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ADVOCACIA

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA


COMARCA DE SÃO PAULO.

ECOPANOS COMERCIAL TEXTIL EIRELI, inscrita no CNPJ sob o nº


30.594.106/0001-21, representada por THAIS COELHO GALVÃO, brasileira,
casada, empresária, titular do documento de identidade RG nº 30.584.084, inscrita
no CPF/MF sob o nº 354.854.898-93, com sede à Av. Sanatório nº 1538 – Jd.
Modelo, CEP 02238-000, São Paulo/SP, contato@ecopanos.com.br, telefones
(11)2241-2782 e (11)94806-3829, neste ato representada por sua procuradora
ROSELI SANCHES DOS SANTOS, brasileira, casada, advogada regularmente
inscrita na OAB/SP sob o nº 175.898, com escritório profissional na Rua Acurui nº
344, Tatuapé CEP 03355-000, São Paulo/SP, vem, mui respeitosamente à presença
de V.Exa. propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE
INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO CONTRATUAL E DÉBITO C.C
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E
PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

em desfavor de PORTAL FORNECEDORES GOVERNAMENTAIS, inscrita no


CNPJ 21.853.782/0001-81, com sede à Rua Capricho, 695 – Vila Nivi – São Paulo –
SP, CEP: 02254-000 representada por seu sócio ELY MARCIAL PALMA RAMOS,
brasileiro, casado, empresário, portador da cédula de identidade nº 13S47S76
SSP/SP e CPF/MF nº 033.012.408-01, residente e domiciliado na Avenida Jaçanã,
nº 76 - bairro Jaçanã - São Paulo/SP CEP 02273-001, pelos motivos de fato e de
direito que passa a expor:

Roselí Sanches dos Santos


OAB 175.898

Telefone 11 94203-3337
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DOS FATOS

Que em meados de início de fevereiro a empresa ré passou a


enviar e-mails para a empresa autora oferecendo a oportunidade de a empresa
tornar-se “fornecedora governamental”, ou seja, possibilidades de participar de
leilões, licitações, e outras possibilidades para crescer no mundo empresarial.

Ocorre que todos os e-mails recebidos são diretamente


encaminhados para o setor de vendas da empresa cuja responsável é a funcionária
ELIZABETH GUEDES DA SILVA, brasileira, solteira, titular do documento de
identidade RG nº 44.279.519-1, inscrita no CPF/MF sob o nº 303.438.188-33. Esta
funcionária recebeu o e-mail e ingressou no site da empresa ré para visualizar os
serviços oferecidos pela ré. Num primeiro momento o PORTAL FORNECEDORES
GOVERNAMENTAIS propôs um período gratuito para que a empresa conhecesse
os serviços oferecidos, fez crer que não haveria nenhuma contratação, tratando-se
apenas de um período em que a empresa poderia até mesmo participar de uma
licitação, podendo cancelar a qualquer tempo. Após o cadastramento seria fornecido
um login e senha para o acesso sem qualquer compromisso a fim de que a empresa
pudesse conhecer os serviços ofertados.

Roselí Sanches dos Santos


OAB 175.898

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A funcionária da empresa autora achou por bem fazer a


inscrição, uma vez que não envolvia nenhum pagamento que necessitasse do aval
da direção da empresa, e assim verificar se os serviços ofertados viriam de encontro
às necessidades da empresa. Ocorre que, durante o período gratuito todas as
ofertas que o site disponibilizava em sua página se mostraram inexistentes, nenhum
serviço estava disponível e, neste momento, se pode observar que muito
provavelmente o que ali existia era um golpe senão um crime contra o consumidor,
uma vez que, mesmo tendo acessado o portal, nunca pode utilizar qualquer serviço
ali ofertado.

Todas as tentativas de contato com a empresa para efetuar o


cancelamento do serviço se mostraram inúteis. Somente após o período gratuito é
que a ré se comunicou com a empresa autora para informar que a empresa assumiu
um imaginário contrato que, segundo eles, se formaliza com a inscrição no site,
onde, abusivamente tomam como assinatura o ID da máquina que fez o acesso ao
portal.

Todas as tentativas de conversar com a empresa foram


desprezadas pela ré, que só faz remeter “ameaças” de enviar os dados da empresa
para os cadastros de maus pagadores.

Durante esse período de tempo em que se tentou uma


composição amigável, a fim de não movimentar a máquina do judiciário já tão
sacrificada com processos e mais processos, a ré começou a enviar boletos de
mensalidades. A funcionária Elizabeth comunicou então a direção da empresa
autora e imprimiu o boleto da mensalidade que havia recebido.

