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Info-606-Stj 'POBOX PDF
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Informativo 606-STJ
Márcio André Lopes Cavalcante
ÍNDICE
DIREITO CONSTITUCIONAL
INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO
Mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso sem mandado judicial ou
consentimento do morador.
DIREITO ADMINISTRATIVO
SERVIDORES PÚBLICOS
União não deve figurar na ação proposta pedindo a implementação do piso nacional do magistério.
DESAPROPRIAÇÃO
Ente desapropriante não responde por tributos anteriores à desapropriação.
DIREITO CIVIL
DIREITOS AUTORAIS
Cobrança de direitos autorais em caso de hotel equipado com TV.
Gravação de mensagem de voz para central telefônica não pode ser enquadrada como direito conexo ao de autor.
DIVÓRCIO
Em caso de divórcio no qual se pede a desconsideração inversa da personalidade jurídica, deve-se incluir no polo
passivo a pessoa que teria participado do conluio com o cônjuge.
UNIÃO ESTÁVEL
Benefício de previdência privada fechada não entra na partilha em caso de fim de relação.
ASTREINTES
É possível a imposição de astreintes contra a Fazenda Pública para fornecimento de medicamento.
TÍTULO EXECUTIVO
Construcard não é título executivo.
DIREITO PENAL
CRIMES DE TRÂNSITO
Em caso de concurso formal de crimes, o perdão judicial concedido para um deles não necessariamente deverá
abranger o outro.
REVISÃO CRIMINAL
Laudo pericial juntado quando estava pendente apenas agravo para destrancar recurso especial é considerado
prova nova para fins de revisão criminal.
DIREITO TRIBUTÁRIO
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O FGTS
É legítima a cobrança da contribuição social ao FGTS das empresas optantes pelo Simples.
DIREITO CONSTITUCIONAL
INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO
Mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza
o ingresso sem mandado judicial ou consentimento do morador
Importante!!!
O ingresso regular da polícia no domicílio, sem autorização judicial, em caso de flagrante
delito, para que seja válido, necessita que haja fundadas razões (justa causa) que sinalizem a
ocorrência de crime no interior da residência.
A mera intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente, embora pudesse
autorizar abordagem policial, em via pública, para averiguação, não configura, por si só, justa
causa a autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o seu consentimento e sem determinação
judicial.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.574.681-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (Info 606).
DIREITO ADMINISTRATIVO
SERVIDORES PÚBLICOS
União não deve figurar na ação proposta pedindo a implementação do piso nacional do magistério
Os dispositivos do art. 4º, caput, e §§ 1º e 2º, da Lei nº 11.738/2008 não amparam a tese de
que a União é parte legítima, perante terceiros particulares, em demandas que visam à sua
responsabilização pela implementação do piso nacional do magistério, afigurando-se correta
a decisão que a exclui da lide e declara a incompetência da Justiça Federal para processar e
julgar o feito ou, em sendo a única parte na lide, que decreta a extinção da demanda sem
resolução do mérito.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.559.965-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 14/6/2017 (recurso repetitivo)
(Info 606).
Cerca de dois anos depois, foi editada a Lei nº 11.738/2008 regulamentando o art. 206, VIII, da CF/88 e
fixando o piso salarial profissional nacional para o magistério público da educação básica, sendo esse o
valor mínimo a ser observado pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios quando
da fixação do vencimento inicial das carreiras.
Confira o que diz a Lei nº 11.738/2008:
Art. 1º Esta Lei regulamenta o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério
público da educação básica a que se refere a alínea “e” do inciso III do caput do art. 60 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias.
Art. 2º O piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação
básica será de R$ 950,00 (novecentos e cinquenta reais) mensais, para a formação em nível médio,
na modalidade Normal, prevista no art. 62 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
§ 1º O piso salarial profissional nacional é o valor abaixo do qual a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios não poderão fixar o vencimento inicial das Carreiras do magistério público
da educação básica, para a jornada de, no máximo, 40 (quarenta) horas semanais.
§ 2º Por profissionais do magistério público da educação básica entendem-se aqueles que
desempenham as atividades de docência ou as de suporte pedagógico à docência, isto é, direção
ou administração, planejamento, inspeção, supervisão, orientação e coordenação educacionais,
exercidas no âmbito das unidades escolares de educação básica, em suas diversas etapas e
modalidades, com a formação mínima determinada pela legislação federal de diretrizes e bases
da educação nacional.
(...)
Art. 5º O piso salarial profissional nacional do magistério público da educação básica será
atualizado, anualmente, no mês de janeiro, a partir do ano de 2009.
Parágrafo único. A atualização de que trata o caput deste artigo será calculada utilizando-se o
mesmo percentual de crescimento do valor anual mínimo por aluno referente aos anos iniciais do
ensino fundamental urbano, definido nacionalmente, nos termos da Lei nº 11.494, de 20 de junho
de 2007.
Desse modo, o piso salarial é o valor mínimo que os professores da rede pública, em início de carreira,
devem receber. A quantia é atualizada anualmente. Esses profissionais devem ter formação em magistério
em nível médio (ou antigo “curso normal”), carga horária de trabalho de 40h semanais, e atuar em
estabelecimentos públicos de ensino na educação infantil, no ensino fundamental e no ensino médio.
ADI 4167
Os Governadores de alguns Estados ingressaram com uma ADI no STF contra a Lei nº 11.738/2008
afirmando, dentre outros argumentos, que a mencionada lei seria desproporcional e não teria amparo
orçamentário. A ação foi julgada improcedente, tendo o acórdão sido vazado nos seguintes termos:
(...) 2. É constitucional a norma geral federal que fixou o piso salarial dos professores do ensino médio com
base no vencimento, e não na remuneração global. Competência da União para dispor sobre normas gerais
relativas ao piso de vencimento dos professores da educação básica, de modo a utilizá-lo como mecanismo
de fomento ao sistema educacional e de valorização profissional, e não apenas como instrumento de
proteção mínima ao trabalhador.
3. É constitucional a norma geral federal que reserva o percentual mínimo de 1/3 da carga horária dos
docentes da educação básica para dedicação às atividades extraclasse. Ação direta de
inconstitucionalidade julgada improcedente. (...)
STF. Plenário. ADI 4167, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 27/04/2011.
