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Área 01, Aula 06

Alimentação, nutrição, digestão e

1
CONASEMS - Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde

ProEpi - Associação Brasileira de Profissionais de Epidemiologia de Campo

1ª Edição

Junho de 2018
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Saúde - CONASEMS
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Diretor de Comunicação Social – Diego Espindola de Ávila

Diretora de Comunicação Social–Adjunto – Maria Célia Valladares Vasconcelos

Diretora de Descentralização e Regionalização – Stela dos Santos Souza

Diretora de Descentralização e Regionalização–Adjunto – Soraya Galdino de Araújo Lucena

Diretor de Relações Institucionais e Parlamentares – Carmino Antônio de Souza

Diretor de Relações Institucionais e Parlamentares- Adjunto- Erno Harzheim

Diretor de Municípios de Pequeno Porte - Murilo Porto de Andrade

Diretora de Municípios de Pequeno Porte–Adjunto – Débora Costa dos Santos

Diretor de Municípios com Populações Ribeirinhas e em Situação de Vulnerabilidade –


Vanio Rodrigues de Souza

Diretor de Municípios com Populações Ribeirinhas e em Situação de Vulnerabilidade –


Adjunto – Afonso Emerick Dutra

2º Vice-Presidente Regional - Região Centro Oeste – André Luiz Dias Mattos

1º Vice-Presidente Regional - Região Nordeste – Normanda da Silva Santiago

2º Vice-Presidente Regional - Região Nordeste – Orlando Jorge Pereira de Andrade de Lima

1º Vice-Presidente Regional - Região Norte – Januário Carneiro Neto

1º Vice-Presidente Regional - Região Sudeste – Luiz Carlos Reblin

2º Vice-Presidente Regional - Região Sudeste – Geovani Ferreira Guimarães

2° Vice-Presidente Regional – Região Sul - Rubens Griep

Conselho Fiscal 1º Membro – Região Norte – Oteniel Almeida dos Santos


Conselho Fiscal 1º Membro – Região Nordeste – Leopoldina Cipriano Feitosa

Conselho Fiscal 2º Membro – Região Nordeste - Angela Maria Lira de Jesus Garrote

Conselho Fiscal 1º Membro - Região Centro-Oeste –Aparecida Clestiane de Costa Souza

Conselho Fiscal 2º Membro - Região Centro-Oeste–Maria Angélica Benetasso

Conselho Fiscal 1º Membro - Região Sudeste - José Carlos Canciglieri

Conselho Fiscal 2° Membro – Região Sudeste - Tereza Cristina Abrahão Fernandes

Conselho Fiscal 1º Membro - Região Sul - João Carlos Strassacapa

Conselho Fiscal 2º Membro – Região Sul- Sidnei Bellé

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de Medeiros

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Wilames Freire Bezerra


Sobre o CONASEMS

Fazendo jus ao tamanho e à diversidade do Brasil, o Conselho Nacional de


Secretarias Municipais de Saúde representa a heterogeneidade dos milhares de
municípios brasileiros.

Historicamente comprometido com a descentralização da gestão pública de


saúde, o CONASEMS defende o protagonismo dos municípios no debate e
formulação de políticas públicas e contribui para o aumento da eficiência, o
intercâmbio de informações e a cooperação entre os sistemas de saúde do país.

Conheça nossas três décadas de atuação acessando www.conasems.org.br.


Equipe Técnica da Associação Brasileira de Profissionais de
Epidemiologia de Campo - ProEpi

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Supervisão
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Sobre a ProEpi

Fundada em 2014, a Associação Brasileira de Profissionais de


Epidemiologia de Campo une pessoas comprometidas com a saúde pública e
estimula a troca de ideias e o aperfeiçoamento profissional entre elas. Ofertando
dezenas de horas de conteúdo profissionalizante em nossa plataforma de ensino
a distância, curadoria de notícias, treinamentos presenciais e a mediação de
oportunidades de trabalho nacionais e internacionais, a ProEpi busca contribuir
para o aprimoramento da saúde pública no Brasil e no mundo.

