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Aula 11 - Sistemas de

cabeamento estruturado

Objetivos

Conhecer:

• técnicas e métodos para certificações e testes;

• os principais parâmetros elétricos e mecânicos que devem ser


verificados nos testes de certificação do sistema de cabeamento
estruturado e

• quais equipamentos devem ser utilizados para tais testes.

Introdução
Antes do sistema de cabeamento de cobre ser entregue aos usuários finais,
este deve ser devidamente certificado. Mas o que vem a ser “Certificação de
cabos”? Bem, não seria nada prudente, para um projetista de rede, afirmar
que seu projeto fora concluído sem antes testar devidamente os cabos. Saiba
que o fato de uma rede estar funcionando não significa que está adequada,
pois muitos problemas só são percebidos com o tempo de uso, e, na maioria
das vezes, quando mais se precisa da rede funcional, um problema pode dei-
xá-la não funcional. Como já vimos, as normas estipulam limites para cada
parâmetro elétrico (resistência à interferência, frequência), como a capacida-
de do cabeamento “aguentar” a banda passante sem acarretar problemas
para a empresa ou residência. Esses limites servirão como referência para a
verificação dos cabos. Falando mais tecnicamente: quando analisamos, em
frequências, as respostas do sistema de cabeamento, estamos fazendo tes-
tes de campo, ou testes de certificação. Explicando ainda melhor: confirmar,
por meio de medições realizadas com equipamentos e métodos profissio-
nais, se um sistema de cabos está de acordo com os requisitos especificados
pela norma da sua categoria, é o mesmo que certificar esse sistema de cabe-
amento. Quando o cabeamento responde adequadamente, em frequência,

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à sua categoria de desempenho estipulada pelos limites impostos pelas nor-
mas, este deve receber o conceito de APROVADO, ou seja, o sistema passou
nos testes de certificação. Ok, então!Mas, como fazer esses testes? Como
certificar os cabos? É o que você vai aprender nos tópicos que seguem.

Parâmetros elétricos e mecânicos a


serem verificados
Num processo de certificação do sistema de cabeamento de cobre, os parâ-
metros elétricos e mecânicos abaixo devem ser verificados:

• configurações de terminação (wire map);

• comprimento do cabo;

• perda de inserção (atenuação);

• paradiafonia (NEXT, Near End Crosstalk);

• PS-NEXT (powersum NEXT);

• ACR (Attenuation to Crosstalk Ratio – Relação atenuação /paradiafonia);

• ELFEX (Equal Level Far End Crosstalk – telediafonia de nível equalizado);

• PS- ELFEX (powersum ELFEX);

• perda de retorno;

• atraso de propagação;

• Delay skew (desvio de atraso de propagação).

Foge ao escopo desse material explicar todos os parâmetros citados acima,


contudo, é importante resumir alguns deles para que você possa entender
melhor. Vamos a eles.

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Configurações de terminação (wire map)
De acordo com as normas já estudadas, as terminações nas tomadas de
telecomunicação dos cabos de cobre (UTP, STP, F/UTP, etc.), crimpados com
conectores RJ-45, devem ser nos padrões T568A e T568B. O teste wire map
deve verificar os seguintes itens:

–– continuidade pino a pino;


–– pares invertidos;
–– pares transpostos;
–– condutores ou pares abertos;
–– condutores ou pares em curto;
–– pares divididos ou split-pair.

Comprimento
O comprimento máximo, de acordo com as normas, é de 90 metros para
cada segmento máximo de cabo, seja no subsistema horizontal ou de back-
bone, a partir da categoria 3, da classe C em diante. Esses 90m são na con-
figuração enlace; para a configuração canal, devem ser de 100 metros
máximos. Não deixe de dar ao comprimento dos cabos a devida importância
apresentada aqui, pois essa metragem está fortemente ligada a velocidades
nominais de propagação.

