mesmo sexo é, segundo ele, um progresso em
direção a uma identificação apropriada e não uma identificação que
necessitaria ser superada, pois a identificação de papéis sexuais
“é reservada para se referir a incorporação real do papel de um dado sexo, e
para as características de reação inconscientes daquele papel”
Nesse sentido, o autor faz uma distinção entre a adoção de papéis sexuais e
a identificação de papéis sexuais, uma se refere às características de
comportamentos evidentes de um dado sexo; outra, ao processo básico das
características de cada sexo e, por isso, mais difícil de mensurar que as
preferências e adoções de papéis sexuais.
Segundo Lynn, o desenvolvimento da identificação apropriada de papéis
sexuais na menina é o inverso do que acontece no menino.
Percebemos que Langer analisou, em seu livro, a partir da teoria
psicanalítica, diversos casos femininos para fazer uma revisão crítica do
conceito de feminilidade na Psicanálise. Ela relata que a maior parte dos
transtornos da vida procriativa feminina provém de conflitos neuróticos que
ocorrem na vida cotidiana de mulheres, sem indicar signos de enfermidades
nervosas.
A autora faz uma revisão da literatura psicanalítica sobre a feminilidade e diz
que criticar Freud como sendo falocêntrico em um aspecto de sua teoria é
desconsiderar o método elaborado por ele e mais de 50 anos de elaborações
científicas utilizando esse método. Ela diz que Freud sempre favoreceu
qualquer enfoque novo. Após essa revisão, a autora analisa casos clínicos
relacionando ao desenvolvimento da mulher, inicialmente relata a infância
feminina, discutindo a hostilidade da mãe frente a sua filha.
3.4- SEXUALIDADE NA ATUALIDADE:

Graciano, Silva e Guarido (1977) utilizam de Kohlberg (1966) ao afirmarem


que
a criança, entre três e cinco anos, estabelece, de maneira irreversível, sua
identidade sexual, que passa a ser um dos principais aspectos de seu
autoconceito. Barroso (1977) e Graciano (1978) relatam os processos
cognitivos da aquisição dos papéis sexuais desenvolvidos por Kohlberg.
Em seu texto, Kohlberg (1966) analisa, a partir de uma abordagem cognitiva
e comportamental, a aquisição e o desenvolvimento dos papéis sexuais em
crianças.
Para o autor, os problemas de desenvolvimento sexual não começam,
diretamente, nem com a biologia e nem a cultura, mas com a cognição. Sua
teoria assume que atitudes sexuais básicas não são padronizadas por
questões biológicas o pelas relações culturais, mas pela organização
cognitiva da criança com seu mundo social junto com as dimensões de
papéis sexuais.
Nessa perspectiva, a psicossexualidade é tanto cognitiva quanto
desenvolvimental, ou seja, é interacional. Compreendendo tanto fatores
genéticosbiológicos e culturais-ambientais como forças quantitativas
significativas não aditivas no desenvolvimento sexual. (KOHLBERG, 1966). A
criança, depois de adquirir os papéis masculinos e femininos, tende a se
identificar com o mesmo sexo, e o desejo de ser masculino e/ou feminino
leva à vontade de imitar o objeto identificado, o que conduz a um maior
apego emocional ao modelo. O autor finaliza dizendo que as tendências
precedentes seguem um curso regular de desenvolvimento, que é
amplamente determinado pela maturidade cognitiva. Para ele, essas
tendências resultam da “[...] organização cognitivodesenvolvimental da
criança, a partir de um mundo social no qual os papéis sexuais estão
relacionados aos conceitos do corpo e às funções sociais básicas de formas
relativamente universais”.
Eleonor Maccoby e Carol Jacklin (1974) fazem um levantamento de
pesquisas realizadas sobre a psicologia das diferenças sexuais em crianças
e adolescentes entre 1966 e 1973. Elas classificam as pesquisas em três
partes: intelecto e realizações; comportamento social; e origens psicológicas
das diferenças sexuais. Dentro dessas classificações maiores, as autoras
subdividem as pesquisas, analisando-as. Dentro de intelecto e realizações,
temos: percepção, aprendizagem e memória; habilidades intelectuais e
estilos cognitivos; e realizações motivacionais e self-conceito. A classificação
comportamento social foi dividida em: temperamentos; aproximação e
distanciamento social; e relações de poder. Por fim, nas origens psicológicas
das diferenças sexuais temos: tipos e funções dos modelos sexuais; e
socialização diferencial entre meninos e meninas. As autoras resumem as
teorias sobre a aquisição da psicologia das diferenças sexuais em três
grandes grupos: pela vida da imitação; pelo reforço; e pela socialização. Na
imitação, crianças escolhem modelos do mesmo sexo e usam esses modelos
para padronizar os seus próprios comportamentos. Os elogios ou desânimo
são os esforços, quando os pais recompensam meninos pelo que eles
concebem como comportamento de “menino” e ativamente os desencorajam
quando eles se ocupam de atividades que parecem femininas. A
autossocialização é quando a criança desenvolve um conceito do que é ser
macho ou fêmea, e, quando ela tem uma compreensão da sua própria
identidade de sexo, tenta encaixar seu próprio comportamento para uma
“concepção do que é apropriado sexualmente em termos de comportamento”