Apenas nos últimos dois anos, 5 materiais de ensino a distância já


alcançaram mais de 3.000 pessoas pelo Brasil e países parceiros, como
Moçambique, Paraguai e Chile, e mais de 30 treinamentos levaram os temas
mais relevantes para profissionais de saúde pública, como comunicação de risco
e investigação de surtos. Além do público capacitado com nossos conteúdos
educacionais, unimos 10.000 seguidores no Facebook e impactamos
semanalmente cerca de 30.000 com nossa curadoria de notícias.

A ProEpi também atua na resposta a emergências de saúde pública ao


redor do mundo. Foram mais de duas dezenas de profissionais de saúde
enviados para missões em Angola, Bangladesh e África do Sul que contribuíram
para o bem-estar da população local e vivenciaram experiências de trabalho
transformadoras.

Você pode fazer parte dessa evolução ao tornar-se membro de nossa rede:
converse conosco escrevendo para contato@proepi.org.br.
Sobre a ferramenta EAD autoinstrutiva em Entomologia
Aplicada à Saúde Pública

Os insetos são os animais mais bem-sucedidos do planeta e encontram


no Brasil condições muito favoráveis para sua multiplicação. Em nosso clima
quente e, em geral, úmido, eles encontram as circunstâncias ideias para
sobreviver, se reproduzir e transmitir doenças. Como consequência, são motivo
de preocupações cada vez maiores por parte da população e dos profissionais
de saúde de todo o país.

Pensando em preparar estes profissionais para os desafios do


enfrentamento das doenças transmitidas pelos insetos - em especial por Aedes
aegypti - o CONASEMS desenvolveu em parceria com a ProEpi, via TRPJ nº
0125/2017, a ferramenta EAD autoinstrutiva em Entomologia Aplicada à Saúde
Pública.

Neste material, serão apresentados conceitos fundamentais para a


identificação das espécies de maior importância médica, informações sobre seu
comportamento, ciclo de vida e as doenças transmitidas por elas. Temas como
a importância da Vigilância Epidemiológica, os métodos de captura, transporte e
armazenamento de insetos e os indicadores entomológicos para as principais
espécies também serão abordados. Por fim, temas de aplicação prática como os
métodos de controle vetorial, o manejo integrado de vetores e os conceitos de
segurança no trabalho serão discutidos.

As aulas estão cheias de convites para que o profissional reflita sobre sua
realidade local e interaja com seus colegas, além de exercícios que destacam e
promovem a fixação dos conceitos mais fundamentais de cada tema. O objetivo
é que o profissional se sinta preparado para aplicar em seu município as técnicas
aprendidas aqui.

Sucesso!
Sumário

Aula 6- Alimentação, nutrição, digestão e excreção ......................................... 12

1 - Alimentação e nutrição ............................................................................ 12

1.1 Processo de digestão .......................................................................... 19

1.2 Excreção ............................................................................................. 22

Vamos relembrar? ........................................................................................ 25


Aula 6- Alimentação, nutrição, digestão e excreção

Olá, nas aulas anteriores, você já aprendeu sobre a


morfologia (externa e interna) dos insetos.

Agora, você aprenderá sobre alimentação, nutrição,


digestão e excreção do inseto. Ao final desta aula, você
será capaz de:

• Conhecer o sistema digestivo;


• Entender os processos de nutrição;
• Compreender os processos de excreção;

Mas antes de iniciarmos esses conceitos, vamos relembrar como distinguimos


um inseto dos demais grupos de seres vivos?

1 - Alimentação e nutrição

A alimentação é a forma pelo qual todos seres


vivos obtêm os nutrientes necessários para o
desenvolvimento do seu organismo.

Já a nutrição é o processo pelo qual o alimento


é consumido, digerido e absorvido resultando
em energia para o desenvolvimento e
Louva-a-deus se alimentando - Fonte: Laura
sobrevivência do do ser vivo. Sorrensen, 2018 (Licença CC0)

Todos os seres vivos se alimentam.

