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Unidade II - Normas Gerais de Direito Tributário, Receitas Pública e


Tributos
2 RECEITAS PÚBLICAS E TRIBUTOS

A relação entre as Receitas públicas e os tributos é intrínseca, por serem estes, o que
compõe aquelas. A Receita pública é formada pelos tributos pagos pelos cidadãos e pelos
empréstimos feitos pelo Governo.

2.1 Conceito e Classificação de Receitas

2.1.1 Conceito de Receita Pública

Receita pública é o montante total em dinheiro recolhido pela Administração Pública,


incorporado ao patrimônio do Estado, que serve para custear as despesas públicas e as
necessidades de investimentos públicos.
Em sentido amplo, receitas públicas são ingressos de recursos financeiros nos cofres do
Estado, que se desdobram em receitas orçamentárias, quando representam disponibilidades de
recursos financeiros para o erário, e receitas extraorçamentárias, quando representam apenas
entradas compensatórias.
Já em sentido estrito, são públicas apenas as receitas orçamentárias.

Receitas orçamentárias
Ingressos (receitas públicas)
de Valores nos
cofres públicos Receitas Extraorçamentárias

Veremos mais adiante, os aspectos legais da Receita Pública e seus desdobramentos,


baseados na Lei 4.320/64 e na 8ª Edição do MCASP (Manual de Contabilidade Aplicada ao
Setor Público).

2.1.2 Classificação de Receitas

A receita pública, de acordo com a doutrina, classifica-se quanto à natureza; à afetação


patrimonial; à regularidade; à coercitividade e quanto ao poder de tributar. A classificação legal,
por outro lado, desmembra a classificação da receita: por Indicador de Resultado Primário, por
Natureza, por Fonte/destinação de recursos e por esfera orçamentária.

2.1.2.1 Classificação doutrinária da receita

As receitas, quanto à Natureza, dividem-se em:

1) Receitas orçamentárias: São os recursos arrecadados pelo Estado, e que se incorporam


definitivamente ao patrimônio do Estado, estando ou não, estas receitas previstas ou não no
orçamento. Ela não precisa estar prevista na LOA para ser orçamentária, como é o caso da
receita de doações. São exemplos de orçamentárias: receitas tributárias, de contribuições,
patrimonial, agropecuárias, industrial, de serviços, transferências correntes, operações de
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crédito e alienação de bens, amortização da dívida, transferências de capital.


2) Receitas extraorçamentárias: São os recursos arrecadados pelo Estado, mas que geram um
passivo, ou seja, terão que ser restituídos posteriormente. Assim, são receitas que correspondem
a uma entrada de recurso, em caráter transitório, e que geram para o Estado a obrigação de
posterior devolução. São exemplos de receitas extraorçamentárias: depósitos em caução,
fianças, operações de crédito por antecipação de receita orçamentária (ARO), emissão de
moeda, outras entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros, depósitos diversos,
restos a pagar, serviço da dívida a pagar etc.

O Estado arrecada valores que não lhe pertence. Portanto, ele disporá da posse (física)
desses valores, mas não será proprietário. São ingressos transitórios não integram o patrimônio
público de forma definitiva.
Por serem recursos financeiros de caráter temporário, os ingressos extraorçamentários
constituem passivos exigíveis, dos quais o Estado é mero depositário e sua restituição não se
sujeita a autorização legislativa, portanto, não integram a Lei Orçamentária Anual (LOA).

QUESTÃO PARA PRATICAR:


(FUNDATEC - 2020 - Prefeitura de Santo Augusto - RS) De acordo com a Lei nº
4.320/1964, Art. 57, que define os ingressos que devem ser classificados como receita
orçamentária. Nesse sentido, analise as assertivas abaixo e assinale V, se verdadeiras, ou F,
se falsas.
( ) Caução recebida em dinheiro é um exemplo de receita orçamentária.
( ) Doação em dinheiro recebida pelo Município é uma receita orçamentária.
( ) Classifica-se como receita orçamentária o empréstimo por antecipação da receita.
( ) Classificam-se como receitas orçamentárias as operações de crédito de longo prazo.
( ) Somente as receitas previstas no orçamento são classificadas como orçamentárias.
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
F – F – V – V – F.
F – V – F – V – F.
F – V – V – F – V.
V – F – F – V – F.
V – V – F – F – V.

