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Qual a Influência de Experiências Traumáticas na Infância e de uma Vinculação Insegura na Predisposição para Sintomas Obsessivo-Compulsivos?

Poster · March 2019


DOI: 10.13140/RG.2.2.32258.73925

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7 authors, including:

Andreia Saraiva Martins Catarina Oliveira


University of Coimbra
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Inês Caria Rodrigues Fernanda Duarte


Hospitais da Universidade de Coimbra
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2ªs Jornadas da Unidade de Psicologia Clínica (UPC) do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC)
20 a 22 de março de 2019

Qual a Influência de Experiências Traumáticas na Infância e de uma Vinculação


Insegura na Predisposição para Sintomas Obsessivo-Compulsivos?
Andreia Saraiva-Martins1, Catarina Oliveira1, Inês Caria-Rodrigues1, Libânia Cunha1, Fernanda Duarte2, Vera Raposo2, Maria C. Canavarro3
Introdução: Na etiologia da Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) estão fatores genéticos e ambientais que contribuem com peso semelhante para
uma vulnerabilidade aos sintomas idiossincráticos da perturbação. Stressores psicossociais e traumas ocorridos durante o desenvolvimento são exemplos de
possíveis predisponentes ambientais da psicopatologia ao influenciarem o sistema de vinculação do indivíduo.

Sistema de vinculação
O sistema de vinculação é um sistema biológico adaptativo que afeta o ajustamento, o funcionamento
psicológico e a saúde mental durante todas as fases da vida (Bowlby, 1980).

Experiências Traumáticas Vinculação Insegura

O trauma psicológico constitui-se uma forte influência em casos de POC Uma vinculação insegura tem sido conectada com cuidados parentais
com início precoce – descobriu-se uma associação significativa entre a inconsistentes, negligenciais, intrusivos ou assustadores (Myhr et al., 2004).
POC e a Perturbação de Stress Pós-Traumático (PSPT) ou A exposição a maus-cuidados pode afetar os sentimentos de segurança
evidências de trauma psicológico (Lafleur et al., 2011). Inadequações, e proteção, essencial ao desenvolvimento de uma vinculação segura.
insuficiências ou eventos de vida adversos na primeira relação Nestes contextos, uma criança pode perceber a sua figura de
significativa de uma criança, como situações de violência, podem ter vinculação primária como uma fonte de angústia (Doron et al., 2011; Sitko, Bentall,
efeitos negativos na vinculação. Shevlin, O’Sullivan, & Sellwood, 2014).

A exposição ao trauma pode causar consequências psicossociais Uma vinculação insegura é considerada um determinante de
negativas onde a vinculação insegura e a psicopatologia se cruzam (Myhr, psicopatologia mais tarde na vida (Sitko et al., 2014).
Sookman, & Pinard, 2004).

Estruturas particulares do self: Construção de estruturas específicas de visão do self e do mundo,


tais como, intrusões e cognições relacionadas com o fracasso (e.g. “Serei abandonado/a”),
põem em perigo a valorização pessoal de um indivíduo (Doron, Kyrios, & Moulding, 2007).
Experiências de rejeição e indisponibilidade emocional modelo do self incompetente e não merecedor de amor
Maior sensibilidade à moralidade, competência, aceitabilidade social níveis mais elevados de crenças obsessivas
Crenças do mundo como um lugar ameaçador aumento da vigilância e controlo

Mediadores: Os pensamentos intrusivos comuns


As crianças que têm maior tendência para Ansiedade transitam para obsessões clínicas quando o
sintomas ansiosos ou depressivos antes Depressão indivíduo apresenta crenças particulares,
da ocorrência de uma experiência Crenças particulares tais como, um sentido exagerado de
traumática, têm maior probabilidade de responsabilidade, perceções aumentadas
desenvolver POC (Briggs & Price, 2009). de ameaça, perfecionismo, intolerância à
dúvida e necessidade de controlar os
pensamentos (Clark, 2004).
Sintomas obsessivo-compulsivos

Expectativas negativas acerca da disponibilidade e responsividade dos As obsessões e compulsões poderão surgir como estratégias
outros, paralelamente a uma intolerância e reduzida capacidade de lidar com maladaptativas de lidar e gerir a angústia sentida acerca de situações que
o afeto negativo, poderá predispor um indivíduo a responder a obsessões parecem incontroláveis. Os sintomas da POC podem ser usados para lidar,
com uma ansiedade exacerbada, apreciações catastróficas e esforços reduzir e evitar os sintomas relacionados com o trauma e as suas
para reduzir o medo através de ritualizações e evitamentos (Myhr et al., 2004). memórias (Gershuny, Baer, Radomsky, Wilson, & Jenike, 2003).