Modulação dos efeitos da ADI: Lei nº 11.738/2008 só produziu efeitos a partir de 27/04/2011
Antes do julgamento da ADI, a Lei nº 11.738/2008 estava suspensa por força de uma decisão liminar. Em
razão disso, o STF, ao declará-la constitucional, decidiu fazer a modulação temporal dos efeitos,
declarando que o pagamento do piso do magistério como vencimento básico inicial da carreira, nos
moldes como estabelecido na Lei nº 11.738/2008, deveria ser aplicável somente a partir de 27/04/2011
(data do julgamento do mérito da ADI):
(...) A Lei 11.738/2008 passou a ser aplicável a partir de 27.04.2011, data do julgamento de mérito desta
ação direta de inconstitucionalidade e em que declarada a constitucionalidade do piso dos professores da
educação básica. Aplicação do art. 27 da Lei 9.868/2001. (...)
STF. Plenário. ADI 4167 ED, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 27/02/2013.
A tese de Maria quanto à competência foi aceita pelo STJ? Nas ações pedindo a implementação do piso
salarial dos professores, a União também deverá figurar na lide e, consequentemente, a competência
será da Justiça Federal?
NÃO.
Em primeiro lugar, deve-se esclarecer que a União não tem responsabilidade direta de garantir o
pagamento do piso do magistério. O caput do art. 4º afirma que a União deverá fazer a complementação
orçamentária para que o Estado ou Município institua o piso salarial, mas não de forma automática. Para
que haja essa complementação, é necessário o preenchimento dos requisitos trazidos pelo caput.
Além disso, o art. 4º, caput e § 2º é uma norma de direito financeiro, que apenas atribui à União o dever
de complementar a integralização do piso na hipótese de o ente estadual ou municipal não apresentar
disponibilidade orçamentária para cumprir o valor fixado. Assim, esses dispositivos disciplinam apenas
uma relação entre a União e o Estado (ou Município), não criando nenhuma responsabilidade da União
perante terceiros.
O art. 4º, caput e § 2º trata sobre essa segunda relação. Assim, tais dispositivos referem-se, exclusivamente, à
relação entre a União e o ente federativo que não conseguir assegurar o pagamento do piso.
O STJ analisou este tema sob a sistemática do recurso repetitivo e fixou a seguinte tese:
Os dispositivos do art. 4º, caput, e §§ 1º e 2º, da Lei nº 11.738/2008 não amparam a tese de que a União
é parte legítima, perante terceiros particulares, em demandas que visam à sua responsabilização pela
implementação do piso nacional do magistério, afigurando-se correta a decisão que a exclui da lide e
declara a incompetência da Justiça Federal para processar e julgar o feito ou, em sendo a única parte na
lide, que decreta a extinção da demanda sem resolução do mérito.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.559.965-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 14/6/2017 (recurso repetitivo) (Info 606).
DESAPROPRIAÇÃO
Ente desapropriante não responde por tributos anteriores à desapropriação
O ente desapropriante não responde por tributos incidentes sobre o imóvel desapropriado
nas hipóteses em que o período de ocorrência dos fatos geradores é anterior ao ato de
aquisição originária da propriedade.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.668.058-ES, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 8/6/2017 (Info 606).
tributários incidentes no referido imóvel, nos termos do art. 130 do CTN e do art. 31 do Decreto-lei
3.365/1941 (que trata sobre desapropriações):
Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o
domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de
serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos
respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.
Art. 31. Ficam sub-rogados no preço quaisquer ônus ou direitos que recaiam sobre o bem
expropriado.
A tese do Município está correta? O Município poderá cobrar da União os tributos relacionados com o
imóvel mesmo eles se referindo a um período anterior à desapropriação?
NÃO.
O ente desapropriante não responde por tributos incidentes sobre o imóvel desapropriado nas
hipóteses em que o período de ocorrência dos fatos geradores é anterior ao ato de aquisição originária
da propriedade.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.668.058-ES, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 8/6/2017 (Info 606).
Aquisição da propriedade
A aquisição da propriedade pode ser decorrente de vínculo originário ou derivado.
A aquisição originária consiste em uma forma unilateral de se tornar possuidor do bem, não existindo
qualquer bilateralidade (ou interação entre os sujeitos), para se transmitir vínculo obrigacional.
Na aquisição derivada, há uma relação jurídica que precede ao uso, fruição ou gozo do bem, cujo repasse
ocorre com a transferência de vínculos obrigacionais entre os sujeitos, diante de um negócio jurídico
constitutivo.
DIREITO CIVIL
DIREITOS AUTORAIS
Cobrança de direitos autorais em caso de hotel equipado com TV
Hotéis pagam direitos autorais ao ECAD pelo simples fato de os quartos serem equipados com TV
A simples disponibilização de aparelhos radiofônicos (rádios) e televisores em quartos de
hotéis, motéis, clínicas e hospitais autoriza a cobrança de direitos autorais por parte do ECAD.
Se o quarto do hotel for equipado com TV por assinatura, tanto a empresa de TV a cabo como o
hotel pagarão direitos autorais
Não há bis in idem nas hipóteses de cobrança de direitos autorais tanto da empresa
exploradora do serviço de hotelaria (hotel) como da empresa prestadora dos serviços de
transmissão de sinal de TV por assinatura (ex: NET).
Os hotéis são obrigados a pagar direitos autorais pelo fato de terem, em seus quartos, TVs?
SIM.
A simples disponibilização de aparelhos radiofônicos (rádios) e televisores em quartos de hotéis, motéis,
clínicas e hospitais autoriza a cobrança de direitos autorais por parte do ECAD.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.589.598-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/6/2017 (Info 606).
terrestre, marítimo, fluvial ou aéreo, ou onde quer que se representem, executem ou transmitam
obras literárias, artísticas ou científicas.
§ 4º Previamente à realização da execução pública, o empresário deverá apresentar ao escritório
central, previsto no art. 99, a comprovação dos recolhimentos relativos aos direitos autorais.
Realmente, neste caso, tanto a NET como o hotel irão pagar direitos autorais ao ECAD. Ocorre que isso se
deve a “motivos” (fatos geradores) diferentes:
O fato gerador da obrigação do hotel é a captação de transmissão de radiodifusão em local de
frequência coletiva.
O fato gerador da obrigação da NET é a própria radiodifusão sonora ou televisiva.
Dessa forma, os fatos geradores são autônomos e geram obrigações que são exigíveis de modo independente.
O art. 29 da Lei nº 9.610/98 deixa claro que existe distinção entre “radiodifusão sonora ou televisa” e “captação
de transmissão de radiodifusão” e que para cada uma das situações exige-se autorização específica:
Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer
modalidades, tais como:
(...)
VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica, mediante:
(...)
d) radiodifusão sonora ou televisiva;
e) captação de transmissão de radiodifusão em locais de frequência coletiva;
Qual é o prazo prescricional para o ECAD ajuizar ação cobrando direitos autorais?
3 anos, considerando que a situação se enquadra no art. 206, § 3º, V, do Código Civil:
Art. 206. Prescreve:
(...)
§ 3º Em três anos:
(...)
V - a pretensão de reparação civil;
A cobrança em juízo dos direitos decorrentes da execução de obras musicais sem prévia e expressa
autorização do autor envolve pretensão de reparação civil, a atrair a aplicação do prazo de prescrição
de 3 anos de que trata o art. 206, § 3º, V, do Código Civil.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.474.832/SP, Rel. p/ Acórdão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/12/2016.
Uma última pergunta: o regulamento do ECAD prevê que a pessoa que deixar de quitar os direitos
autorais no prazo estipulado é obrigada a pagar uma multa moratória de 10% sobre o valor devido, sem
prejuízo da multa prevista no art. 109 da Lei nº 9.610/98. Esta multa moratória é válida?
NÃO.
Por ausência de previsão legal e ante a inexistência de relação contratual, é descabida a cobrança de
multa moratória estabelecida unilateralmente em Regulamento de Arrecadação do ECAD.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.474.832/SP, Rel. p/ Acórdão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/12/2016.
DIREITOS AUTORAIS
Gravação de mensagem de voz para central telefônica
não pode ser enquadrada como direito conexo ao de autor
Gravação de mensagem de voz para central telefônica não pode ser enquadrada como direito
conexo ao de autor, por não representar execução de obra literária ou artística ou de expressão
do folclore.
O uso indevido de voz de locutora profissional em gravação de saudação telefônica, que não se
enquadre como direito conexo ao de autor, não encontra proteção na Lei de Direitos Autorais.
Isso porque a Lei nº 9.610/98 protege apenas os intérpretes ou executantes: de obras
literárias ou artísticas; ou de expressões do folclore. A simples locução de uma saudação
telefônica não se enquadra nessas situações que merecem proteção da Lei nº 9.610/98.
Os direitos da personalidade podem ser objeto de disposição voluntária, desde que não
permanente nem geral
O exercício dos direitos da personalidade pode ser objeto de disposição voluntária, desde que
não permanente nem geral, estando condicionado à prévia autorização do titular e devendo
sua utilização estar de acordo com o contrato estabelecido entre as partes.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.630.851-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 27/4/2017 (Info 606).
Primeira pergunta sobre o tema: a presente gravação de voz é protegida pela Lei de Direitos Autorais
(Lei nº 9.610/98)?
NÃO. Os direitos do artista intérprete e executante, embora guardem muitas semelhanças com os direitos
do autor, com eles não se confundem.
Artistas intérpretes ou executantes são os atores, cantores, músicos, dançarinos e outras pessoas que
representem, cantem, recitem, declamem, interpretem ou executem, por qualquer forma, obras literárias
ou artísticas.
Os direitos do artista executante são conhecidos como direitos conexos aos de autor (direitos afins ou
direitos vizinhos, em tradução da expressão em inglês neighboring rights).
No plano internacional, os direitos de autor foram objeto da Convenção de Berna (1896).
Os direitos conexos, por sua vez, foram objeto da Convenção de Roma (1961), assinada 65 anos depois.
Os direitos conexos devem sua existência a uma obra autoral prévia. Em outras palavras, o direito do
artista intérprete decorre de sua intervenção, de forma original, criativa e com a devida autorização, em
uma obra autoral preexistente. Sem essa obra anterior, não há a conexão que dá nome a esses direitos.
Assim, se um intérprete canta uma música, isso significa que essa interpretação é um direito conexo ao
direito autoral do compositor da referida canção.
A Lei nº 9.610/98 não protege todos os intérpretes ou executantes. O legislador fez uma escolha e decidiu
proteger apenas os intérpretes ou executantes:
de obras literárias ou artísticas; ou
de expressões do folclore.
Portanto, para o ordenamento jurídico brasileiro, se não há obra autoral de natureza literária ou artística
ou uma expressão do folclore preexistente a ser executada, não se mostra possível o reconhecimento de
direitos conexos dos executantes.
No caso concreto, a gravação feita por Maria foi a de uma simples locução com a leitura de uma mensagem
anteriormente redigida. Assim, essa gravação não pode ser classificada como sendo a execução de uma
“obra literária ou artística” nem como sendo a “expressão de folclore”.
Logo, diante disso, essa gravação não pode ser considerada como “direito conexo aos direitos autorais”.
Por mais elástico que se considere o conceito de obra artística e literária, ele não abrange saudações
telefônicas que, via de regra, não preenchem o requisito mínimo de originalidade necessário para o
reconhecimento da proteção autoral.
Resumindo:
O uso indevido de voz de locutora profissional em gravação de saudação telefônica, que não se
enquadre como direito conexo ao de autor, não encontra proteção na Lei de Direitos Autorais.
Isso porque a Lei nº 9.610/98 protege apenas os intérpretes ou executantes: de obras literárias ou
artísticas; ou de expressões do folclore. A simples locução de uma saudação telefônica não se enquadra
nessas situações que merecem proteção da Lei nº 9.610/98.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.630.851-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 27/4/2017 (Info 606).
Vale ressaltar que a voz, mesmo quando não se enquadra como direito conexo ao de autor, ainda assim
goza de proteção legal por ser considerada como um “direito da personalidade”, garantido pela
Constituição Federal e pelo Código Civil.
A voz humana encontra proteção nos direitos da personalidade, seja como direito autônomo ou como
parte integrante do direito à imagem ou do direito à identidade pessoal.
Sendo a voz um direito de personalidade, ela poderia ter sido comercializada e utilizada para fins
comerciais?
Claro que sim.
O simples fato de se tratar de direito da personalidade não afasta a possibilidade de exploração econômica
da voz.
O exercício dos direitos da personalidade, a despeito da redação literal do art. 11 do Código Civil, são
passíveis de limitação voluntária, desde que limitada.
Esse é o teor do Enunciado 4 da I Jornada de Direito Civil, em que se afirma: "O exercício dos direitos da
personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral".
Perfeitamente possível e válido, portanto, o negócio jurídico que tenha por objeto a gravação de voz,
devendo-se averiguar apenas se foi ela gravada com autorização do seu titular e se sua utilização ocorreu
dentro dos limites contratuais.
