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FÓRUM - ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

Nome/matrícula:
Ana Caroline Santos de Oliveira 201703095GV
Artur de Carvalho Almeida 201703066GV
José Alves Rocha Miranda 201703012GV
Mateus Moreira de Jesus Ferreira 201703003GV
Stênio Soares Paula 201703052GV

O GOVERNO DEVE INTERFERIR NA DIREÇÃO DOS PREÇOS NA ECONOMIA ?

Em momentos de crise, uma das variáveis macroeconômicas que mais aflige os


indivíduos, é a tão temida inflação. Essa aversão à inflação é fundamentada no triste
histórico de inúmeras economias, onde os indivíduos só perderam poder de compra na
medida em que os preços disparavam. Apesar das suas especificidades, não é seguro
fantasiar medidas que fixem ou acabem com ela por completo. A determinação dos
preços em uma economia, deve ser feita pelas transações entre os indivíduos, e não
por vontade política. O populismo fiscal enraizado a essa medida (que aparentemente
beneficia os indivíduos mais vulneráveis), na maioria das vezes pode gerar perdas
ainda maiores. A história é cíclica e se olharmos para trás, podemos citar diversos
exemplos de como o congelamento de preços é uma medida desesperada de governos
que não sabem lidar com o fenômeno da inflação.

O congelamento de preços e salários se fez presente durante os períodos de inflação e


hiperinflação das décadas de 80 e 90, sendo oficializados nos planos Cruzado I e II,
Bresser, Verão e Collor. A fixação dos preços durante o Plano Cruzado (1986) gerou
uma abrupta queda da inflação e elevação do apoio popular, o transformando no
principal elemento do plano. Devido ao crescimento da renda nos anos anteriores, taxa
de juros baixas e redução do recolhimento do IR foi observado uma elevação da
demanda, porém sem contrapartida da oferta devido a inflação sobre os custos o que
criou a falta de produtos nos mercados. O governo tentou resolver o problema da oferta
sem abrir mão do congelamento por meio de isenções, subsídios etc. Isso somado às
diversas formas de se escapar dos tabelamentos gerou problemas no lado fiscal e nas
contas externas do país.

A Argentina é um exemplo de país que ainda aposta no congelamento de preços como


estratégia de combate à inflação. No começo de 2020, o país anunciou a nova versão
do programa “Preços Cuidados”, que congela o preço de mais de 300 produtos
considerados essenciais para os Argentinos. Essa medidas tem como objetivo atenuar
os efeitos do aumento generalizado de preços sobre a população, principalmente sobre
os mais pobres que sofrem impacto direto desses aumento.
Este programa foi instituído em 2014 pela então presidente Cristina Kirchner,
continuado por seu sucessor e retomado em 2020 com o então presidente Alberto
Fernandez, que conta com Cristina como sua vice. Durante esses anos, o programa
não apresentou os efeitos esperados e minou ainda mais a confiança de investidores
sobre o governo Argentino. Além disso, a inflação mais do que dobrou durante o
período em que foi anunciada a retomada desse programa.

A expectativa é que essas medidas agravem ainda mais a situação da Argentina no


período do pós crise do Coronavírus, no qual também foi anunciado um programa de
congelamento de preços que se estende a tarifas de internet, tv a cabo e celular.
Apesar do país já ter passado por períodos de congelamento de preços e na análise
dos nossos vizinhos sul-americanos que também optaram por essa drástica medida, a
população pediu o congelamento de preços dos alimentos, como o arroz, devido ao
seu aumento de preços, que advém do câmbio, aumento da exportação, diminuição da
produção e aumento da demanda.
A intervenção do governo de forma tão direta no mercado, traz consequências que
tende a piorar as condições, por exemplo, como ocorreu na década de 80, a falta de
produtos no mercado interno brasileiro, em decorrência de alguns fatores, dentre eles,
os produtores não venderão abaixo do preço de equilíbrio, e os donos dos
estabelecimentos não irão obter produtos para vender abaixo do preço adquirido.
Olhando para trás e analisando períodos em que este tipo de política foi adotada, é
possível observar seus efeitos negativos: o abastecimento de produtos é
comprometido, os mercados paralelos se fortalecem, os fornecedores podem se
motivar a adotar comportamentos ilícitos que venham a garantir sua renda e, somado a
isso, existem custos indiretos para manutenção desse regime, como a fiscalização e
punição dos que não se enquadram. As estratégias que buscam driblar este tipo de
política não são poucas e os exemplos revelam sua ineficiência quanto ao objetivo de
conter o nível de preços. Talvez a justificativa para ainda presenciarmos este tipo de
medida se encontre na inocente sensação de segurança que o congelamento de
preços pode proporcionar, sobretudo aos agentes mais pobres. Este sentimento
embasado na queda fictícia do nível de preços não se sustenta por muito tempo e logo
traz de volta à cena a necessidade de tratar as raízes do problema em vez de
simplesmente tentar conter seus efeitos.
REFERÊNCIAS
https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/08/22/argentina-congela-tarifas-de-celular-i
nternet-e-tv-a-cabo.ghtml
https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/01/07/governo-argentino-lanca-nova-versao
-de-congelamento-de-precos-nos-supermercados.ghtml
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-50189189
https://www.istoedinheiro.com.br/argentina-entra-em-moratoria-e-acelera-renegociacao-
da-divida/
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/09/08/preco-do-arroz-dispara.htm
https://www.jornalfolhadosul.com.br/coluna/marcelo-lopes-vieira/07/09/2020/algumas-c
ausas-do-aumento-do-preco-do-arroz

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