Interessante lembrar que uma receita extraorçamentária poderá se converter em receita


orçamentária, a partir do momento que se constatar que não caracteriza mais uma obrigação a
pagar. Em Resumo, tem-se:

RECEITAS RECEITAS
ORÇAMENTÁRIAS EXTRAORÇAMENTÁRIAS
Contabilização Registrada como receita Registrada como passivo Financeiro.
corrente ou de capital.
LOA Pode ou não está prevista na Não está prevista na LOA
LOA
Características Custeia despesas orçamentárias Custeia despesas extraorçamentárias
Recursos Do Estado De Terceiros
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As receitas, quanto à Afetação Patrimonial, dividem-se em:

1) Receitas Afetivas: As receitas orçamentárias que podem causar aumento no patrimônio, ou


seja, podem causar variação na situação líquida. Essas receitas integram o patrimônio sem
quaisquer condições, restrições ou correspondências no passivo, inserindo-se no conceito de
fato contábil modificativo aumentativo.

2) Receitas Não afetivas: Os ingressos de recursos orçamentários que não provocam afetação
no patrimônio líquido por serem oriundos de fatos permutativos. Essas receitas são
denominadas receitas não efetivas ou receitas por mutações patrimoniais. Elas não partem da
arrecadação. Em regra, toda receita corrente é receita afetiva e toda receita de capital é receita
não afetiva. Há, entretanto, exceções.

As receitas, quanto à Regularidade, se classificam em:

1) Receitas ordinárias: Ingressos permanentes e estáveis do Estado, arrecadados regularmente


em cada período financeiro, ou seja, possuem caráter de continuidade, sendo fonte perene de
recursos para o Estado.

2) Receitas extraordinárias: Ingressos com caráter de não continuidade, a sua arrecadação é


excepcional, provenientes de calamidade pública, doações etc.

As receitas, quanto à Coercitividade, classificam-se em:

1) Receitas originárias: As receitas provenientes da exploração do patrimônio público, ou seja,


é produzida pelos ativos do Estado. O Estado atua como particular por meio da exploração de
atividades privadas, exemplos: serviços comerciais, industriais, aluguéis etc. A receita
originária é classificada como receita corrente.

2) Receitas derivadas: As receitas provenientes do exercício do poder de tributar do Estado.


Essa receita é obtida pelo Estado em função da sua soberania, por meio de tributos, indenizações
e restituições. É também classificada como receita corrente.

E por fim, as receitas, quanto ao Poder de tributar, classificam-se em:

1) Receitas Federais: Instituídas e administradas pela União.


2) Receitas Estaduais: Recolhidas aos Cofres dos Estados e Distrito Federal.
3) Receitas Municipais: São as receitas captadas do poder público dos municípios.

2.1.2.2 Classificações legais da receita

Como vimos anteriormente, as receitas em sentido amplo são classificadas em


Orçamentária e Extraorçamentária, sendo que esta última representa apenas as entradas
compensatórias sem refletir no Patrimônio Líquido da Entidade. Já em sentido estrito, as
receitas públicas, são as receitas orçamentárias.
A matéria relacionada à receita pública orçamentária está disciplinada no art. 3º,
conjugado com o art. 57, e no art. 35 da Lei nº 4.320/1964:
Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações
de crédito autorizadas em lei.
Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as operações de crédito
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por antecipação da receita, as emissões de papel-moeda e outras entradas


compensatórias, no ativo e passivo financeiros.
[...]
Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3º desta lei serão
classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, tôdas as receitas
arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não
previstas no Orçamento.
Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro:
I - as receitas nêle arrecadadas;
II - as despesas nêle legalmente empenhadas.

Para fins contábeis, quanto ao impacto na situação patrimonial líquida, a receita pode
ser “efetiva” ou “não-efetiva”:
a. Receita Orçamentária Efetiva aquela em que os ingressos de disponibilidade de recursos
não foram precedidos de registro de reconhecimento do direito e não constituem obrigações
correspondentes.
b. Receita Orçamentária Não Efetiva é aquela em que os ingressos de disponibilidades de
recursos foram precedidos de registro do reconhecimento do direito ou constituem obrigações
correspondentes, como é o caso das operações de crédito.

A classificação da receita orçamentária é de utilização obrigatória para todos os entes


da Federação, sendo facultado seu desdobramento para atendimento das respectivas
peculiaridades.