O exercício dos direitos da personalidade pode ser objeto de disposição voluntária, desde que não
permanente nem geral, estando condicionado à prévia autorização do titular e devendo sua utilização
estar de acordo com o contrato estabelecido entre as partes.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.630.851-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 27/4/2017 (Info 606).
No caso concreto, o STJ aceitou o argumento da locutora de que não autorizou a cessão de sua voz para
a Microsoft?
NÃO. O STJ entendeu que houve sim autorização por parte da locutora.
Na gravação, a locutora lê mensagens redigidas para serem utilizadas especificamente pela Microsoft,
atendendo de forma personalizada às necessidades de sua central telefônica.
Nesse contexto, o simples fato de ter anuído com a realização da gravação em si já denota a autorização
da autora para a utilização de sua voz. Afinal, se não desejasse ver sua voz utilizada na central telefônica
da empresa, por que procedeu à gravação?
Se a empresa “ATT Comunicações” não cumpriu com suas obrigações firmadas perante a locutora, tendo
comercializado sua voz sem ter lhe pagado o valor integralmente acordado, a autora deverá buscar o
adimplemento contratual, e não a responsabilização civil da Microsoft.
O STJ entendeu que estava presente a boa-fé da Microsoft porque ela contratou gravação de saudação
telefônica personalizada específica para suas necessidades e assim recebeu a gravação, podendo presumir
que a titular da voz (no caso, Maria) estava de acordo com sua utilização.
DIVÓRCIO
Em caso de divórcio no qual se pede a desconsideração inversa da personalidade jurídica, deve-
se incluir no polo passivo a pessoa que teria participado do conluio com o cônjuge
A sócia da empresa, cuja personalidade jurídica se pretende desconsiderar, que teria sido
beneficiada por suposta transferência fraudulenta de cotas sociais por um dos cônjuges, tem
legitimidade passiva para integrar a ação de divórcio cumulada com partilha de bens, no bojo
da qual se requereu a declaração de ineficácia do negócio jurídico que teve por propósito
Desse modo, na desconsideração da personalidade jurídica, o juiz, mediante requerimento, autoriza que
os bens particulares dos administradores ou sócios sejam utilizados para pagar as dívidas da pessoa
jurídica, mitigando, assim, a autonomia patrimonial.
Maria pode fazer o pedido de desconsideração da personalidade jurídica dentro da ação de divórcio?
SIM. Existe a possibilidade de cumulação de pedidos na ação de divórcio. Assim, no caso concreto, a parte
autora requereu, além da dissolução do vínculo conjugal, a partilha de bens e a declaração de ineficácia
da alteração contratual que resultou na cessão de todas as cotas sociais do ex-cônjuge para o outro sócio.
Além de João, Maria deverá incluir também Júlia e a “ABC” no polo passivo desta ação de divórcio?
SIM.
A sócia da empresa, cuja personalidade jurídica se pretende desconsiderar, que teria sido beneficiada
por suposta transferência fraudulenta de cotas sociais por um dos cônjuges, tem legitimidade passiva
para integrar a ação de divórcio cumulada com partilha de bens, no bojo da qual se requereu a
declaração de ineficácia do negócio jurídico que teve por propósito transferir a participação do sócio/ex-
marido à sócia remanescente, dias antes da consecução da separação de fato.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.522.142-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/6/2017 (Info 606).
UNIÃO ESTÁVEL
Benefício de previdência privada fechada não entra na partilha em caso de fim de relação
Se duas pessoas estão vivendo em união estável, a lei prevê regras para disciplinar o patrimônio desse casal?
SIM. O Código Civil estabelece que, na união estável, as relações patrimoniais entre o casal obedecem às
regras do regime da comunhão parcial de bens (art. 1.725). Em outras palavras, é como se as pessoas que
vivem em união estável estivessem casadas sob o regime da comunhão parcial de bens.
O art. 1.660 lista bens que, se adquiridos durante o casamento, pertencem ao casal:
Art. 1.660. Entram na comunhão:
I — os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de
um dos cônjuges;
II — os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;
III — os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;
IV — as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
V — os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do
casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
O art. 1.659, por sua vez, elenca aquilo que é excluído da comunhão:
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
I — os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do
casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
II — os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-
rogação dos bens particulares;
III — as obrigações anteriores ao casamento;
IV — as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;
V — os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VI — os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII — as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
A dúvida que surgiu foi a seguinte: este plano de previdência complementar fechada deverá ser
repartido (partilhado) entre João e Maria?
NÃO.
O benefício de previdência privada fechada é excluído da partilha em dissolução de união estável regida
pela comunhão parcial de bens.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.477.937-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/4/2017 (Info 606).
O benefício de previdência privada fechada amolda-se como sendo uma das exceções previstas no art.
1.659, VII, do CC:
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
(...)
VII — as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
A previdência complementar fechada possui natureza análoga aos institutos das pensões, meios-soldos,
montepios, incluindo-se, por isso, na expressão "outras rendas” prevista no art. 1.659, VII, do CC/2002.
Desse modo, trata-se de verba excluída da partilha em caso de dissolução da união estável.
Vale ressaltar, inclusive, que o valor investido na previdência complementar fechada não pode nem ser
resgatado por livre escolha do participante, sob pena de violação de normas previdenciárias e estatutárias.
Existem requisitos para que ocorra o levantamento a fim de que se mantenha o equilíbrio financeiro e
atuarial do plano de previdência.
Admitir a possibilidade de resgate antecipado de renda investida no plano de previdência privada fechada
significaria lesar terceiros de boa-fé (demais participantes do plano).
Apenas a título de reforço de argumentação, vale ressaltar que a aposentadoria pública (benefício pago
pelo INSS) também não é incluída na meação como "bem", sendo incomunicável.
ALIMENTOS
Ação de alimentos gravídicos não se extingue ou perde seu objeto com o nascimento da criança
A ação de alimentos gravídicos não se extingue ou perde seu objeto com o nascimento da
criança, pois os referidos alimentos ficam convertidos em pensão alimentícia até eventual
ação revisional em que se solicite a exoneração, redução ou majoração de seu valor ou até
mesmo eventual resultado em ação de investigação ou negatória de paternidade.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.629.423-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 6/6/2017 (Info 606).
Alimentos gravídicos
A mulher gestante tem o direito de pleitear os alimentos que sejam necessários para cobrir suas despesas
durante o período de gravidez, da concepção ao parto. Isso é chamado de alimentos gravídicos, sendo
disciplinados pela Lei nº 11.804/2008.
Futuro pai
Os alimentos gravídicos referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai,
considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos
recursos de ambos (art. 2º, parágrafo único).
