Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
São Paulo
2020
LUIS CARLOS ARAÚJO ALVES
São Paulo
2020
LUIS CARLOS ARAÚJO ALVES
São Paulo
2020
RESUMO
In the last decades the race cars have been a huge tool for aerodynamics acknowledge
evolution, been a way for aerodynamic devices development, CFD numerical methodology
enhancement or at experimental procedures for validation and correlation of parameters
obtained under numerical methods with the empirical data of wind tunnel and track
tests. The need to obtain data from these vehicles at the track powered the development
of some data acquisition systems, where the vehicle is equipped with several sensors that
send signals for a processor that stores the data for a later analysis or utilizes telemetry,
where the data is trasmitted in real-time for a station for livetime analysis. Beyond
the development of data acquisition systems also was need an evolution of sensors, for
applications at harsh conditions and with the demand of fast response. More specifically
for aerodynamic forces measurements and data correlation of track tests with numerical
simulations, sensors are used to measure pressure, velocity, force and displacement. For
evaluate the aerodynamics performance of a race car, the pressure distribution throughout
the bodywork is one of the most important information, because it makes possible the
measuremennt of aerodynamic forces until the identification of boundary layer stall. One
of the techniques that makes possible the measurement of this distribution along the car
surface caused by the air flow, is the pressure transduction, that has high frequency of
response and can be applied for dynamic conditions, unlike the manometers that have its
application restricted for static conditions. This study will present in detail the physics
involved on pressure transducers operation, more specifically the piezorestives, as well its
application for motorsports, both in the wind tunnel enviroment and race tracks.
Keywords – Race cars, Aerodynamics, Computer Fluid Dynamics, Wind tunnel, Data
acquisition, Telemetry, Pressure transducer, Piezoresistives, Motorsports.
LISTA DE FIGURAS
1 W196 Streamliner . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2 Forças Aerodinâmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3 Chaparral 2E . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5 Manômetro em U . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
6 Manômetro mecânico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
8 Potenciômetro angular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
9 Transdutor eletromagnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
10 Transdutor capacitivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
15 Tubo de Pitot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
23 Sonda Kiel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
24 Coeficiente de pressão x inclinação do sensor . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
28 Barge boards . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
29 Turning vanes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
30 Difusores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
31 Esteiras aerodinâmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1 Introdução 7
2 Medidores de pressão 13
3.1 Velocidade do ar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Referências 38
7
1 INTRODUÇÃO
No inı́cio dos anos 50 as evoluções dos carros de competição foram muito influenciadas
pelos desenvolvimentos obtidos durante a segunda guerra mundial. Os avanços no desem-
8
penho dos veı́culos tiveram foco em duas áreas principais: motores e pneus. Esses dois
componentes exigiam um investimento alto por parte das equipes, permitindo que somente
as equipes com maior suporte financeiro tivessem a capacidade de se desenvolverem e se
manterem competitivas. Com o intuito principal de se obter maiores velocidades máximas
e facilitar as ultrapassagens nas retas, muitas tecnologias de motores aeronáuticos foram
aplicados nos carros de Fórmula 1. No entanto podemos verificar pelas equações (1.1) e
(1.2), onde calcula-se a força de arrasto Fa e a potência P necessária para superar esta
força, pode-se concluir que para dobrar a velocidade máxima é necessário aumentar a
potência em oito vezes.
Cd A f v 2 ρ
Fa = (1.1)
2
P = Fa v (1.2)
Segundo (KATZ, 1995) a redução de arrasto foi muito importante no desempenho dos
veı́culos, porém o que teve uma interferência dominante na aparência e no desempenho
dos carros de corrida foi a utilização da carroceria e de dispositivos aerodinâmicos com
foco na geração de downforce.
Fat = µN (1.3)
A partir da somatória das forças de atrito Fat geradas nas iterações pneu-solo e a
massa do veı́culo, podemos determinar pela segunda lei de Newton descrita na equação
(1.4), a capacidade de aceleração longitudinal do veı́culo, responsável pelo desempenho
nas frenagens e na tração e a aceleração longitudinal, responsável pelo desempenho nas
curvas.