QUESTÃO PARA PRATICAR:


(VUNESP/2020 - ALC - Prefeitura de Morro Agudo - SP) Assinale a alternativa correta
sobre Receita Pública.
Receita Orçamentária não efetiva é aquela em que os ingressos de disponibilidade
de recursos não foram precedidos de registro de reconhecimento do direito e não
constituem obrigações correspondentes.
Receita Orçamentária efetiva é aquela em que os ingressos de disponibilidades de
recursos foram precedidos de registro do reconhecimento do direito ou constituem
obrigações correspondentes, como é o caso das operações de crédito.
Ingressos orçamentários são recursos financeiros de caráter temporário, do qual o
Estado é mero agente depositário.
Os ingressos extraorçamentários, em geral, não têm reflexos no Patrimônio Líquido
da Entidade por serem constituídos por ativos e passivos exigíveis.
A classificação da receita orçamentária é de utilização facultativa para os entes da
Federação, sendo facultado seu desdobramento para atendimento das respectivas
peculiaridades.

Nesse sentido, as receitas orçamentárias são classificadas segundo os seguintes critérios:


● Indicador de Resultado Primário;
● Natureza; e
● Fonte/Destinação de Recursos;
● Esfera Orçamentária.

As receitas por Indicador de resultado primário são classificadas em:


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1) Primárias (P): quando seus valores são incluídos no cálculo do resultado primário; e
referem-se, predominantemente, às receitas correntes que advêm dos tributos, das contribuições
sociais, das concessões, dos dividendos recebidos pela União, da cota-parte das compensações
financeiras, das decorrentes do próprio esforço de arrecadação das Unidades Orçamentárias,
das provenientes de doações e convênios e outras também consideradas primárias.

2) Financeiras (F): quando não são incluídas no citado cálculo e são geralmente adquiridas
junto ao mercado financeiro, decorrentes da emissão de títulos, da contratação de operações de
crédito por organismos oficiais, das aplicações financeiras da União, entre outras. Como regra
geral, são aquelas que não alteram o endividamento líquido do Governo (setor público não
financeiro), uma vez que criam uma obrigação ou extinguem um direito, ambos de natureza
financeira, junto ao setor privado interno e/ou externo.
A exceção a essa regra é a receita advinda dos juros de operações financeiras, que,
apesar de contribuírem com a redução do endividamento líquido, também se caracterizam como
receita financeira.

A classificação orçamentária por Natureza de receita é estabelecida pela Lei 4.320.

Ela é utilizada por todos os entes da Federação com a finalidade de identificar a origem
do recurso segundo o fato gerador: acontecimento real que ocasionou o ingresso da receita nos
cofres públicos.
Na União, para o exercício de 2016, incluindo a elaboração do Orçamento, entrou em
vigor a nova estrutura de codificação das Naturezas de Receita, de forma a prover melhorias na
estrutura de formação dos códigos da classificação, aplicando lógica integralmente voltada para
a gestão das receitas orçamentárias. A nova codificação estrutura os códigos de forma a
proporcionar extração de informações imediatas, a fim de prover celeridade, simplicidade e
transparência, sem a necessidade de qualquer procedimento paralelo para concatenar dados.
Tal alteração foi estabelecida pela Portaria nº 05, de 25 de agosto de 20159 , que também
determinou que os desdobramentos específicos para atendimento das peculiaridades de estados,
Distrito Federal e municípios serão promovidos pela Secretaria do Tesouro Nacional.
A estrutura da nova codificação cria possibilidade de associar, de forma imediata, a
receita principal com aquelas dela originadas: Multas e Juros, Dívida Ativa, Multas e Juros da
Dívida Ativa. A associação é efetuada por meio de um código numérico de 8 dígitos, cujas
posições ordinais passam a ter o seguinte significado:

C O E D.DD.D T
Desdobramentos para
Categoria
Origem Espécie identificação de Tipo
Econômica
peculiaridades da receita

Quando, por exemplo, o imposto de renda pessoa física é recolhido dos trabalhadores,
aloca-se a receita pública correspondente na natureza de receita código “1.1.1.3.01.1.1”,
segundo esquema abaixo:
Categoria Receita Corrente
C 1
Econômica
O Origem 1 Impostos, taxas e Contribuições de
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Melhorias
E Espécie 1 Impostos
Desdobramentos Impostos sobre a Renda de Pessoa
para identificação de Física - IRPF
D.DD.D 3.01.1
peculiaridades da
receita
T Tipo 1 Principal

C - Categoria Econômica

A Categoria econômica, classifica as receitas em: receitas correntes e receitas de capital.


Os §§1º e 2º do art. 11 da Lei no 4.320/1964, traz a seguinte codificação:

1 Receitas Correntes: Os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou de direito


privado, quando destinados a atender despesas classificáveis em despesas correntes. São
arrecadadas dentro do exercício financeiro, aumentam as disponibilidades financeiras do
Estado, em geral com efeito positivo sobre o Patrimônio Líquido e constituem instrumento para
financiar os objetivos definidos nos programas e ações orçamentários, com vistas a satisfazer
finalidades públicas.