Indícios da paternidade
Durante o período gestacional existe uma dificuldade muito grande de se fazer o exame de DNA para se
confirmar a paternidade.
Ciente disso, a Lei nº 11.804/2008 afirmou que, para a concessão dos alimentos gravídicos, basta a
comprovação de “indícios da paternidade”.
Necessidade e possibilidade
Os alimentos gravídicos serão concedidos com base nas necessidades da parte autora e nas possiblidades
da parte ré.
Prazo de resposta
Na ação pedindo alimentos gravídicos, o réu será citado para apresentar resposta no prazo de 5 dias.
O que acontece se, no curso de uma ação de alimentos gravídicos, ocorre o nascimento da criança?
Haverá perda do objeto?
NÃO.
A ação de alimentos gravídicos não se extingue ou perde seu objeto com o nascimento da criança, pois
os referidos alimentos ficam convertidos em pensão alimentícia até eventual ação revisional em que se
solicite a exoneração, redução ou majoração de seu valor ou até mesmo eventual resultado em ação de
investigação ou negatória de paternidade.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.629.423-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 6/6/2017 (Info 606).
DENUNCIAÇÃO DA LIDE
Mesmo apresentada fora do prazo, a denunciação da lide feita pelo réu pode ser admitida
se o denunciado comparece apenas para contestar o pedido do autor
Não é extinta a denunciação da lide apresentada intempestivamente pelo réu nas hipóteses
em que o denunciado contesta apenas a pretensão de mérito da demanda principal.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.637.108-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/6/2017 (Info 606).
Denunciação da lide
Denunciação da lide é uma forma de intervenção de terceiros...
- por meio da qual uma das partes (pode ser o autor ou o réu)
- pede o ingresso no processo de um terceiro
- alegando que este deve participar da lide porque tem a responsabilidade de indenizá-la
- pelos eventuais prejuízos que tiver que suportar com a demanda.
Hipóteses
As hipóteses de denunciação da lide estão previstas no CPC nos seguintes termos:
Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante,
a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo
de quem for vencido no processo.
A denunciação da lide é um dever da parte? Se ela não fizer a denunciação da lide, perderá o direito de,
posteriormente, cobrar o terceiro pelos prejuízos que teve com a demanda?
NÃO. A denunciação da lide não é um dever. Trata-se de um ônus à parte que não a promove. Isso significa
que a falta de denunciação da lide não leva à perda do direito de garantia, de regresso, ou aquele
proveniente da evicção, mas sim somente ao desperdício da oportunidade de obtenção do direito material
no mesmo processo, o que não impede, pois, o ajuizamento de ação autônoma (Min. Nancy Andrighi).
Assim, a denunciação deve ser oferecida pelo autor, na própria petição inicial, ou pelo réu, no prazo da
contestação.
II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa,
eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva;
III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante
poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência
da ação de regresso.
Vale ressaltar, no entanto, que essa segunda lide (letra “b”) pode não existir. Isso porque pode ser que o
denunciado compareça ao processo apenas para contestar o pedido do autor, sem negar que tenha dever
de indenizar o denunciante caso este perca. É o que diz o art. 128, I, do CPC:
Art. 128. Feita a denunciação pelo réu:
I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na
ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado;
A partir do momento em que o denunciado aceita a denunciação da lide e se limita a impugnar o pedido
do autor, demonstra ter admitido a existência da relação jurídica que o obriga regressivamente frente ao
denunciante, optando apenas por, junto com o denunciante, resistir à pretensão contida na petição inicial.
Nessa hipótese, tendo havido o reconhecimento da denunciação, não haverá mais discussão quanto à lide
secundária, ficando o denunciado sujeito aos efeitos da sentença da causa principal. Em outras palavras,
se o denunciante perder a lide principal, não haverá mais dúvidas de que o denunciado terá que indenizá-
lo. Não existe mais espaço para discussão sobre o dever ou não do denunciado indenizar. Isso já está certo.
O processo é instrumento para a realização do direito material, razão pela qual, se o denunciado
reconhece sua condição de garantidor do eventual prejuízo, não há razões práticas para que se exija que,
ASTREINTES
É possível a imposição de astreintes contra a Fazenda Pública para fornecimento de medicamento
Importante!!!
É permitida a imposição de multa diária (astreintes) a ente público para compeli-lo a fornecer
medicamento a pessoa desprovida de recursos financeiros.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.474.665-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 26/4/2017 (recurso
repetitivo) (Info 606).
Indaga-se: o juiz pode fazer isso? Pode determinar ao Poder Público o fornecimento de medicamento a
portador de doença grave, sob pena de multa diária?
SIM.
É permitida a imposição de multa diária (astreintes) a ente público para compeli-lo a fornecer
medicamento a pessoa desprovida de recursos financeiros.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.474.665-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 26/4/2017 (recurso repetitivo)
(Info 606).
Astreintes
A multa cominatória, também conhecida como astreinte, é prevista no art. 537 do CPC/2015:
Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de
conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja
suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do
preceito.
Assim, a multa coercitiva pode ser aplicada pelo magistrado como uma forma de pressionar o devedor a
cumprir:
uma decisão interlocutória que concedeu tutela provisória; ou
uma sentença que julgou procedente o pedido do autor.
A função das astreintes é a de tentar vencer a recalcitrância (recusa) do devedor em cumprir a obrigação
de fazer ou de não fazer que lhe é imposta.
Direito à saúde
Em se tratando do direito à saúde, com maior razão deve ser aplicado, em desfavor do ente público
recalcitrante, o preceito cominatório, sob pena de ser subvertida garantia fundamental.
O direito à saúde é um direito-meio que assegura o bem maior: a vida.
Julgado correlato
Vale trazer aqui um outro importante julgado que também está relacionado com o tema:
Em ação para fornecimento de medicamentos, o juiz pode determinar o bloqueio e sequestro de verbas
públicas em caso de descumprimento da decisão.
Tratando-se de fornecimento de medicamentos, cabe ao Juiz adotar medidas eficazes à efetivação de suas
decisões, podendo, se necessário, determinar, até mesmo, o sequestro de valores do devedor (bloqueio),
segundo o seu prudente arbítrio, e sempre com adequada fundamentação.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.069.810-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 23/10/2013 (recurso
repetitivo) (Info 532).
TÍTULO EXECUTIVO
Construcard não é título executivo
Construcard
Construcard é um serviço oferecido pela Caixa Econômica Federal (CEF).