F = ma (1.4)
nos carros iria proporcionar uma força em direção ao solo que ficou conhecida como
downforce. Este conceito foi introduzido em 1966 pelo então piloto e construtor Jim Hall,
quando apresentou o seu Chaparral 2E com uma enorme asa invertida montada na traseira
do carro.
Cl As v 2 ρ
Fs = (1.5)
2
Figura 3: Chaparral 2E
2 MEDIDORES DE PRESSÃO
A medição da grandeza pressão é essencial para uma série de estudos na área de energia
e fluidos, como os motores à combustão, transferência de calor e é claro a aerodinâmica.
Para realizar estas medições possuı́mos uma grande variedade de equipamentos e sensores,
com diferentes resoluções, precisão de medição e custos. Além disso a seleção da técnica
de medição deve levar em consideração o meio em que essa medida será realizada, no caso
dos veı́culos de competição será em um túnel de vento com um modelo em escala ou em
pista com o próprio veı́culo.
p2 − p1 = γh (2.1)
Esta técnica de medição pode ser utilizada apenas para medições de pressão estática e
14
Figura 5: Manômetro em U
Este equipamento é conhecido como tubo de Bourdon e sua forma mais comum é em
”C”, como mostra a figura (7). A pressão a ser medida é conectada à conexão inferior,
que deforma o elemento elástico e através da articulação rotaciona o ponteiro até o valor
de pressão indicado na escala. Os valores de pressão indicados na escala são relativos à
pressão atmosférica.
O elemento deformável de um transdutor pode ser uma viga, uma chapa ou um dia-
fragma, sendo esta último forma a mais comum, também conhecida com transdutor em
cápsula. Os transdutores de diafragma possuem quatro formas principais de se converter
a pressão em um sinal elétrico, sendo divididos em quatro tipos: potenciométrico, capa-
citivo, eletromagnético e extensométrico ou piezoresistivo. Neste estudo vamos abordar
com mais detalhes a última técnica, que utiliza a piezoresistividade dos materiais para
converter a pressão em um sinal de resistência elétrica.
Transdutores capacitivos são sensores que detectam uma variação de pressão através
de uma célula capacitiva. Esta célula é constituı́da por duas placas fixas dos capacitores
e um elemento sensor em forma de diafragma entre as duas placas, como mostrado na
18
figura (10). Do lado esquerdo as pressões P são iguais, assim não ocorre deformação do
diafragma. Do lado direito temos uma diferença de pressão com P1 > P 2 , causando uma
deformação do diafragma, aumentando a distância d1 e diminuindo a distância d2 . Pela
equação (2.2) podemos calcular a capacitância, onde K é a constante dielétrica, A é a
área da placa e d é a distância para o elemento sensor.
A
C=K (2.2)
d
C2 − C1 2∆d
∆P = = (2.3)
C2 + C1 d1
transversal.
l
R=ρ (2.4)
A
Como elemento sensor da deformação, são utilizados sensores strain gage que consis-
tem em uma resistência em forma de fio ou lâmina, depositada sobre uma base isolante,
que quando colada à superfı́cie do elemento deformável detecta a sua deformação. Es-
tes sensores são normalmente fabricados com silı́cio, que possuem uma caracterı́stica de
alta piezoresistividade. Devido à esta caracterı́stica, a resistividade do material ρ na
equação (2.4), apresenta uma grande variação em função da sua deformação, porém se-
gundo (ADAMS; LAYTON, 2010) este sinal de variação não pode ser medido diretamente
e necessita de uma ponte de Wheatstone para que possa ser medido.
A ponte de Wheatstone consiste na ligação de quatro sensores strain gage, que ali-
mentados por uma fonte de tensão conhecida, ao sofrerem uma solicitação mecânica,
sofrem uma deformação, alteram a sua resistência e produzem uma tensão de saı́da como
ilustrado no diagrama da figura
Como o transdutor alimentado por uma tensão de entrada e corrente contı́nua cons-
tantes, a variação da tensão V na saı́da do transdutor varia em função da variação da
resistência R dos strain gages dada pela lei de Ohm descrita na equação (2.5).