2 Receitas de Capital: Os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou de direito


privado destinados a atender despesas classificáveis em despesas de capital e ainda o superávit
do orçamento corrente. Elas também aumentam as disponibilidades financeiras do Estado e são
instrumentos de financiamento dos programas e ações orçamentários, a fim de se atingirem as
finalidades públicas. As Receitas de Capital em geral não provocam efeito sobre o Patrimônio
Líquido.
As Receitas de Capital são as provenientes tanto da realização de recursos financeiros
oriundos da constituição de dívidas e da conversão, em espécie, de bens e direitos, quanto de
recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado e destinados a atender
despesas classificáveis em Despesas de Capital.

Além dos códigos 1 e 2, a Portaria Interministerial STN/SOF nº 338/2006, incluiu as


“Receitas Correntes Intraorçamentárias” e “Receitas de Capital Intraorçamentárias”,
representadas, respectivamente, pelos códigos 7 e 8 em suas categorias econômicas. Essas
classificações, segundo disposto pela Portaria que as criou, não constituem novas categorias
econômicas de receita, mas apenas especificações das Categorias Econômicas “Receita
Corrente” e “Receita de Capital”.

Categoria Econômica da Receita


1. Receitas Correntes 2. Receitas de Capital
7. Receitas Correntes Intraorçamentárias 8. Receitas de Capital Intraorçamentárias

As Operações intraorçamentárias são aquelas realizadas entre órgãos e demais entidades


da Administração Pública integrantes do orçamento fiscal e do orçamento da seguridade social
do mesmo ente federativo; por isso, não representam novas entradas de recursos nos cofres
públicos do ente, mas apenas movimentação de receitas entre seus órgãos.
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As receitas intraorçamentárias são a contrapartida as despesas classificadas na


Modalidade de Aplicação “91 – Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos,
Fundos e Entidades Integrantes do Orçamento Fiscal e do Orçamento da Seguridade Social”
que, devidamente identificadas, possibilitam anulação do efeito da dupla contagem na
consolidação das contas governamentais.

QUESTÃO PARA PRATICAR:


(CESGRANRIO - 2019 - UNIRIO) As receitas orçamentárias por categoria econômica são
classificadas em Receitas Correntes e Receitas de Capital e especificadas em Receitas
Correntes Intraorçamentárias e Receitas de Capital Intraorçamentárias. O MCASP na
Tabela- -Resumo: Origens e Espécies de Receitas Orçamentárias na ótica da nova Estrutura
de Codificação, válida para União a partir de 2016, e, para Estados e Municípios, a partir de
2018, ratifica a classificação das receitas orçamentárias por categoria, origem e espécie.
Nesse contexto, analise as receitas, a seguir, apresentadas por um determinado estado, em
2018.
Receita Valor em R$ milhões
Alienação de bens imóveis 60
Cessão de direitos 120
Contribuições para custeio de iluminação pública 70
Multas administrativas, contratuais e judiciais 10
Resgate de títulos do Tesouro 80
Serviços e atividades financeiras 100

Considerando-se exclusivamente as informações recebidas e as orientações do MCASP, o


valor das Receitas Correntes / Intraorçamentárias, em R$ milhões, é
140
240
300
360
440

O - Origem

A Origem é o detalhamento das Categorias Econômicas “Receitas Correntes” e


“Receitas de Capital”, com vistas a identificar a procedência das receitas no momento em que
ingressam nos cofres públicos.
A Lei 4.320/64, no seu artigo 11, §4° estabelece que a classificação da receita deve
obedecer ao seguinte esquema de códigos:

Origem da Receita
1 Receitas correntes Receitas de capital
7 Receitas Correntes Intraorçamentárias 8 Receitas Correntes Intraorçamentárias
1 Receita Tributária 1 Operações de Crédito
2 Receita de Contribuições 2 Alienação de Bens
3 Receita Patrimonial 3 Amortização de Empréstimos
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4 Receita Agropecuária 4 Transferências de Capital


5 Receita Industrial 9 Outras Receitas de Capital
6 Receitas de Serviços
7 Transferências Correntes
9 Outras Receitas Correntes

As Receitas Correntes são classificadas em:

1) Receita tributária: Ingressos provenientes da arrecadação das receitas de impostos, taxas e


contribuições de melhoria. É uma receita privativa das entidades competentes para tributar:
União, estados, Distrito Federal e os municípios.
2) Receita de contribuições: Ingressos provenientes de contribuições sociais de intervenção
no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como
instrumento de intervenção nas respectivas áreas.
3) Receita patrimonial: Ingressos provenientes de rendimentos sobre investimentos do ativo
permanente, de aplicações de disponibilidades em opções de mercado e outros rendimentos
oriundos de renda de ativos permanentes.
4) Receita agropecuária: Ingressos provenientes da atividade ou da exploração agropecuária
de origem vegetal ou animal.
5) Receita industrial: Ingressos provenientes da atividade industrial de extração mineral, de
transformação, de construção e outras, provenientes das atividades industriais definidas como
tal pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
As receitas dos royalties são originadas pela exploração do patrimônio do Estado, que é
constituído por recursos minerais, hídricos e florestais.
6) Receita de serviços: Ingressos provenientes da prestação de serviço de transporte, saúde,
comunicação, portuário, de inspeção e fiscalização, judiciário etc.
7) Transferências correntes: Ingressos provenientes de outros órgãos ou entidades referentes
a recursos pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou entidade transferidora,
efetivados mediante condições preestabelecidas ou mesmo em qualquer exigência, desde que o
objetivo seja aplicação em despesas correntes. É importante observar que para o ente, ou órgão
transferidor, a transferência do recurso é classificada como despesa e para o recebedor como
receita.
8) Outras receitas correntes: Ingressos provenientes de outras origens não classificáveis nas
subcategorias econômicas anteriores.

Para os efeitos da Lei Complementar 101 - LRF, Art. 2º entende-se como:


IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de contribuições,
patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras
receitas também correntes, deduzidos:
b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional;

As receitas de capital, por fonte, classificam-se em:

1) Operações de crédito: É o ingresso de remuneração das disponibilidades do Tesouro


proveniente da colocação de títulos públicos ou da contratação de empréstimos e
financiamentos obtidos junto a entidades estatais, instituições financeiras, fundos etc. O
montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das
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despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária, evitando assim, o endividamento


do Estado.
2) Alienação de Bens: É o ingresso de recursos provenientes da alienação de componentes do
ativo permanente, ou seja, é a conversão em espécie de bens e direitos. O artigo 44 da LRF veda
a aplicação da receita de capital derivada da alienação de bens e direitos que integram o
patrimônio público para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por lei aos
regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos.
3) Amortização de empréstimos: É o ingresso proveniente da amortização, ou seja,
recebimento de valores referentes a parcelas de empréstimos ou financiamentos concedidos em
títulos ou contratos.
4) Transferências de capital: É o ingresso proveniente de outros entes ou entidades referentes
a recursos, pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou entidade transferidora,
efetivado mediante condições preestabelecidas, desde que o objetivo seja a aplicação em
despesas de capital.
5) Outras receitas de capital: São os ingressos provenientes de outras origens não
classificáveis nas subcategorias econômicas anteriores.

QUESTÃO PARA PRATICAR:


(INSTITUTO AOCP - 2020 - Prefeitura de Cariacica - ES) Analise as seguintes informações
extraídas do Departamento de Contabilidade de um determinado ente público no exercício
de 2017:
Taxas pela Prestação de Serviços R$ 300.000,00
Contribuição de Melhoria R$ 500.000,00
Receita com Remuneração das Disponibilidades do Tesouro R$ 200.000,00
Receita com Cessão de Direitos R$ 100.000,00
Receita com Valores Mobiliários R$ 500.000,00
Receita com Indenizações, Restituições e Ressarcimentos R$ 200.000,00
Receita com a Integralização do Capital Social R$ 50.000,00
Receita com Alienação de Bens Imóveis R$ 80.000,00
Operações de Crédito R$ 100.000,00
Amortização da Divida R$ 100.000,00
Contribuição para Custeio de Iluminação Pública R$ 800.000,00
Receita com Exploração do Patrimônio Intangível R$ 100.000,00
Contribuições Sociais R$ 200.000,00

Com base nessas informações, o Departamento de Contabilidade do ente público apurou um


valor total com as receitas de capital no valor de
R$ 430.000,00.
R$ 930.000,00.
R$ 530.000,00.
R$ 180.000,00.