A pessoa que quer comprar materiais de construção, mas não dispõe do dinheiro para pagar à vista, pode
celebrar um contrato com a CEF por meio do qual ela receberá um cartão Construcard e com ele poderá
comprar os produtos de forma parcelada em lojas que são conveniadas com a instituição financeira.
Trata-se, na verdade, de uma linha de crédito (um dinheiro emprestado) oferecida para a compra de
materiais de construção, reforma ou ampliação de imóvel residencial, com verbas disponibilizadas pela
Caixa Econômica, por meio de cartão magnético específico.
A pessoa que quiser contratar o Construcard irá celebrar com a CEF um contrato particular de abertura de
crédito a pessoa física. Será liberado um crédito de até determinado valor para o contratante possa
comprar os materiais de construção e a quantia que for utilizada depois deverá ser devolvida à CEF com
juros e correção monetária, como em um empréstimo normal.
Ausência de liquidez
No Construcard a dívida cobrada não é líquida. Isso porque a definição do valor devido dependerá sempre
de apuração com base em fatos e provas.
Em suma
A ausência de executividade desta modalidade de crédito decorre do fato de que, quando da assinatura
do instrumento pelo consumidor - ocasião em que a obrigação nasce para a instituição financeira, de
disponibilizar determinada quantia ao seu cliente -, não há dívida líquida e certa, sendo que os valores
eventualmente utilizados são documentados unilateralmente produzidos pela própria instituição, sem
qualquer participação, muito menos consentimento, do cliente.
DIREITO PENAL
CRIMES DE TRÂNSITO
Em caso de concurso formal de crimes, o perdão judicial concedido
para um deles não necessariamente deverá abranger o outro
Importante!!!
O fato de os delitos terem sido cometidos em concurso formal não autoriza a extensão dos
efeitos do perdão judicial concedido para um dos crimes, se não restou comprovada, quanto
ao outro, a existência do liame subjetivo entre o infrator e a outra vítima fatal.
Ex: o réu, dirigindo seu veículo imprudentemente, causa a morte de sua noiva e de um amigo;
o fato de ter sido concedido perdão judicial para a morte da noiva não significará a extinção
da punibilidade no que tange ao homicídio culposo do amigo.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.444.699-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 1/6/2017 (Info 606).
Nesses dois exemplos, as consequências do crime atingem o agente de forma tão forte e cruel que a
sanção penal é desnecessária e seria até desumana. A vida e o destino já puniram o sujeito.
Para concessão do perdão judicial com base nas consequências psicológicas exige-se um vínculo prévio
entre o autor e a vítima
Para aplicação do perdão judicial baseado no sofrimento psicológico do agente, o STJ tem exigido a
existência de um vínculo, de um laço prévio de conhecimento entre os envolvidos, para que seja "tão
grave" a consequência do crime ao agente.
Assim, a interpretação dada, na maior parte das vezes, é no sentido de que só sofre intensamente o réu
que, de forma culposa, matou alguém conhecido e com quem mantinha laços afetivos.
Entender pela desnecessidade do vínculo seria abrir uma fenda na lei, que reputo não haver desejado o
legislador, pois, além de difícil aferição – o tão grave sofrimento –, serviria como argumento de defesa
para todo e qualquer caso de delito com vítima fatal.
STJ. 6ª Turma. REsp 1455178/DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, DJe 06/06/2014.
É possível que o perdão judicial seja reconhecido pelo juiz ainda na fase de inquérito policial ou na
decisão de absolvição sumária?
NÃO. Prevalece que o perdão judicial apenas pode ser reconhecido no momento da sentença. Isso porque
somente será aplicado o perdão judicial se existirem provas suficientes para a condenação, análise que
deve ser feita após toda a instrução. Se houver motivos para absolver o réu, deve-se prolatar sentença
absolutória (e não de perdão judicial), afinal de contas, se ele não é culpado pelo crime, não há motivo
para ser “perdoado”.
Obs.: o perdão judicial é previsto para outros crimes além do homicídio culposo (ex.: art. 129, § 8º do CP).
É possível aplicar o perdão judicial do art. 121, § 5º do CP ao homicídio culposo na direção de veículo
automotor (art. 302 do CTB)?
SIM. Essa é a posição do STJ e da doutrina majoritária (Rogério Greco, Nucci, entre outros).
Não é possível a extensão do efeito de extinção da punibilidade pelo perdão judicial concedido em relação
a um delito para outro crime tão-somente por terem sido praticados em concurso formal.
O perdão judicial é uma causa de extinção da punibilidade de índole excepcional, de forma que somente
pode ser concedido quando presentes os seus requisitos, devendo-se analisar cada delito de per si
(isoladamente), e não de forma generalizada, como quando ocorre a pluralidade de delitos decorrentes
do concurso formal de crimes.
Importante!!!
O ingresso regular da polícia no domicílio, sem autorização judicial, em caso de flagrante
delito, para que seja válido, necessita que haja fundadas razões (justa causa) que sinalizem a
ocorrência de crime no interior da residência.
A mera intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente, embora pudesse
autorizar abordagem policial em via pública para averiguação, não configura, por si só, justa
causa a autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o seu consentimento e sem determinação
judicial.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.574.681-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (Info 606).
No presente caso acima narrado, o ingresso dos policiais na casa foi legal?
NÃO. Vamos entender com calma.
Inviolabilidade de domicílio
A CF/88 prevê, em seu art. 5º, a seguinte garantia:
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial;
Assim, guarde isso: não se pode invadir a casa de alguém durante a noite para cumprir ordem judicial.
Flagrante delito
Vimos acima que, havendo flagrante delito, é possível ingressar na casa mesmo sem consentimento do
morador, seja de dia ou de noite.
Um exemplo comum no cotidiano é o caso do tráfico de drogas. Diversos verbos do art. 33 da Lei nº
11.343/2006 fazem com que este delito seja permanente:
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,
oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a
consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Assim, se a casa do traficante funciona como boca-de-fumo, onde ele armazena e vende drogas, a todo
momento estará ocorrendo o crime, considerando que ele está praticando os verbos "ter em depósito" e
"guardar".
Diante disso, havendo suspeitas de que existe droga em determinada casa, será possível que os policiais
invadam a residência mesmo sem ordem judicial e ainda que contra o consentimento do morador?
SIM. No entanto, no caso concreto, devem existir fundadas razões que indiquem que ali está sendo
cometido um crime (flagrante delito). Essas razões que motivaram a invasão forçada deverão ser
posteriormente expostas pela autoridade, sob pena de ela responder nos âmbitos disciplinar, civil e penal.