V = RI (2.5)
sensores, segundo (RUSSO, 2011) pode-se utilizar as equações (2.6) e (2.7) para vigas e
chapas circulares respectivamente.
∆x L3
= (2.6)
F 3EI
∆x 3(1 − ν 2 )r2
= (2.7)
pπr2 16πEt3
s
EI
fn = 0, 5596 (2.8)
µL4
s
1, 6183 Et3
fn = (2.9)
r2 12ρ(1 − ν 2 )
O esquema está ilustrado na figura (12) e segundo (RUSSO, 2011) este equipamento
possuı́a a capacidade de medir 20 portas por segundo. Além da possibilidade de se realizar
a medição de uma distribuição de pressões, segundo (BARLOW; RAE; POPE, 1999) este
dispositivo possuı́a mais uma vantagem, que era um menor tempo de processamento e
análise do dados por serem integrados em sistemas digitais. Anteriormente os dados
eram obtidos através de fotografias dos manômetros instalados, o que demandava um
maior tempo de túnel de vento para instalação dos sensores, verificação de vazamentos,
revelação das fotografias, organização e análise dos dados obtidos.
A partir dos anos 80, com os avanços obtidos na fabricação de componentes eletrônicos,
foi possı́vel a manufatura de transdutores de pressão utilizando componentes de estado
sólido. Esta capacidade fez com que fosse possı́vel realizar a fabricação de transdutores
em uma maior escala, reduzindo os custos do produto. Novamente o fabricante Scanivalve
foi pioneiro no desenvolvimento de um equipamento que poderia realizar a medição de
pressões em vários pontos, porém agora utilizando um transdutor para cada porta de
entrada. Esta evolução fez com que o tempo de aquisição e processamento dos dados
fossem reduzidos ainda mais e possibilitou frequências de amostragem de até 10 kHz por
canal, importante no estudos de escoamentos turbulentos e em regimes variáveis. Um
22
3 APLICAÇÃO EM VEÍCULOS DE
COMPETIÇÃO
3.1 Velocidade do ar
avaliar o desempenho dos carros, já que o balanço e a estabilidade alteram drasticamente
com esta variável. Para realizar a medição das velocidades, utiliza-se um sensor chamado
tubo de Pitot, apresentado na figura (15).
v2
(ps + ρ ) = pt (3.1)
2
s
2(pt − ps )
var = (3.2)
ρ
como refrigeração do motor, dos freios, balanço do carro, tempo de volta, entre outros,
podem ser relacionados à velocidade do vento para se verificar a influência da mesma em
cada parâmetro.
Os sensores devem ser montados com o orifı́cio do tubo apontando para a direção
de movimento do veı́culo e paralelo ao solo. Também devem ser posicionados de forma a
medir a velocidade em uma área sem perturbação do fluido, sendo normalmente instalados
na região dianteira do carro em cima do bico, como mostrado na figura (16). Pode se
observar instalações com mais de um sensor para garantir esta condição de escoamento
sem perturbação, como apresentado na figura (17).
Além destas áreas mais comuns de instalação dos sensores, também observamos alguns
posicionamento menos comuns, quando a equipe deseja obter alguma informação sobre
certa região especı́fica do veı́culo, como mostrado nas figuras (18) onde a equipe Ferrari
F1 realiza medições durante um treino das velocidades do ar sem influência da carroceria
do veı́culo. Essas configurações não usuais são importantes para realizar medições em um
treino onde não se exija desempenho dos carros, pois esta estrutura utilizada na imagem
agregaria muito arrasto ao veı́culo, prejudicando o resultado final. Outra configuração não
muito usual é esta apresentada na figura (19) onde a equipe Renault F1 realiza medições
para avaliar a influência do capacete do piloto no escoamento próximo da tomada de ar
26
do motor.
27
Estes orifı́cios onde são instalados estes tubos com sensores para medição de pressão
pontual são determinados desde os teste em túnel de vento, onde o posicionamento destas
medições é pré-estabelecido a partir dos estudos em CFD. O posicionamento dos pontos
de medição é o mesmo para o veı́culo, para que seja possı́vel correlacionar com os dados
do túnel de vento e das simulações por métodos numéricos. As medições são realizadas
em componentes que apresentam uma grande influência no desempenho aerodinâmico do
veı́culo, como a asa dianteira mostrada na figura (21), assoalho, difusor e asa traseira.