A atual codificação amplia o escopo de abrangência do conceito de origem e passa a


explorá-lo na sequência lógico-temporal na qual ocorrem naturalmente atos e fatos
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orçamentários codependentes.
Nesse contexto, considera que a arrecadação das receitas ocorre de forma concatenada
e sequencial no tempo, sendo que, por regra, existem arrecadações inter-relacionadas que
dependem da existência de um fato gerador inicial a partir do qual, por decurso de prazo sem
pagamento, originam-se outros fatos, na ordem lógica dos acontecimentos jurídicos:

a. Primeiro: o fato gerador da Receita Orçamentária, que ocorre quando da subsunção do fato,
no mundo real, à norma jurídica;
b. Segundo: a obrigação de recolher multas e juros pelo não pagamento. (Esse fato gerador
depende, fundamentalmente, na origem, da existência da Receita Orçamentária);
c. Terceiro: a obrigação de pagar a dívida ativa referente à Receita Orçamentária e às multas e
aos juros dessa receita, cujo fato gerador é a inscrição em dívida ativa, que decorre do transcurso
de novo prazo e da permanência do não pagamento. (Novamente, remete-se a origem onde há
a dependência do fato gerador primeiro: a existência da Receita Orçamentária); e
d. Quarto: a obrigação de recolher multas e juros incidentes sobre a dívida ativa da Receita
Orçamentária, cujo fato gerador é o decurso do prazo estipulado por lei para pagamento da
dívida ativa, sem que o pagamento tenha ocorrido. (Busca-se novamente na origem, a existência
da Receita Orçamentária).

O detalhamento e conceito das origens das receitas orçamentárias constam em item


específico no MCASP 8ª Edição.

E - Espécie

É o nível de classificação vinculado à Origem que permite qualificar com maior detalhe
o fato gerador das receitas. Por exemplo, dentro da Origem Contribuições, identifica-se as
espécies “Contribuições Sociais”, “Contribuições Econômicas”, “Contribuições para Entidades
Privadas de Serviço Social e de Formação Profissional” e “Contribuição para Custeio de
Iluminação Pública”.

D - Desdobramentos para Identificação de Peculiaridades da Receita

Na nova estrutura de codificação foram reservados 4 dígitos para desdobramentos com


o objetivo de identificar as particularidades de cada receita, caso seja necessário. Assim, esses
dígitos podem ou não ser utilizados, observando-se a necessidade de especificação do recurso.
Quanto às receitas exclusivas de estados, Distrito Federal e municípios, serão
identificadas pelo quarto dígito da codificação, que utilizará o número “8” (Ex.: 1.9.0.8.xx.x.x
- Outras Receitas Correntes Exclusivas de Estados e Municípios), respeitando a estrutura dos
três dígitos iniciais. Assim, os demais dígitos (quinto, sexto e sétimo) serão utilizados para
atendimento das peculiaridades e necessidades gerenciais dos entes.

T - Tipo

O tipo, correspondente ao último dígito na natureza de receita, tem a finalidade de


identificar o tipo de arrecadação a que se refere aquela natureza, sendo :

• “0”, quando se tratar de natureza de receita não valorizável ou agregadora;


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• “1”, quando se tratar da arrecadação Principal da receita;


• “2”, quando se tratar de Multas e Juros de Mora da respectiva receita;
• “3”, quando se tratar de Dívida Ativa da respectiva receita;
• “4”, quando se tratar de Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa da respectiva receita.;
• “5”, quando se tratar das Multas da respectiva receita quando a legislação pertinente
diferenciar a destinação das Multas da destinação dos Juros de Mora, situação na qual
não poderá ser efetuado registro de arrecadação no Tipo “2 – Multas e Juros de Mora”;
• “6", quando se tratar dos Juros de Mora da respectiva receita, quando a legislação
pertinente diferenciar a destinação das Multas da destinação dos Juros de Mora, situação
na qual não poderá ser efetuado registro de arrecadação no Tipo “2 – Multas e Juros de
Mora”;
• “7”, quando se tratar das Multas da Dívida Ativa da respectiva receita, quando a
legislação pertinente diferenciar a destinação das Multas da Dívida Ativa da destinação
dos Juros de Mora da Dívida Ativa, situação na qual não poderá ser efetuado registro de
arrecadação no Tipo “4 – Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa”;
• “8”, quando se tratar dos Juros da Dívida Ativa da respectiva receita, quando a
legislação pertinente diferenciar a destinação das Multas da Dívida Ativa da destinação
dos Juros de Mora da Dívida Ativa, situação na qual não poderá ser efetuado registro de
arrecadação no Tipo “4 – Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa”;
• “9”, quando se tratar de desdobramentos que poderão ser criados, caso a caso, pela
Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e
Gestão – SOF/MP, mediante Portaria específica.

