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M ais que uma moda, o gênero bio- go historiográfico – não simples cu-
gráfico tem se tornado uma verdadei- riosidades sobre o biografado.
ra febre entre os historiadores. Hoje Pertence a essa última categoria
em dia é fácil encontrar biografias de o recente livro de James Sweet, que
todo o tipo, oferecidas nos mais di- narra a história de Domingos Álva-
versos formatos: há livros e artigos res, nascido em Naogon, no interior
sobre personagens destacados ou (até da atual República do Benim, por
então) desconhecidos e textos com volta de 1710. Ali ele cresceu e se
discussões teóricas e metodológicas tornou um homem adulto, até ser es-
sobre as várias formas de praticar o cravizado entre 1728 e 1732. Leva-
gênero em abundância. Nas univer- do para Pernambuco a bordo de um
sidades e congressos são frequente- navio negreiro, trabalhou em enge-
mente ministrados cursos sobre o nhos próximos ao Recife e, depois de
tema e uma parte grande dos proje- alguns anos, foi vendido para o Rio
tos de pesquisa nos programas de pós- de Janeiro, onde viveu até ser denun-
graduação recorre à reconstrução de ciado à Inquisição. Preso e remetido
trajetórias de vida como recurso ana- a Lisboa, acabou condenado a degre-
lítico. Desde os anos 1960, pelo me- do em Castro Marim, na fronteira da
nos, essa forma de contar história tem Espanha, em 1744. Nos registros
atraído os historiadores, por diversos inquisitoriais, Domingos foi identifi-
motivos e com sentidos diferentes. A cado como escravo e feiticeiro afa-
qualidade é variada, mas algumas das mado – e foi assim que apareceu em
obras biográficas produzidas nos úl- listas de condenados pela Inquisição
timas décadas são, sem dúvida, ex- e em alguns livros que discutem a
cepcionais, fruto de trabalhos de pes- religiosidade popular no Brasil e em
quisa e reflexão rigorosos, e trazem Portugal. Não é desse modo, entre-
novidades importantes para o diálo- tanto, que ele é tratado no livro de