Ocorre que nesse fatídico dia a representante da empresa


perdeu seu pai e todas as suas atenções estava voltadas para atender as
necessidades familiares para o funeral. Quando pegou os boletos do dia em suas
mãos, não atentou para os detalhes de cada fatura, somente efetuou os pagamentos
do dia porque tinha seus pensamentos no funeral de seu pai, o que é bastante
compreensível.

Passados os dias, já com a cabeça mais tranquila verificou o


pagamento da fatura que desconhecia e foi quando tomou conhecimento pleno do
que ocorrera em relação ao portal. Fazendo pesquisas na internet, no site
RECLAME AQUI, no site do Tribunal de Justiça, verificou a existência de
reclamações e processos que inundam o judiciário. Em resumo a empresa não
oferece o que promete, possui clausulas contratuais que ferem o direito do
consumidor, não atendem telefonemas para se comunicar com os supostos
contratantes e, quando o fazem, seja por telefone ou por e-mail, em nenhum
momento buscam solucionar qualquer reclamação das empresas que, porventura
tentaram fazer negócio com eles, numa evidente demonstração de má-fé.
Roselí Sanches dos Santos
OAB 175.898

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Alega a ré que ao pagar um dos boletos a autora, para efetuar


o cancelamento dos supostos serviços, precisa pagar a absurda quantia, a título de
multa, do valor total do contrato, com o benefício de um desconto SE a ré assim o
quiser. Ora, considerando que a autora jamais formalizou qualquer contratação,
ainda que tenha pago um boleto, num período de extremo sofrimento em razão de
uma perda, e considerando que jamais fez uso de qualquer serviço que a ré diz
oferecer, impossível reconhecer a existência de um contrato entre as partes.

Verificado que fora mais uma vítima de um provável “golpe”, a


autora dirigiu-se a uma delegacia de polícia onde fora informada de que outras
pessoas têm reclamado da mesma situação.

Após novas tentativas de entrar num acordo com a ré para


solucionar todas as questões sem tomar medidas judiciais, uma vez que é sabido
que processos podem se estender durante muito tempo sem solução, nenhuma
tentativa foi acolhida, não restando alternativa senão o ingresso em juízo para
defender os interesses da autora e protege o bom nome da empresa e suas
relações com o mercado.

Ora Excelência, o que se pode verificar de toda essa história e


de todas as reclamações e os processos que envolvem a empresa ré é que a
empresa é contumaz nesse comportamento. Os mesmos não comparecem a
nenhuma audiência quando são intimados, de uma ou outra forma, o sócio da
empresa assina ele mesmo os “AR” se recusando a recebê-los e frustrando dessa
forma a citação válida, os endereços fornecidos no site e nas buscas oficiais e extra
oficiais se mostram inúteis para encontrar os réus não obstante se verifica um
processo em que o representante legal da empresa ingressa contra um banco e no
mesmo declara que reside no endereço em que processo em que figura como réu
declara haver mudado, demonstrando assim total desrespeito com a própria Justiça
de quem desdenha com esse comportamento.

O CDC em seu art. 4º I confere proteção ao consumidor no


mercado de consumo protegendo-o de forma diferenciada de maneira a proteger
este consumidor da conduta abusiva das empresas, o mesmo código exige respeito
à boa-fé objetiva entre as partes: fidelidade, honestidade, atendimento a legítima
expectativa do consumidor não admitindo que este venha a celebrar contratos
de que não deseja (g.n.).

Ressaltamos ainda que o art. 6 desta mesma lei, em seu inciso


VI, protege o consumidor de propaganda coercitiva, enganosa, desleal e abusiva,
bem como de clausulas abusivas impostas no fornecimento de produtos e/ou
serviços.

A ré agiu com dolo, fez uso de recursos capciosos para induzir


a funcionária da autora a prática de um ato jurídico travestido de outro. Um cadastro
Roselí Sanches dos Santos
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com qualidade de contratação, esta funcionária jamais faria tal cadastro se soubesse
que a empresa ré estava gravando seus dados para efetuar cobranças indesejáveis,
até mesmo porque não possui autorização para contratar nada em nome da
empresa.

O art. 171 do CC assim estabelece:

171. Além dos casos expressamente declarados


na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação,
estado de perigo, lesão ou fraude contra
credores. (g.n.)