Assim, todo código de natureza de receita será finalizado com um dos dígitos
mencionados, e as arrecadações de cada recurso – sejam elas, da receita propriamente dita ou
de seus acréscimos legais – ficarão agrupadas sob um mesmo código, sendo diferenciadas
apenas no último dígito, conforme detalhamento a seguir:
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QUESTÃO PARA PRATICAR:


(FADESP - 2020 - UEPA) Segundo o Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público
(MCASP), as Receitas Orçamentárias são compreendidas como “recursos financeiros que
ingressam durante o exercício e que aumentam o saldo financeiro da instituição”. Essas
receitas pertencem ao Estado e estão previstas na Lei Orçamentária Anual (LOA). As
receitas orçamentárias devem ser classificadas de forma obrigatória para todos os entes da
Federação e são classificadas conforme sua Natureza, Fonte/Destinação de Recursos e
Indicador de Resultado Primário. Sobre a classificação da receita orçamentária por natureza
é correto afirmar que:
a Espécie refere-se ao nível de classificação vinculado à Origem, que permite
qualificar com maior detalhe o fato gerador das receitas.
o Tipo refere-se ao detalhamento das Categorias Econômicas com vistas a identificar
a procedência das receitas no momento em que ingressam nos cofres públicos.
a Origem tem a finalidade de identificar o tipo de arrecadação a que se refere a
natureza.
as Receitas Correntes compreendem instrumentos de financiamento dos programas
e ações orçamentárias que não provocam efeito no patrimônio líquido.

As receitas, quanto à classificação por Fontes/Destinação de recursos tem como


objetivo de identificar as fontes de financiamento dos gastos públicos.
As fontes/destinações de recursos reúnem certas Naturezas de Receita conforme regras
previamente estabelecidas. Por meio do orçamento público, essas fontes/destinações são
associadas a determinadas despesas de forma a evidenciar os meios para atingir os objetivos
públicos.
Cada receita possui normas específicas de aplicação. Por isso, nem todos os valores
arrecadados podem ser livremente gastos. Sendo assim, essa classificação especifica tanto
“QUEM” deverá aplicar a receita, quanto “QUAL” atividade estatal (qual política pública, qual
despesa) deverá ser financiada por meio dessa receita.
Dessa maneira, uma mesma atividade estatal pode ser financiada por recursos de
diferentes receitas, tornando necessário, portanto, agrupar e catalogar, sob o mesmo código
comum, as diferentes origens de receita que porventura devam ser aplicadas da mesma forma,
no financiamento da mesma atividade estatal.
Orçamentariamente, a natureza da receita orçamentária busca identificar a origem do
recurso segundo seu fato gerador, entretanto, existe ainda a necessidade de identificar a
destinação dos recursos arrecadados. Para isso, a classificação por fonte/destinação de recursos
identifica se os recursos são vinculados ou não e, no caso dos vinculados, identifica a sua
finalidade.
A destinação pode ser classificada em:

a. Destinação Vinculada: é o processo de vinculação entre a origem e a aplicação de recursos,


em atendimento às finalidades específicas estabelecidas pela norma;
b. Destinação Ordinária (Não vinculada): é o processo de alocação livre entre a origem e a
aplicação de recursos, para atender a quaisquer finalidades.

A classificação de fonte/destinação de recursos consiste em um código de 3 dígitos. O


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1º dígito representa o grupo de fonte:

Código Grupo da Fonte de Recurso


1 Recursos do Tesouro - Exercício corrente
2 Recursos de outras fontes - Exercício corrente
3 Recursos do Tesouro - Exercícios anteriores
6 Recursos de outras fontes - Exercícios anteriores
9 Recursos condicionados

Os grupos das fontes de recursos 1 e 2 representam os recursos arrecadados no exercício,