Os indivíduos do Reino animal, por exemplo, os leões caçam e se alimentam da


carne de outros animais, as baleias se alimentam de peixes menores, os coalas

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se alimentam de plantas, e nós (os humanos) nos alimentamos de carnes, peixes
e vegetais.

Com os insetos não é diferente!

Cadeia alimentar - Fonte: Desconhecida

No Reino Animal todos os seres realizam os processos de alimentação, nutrição,


digestão e excreção para sobreviver. Esse são chamados de processos vitais.

Os insetos possuem mecanismos e sistemas que permitem o seu


desenvolvimento por meio da realização dos processos vitais. Você conhecerá
esses mecanismos e sistemas durante esta aula!

Como você viu anteriormente em nosso curso, que há mais de 1 milhão de


espécies de insetos!

As espécies são diversas e cada uma delas tem uma alimentação diferente.

Há insetos que se alimentam de madeira molhada (exemplo: cupins).

Cupim na madeira - Fonte: Katja Schulz, 2015 (Licença CC2)

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Outros insetos se alimentam da seiva (exemplo: cigarras).

Cigarra em um galho - Fonte: Schiebel (Licença CC0)

Existem insetos que se alimentam de bactérias e algas (exemplo: larvas de


borrachudos).

Larvas de borrachudo - Fonte: L.H. Gil-Azevedo, O. S. Molina e D.S. Santos, 2017

Ainda há insetos que se alimentam dos tecidos internos de outros animais


(exemplo: larvas de vespas endoparasitas).

Inseto hospedeiro de larvas de outros insetos. - Fonte: Gilles San Martin, 2012
(Licença CC3)

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Outros se alimentam do sangue de vertebrados (exemplo: percevejo-de-cama e
fêmeas de mosquitos).

Anopheles sugando sangue - Fonte: Skeeze (Licença CC0)

O nosso curso tem interesse especial pelos insetos que se alimentam de sangue
de animais vertebrados, pois eles podem infectar-se com diversas espécies de
patógenos e, consequentemente transmiti-las para o homem, provocando
doenças que, muitas vezes, caso não diagnosticadas a tempo, podem levar as
pessoas a óbito.

Os insetos que se alimentam de sangue são classificados como hematófagos.


A hematofagia é o hábito de se alimentar de sangue.

Insetos possuem fontes alimentares variadas, assim, os tipos de aparelho bucal


refletem os hábitos alimentares de cada espécie.

Por exemplo, é visível a diferença do aparelho bucal mastigador-raspador das


baratas, que mastigam suas fontes de alimento, para o aparelho bucal picador-
sugador dos mosquitos, que são estruturas adaptadas para a perfuração da pele
e obtenção de sangue dos hospedeiros ou de seiva vegetal.

Aparelho mastigador, picador-sugador e lambedor - Fonte: Mikadago (Licença CC0); Pratheep, 2011
(Licença CC3); Desconhecida

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Há ainda o aparelho lambedor que é típico das abelhas e se diferencia dos
outros dois, pois permite a absorção de alimentos líquidos por um prolongamento
tubular do aparelho bucal, um tipo de “língua” que acessa o alimento trazendo-o
de volta à boca do animal.

As fontes de alimentos da classe Insecta podem ser obtidas de diversas formas.


Em geral, é composta por matéria orgânica, seja viva, morta ou em
decomposição, como nos exemplos que você viu na aula. Após a ingestão do
alimento, reações químicas de digestão acontecem e os produtos finais dão
energia para manter as atividades vitais do inseto.

As espécies de insetos com desenvolvimento holometábolo possuem


alimentação diferenciada e, por consequência, diferentes tipos de aparelho bucal
durante seu desenvolvimento.

