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Críticas a Antropologia
2012.01
“E perguntou-lhe: Qual é o teu nome?
traçam planos a partir de uma concepção de tempo e duração que viabiliza pensar a
Deleuze e Guattari, fazer qualquer esboço de falsificação dos mesmos. A questão aqui
ressonância, de um deslocamento.
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Marcos 5:29
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Mil Platos 4, pg43
Partindo da palavra de ordem e suas potências de morte e de fuga, pretendo
atravessar alguns conceitos do autor relativos não apenas a linguagem, mas a potência
língua, todas as vozes em uma voz. Falam-se, por conseguinte as coisas, não sobre elas
ou delas. É muito menos uma palavra que dá uma ordem direta do que um ordenamento
próprio ato que se enuncia. Com efeito, há redundância na relação entre a enunciação e
De modo que são transformações elas mesmas incorpóreas, mas referidas a corpos, atos
incorpóreas, cada polo composto por forma e conteúdo próprios se relacionando assim
paixões dos corpos, suas misturas, a esfera de suas afecções e transformações materiais,
distinta daquela dos enunciados. Estes, por sua vez, constituem-se de atos incorpóreos,
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Conteúdo aqui empregado não em oposição à forma, na medida em que a esfera das misturas de corpos
possui forma própria. Opõe-se assim à expressão, sendo que esta possui igualmente forma e
conteúdo/próprios.
É nesse sentido que a função-linguagem da palavra de ordem se constitui
enquanto enunciados incorpóreos à medida que intervém nos corpos, os fala, não os
eixos, mas um esfacelamento das duas formas, uma remete a outra, não cessam de
passar entre si. Há, portanto um eixo horizontal cujos polos são de um lado os
num eixo vertical e que atravessa os agenciamentos. Acionando o conceito dos autores
Valência do agenciamento.
Territorialização
Agenciamento Agenciamento
Coletivo de Maquínico de
Enunciação Corpos
Desterritorialização
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Cf Mil Platô 4 Retournelle
2. Entre Constantes e Variação Contínua
seu nível gramatical e estrutural, portanto passível (na mesma medida que viabilizador)
de um tratamento científico. A fala por sua vez refere-se à dimensão dinâmica, variante
Toda gramática constitui uma tomada de poder de uma língua maior frente a
línguas menores. As gírias, línguas secretas, jargões, não compõe a máquina abstrata
Isto porque o modo de tratamento que essas línguas menores introduzem na linguagem
devir. De modo que ao haver uma tomada de poder para a constituição da unidade de
uma língua a mesma não se faz incólume, sem se deixar agenciar pelas línguas menores
que a compõem. Língua maior e língua menor constituem, portanto dois usos possíveis,
eminentemente minoritário. Com efeito, não basta ser minoria, e não se trata tampouco
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Notar que um tratamento constante não se opõe a variável, isto é, a linguística tradicional entende e
estuda as línguas menores, entretanto partindo de modelo arborescente no qual as mesmas derivam da
língua maior constituindo movimentos desviantes/derivativos. Por a língua em variação continua é
apreendê-la no seu próprio movimento.
modelo, um fechamento, a partir do qual todo o restante da experiência é definido. É o
rosto7, um dispositivo de poder. Num mundo que não admite o outro a relação com a
modelo abstrato não é ninguém, de onde a minoria é o devir de todo mundo. Todos se
é transversal, todos são minoria e podem portanto entrar em variação contínua, podem
medida que fazem devir, que entram em ressonância. Atualizando assim virtualidades
que hecceidades não estão referidas a um uno, não possuem uma constituição
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Cf. Mil Platôs 3 - rostidade
Tudo está em tudo e reciprocamente. A virtualidade do outro em mim é que viabiliza
nossa existência enquanto reais diferentes. O devir constitui-se, por conseguinte, uma
relação entre diferentes enquanto tais. Não é imitação posto que uma não pode se
de vista das identidades, na medida em que as mesmas passam por um uma manutenção
mudança.
língua. Tendo em vista que a condição da língua é efetuada pela palavra de ordem é
através dela que se pode apreender ambas as direções. A palavra de ordem constitui
sentença de morte, à medida que é sempre um atributo incorpóreo que separa, segmenta
condicionando o movimento dos corpos a morte. Uma vez que a transposição das linhas
Por outro lado, se a palavra de ordem é o rugido do leão que anuncia a morte, é
também o grito de alarme que estoura a fuga. Esse outro aspecto coloca em variação
constantemente atribuída aos próprios corpos. Não se elimina a morte, a mesma é posta
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Cf, Canetti p 55 miml platôs 2
em variação, em devir. Arrasta-se a morte, trançando uma linha de fuga 9, não da palavra
de ordem, mas da sentença de morte que a mesma implica. Há nesse sentido uma
dimensão criativa da linha de fuga na medida em que ela traça outras possibilidades, na
transposição entre as linhas que contornam a forma arrasta essas mesmas linhas, não
de fuga, que a vida deve responder à resposta da morte, não fugindo, mas fazendo com
que esse mesmo conceito possui. Pensar em termos de movimento implica tanto a
não de uma oposição entre sujeito e objeto, mas pela relação entre terra e território. A
tão velozes que não viabilizam qualquer delimitação, não se traça linhas no caos.
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Cf mil platôs 1
um movimento, um retournelle contínuo, rasga o caos e faz fugir, estabelecendo então
fuga são a própria variação contínua dos territórios, e por isso mesmo são a
palavra de ordem.
imposição de um real.
O devir por sua vez opera pelo agenciamento entre o virtual e o atual. A
fuga. De modo que, uma vez que se pensa o modelo da linguagem, por exemplo, a partir
e mentira. Tendo em vista que o real ocupa apenas um dos polos é mister investigar o
esfera das virtualidades não opõe verdade e mentira, mas possibilita a criação o
implica assim numa outra concepção temporal e, por conseguinte numa outra relação
Logo, trata-se agora de devir e não mais de história. Não obstante a análise que o autor
ou seja, poder de afetar e ser afetado. Substitui-se assim um sistema de julgamento por
falsificante.
Na medida em que não se trata de imitação, mas de linha de fuga!!! É possível transitar entre
as figuras, transformar a palavra de ordem num agenciamento falsificante! A potencia criativa
do devir está no falso, a falsificação do outro que atualiza virtualidades em mim.
A relação entre falar diante (variante constante na linguística) como linha de fuga em paralelo
ao falar sobre como potencia de morte
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Cf imagem-tempo pg 181 para uma analise do discurso indireto livre no próprio cinema
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Papel do anômalo na matilha, não enquanto individuo, mas como borda do devir animal Cf. Mil Platôs,
platô 4
A centralidade do intercessor como falsário, fuga da relação entre verdade/mentira e a
possibilidade de falar diante daqueles que se falsifica e não sobre aqueles que se representa