e os grupos 3 e 6 evidenciam as arrecadações de exercícios anteriores. O grupo 9 são os recursos
que estão na dependência de aprovação legal.
Os chamados “Recursos do Tesouro” são aqueles geridos de forma centralizada pelo
Poder Executivo, que detém a responsabilidade e controle sobre as disponibilidades financeiras.
Essa gestão centralizada se dá, normalmente, por meio do Órgão Central de Programação
Financeira, que administra o fluxo de caixa, fazendo liberações aos órgãos e entidades, de
acordo com a programação financeira e com base nas disponibilidades e nos objetivos
estratégicos do governo.
Por sua vez, os “Recursos de Outras Fontes” são aqueles arrecadados e controlados de
forma descentralizada e cuja disponibilidade está sob responsabilidade desses órgãos e
entidades, mesmo nos casos em que dependam de autorização do Órgão Central de
Programação Financeira para dispor desses valores. De forma geral esses recursos têm origem
no esforço próprio das entidades, seja pelo fornecimento de bens, prestação de serviços ou
exploração econômica do patrimônio próprio.
Nessa classificação, também são segregados os recursos arrecadados no exercício
corrente daqueles de exercícios anteriores, informação importante já que os recursos vinculados
deverão ser aplicados no objeto para o qual foram reservados, ainda que em exercício
subsequente ao ingresso, conforme disposto no parágrafo único do artigo 8º da Lei de
Responsabilidade Fiscal.
Ressalta-se que os códigos 3 e 6 deverão ser utilizados para registro do superávit
financeiro do exercício anterior que servirá de base para abertura de créditos adicionais,
respeitando as especificações das destinações de recursos.
Nessa tabela existe ainda um código especial destinado aos Recursos Condicionados,
que são aqueles incluídos na previsão da receita orçamentária, mas que dependem da aprovação
de alterações na legislação para integralização dos recursos. Quando confirmadas tais
proposições, os recursos são remanejados para as destinações adequadas e definitivas.

O 2º e 3º dígitos representam a especificação da fonte. A fonte, nesse sentido, é


instrumento para a gestão da receita e da despesa ao mesmo tempo, uma vez que tem como
objetivo assegurar que determinadas receitas sejam direcionadas para financiar determinadas
despesas.
Para uma melhor compreensão da combinação dos três dígitos, vejamos os exemplos:

1º Dígito (Grupo da Fonte) 2º e 3º Dígitos (Especificação da Fonte) FONTE


1 Recursos do Tesouro - 01 Transferências do Imposto sobre a Renda e 101
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Exercício corrente sobre Produtos Industrializados


2 Recursos de outras fontes - 93 Produto da aplicação dos Recursos à Conta
293
Exercício corrente do Salário-Educação
3 Recursos do Tesouro - 01 Transferências do Imposto sobre a Renda e
301
Exercícios anteriores sobre Produtos Industrializados
6 Recursos de outras fontes - 93 Produto da aplicação dos Recursos à Conta
693
Exercícios anteriores do Salário-Educação
9 Recursos condicionados 00 Recursos Primários de Livre Aplicação 900

QUESTÃO PARA PRATICAR:


(ESAF - 2015) A respeito da integração entre a origem e a destinação dos recursos
arrecadados pelo Estado no processo orçamentário federal, é correto afirmar:
a natureza de receita orçamentária busca identificar a origem do recurso segundo seu
fato gerador enquanto a fonte/destinação de recursos possui a finalidade de
identificar o destino da sua aplicação.
a fonte/destinação indica a origem dos recursos segundo seu agente financiador
enquanto a natureza da despesa orçamentária possui finalidade precípua de indicar
a classificação econômica do gasto.
a natureza da receita orçamentária busca identificar a origem dos recursos segundo
o fato de natureza tributária enquanto a fonte/destinação indica a instituição
responsável pela aplicação.
a natureza de receita orçamentária vincula os recursos ao fato gerador enquanto a
função, o programa de governo e a fonte/destinação indicam as áreas em que devem
ser aplicados.
a fonte/destinação vincula os recursos às áreas de atuação do Estado enquanto a
natureza da receita orçamentária vincula os fatos geradores ao setor produtivo do
qual provêm os recursos.

Por fim, a últimas das classificações é a classificação por esfera orçamentária.


A classificação por esfera orçamentária tem por finalidade identificar se a receita
pertence ao Orçamento Fiscal, à Seguridade Social ou ao Investimento das Empresas Estatais.
Todas as receitas e despesas são divididas entre 3 orçamentos :

♦ Orçamento Fiscal: referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
♦ Orçamento de Investimento: das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha
a maioria do capital social com direito a voto;
♦ Orçamento da Seguridade Social: abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados,
da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos
pelo Poder Público.

No caso do Orçamento da Seguridade Social, a complementação dos recursos para


financiar a totalidade das despesas de seguridade provém de transferências do Orçamento
Fiscal.
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QUESTÃO PARA PRATICAR:
(COSEAC - 2019 - UFF) Na LOA, a esfera orçamentária tem a finalidade de identificar a
qual orçamento pertence a despesa. As três esferas orçamentárias são:
fiscal, seguridade social e investimento.
corrente, custeio e capital.
pessoal, outras despesas correntes e capital.
corrente, subvenções econômicas e capital.
pessoal, custeio e investimento.

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