Por exemplo, as larvas de mosquitos


que habitam ambientes aquáticos,
apresentam estrutura bucal do tipo
mastigador-raspador, com a função
de triturar e raspar os alimentos
diluídos na água de seus criadouros. Culex, larva vs adulto - Fonte: Harry Weinburgh, 2016
(Licença CC0); FrancoK35 (Licença CC0)

Após a transformação em adulto, o aparelho bucal é modificado para picador-


sugador, com o qual é possível que os insetos se alimentem de seiva vegetal ou
substâncias açucaradas, incluindo sangue.

As fêmeas de mosquitos podem se alimentar do sangue de vertebrados, pois


precisam dessa fonte alimentar para maturação dos ovos. Como destacamos em
aulas anteriores, os insetos que se alimentam de sangue são chamados de
hematófagos. Os insetos hematófagos podem transmitir patogenos (agentes
etiológicos) causadores de doenças, e, nas situações em que este agente se
desenvolve no inseto, estes são classificados como vetores biológicos.

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É pelo processo de hematofagia que alguns patógenos presentes no corpo do
inseto podem dar continuidade em seu ciclo biológico em outros hospedeiros.

Mosquito na pele (vetor) - Fonte: Desconhecida

A transferência ocorre quando o inseto (vetor) passa o agente infeccioso para o


hospedeiro, que podem ser um animal ou um humano. São alguns tipos de
transferência:

Transferência por fluxo salivar: ocorre quando o inseto transfere o agente


infeccioso pela saliva. Exemplo: ocorre na transmissão da malária, quando o
mosquito do gênero Anopheles transmite o protozoário Plasmodium spp. para o
hospedeiro.
Bloqueio mecânico do canal alimentar: ocorre quando o parasita causa o
bloqueio do canal alimentar e o rompimento das peças bucais fazendo com que
o vetor passe o agente infeccioso para o hospedeiro. Exemplo: Esse bloqueio
ocorre na transmissão de Leishmania spp., causador da leishmaniose por
flebotomíneos.
Rompimento do aparato bucal: ocorre durante a picada do inseto, que causa
o rompimento dos aparelhos bucais que ficam alojados no hospedeiro
juntamente com o agente infeccioso. Exemplo: Wuchereria bancrofti é
transmitido por culicídeos que sofrem o rompimento do aparato bucal durante a
picada.
Liberação de fezes contaminadas: ocorre quando o inseto emite excrementos
contaminados pelo patógeno. Exemplo: Trypanossoma cruzi é eliminado nas
fezes de insetos da subfamília Triatominae, conhecidos como barbeiros. É
necessário que o agente infeccioso entre em contato com a corrente sanguínea
do hospedeiro para que o hospedeiro seja contaminado. No caso dos humanos,
isso ocorre por meio de feridas da pele que podem ser originadas da picada do
inseto ou do coçar.

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Nas espécies pertencentes ao grupo de mosquitos e flebotomíneos, apenas as
fêmeas adultas se alimentam de sangue de vertebrados para completar o ciclo
de desenvolvimento dos ovos.

As espécies de triatomíneos (por exemplo: barbeiros), tanto machos quanto


fêmeas, necessitam ingerir sangue para a nutrição do organismo nas fases de
ninfa e adulto, e dessa forma, todas estas fases são passíveis de transmitir os
agentes infecciosos.

É importante lembrar que o aparelho do tipo picador-sugador dos insetos


hematófagos possui saliva.

Barbeiro na pele - Fonte: Ben Beard, Fiocruz

A saliva é composta por substâncias que atuarão na obtenção do sangue do


hospedeiro, possuindo algumas características fundamentais para o sucesso da
alimentação. Segue abaixo, algumas funções da saliva:

Ação de lise (substâncias lisantes): auxilia na perfuração da pele do


hospedeiro.
Ação anestésica: atua na sensibilidade da pele do hospedeiro, amenizando ou
bloqueando a sensação de dor ao ser picada.
Ação vasodilatadora: aumenta o fluxo de sangue no local da picada.
Ação anticoagulante: o sangue ingerido não coagula dentro das peças bucais
do inseto vetor.
Ação imunossupressora: produz substâncias que impedem o sistema
imunológico do hospedeiro de atacar ou bloquear a atividade hematófaga do
inseto vetor.