Por sua vez o art. 14 do CDC determina:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa,
pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos. (g.n.)

Significa dizer que informações incompletas ou insuficientes e


os defeitos na prestação de serviços geram responsabilidade para quem lhes dá
causam.

De todo o exposto se depreende que não existe contrato, uma


vez que não existe contrato não existe mensalidade, multa ou qualquer outra
obrigação oriunda de um pacto entre contratante e contratado. Em não existindo
débitos, a simples ameaça de inclusão do nome da empresa autora em cadastros de
maus pagadores já é causa de pedido de danos morais, uma vez que rouba a
tranquilidade de todos os envolvidos que, não bastasse as preocupações de manter
uma empresa com todos os seus custos em funcionamento, também precisa
preocupar-se com o fato de outra pessoa lhe causar danos a ponto de impedir seu
bom funcionamento e consequentemente atingir a terceiros que também se
prejudicariam por não receber os serviços contratados.

Hoje já é pacífico o entendimento de que a pessoa jurídica


também é passível de sofrer dano moral. Segundo o ex Ministro do Supremo
Tribunal Federal, Cezar Peluso, RJTJSP 134/151, “o descrédito econômico,
enquanto perda da confiança pública na capacidade de cumprir as obrigações
negociais, é, na sociedade capitalista, pesada ofensa à honra”.

Roselí Sanches dos Santos


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DA INEXISTENCIA DE RELAÇÃO CONTRATUAL E DÉBITO

A vontade ou consentimento é pressuposto básico do negócio


jurídico. Do ponto de vista do direito, a declaração de vontade é elemento subjetivo,
que se revela através da declaração, esta, portanto, e não aquela constitui requisito
de existência de negócio jurídico.

A existência de um contrato prescinde a um inequívoco acordo


de vontades entre duas ou mais pessoas com a finalidade de adquirir, resguardar,
modificar ou extinguir direitos de natureza patrimonial. De forma que todos os
contratos são atos jurídicos bilaterais, pois resultam de uma conjunção de duas ou
mais vontades.

O que de fato não se observa no plano fático aqui


pormenorizado, uma vez que a autora efetivamente não contratou a ré, não se
estabelecendo, assim, qualquer relação entre as partes, uma vez que o
consentimento de vontades não se faz presente no caso concreto, sendo totalmente
indevida a cobrança de qualquer importância relativa a serviços não contratados.

Em razão de todo o exposto requer seja declarada inexistente


relações contratuais entre as partes, bem como a inexigibilidade de qualquer débito
da autora para com a ré.

DO DANO MORAL

A expressão “danos morais” compreende as lesões materiais e


também as imateriais. Enquanto as lesões materiais são passíveis de verificação
quantitativa, as imateriais não são, porque a ofensa é direcionada apenas aos
direitos da personalidade, porém, também suscetíveis de aferição em valor
pecuniário.

Quando a lesão não tem repercussão patrimonial, como se dá


no caso em tela, a tarefa de quantificar esse dano não se revela tão simples,
portanto a jurisprudência vem abrandando os rigores daqueles entendimentos. Ao
fixar em pecúnia a dor alheia, o Juízo aplica por analogia o Código Brasileiro de
Telecomunicações, ou a Lei de Imprensa, ou ainda a fixação fica ao prudente
arbítrio do Magistrado.

Nesse entendimento o quantum deve considerar não apenas


as condições peculiares da vítima, mas a própria condição do ofensor. Isso, pois o
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valor deve não apenas proporcionar algum conforto hábil a minimizar os efeitos da
conduta ilícita, mas também traduzir verdadeiro desestímulo o autor do dano em
repetir esse comportamento.

A conduta da ré mostrou-se mesmo reprovável, porque trouxe


inúmeros dissabores ao bom funcionamento da empresa e aos funcionários que se
viram acuados diante das ameaças de causar transtornos diante da possibilidade de
a empresa ter problemas no cadastro de maus pagadores, vindo essa situação a
atrapalhar o bom andamento dos negócios não apenas para a própria empresa, mas
também a todos que dela se beneficiam.

Fornecer informações sobe os dados da empresa aos


cadastros de inadimplentes impõe humilhação ao nome e imagem da autora em sua
comunidade e ramo de trabalho, a despeito da inexistência de quaisquer dívidas.
Evidencia, portanto, significativa negligência no trato de bens jurídicos da mais alta
relevância e, por isso mesmo, justifica arbitramento em valor compatível com a
proporção de algum desestímulo.