Além disso, os atos praticados poderão ser anulados.
Em que pese eventual boa-fé dos policiais militares, não havia elementos objetivos, seguros e racionais,
que justificassem a invasão de domicílio.
Dessa forma, como decorrência da Doutrina dos Frutos da Árvore Envenenada (ou venenosa, visto que
decorre da fruits of the poisonous tree doctrine, de origem norte-americana), consagrada no art. 5º, LVI,
da CF/88, é nula a prova derivada de conduta ilícita - no caso, a apreensão, após invasão desautorizada do
domicílio do recorrido, de 18 pedras de crack -, pois evidente o nexo causal entre uma e outra conduta,
ou seja, entre a invasão de domicílio (permeada de ilicitude) e a apreensão de drogas.
REVISÃO CRIMINAL
Laudo pericial juntado quando estava pendente apenas agravo para destrancar
recurso especial é considerado prova nova para fins de revisão criminal
O laudo pericial juntado em autos de ação penal quando ainda pendente de julgamento agravo
interposto contra decisão de inadmissão de recurso especial enquadra-se no conceito de
prova nova, para fins de revisão criminal (art. 621, III, do CPP).
STJ. 6ª Turma. REsp 1.660.333-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 6/6/2017 (Info 606).
Revisão criminal
Diante do trânsito em julgado, a defesa ajuizou revisão criminal pedindo a desconstituição da decisão que
condenou o réu sob o argumento de que, após a sentença, foi descoberta uma nova prova (laudo pericial)
que atesta a inocência do condenado.
O fundamento invocado pela defesa foi o art. 621, III, do CPP:
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
(...)
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de
circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.
O Ministério Público se opôs ao pedido alegando que o laudo pericial foi juntado aos autos antes do
trânsito em julgado, enquanto ainda estava pendente de apreciação um recurso. Logo, não se pode dizer
que se trate de prova nova, considerando que já estava dentro dos autos.
Esse laudo pericial, no caso concreto, pode ser considerado como prova nova para fins de revisão criminal?
SIM.
O laudo pericial juntado em autos de ação penal quando ainda pendente de julgamento agravo
interposto contra decisão de inadmissão de recurso especial enquadra-se no conceito de prova nova,
para fins de revisão criminal (art. 621, III, do CPP).
STJ. 6ª Turma. REsp 1.660.333-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 6/6/2017 (Info 606).
O fato de que, quando juntado o referido laudo pericial aos autos da ação penal, estava pendente de
julgamento o citado agravo não lhe retira o caráter de prova nova, tendo em vista que a jurisdição das
instâncias ordinárias, que são responsáveis pela análise do acervo probatório, já havia se encerrado.
Em recursos de natureza extraordinária (como é o caso do recurso especial) não se examinam provas e,
portanto, não houve apreciação judicial do conteúdo da perícia, motivo pelo qual o referido laudo pericial
se enquadra sim no conceito de prova nova.
DIREITO TRIBUTÁRIO
Contribuição ao FGTS
A Lei Complementar 110/2001 criou a seguinte contribuição social em seu art. 1º:
Art. 1º Fica instituída contribuição social devida pelos empregadores em caso de despedida de
empregado sem justa causa, à alíquota de dez por cento sobre o montante de todos os depósitos
devidos, referentes ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, durante a vigência do
contrato de trabalho, acrescido das remunerações aplicáveis às contas vinculadas.
Essa exação tem natureza jurídica de contribuição social enquadrada na subespécie “contribuições sociais
gerais”. Vale ressaltar que essa contribuição continua exigível, conforme entende o STJ:
A contribuição social prevista no art. 1º da LC 110/2001 – baseada no percentual sobre o saldo de
FGTS em decorrência da despedida sem justa causa –, a ser suportada pelo empregador, não se
encontra revogada, mesmo diante do cumprimento da finalidade para a qual a contribuição foi
instituída.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.487.505-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 17/3/2015 (Info 558).
Ao se analisar a legislação do Simples Nacional, percebe-se que em nenhum momento houve a intenção
de se atingir os recursos destinados ao FGTS, tendo em vista a sua natureza social de amparo ao
trabalhador.
Outro ponto de relevo é que o rol taxativo dos tributos e contribuições abarcados pelo Simples Nacional
(art. 13, caput, da LC 123/2006) não exclui a incidência de outras exações, para as quais se mantém a
tributação regular, de acordo com o disposto no § 1º do mesmo preceito legal.
Desse modo, há que se concluir que a contribuição ao FGTS prevista no art. 1º da LC 110/2001 está incluída
na disciplina do art. 13, § 1º, XV, da LC 123/2006, que determina a incidência dos "demais tributos de
competência da União", e não na do art. 13, § 3º, da mesma LC 123/2006, que dispensa "do pagamento
das demais contribuições instituídas pela União", havendo que ser cobrada das empresas optantes pelo
Simples Nacional.
Assim, seja por estar inserida no inciso VIII ou incluída na disciplina do inciso XV, ambos do § 1º do art. 13
da LC 123/2006, é devida a contribuição ao FGTS prevista no art. 1º da LC n. 110/2001 pelos optantes do
Simples Nacional:
Art. 13. O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante documento único de
arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições:
I - Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ;
II - Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, observado o disposto no inciso XII do § 1o deste
artigo;
III - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL;
IV - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS, observado o disposto no
inciso XII do § 1º deste artigo;
V - Contribuição para o PIS/Pasep, observado o disposto no inciso XII do § 1º deste artigo;
VI - Contribuição Patronal Previdenciária - CPP para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica,
de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, exceto no caso da microempresa e
da empresa de pequeno porte que se dedique às atividades de prestação de serviços referidas no
§ 5º-C do art. 18 desta Lei Complementar;
VII - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de
Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS;
VIII - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS.
§ 1º O recolhimento na forma deste artigo não exclui a incidência dos seguintes impostos ou
contribuições, devidos na qualidade de contribuinte ou responsável, em relação aos quais será
observada a legislação aplicável às demais pessoas jurídicas:
(...)
VIII - Contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS;
(...)
XV - demais tributos de competência da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios,
não relacionados nos incisos anteriores.