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Até aqui você aprendeu que a alimentação é um processo necessário para todos
os seres vivos e que é por meio da alimentação que cada ser obtêm os nutrientes
necessários para sua sobrevivência.

A nutrição, que ocorre por meio da alimentação, é um dos processos vitais dos
seres vivos, pois permite que os insetos sobrevivam gerando energia para seu
desenvolvimento.

Além da alimentação e nutrição, há outros dois processos vitais para os seres


vivos: a digestão e a excreção.

Assim como os demais seres, os insetos precisam de nutrientes para a sua


sobrevivência. As fontes de alimentação da Classe Insecta incluem matéria
orgânica, que pode ser viva, morta ou em estado de decomposição.

O tipo de estrutura do aparelho bucal que o inseto apresenta está relacionado ao


tipo de alimentação que a espécie possui. Qual tipo de aparelho bucal que a
barata possui?

a. ( ) Picador-sugador
b. ( ) Mastigador-raspador
c. ( ) Lambedor

1.1 Processo de digestão

Qualquer tipo de matéria orgânica pode servir como alimento aos insetos,
podendo variar de acordo com os hábitos ecológicos de cada espécie.

O aparelho digestório dos insetos tem a forma tubular (formado de células


epiteliais), e percorre toda a extensão longitudinal do corpo do animal, o que
significa que percorre todo o seu corpo, ligando o orifício bucal ao anal.

De uma maneira geral, o aparelho digestório dos insetos pode ser dividido em
03 partes:

• Intestino anterior: chamado de ESTOMODÉU, é uma região composta


pela faringe, esôfago, papo (presente em algumas espécies),
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proventrículo (moela) e a válvula estomodeal. Essa região tem a função
de estocar os alimentos.
• Intestino médio: chamado de MESÊNTERO, é composto pelo ventrículo,
cecos gástricos e a válvula pilórica. Nessa região, há a presença de
enzimas digestivas que atuam na digestão e absorção dos nutrientes.
• Intestino posterior: chamado de PROCTODÉU, é composto pelas
estruturas piloro, íleo, cólon reto e ânus. Possui a função de coletar,
conduzir e eliminar produtos da excreção, reabsorvendo água e nutrientes
por meio das glândulas retais.

Esquema geral da anatomia do intestino de um inseto- Fonte: Desconhecida

O processo de digestão é facilitado pela presença de anexos digestivos que


auxiliam na digestão e absorção nutricional. As glândulas produtoras de saliva
além de umedecer os alimentos sólidos, atua diretamente na obtenção da fonte
sanguínea nos insetos hematófagos.

Já os cecos gástricos ampliam a área de contato para absorção dos nutrientes e


em algumas espécies de insetos pode abrigar microrganismos simbiontes que
auxiliam na digestão, como é o caso da presença de bactérias que auxiliam na
digestão da celulose no intestino dos cupins.

Agora você vai compreender como funciona a digestão dos insetos.

Após o inseto achar a fonte de alimento, o alimento é levado a boca, e em


seguida, é internalizado em direção ao estomodéu (intestino anterior) passando
pela faringe.

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Na região do esôfago, o alimento é armazenado no papo e é parcialmente
digerido por ações enzimáticas.

Quando o alimento é levado ao proventrículo, pode ser triturado em partículas


menores, ou separado para ser digerido, seguindo para a válvula cardíaca,
região que impede o retorno do alimento para o estomodéu.

O intestino médio (mesêntero), é a região que irá ocorrer a digestão e absorção


dos nutrientes para a cavidade do corpo, completando a digestão iniciada no
estomodéu.

É na região do ventrículo onde são secretadas as enzimas digestivas como


amilases, maltases, lipases entre outras.

Nessa região há a formação de uma membrana peritrófica, responsável por


envolver o alimento e proteger as células do epitélio digestório da ação das
enzimas digestivas.