Perda de inserção (atenuação)


Quando um condutor é percorrido por uma corrente elétrica, ele tende a
oferecer uma resistência à passagem dessa corrente, dependendo da intensi-
dade da mesma e do comprimento do condutor, esse fenômeno é explicado
pelas leis de Ohm: “Ohm verificou, através de inúmeros experimentos, que
a resistência elétrica de um resistor é diretamente proporcional ao compri-
mento dele e inversamente proporcional à sua área de secção transversal. A
constante de proporcionalidade recebe o nome de resistividade elétrica. A
resistividade elétrica é característica do material de que é feito o resistor.”
(fonte: http://www.scribd.com/doc/3370294/Fisica-Aula-21-Leis-de-OHM-e-
resistores)

Sendo assim, a atenuação é a perda de potência sofrida por um si-


nal, quando este se propaga num meio físico qualquer. A atenuação
é expressa em dB (decibel), por unidade de comprimento, para um dado
segmento de cabo. A atenuação é calculada através de fórmula matemática,
uma vez que a atenuação, em si, é uma função logarítmica. Em geral, a ate-
nuação é calculada como dez vezes o logaritmo na base dez da potência do
sinal recebido pela potência do sinal transmitido.

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Alien Crosstalk
Como já estudado, os cabos UTP, num sistema de cabeamento estruturado,
são, na grande maioria das vezes, instalados juntos e ao longo de um enca-
minhamento, ou pelo menos, parte dele. Veja a figura 1 a seguir.

Figura 1 – encaminhamento de cabos UTP sujeitos ao Alien Crosstalk.


Fonte: http://www.shieldscom.com/partners.htm.

Os segmentos de cabos são organizados em grupos muitas vezes presos por


braçadeiras ou por outro tipo de amarração, e como são cabos UTP, os si-
nais que se propagam num par podem interferir naqueles que se propagam
noutro par ou, até mesmo, em grupos inteiros de cabos. A figura 2 ilustra o
Alien Crosstalk num feixe de cabos UTP.

Figura 2 – Alien Crosstalk num feixe de cabos.

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O Alien Crosstalk, bem como o seu controle, é mais evidente em sistemas
Glossário
de cabeamento porque, nos cabos Gigabit Ethernet e 10 Gigabit Ethernet
sobre cobre (10GBASE-T), os pares de cabos balanceados são utilizados ao
Lan teste ou testador de
mesmo tempo, o que aumenta, consideravelmente, a predisposição ao Alien cabos
Crosstalk. Da mesma maneira que o NEXT, FEXT, ACR e ELFEX, ele pode ser
Não podemos esquecer-
medido usando o método de powersum. nos de citar, neste material,
um equipamento vital e
indispensável na maleta
do projetista de redes, que
é o testador de cabos ou
lan teste, como também é
conhecido.
Testador de cabos é uma
ferramenta de medição que
visa garantir especificações
técnicas e o desempenho de
uma rede de computadores.
Podendo ser apenas
medidas de continuidade
de fios, indicado por
LEDs, composta por base
e receptor. Para padrões
corporativos, usa-se
Figura 3 – powersum de Alien Crosstalk entre cabos UTP. um scanner para medir
comprimento do cabo,
pinagem, interferência
externa, interferência
As interferências causadas pelo efeito Alien Crosstalk devem ser, a qualquer entre pares, impedância,
capacitância e tempo de
custo, minimizadas, pois os ativos de rede não conseguem fazer a compen- propagação do sinal.
sação dos ruídos externos causados pelos cabos sob certas condições. Esse
Para cabos de fibra óptica,
efeito causado por ele é, resumidamente, uma interferência (diafonia) entre usa-se o power meter e o
otdr.
pares diferentes de cabos diversos, muito próximos ou paralelos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/
Testador_de_cabos

Lan teste ou testador de cabos.

Figura 4 – medição, na prática, do efeito Alien Crosstalk.


Fonte: http://www.idealindustries.ca/whatsnew/ press_releases/ view. php? news=
alien_crosstalk.

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Glossário

Power meter óptico.

Figura 5 – equipamentos de teste.


Fonte: http://www.idealindustries.ca.

Referências
MAURÍCIO, José. Guia Completo de Cabeamento de Redes. 11ª reimpressão. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2003.
SÉRGIO MARIN, Paulo. Cabeamento Estruturado - Desvendando cada passo: do projeto à
instalação. São Paulo: Érica, 2009.

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