Segundo leciona o mestre Humberto Theodoro Júnior, a


matéria ganhou foros de constitucionalidade com a qual "elimina-se o materialismo
exagerado de só se considerar objeto do direito das obrigações o dano patrimonial.
Assegura-se uma sanção para melhor tutelar setores importantes do direito privado,
onde a natureza patrimonial não se manifesta, como os direitos da personalidade,
direitos do autor ... agora as coisas se simplificam, pois a razão da reparação não
está no patrimônio, mas na dignidade ofendida, ou na honra afrontada”.

A empresa autora está sendo tachada de mau pagadora


mediante inscrição nos órgãos de proteção creditícios embora inexista dívida.

O constrangimento nascido dessa espécie de anotação, é


visível diante das restrições comerciais que delas emanam. O crédito, na conjuntura
atual, representa um bem imaterial que integra o patrimônio econômico e moral das
pessoas, de modo que a sua proteção não pode ficar restrita àqueles que dele
fazem uso.

Segundo Ênio Santarelli Zuliani,: “No mundo globalizado e


informatizado da atualidade, o crédito passou a ser sinônimo de reputação social”.

Na há como refugir, então, à presença de todos aqueles


pressupostos da responsabilidade civil e, por esta exata razão, ao dever de
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indenizar, conquanto não desconheça o escopo maior da responsabilidade civil, qual


seja, reparação do dano, não há se olvidar finalidade outra: sanção ao ato ilícito.

Ante o exposto, requer sejam arbitrados danos morais no valor


de R$ 2.148,00 (dois mil cento e quarenta e oito reais) para inibir a conduta da ré,
acrescidos de correção monetária desde o ajuizamento da ação e juros de mora a
partir da citação, no importe de 1% (um por cento) ao mês, na forma dos artigos 406
do novel Código Civil e 161, parágrafo 1o, do Código Tributário Nacional.

DA TUTELA ANTECIPADA

Presentes os requisitos ensejadores da medida em questão,


requer a antecipação da tutela para inibir a ré de fazer a comunicação aos órgãos de
proteção ao crédito, bem como comunicar aos mesmos quanto a não exposição dos
dados da autora a fim de que o bom nome da empresa seja preservado e a mesma
continue a prestar seus bons serviços à comunidade.

Cabe ressaltar que nunca houve a prestação de nenhum


se4rviço por parte da empresa ré, bem como não houve contratação desses
mesmos “serviços” por parte da direção da empresa, que jamais autorizou qualquer
funcionário a fazer contratações, seja de que natureza for.

Ainda que se entenda a existência de um contrato e um prazo


de arrependimento, é notório que a empresa se “esconde” sempre que não existe
interesse da mesma a qualquer assunto. Significa dizer que a ré nunca está
disponível no prazo de “arrependimento” e “desfazimento” do contrato, impedindo
assim que qualquer pretenso contratante se arrependa posteriormente da decisão
de contratar um serviço.

Presente o perigo de dano irreparável ou de difícil reparação


caso os órgãos de proteção ao crédito venham a incluir a autora em seu rol,
limitando seu crédito e trazendo constrangimento aos negócios, sendo assim, requer
seja deferida a tutela para determinar que não haja apontamentos em nome da
autora ou ainda que se exclua todos os apontamentos existentes em razão deste
suposto contrato, sob pena de multa diária a ser arbitrada por este R. Juízo.

Em caso de não haver o deferimento imediato da presente


liminar a Requerente continuará sofrendo com a ilicitude da Ré e, o que é pior, terá
prejudicado aos negócios do seu ramo de atividade junto aos seus fornecedores.

Salienta-se que a demora nestes casos pode inclusive


manchar sobremaneira o bom nome e imagem construídos ao longo dos anos, a
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ponto tal que mesmo ao final da demanda sendo excluído o nome da lista dos maus
pagadores, tenha gerado uma imagem irretratável, ainda que inexistente a culpa da
autora para tal. A antecipação dos efeitos da tutela deve, assim, ser concedida.

A ré pagará ainda as custas, despesas processuais e a


honorária advocatícia da parte contrária, ora arbitrada em 15% (quinze por cento) do
valor atualizado da condenação na época do efetivo desembolso.
Com o trânsito em julgado, comunique-se aquele órgão de
proteção creditícia (SERASA) e arquivem-se os autos com as cautelas de praxe.

Roselí Sanches dos Santos


OAB 175.898

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