No intestino posterior (proctodéu) não realiza mais digestão, sendo essa região
a responsável por direcionar e transportar os resíduos alimentares para o meio
externo, atuando no balanço da água e sais do metabolismo.

O resíduo alimentar depois de digerido e retirado ao máximo os nutrientes, é


excretado pelo ânus.

É durante a digestão que o inseto absorve os nutrientes necessários para a


continuidade do seu ciclo de vida.

Você pôde ver como a digestão é um processo fundamental para o inseto, pois
durante a digestão os insetos absorvem as substâncias necessárias para a sua
nutrição.

Além disso, você também aprendeu que o aparelho digestório do inseto é tubular
e está dividido em: intestino anterior, intestino médio e intestino posterior.

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Você também pôde ver que os insetos que se alimentam de sangue são
conhecidos como hematófagos e são o foco do nosso curso, porque esse tipo
de alimentação permite a transferência de agentes infecciosos causadores de
doenças de importância em Saúde Pública.

Sabendo disso, marque a alternativa correta que mostra em quais porções do


intestino acontecem respectivamente: o armazenamento do alimento, digestão
completa e o transporte de excretas:

a. ( ) Proctodeu, estomodeu e mesêntero


b. ( ) Mesêntero, proctodeu e estomodeu
c. ( ) Proctodeu, mesêntero e estomodeu
d. ( ) Estomodeu, mesêntero e proctodeu

1.2 Excreção

O sistema excretor tem como


principal função a homeostase, ou
seja, remover subprodutos (rejeitos)
e moléculas não digestíveis do
metabolismo para garantir o pleno
equilíbrio e funcionamento do meio
interno do inseto.

O órgão principal do sistema excretor


da classe Insecta são os túbulos de
Malpighi, que se apresentam em
forma de sacos alongados e
cilíndricos situados na região
posterior do animal. Sistema excretor dos insetos - Fonte: Desconhecida

Uma das extremidades deste órgão está conectada à região de ligação do


intestino médio e posterior e a outra na esta região mais afastada do abdome,
chamada fundo cego.

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A camada externa de células se encontra em contato com a hemolinfa e é
caracterizada por um tecido elástico e fibras musculares, sendo capazes de
realizar peristaltismo, um movimento de contração que permite a passagem do
alimento.

O conteúdo dos túbulos de Malpighi tem como origem primária os produtos de


secreção e depois da filtração. A água é transportada passivamente (pressão
osmótica) pela diferença de concentração de íons dentro e fora do túbulo.

Enquanto isso, as moléculas de sódio, ácido úrico presentes na hemolinfa,


adentram ao túbulo por meio de transporte ativo. Essas moléculas presentes
dentro dos túbulos são transportadas em direção à região do reto, onde
moléculas de água e sais são reabsorvidos e voltam a circular na hemolinfa.

Durante esse processo, com a diferença de pH presente na região interna do


túbulo, moléculas de ácido úrico são precipitadas e são eliminadas juntamente
com as fezes e são excretadas pelo ânus.

As excretas líquidas nitrogenadas, açúcares e metabólitos, além da água, podem


constituir a urina primária que é removida da hemolinfa pelos túbulos de Malpighi.

Para auxiliar na quebra de moléculas grandes, existem células denominadas de


nefrócitos especializadas na quebra de partículas grandes que poderão ser
absorvidas pelas paredes dos túbulos.

Os tipos de excretas liberados pelo corpo do inseto podem variar de acordo com
o hábitat e ecologia da espécie.

De maneira geral, a Classe Insecta é uma das mais bem adaptadas à prevenção
de perda de água para o ambiente.

Esses animais são pequenos e excretam uma quantidade de água


proporcionalmente menor, quando comparados a outros animais.

Isso permite que os insetos armazenem água por longos períodos, permitindo a
sobrevivência em ambientes com pouca água, o que podem ser impossíveis para
outras Classes de animais.