A capacidade de medir uma maior faixa de escoamentos é uma grande vantagem sobre
os tubos de Pitot e sondas cilı́ndrica. A faixa de medição recomendada é para escoamentos
com ângulos de até 30 graus. Segundo (KIM, 2016) que realizou experimentos variando
as inclinações de incidência do fluido, foi observada uma limitação de até 15 graus para
os tubos de Pitot, já as sondas cilı́ndricas e sondas Kiel toleraram uma inclinação de 25
e 40 graus respectivamente, como apresentado na figura (24).
Essas medições são muito importantes para avaliação de um dos maiores desafios para
os engenheiros de aerodinâmica em um veı́culo monoposto, que é o controle do escoamento
turbulento gerado pelas rodas dianteiras. As esteiras formadas pelas rodas dianteiras
influenciam no escoamento por toda a superfı́cie da carroceria do carro, fazendo com que
as equipes desenvolvam dispositivos aerodinâmicos que possam manipular e direcionar o
30
escoamento para as regiões de interesse. Os dados obtidos pelos Aero Rakes posicionados
atrás das rodas dianteiras como observamos na figura (22) e atrás do veı́culo como na
figura (25), são correlacionadas com os dados obtidos pelos modelos numéricos, como no
exemplo da figura (26).
Os dados obtidos a partir da medição do escoamento atrás das rodas dianteiras guiam
três frentes principais de estudo:
1. A escolha do conceito das asas dianteiras, onde duas frentes de abordagem principais
são desenvolvidas: Out-Washing e In-Washing. A primeira procura direcionar o
fluxo turbulento das rodas dianteiras para longe da superfı́cie do veı́culo, mesmo
que esta solução proporcione um maior estressamento das estruturas aerodinâmicas.
Já a segunda solução, procura direcionar o fluxo de ar das rodas dianteiras para a
superfı́cie do carro, gerando um menor estressamento das estruturas e procurando
direcionar o ar para dispositivos aerodinâmicos. Podemos observar os dois conceitos
na figura (27);
turbulento proveniente das rodas para longe do veı́culo (indicado pelos pontos em
rosa).
Já os dados obtidos na parte traseira do veı́culo, como apresentado na figura (25)
possui outros três objetivos principais:
vórtices gerados pelas esteiras também podem ser facilmente quando observamos as
aeronaves.
3. Influência do trânsito no desempenho do carro que está atrás. Conforme já mencio-
nadas, as esteiras aerodinâmicas formam uma região turbulenta e de baixa pressão
na parte traseira do veı́culo. Quando um carro está próximo a outro carro na sua
frente, o fluxo de ar que atua na sua superfı́cie é mais turbulento do que se ele esti-
vesse no fluxo livre. Essa proximidade apresenta dois efeitos para o carro que está
atrás: primeiro ocorre a redução da força de arrasto e consequentemente o aumento
de velocidade, o que em algumas situações pode ser vantajoso. Porém um segunda
reação prejudica o veı́culo que vem atrás, conhecido como efeito Slipstream, reduz
o downforce gerado, limitando o desempenho do carro e aumentando o desgaste
dos pneus. Segundo (NEWBON; SIMS-WILLIAMS; DOMINY, 2017) a redução do
arrasto é de 19% e de downforce é 59%.
REFERÊNCIAS
BARLOW, J. B.; RAE, W. H.; POPE, A. Low-speed wind tunnel testing. [S.l.]: John
Wiley & Sons, 1999.
HANEY, P. The racing & high-performance tire: using the tires to tune for grip and
balance. [S.l.]: McFarland, 2003. v. 351.
KATZ, J. Race car aerodynamics: designing for speed. [S.l.]: R. Bentley, 1995.
MILLIKEN, W. F.; MILLIKEN, D. L. et al. Race car vehicle dynamics. [S.l.]: Society of
Automotive Engineers Warrendale, PA, 1995. v. 400.
ZHANG, X.; TOET, W.; ZERIHAN, J. Ground effect aerodynamics of race cars. 2006.