3.5- IDEOLOGIA DE GENERO:

A “ ideologia de gênero” declara que ninguém nasce homem ou mulher mais


que cada indivíduo deve construir sua própria identidade, ou seja, seu gênero
ao longo da vida. “homem” e “mulher” consequentemente seriam apenas

papeis sociais flexíveis, que reproduziriam quando e como quisessem,


livremente do que a biologia determine como propensão masculinas e
femininas. Outra citação acadêmica a ressaltar o termo “gênero” foi a
feminista Judith Butler. Ela declara que o gênero é uma construção cultural;
portanto não é nem consequência do sexo, e não tão evidentemente fixo
como o sexo para Butler ainda argumenta que “homem e masculino poderiam
significar tanto o corpo feminino como um masculino; mulher e feminino tanto
um corpo masculino como um feminino”.
4- POSICAO DO CONSELHO REGIONAL DE PSICOOGIA QUANTO A
SEXUALIDADE: Nós psicólogos (as), independente da área em que
atuamos, somos frequentemente interpelados por questões ligadas à
sexualidade e relacionadas ao gênero. Sabemos que a forma como cada um
vive sua sexualidade e sua identidade de gênero faz parte da subjetividade, a
qual deve ser compreendida de modo integral. Também sabemos que o
modo como cada pessoa é vista e se vê intervém de alguma forma em sua
subjetividade a depender de seu sexo, seu gênero, sua orientação sexual, o
modo como vivencia seus desejos. O Princípio Fundamental I do Código de
Ética da Psicologia ordena que, no exercício profissional, nos balizemos
pelos valores contidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Assim, promover reflexões e ações no âmbito dos direitos sexuais e direitos
reprodutivos é promover, na atuação cotidiana de cada psicólogo (a), a luta
contra preconceitos relacionados à autonomia do corpo, vivência da
sexualidade e à construção das identidades de gênero de modo geral. Tendo
em vista a amplitude desta temática, destacamos alguns pontos que o CRP
SP objetiva:
1) Promover a ampliação das discussões acerca da Sexualidade e dos
Gêneros no âmbito do CRP SP, bem como a atuação política do mesmo
junto às políticas públicas e ao movimento social envolvido com a temática
dos direitos sexuais e direitos reprodutivos - DSDR.
2) Fomentar junto a categoria discussões e produção de referência da
atuação profissional frente a situações de violência contra mulher, incluindo o
aborto inseguro.
3) Fomentar junto à categoria novas referências em relação a atuação
profissional no campo da sexualidade, tendo em vista que a psicologia tem
contribuído junto às políticas públicas para o encaminhamento das demandas
de atenção às travestis e transexuais.
4) Continuar a contribuir com o enfrentamento da homofobia e do
preconceito de gênero presente no âmbito da sociedade brasileira,
destacando a defesa e a constante divulgação da Resolução CFP nº 01/99,
que define a despatologização da orientação sexual e que a prática do
psicólogo deve se pautar por essa diretriz. Entendemos que a Psicologia
como ciência e profissão deve aglutinar-se a outros atores sociais na
perspectiva da construção de uma sociedade que garanta os direitos de seus
cidadãos e cidadãs. Assim, nesta página temática você encontrará
informações sobre o envolvimento do CRP SP na luta pelos direitos sexuais e
direitos reprodutivos de todos e todas. Conselho Regional de Psicologia de
São Paulo (6ª Região)

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