Essa habilidade ocorre porque a epicutícula é impregnada com compostos à


base de ceras, que reduzem a evaporação.
23
Em insetos terrestres, a excreção do ácido úrico reduz a perda de água que é
reabsorvida na região do reto. Já os insetos de ambientes aquáticos liberam as
excretas em moléculas de amônia ao invés de ácido úrico, sendo os sais
conservados na porção do intestino posterior.

Inseto bebendo água - Fonte: Alexas_Fotos (Licença CC0)

O sistema excretor é responsável pelos subprodutos (rejeitos) e moléculas não


digestíveis do metabolismo, o que garante o pleno funcionamento do meio interno
do inseto (homeostase).

Com base no que você estudou sobre a excreção, complete a frase com as
palavras corretas.

Em insetos _________________, a excreção do ácido úrico reduz a


______________________ que é reabsorvida na região do reto. Já os insetos de
ambientes _________________ liberam as excretas em moléculas de
________________ ao invés de ácido úrico, sendo os sais conservados na
porção do intestino posterior.

Falamos sobre a alimentação e nutrição dos insetos. Isso está relacionado ao


desenvolvimento dos insetos, bem como à evolução das espécies.

A alimentação define os aparelhos bucais que os insetos possuem.

24
Como vimos na Aula 3, as semelhanças taxonômicas e morfológicas definem a
que categorias de famílias e classes pertencem os animais.

Já pensou se as baratas e cupins fossem “parentes”?

Clique aqui
bit.ly/baratas_sociais

A matéria que você encontra no link acima, “Não só comem nossos móveis...
cupins também são baratas sociais…”, de Fernando Cymbaluk do portal UOL,
mostra que cientistas encontraram um “parentesco evolutivo” entre esses animais
por causa da alimentação que os animais possuem em comum.

Não é fantástico? Saber a alimentação dos insetos pode te ajudar a identificar os


insetos assim como as características morfológicas que estudamos nas aulas 3
e 4!

Vamos relembrar?

Nessa aula, tivemos a oportunidade de


compreender por quais mecanismos a Classe
Insecta obtém seus nutrientes.

Você viu que os insetos possuem um sistema


digestivo que ocupa toda a extensão do seu
corpo e liga o orifício da boca (entrada do
alimento) ao ânus (saída das excretas).

Esse processo é muito importante para manter


o equilíbrio dinâmico interno do inseto. O órgão
excretor chamados túbulos de Malpighi é o
responsável por precipitar o ácido úrico (nos

25
insetos terrestres) e eliminá-los junto às fezes
pela porção final do intestino posterior.

A digestão nos insetos possui atributos que


permitem uma melhor estratégia na alimentação
e nutrição desses animais, contando com a
presença das glândulas salivares e enzimas
digestivas que contribuem para uma melhor
absorção nutricional.

Você conheceu um pouco dos processos vitais


dos insetos, que são a alimentação, a nutrição,
a digestão e a excreção.

Ficamos felizes que tenha finalizado mais uma


aula!

Nas aulas anteriores abordamos o histórico da


Entomologia Médica, os principais grupos de
insetos vetores e a morfologia interna e externa
dos insetos.

Na aula 7 encerraremos a Área de Competência


1 do curso de Entomologia aplicada à Saúde
Pública e vamos começar a falar dos processos
de reprodução e respiração dos insetos.

Esperamos você lá!

26
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27
Referências

CARRERA, M. Insetos de interesse médico e veterinário. Paraná: UFPR,


1991, 228p.

CIPRANDI, Alessandra; HORN, Fabiana; TERMIGNONI, Carlos. Saliva de


animais hematófagos: fonte de novos anticoagulantes.Rev. Bras. Hematol.
Hemoter., São José do Rio Preto, v.25,n. 4, p.250-262, 2003. Available from
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
84842003000400012&lng=en&nrm=iso. access on 10 Mar.
2018.http://dx.doi.org/10.1590/S1516-84842003000400012.

