Extensão Universitária do FACU em Debate: Agenda ABRIL VERMELHO e
a Conjuntura atual” Por: Gabriela Abrahão Masson
Resistência e Luta pela Reforma Agrária
A concentração fundiária no Brasil segundo Barbosa (2012) é uma das maiores do planeta. Apenas 0,8% dos proprietários rurais ocupam 31,6 % das terras agricultáveis. Estima-se que a realização da reforma agrária, promovendo a desconcentração da estrutura fundiária no Brasil, beneficiaria diretamente 2,5 milhões de famílias sem-terra. Até o presente, não existe uma política de reforma agrária capaz de alterar a estrutura de posse das terras no território brasileiro, demarcada pela invasão portuguesa, expropriação dos povos originários, escravização do negro e exploração do imigrante. Ocupamos a posição de um dos países mais desiguais do mundo, sendo que muitos estudos e pesquisas apontam que esta realidade tem como cerne (origem) a questão agrária, que é uma das principais problemáticas que travam a justiça social. Os movimentos sociais – historicamente criminzalizados – são os maiores responsáveis pelas desapropriações de terras em nosso território. Dados do DATALUTA (2016) apontam que existem 126 movimentos sociais organizados e espalhados por diversos estados. O mês de Abril, considerado como “Abril Vermelho” pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é rememorado como um mês de discussões, mobilizações e lutas, pois em 17 de Abril de 1996, na rodovia em Eldorado dos Carajás (Pará) foram assassinados 21 trabalhadores (as) e outros 69 ficaram feridos. Eles reivindicavam a desapropriação dos 35 mil hectares do latifúndio da Fazenda Macaxeira, e foram surpreendidos por uma força tarefa sob o mando do então governador do Estado (Almir Gabriel do PSDB), que reuniu 155 policiais militares armados. A impunidade ainda perpassa tal “carnificina”! O MST, assim como outros movimentos sociais, está presente em Minas Gerais que é o estado da Região Sudeste que apresenta o maior número de assentamentos rurais (411). Em recente estudo de doutorado sobre a política de reforma agrária em Uberaba, Masson (2016) constatou a existência de 3 assentamentos rurais: “Tereza do Cedro”, “Dandara”, “Monte Castelo”, onde vivem e trabalham 97 famílias. Apesar das condições de vida e trabalho serem muito precários, estes sujeitos acumulam em suas trajetórias muitas lutas e um modo de vida que questiona o atual modelo de desenvolvimento de Uberaba – o agronegócio – que cada vez mais devasta terras em razão da pecuária bovina e dos monocultivos extensivos de cana de açúcar, soja e milho para exportação. A produção destes commodities engloba 94,24% da área plantada e colhida da lavoura temporária de Uberaba em 2014 (IBGE,2014). Apesar da Política de Reforma Agrária no município possuir muitos entraves governamentais, ela ainda significa para estas famílias a possibilidade de vida comunitária e trabalho de base familiar sem degradação do meio ambiente e uso extensivo de agrotóxicos e defensivos maléficos à saúde.
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