Implicações terapêuticas:
o Compreender a história traumática; incluir no processo de avaliação o “Questionário de Trauma de Infância – Versão breve” (CTQ-SF; Bernsteinet al., 1994; Versão
Adaptada: Dias et al., 2014).
o Explorar os modelos internos dinâmicos do self e dos outros - reavaliar e reestruturar (Bowlby, 1988).
o Explorar a ansiedade da vinculação e o medo do abandono: (Doron & Moulding, 2009)
a) Desafiar as perceções disfuncionais da realidade (e.g. “Alguma coisa lhe poderá garantir que nunca será abandonado/a?”);
b) Explorar a relação entre o medo do abandono e as cognições da POC (e.g. “Ser perfeito/a irá assegurar-lhe que nunca será abandonado/a?”; “Estar constantemente
vigilante à ameaça irá assegurar que nada de mau acontece aos seus entes-queridos?”);
c) Explorar e desafiar a ligação entre o medo do abandono e as perceções de valor próprio (e.g. “Eu não valho nada e, por isso, serei abandonado/a”)
o Identificar/modificar perceções distorcidas do self (e.g. de incompetência), construir um sentido individual e investir em domínios valorizados (Doron et al., 2007).
Referências bibliográficas:
Bowlby, J. (1980). Attachment and loss. New York, NY: Basic Books, Inc. Doron, G., Kyrios, M., & Moulding, R. (2007). Sensitive domains of self-concept in obsessive compulsive disorder (OCD): Further
Bowlby, J. (1988). Secure base: Clinical applications of attachment theory. London: Tavistock/Routledge. evidence for a multidimensional model of OCD. Journal of Anxiety Disorders, 21, 433–444. doi:10.1016/j.janxdis.2006.05.008
Bernstein, D. P., Fink, L., Handelsman, L., Foote, J., Lovejoy, M., Wenzel, K., … Ruggiero, J. (1994). Initial reliability and validity of a new Doron, G., & Moulding, R. (2009). Cognitive behavioral treatment of obsessive compulsive disorder: A broader framework. Israel Journal of Psychiatry and Related Sciences, 46(4), 257–263.
retrospective measure of child abuse and neglect. American Journal of Psychiatry, 151, 1132-1136. doi:10.1176/ajp.151.8.1132 Gershuny, B. S., Baer, L., Radomsky, A. S., Wilson, K. A., & Jenike, M. A. (2003). Connections among symptoms of obsessive–compulsive disorder and posttraumatic stress disorder:
Briggs, E. S., & Price, I. R. (2009). The relationship between adverse childhood experience and obsessive–compulsive symptoms A case series. Behaviour Research and Therapy, 41, 1029–1041. doi:10.1016/S0005-7967(02)00178-X
and beliefs: The role of anxiety, depression, and experiential avoidance. Journal of Anxiety Disorders, 23, 1037–1046. Lafleur, D. L., Petty, C., Mancuso, E., McCarthy, K., Biederman, J., Faro, A.,…Geller, D. A. (2011). Traumatic events and obsessive–compulsive disorder in children and adolescents:
doi:10.1016/j.janxdis.2009.07.004 Is there a link? Journal of Anxiety Disorders, 25, 513–519. doi:10.1016/j.janxdis.2010.12.005
Clark, D. (2004). Cognitive-behavioral therapy for OCD. NY: Guilford Press. Myhr, G., Sookman, D., & Pinard, G. (2004). Attachment security and parental bonding in adults with obsessive-compulsive disorder: A comparison with depressed out-patients
Dias, A., Sales, L., Carvalho, A., Castro Vale, I., Kleber, R., & Mota Cardoso, R. (2014). Estudo de propriedades psicométricas and healthy controls. Acta Psychiatrica Scandinavica, 109, 447-456. doi:10.1111/j.1600-0047.2004.00271.x
do Questionário de Trauma de Infância – Versão breve numa amostra portuguesa não clínica. Laboratório de Psicologia, 11. Sitko, K., Bentall, R. P., Shevlin, M., O‫׳‬Sullivan, N., & Sellwood, W. (2014). Associations between specific psychotic symptoms and specific childhood adversities are mediated by attachment
doi:10.14417/lp.713 styles: An analysis of the National Comorbidity Survey. Psychiatry Research, 217, 202-209. doi:10.1016/j.psychres.2014.03.019

1 Alunas do 5º ano do Mestrado Integrado em Psicologia, área de Psicologia Clínica e Saúde, especialização em Intervenções Cognitivo-Comportamentais em Perturbações Psicológicas e Saúde; estagiárias de Psicologia Clínica na UPC do CHUC - Hospital Sobral Cid
2 Psicólogas Clínicas da UPC do CHUC – Hospital Sobral Cid; orientadoras de estágios curriculares da instituição de acolhimento
3 Professora Catedrática da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra; orientadora académica de estágios curriculares / E-mail para contacto: afsm21@hotmail.com
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