Monteiro, Carolina Cunha. O papel da microbiota intestinal na competência


vetorial do Lutzomyia longipalpis para a Leishmania (Leishmania) infantum
chagasi e a transmissão do parasito ao vertebrado pela da picada. / Carolina
Cunha Monteiro. – Belo Horizonte, 2012. Disponível em: <
http://www.cpqrr.fiocruz.br/texto-completo/D_77.pdf>.

NEVES, D.P.; MELO, A.L.; LINARDI, P.M.; VITOR, R.W.A. Parasitologia


humana. São Paulo: Atheneu, 2005, 524p.

RUPPERT, E. E; BARNES, R.D. Zoologia dos invertebrados. 6ª ed. Roca,


1996.

28
Créditos das imagens

1. Louva-a-deus se alimentando

Fonte: Laura Sorrensen, 2018 (Licença CC0)

Disponível em: https://pxhere.com/pt/photo/1423349

2. Cadeia alimentar

Fonte: Desconhecida

3. Cupim na madeira

Fonte: Katja Schulz, 2015 (Licença CC2)

Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Termite_-_Isoptera_-


_Els_Poblets,_Alicante,_Spain.jpg

4. Cigarra em um galho

Fonte: Schiebel (Licença CC0)

Disponível em: https://pixabay.com/en/wildlife-nature-insect-outdoors-3258756/

5. Larvas de borrachudo

Fonte: L.H. Gil-Azevedo, O. S. Molina e D.S. Santos, 2017

Disponível em: http://www.museunacional.ufrj.br/simuliidae/simulideo.html

6. Fêmea coberta de larvas

Fonte: Gilles San Martin, 2012 (Licença CC3)

Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Criocerinae_larva_20110603Detail.jpg

7. Anopheles sugando sangue

Fonte: Skeeze (Licença CC0)

Disponível em: https://pixabay.com/en/mosquito-sucking-blood-malaria-542159/

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8. Aparelho mastigador, picador-sugador (ATENÇÃO: imagem original era da
Alamy, necessário trocar! O link acima é de uma sugestão de substituição.) e
lambedor

Fonte: Mikadago (Licença CC0); Pratheep, 2011 (Licença CC3); Desconhecida

Disponível em: 1 - https://pixabay.com/en/grasshopper-macro-details-eating-


485238/ \ 2 - https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mosquito-feeding.jpg \ 3 -
https://www.landlove.com/article/3167/seven-ways-to-grow-an-eco-friendly-
garden

9. Culex, larva vs adulto

Fonte: Harry Weinburgh, 2016 (Licença CC0); FrancoK35 (Licença CC0)

Disponível em: 1 - https://pixnio.com/fauna-animals/insects-and-


bugs/mosquito/close-up-of-culex-quinquefasciatus-mosquito-larva \ 2 -
https://pixabay.com/en/insects-mosquito-culex-pipiens-820484/

10. Mosquito na pele (vetor)

Fonte: Desconhecida

Disponível em: https://www.cdc.gov/disasters/00_images/alldisasters/animals-


insects950x600.jpg

11. Barbeiro na pele

Fonte: Ben Beard, Fiocruz

Disponível em: https://agencia.fiocruz.br/estudo-aponta-novas-descobertas-


sobre-doença-de-chagas

12. Aparelho digestório dos insetos

13. Sistema excretor dos insetos

14. Inseto bebendo água

Fonte: Alexas_Fotos (Licença CC0)

Disponível em: https://pixabay.com/en/wasp-insect-drinking-water-2369191/

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Respostas dos exercícios (em ordem de aparição)

1. O tipo de estrutura do aparelho bucal que o inseto apresenta está relacionado ao tipo de
alimentação que a espécie possui. Qual tipo de aparelho bucal que a barata possui?

Mastigador-raspador

2. Sabendo disso, marque a alternativa correta que mostra em quais porções do intestino
acontecem respectivamente: o armazenamento do alimento, digestão completa e o transporte
de excretas:

d) Estomodeu, mesêntero e proctodeu

3. Arraste a palavra indicando o lugar correto na frase.

terrestres, perda de água, aquáticos, amônia

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