EXERCÍCIOS
Julgue os itens a seguir:
1) Os dispositivos do art. 4º, caput, e §§ 1º e 2º, da Lei nº 11.738/2008 amparam a tese de que a União é
parte legítima, perante terceiros particulares, em demandas que visam à sua responsabilização pela
implementação do piso nacional do magistério. ( )
2) O ente desapropriante responde por tributos incidentes sobre o imóvel desapropriado mesmo nas
hipóteses em que o período de ocorrência dos fatos geradores é anterior ao ato de aquisição originária
da propriedade. ( )
3) A simples disponibilização de aparelhos radiofônicos (rádios) e televisores em quartos de hotéis, motéis,
clínicas e hospitais não autoriza a cobrança de direitos autorais por parte do ECAD. ( )
4) Segundo entendimento sumulado do STJ, São devidos direitos autorais pela retransmissão radiofônica
de músicas em estabelecimentos comerciais. ( )
5) Há bis in idem nas hipóteses de cobrança de direitos autorais tanto da empresa exploradora do serviço
de hotelaria como da empresa prestadora dos serviços de transmissão de sinal de TV por assinatura. ( )
6) A cobrança em juízo dos direitos decorrentes da execução de obras musicais sem prévia e expressa
autorização do autor envolve pretensão de reparação civil, a atrair a aplicação do prazo de prescrição de
3 anos de que trata o art. 206, § 3º, V, do Código Civil. ( )
7) Por ausência de previsão legal e ante a inexistência de relação contratual, é descabida a cobrança de
multa moratória estabelecida unilateralmente em Regulamento de Arrecadação do ECAD. ( )
8) O uso indevido de voz de locutora profissional em gravação de saudação telefônica, que não se enquadre
como direito conexo ao de autor, não encontra proteção na Lei de Direitos Autorais. ( )
9) (Promotor MPE SC 2016 banca própria) De acordo com o Código Civil, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Todavia,
alguns direitos excepcionam referida regra, como por exemplo, o direito a imagem e o direito a honra. (
)
10) (Promotor MP/BA 2015) Os direitos da personalidade são sempre intransmissíveis e irrenunciáveis, não
podendo seu exercício sofrer limitação voluntária, sem exceções. ( )
11) Segundo o STJ, o exercício dos direitos da personalidade pode ser objeto de disposição voluntária, desde
que não permanente nem geral, estando condicionado à prévia autorização do titular e devendo sua
utilização estar de acordo com o contrato estabelecido entre as partes. ( )
12) (DPE/RS 2014) Os direitos de personalidade são adquiridos pelo sujeito independentemente da vontade,
mas seu exercício admite limitação voluntária, desde que esta não ocorra de forma geral e permanente.
( )
13) (Proc. Municipal PGM-SALVADOR 2015 CESPE) A desconsideração inversa da personalidade jurídica, ou
desconsideração às avessas, é incompatível com o sistema processual brasileiro em vigor e, se realizada
em execução, será ilegítima por falta de previsão normativa. ( )
14) (PGE/PR 2015) A desconsideração inversa da pessoa jurídica dá-se quando se atingem bens da pessoa
jurídica para solver dívidas de seus sócios. Esse proceder é expressamente vedado pelo ordenamento
jurídico brasileiro porque proporciona prejuízo aos demais participantes da sociedade. ( )
15) A sócia da empresa, cuja personalidade jurídica se pretende desconsiderar, que teria sido beneficiada
por suposta transferência fraudulenta de cotas sociais por um dos cônjuges, tem legitimidade passiva
para integrar a ação de divórcio cumulada com partilha de bens, no bojo da qual se requereu a declaração
de ineficácia do negócio jurídico que teve por propósito transferir a participação do sócio/ex-marido à
sócia remanescente, dias antes da consecução da separação de fato. ( )
16) O benefício de previdência privada fechada deve ser incluído na partilha de dissolução de união estável
regida pela comunhão parcial de bens. ( )
17) A ação de alimentos gravídicos não se extingue ou perde seu objeto com o nascimento da criança, pois
os referidos alimentos ficam convertidos em pensão alimentícia até eventual ação revisional em que se
solicite a exoneração, redução ou majoração de seu valor ou até mesmo eventual resultado em ação de
investigação ou negatória de paternidade. ( )
18) (Juiz TJDFT 2016 CESPE) Na ação de alimentos gravídicos, o prazo para a parte ré citada apresentar
resposta é de dez dias. ( )
19) Não é extinta a denunciação da lide apresentada intempestivamente pelo réu nas hipóteses em que o
denunciado contesta apenas a pretensão de mérito da demanda principal. ( )
20) (Juiz TJPB 2015 CESPE) É vedada a fixação de astreintes contra pessoa jurídica de direito público. ( )
21) É permitida a imposição de multa diária (astreintes) a ente público para compeli-lo a fornecer
medicamento a pessoa desprovida de recursos financeiros. ( )
22) (Juiz TJDFT 2015 CESPE) O princípio dispositivo aplica-se às tutelas específicas de adimplemento das
obrigações de fazer e não fazer, o que, segundo o STJ, impede o juiz de arbitrar astreintes de ofício nesses
casos. ( )
23) (Juiz TJPB 2015 CESPE) É obrigatório ao juiz fixar astreintes no caso de o devedor não cumprir
determinação judicial como forma de garantir a efetividade do título judicial. ( )
24) O contrato particular de abertura de crédito a pessoa física visando financiamento para aquisição de
material de construção – Construcard –, ainda que acompanhado de demonstrativo de débito e nota
promissória, não é título executivo extrajudicial. ( )
25) O fato de os delitos terem sido cometidos em concurso formal não autoriza a extensão dos efeitos do
perdão judicial concedido para um dos crimes, se não restou comprovado, quanto ao outro, a existência
do liame subjetivo entre o infrator e a outra vítima fatal. ( )
26) (Promotor MP/MT 2014) A sentença que concede perdão judicial é condenatória, daí porque constitui
título executivo judicial. ( )
27) (Juiz TJPB 2015 CESPE) Com base na jurisprudência do STJ e nas disposições legais acerca de causas
extintivas da punibilidade, a sentença concessiva do perdão judicial obsta o cumprimento de pena
privativa de liberdade, mas não extingue a punibilidade do réu. ( )
28) A mera intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente não configura, por si só, justa causa
a autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o consentimento do morador e sem determinação judicial.
( )
29) O laudo pericial juntado em autos de ação penal quando ainda pendente de julgamento agravo
interposto contra decisão de inadmissão de recurso especial não se enquadra no conceito de prova nova,
para fins de revisão criminal (art. 621, III, do CPP). ( )
30) As empresas optantes do Simples Nacional também estão obrigadas a pagar a contribuição ao FGTS
prevista no art. 1º da LC 110/2001. ( )
Gabarito
1. E 2. E 3. E 4. C 5. E 6. C 7. C 8. C 9. C 10. E
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