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FACULDADE DE TEOLOGIA
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com o senso-comum e com a necessidade??, pois/como forma de permite/ir uma
reflexão «sobre o saber-fazer, sem nunca deixar de ser um saber de um saber-fazer»
(ADC, 1991, p. 23).
Articulando com/Retomando o pensamento de Hameline (1985) …. Relativamente às
figuras do educador e do investigador, podemos/ADCarvalho permite-nos/leva-nos a…
elencar três dimensões da teorização e da ação educativas – o prático, o especialista e o
militante –, que, diz o autor, existem numa coexistência por vezes conflitual nos atores
dos processos educativos, chamando/Chama, assim, a atenção para a relação da teoria
com a prática no contexto da avaliação da eficácia das intervenções educativas. A
temática do estatuto, fundamentação e legitimidade do saber pedagógico mantém-se
como pano de fundo.
Torna-se/O não reconhecimento desta “coexistência conflituosa” agrava e protela uma
problemática epistemológica que se mantém subjacente à reflexão e acção educativas,
tornando difícil definir e institucionalizar a comunidade científica no espaço da
comunidade investigativa e da comunidade educativa. Em todo o caso, e lembrando os
contributos de diversos investigadores, A. D. Carvalho relembra que não podemos
esquecer que as questões do foro sociológico e ideológicos têm que ser entroncadas no
nível epistemológico. (Introduzir parágrafo) No percurso/desenvolvimento/… da sua
reflexão/do seu texto…, ADC trás à/introduz na/… discussão Segundo Daignault, que
refere que a constituição de um espaço tecnológico englobante permite?? encurtar as
distâncias entre a realidade atual (“o que é”) e o projeto pedagógico (“o que deveria
ser”); para além disso, o curso da história ditou o aparecimento/marcadas pela ruptura
entre de três dimensões que se tornaram sincrónicas, mas conflituais, do universo
teórico-prático contemporâneo da pedagogia e da educação – saber, saber-ser, e saber-
fazer.
Em relação ao saber, para Sócrates e Platão este seria o ponto de referência da
pedagogia, assegurando o saber-ser e o saber-fazer. Com o cristianismo, o saber deixa
de bastar para reduzir a distância entre o ser e o projeto, sendo necessário alcançar o
estado de graça, surgindo assim a prevalência do saber-ser. Posteriormente, o
renascimento tentará assegurar a hegemonia do saber-fazer, que valoriza o poder do
homem, da sua vontade e da sua razão, numa pedagogia assente na educabilidade e
perfectividade essenciais do homem, e donde decorre ocorre uma progressiva
valorização de uma tecnologia do saber pedagógico, das competências práticas, e dos
objetivos operacionais e dos meios, face a uma pedagogia normativa. E é este saber-
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fazer que, atualmente, mais se destaca em relação ao saber e ao saber-ser, e reclama
uma mudança nas instituições educativas, em prol da realização social e humana. Assim
se explica, segundo o autor, que, para Hameline, a figura do prático é/seja a última a
esboçar-se, no desenvolvimento da pedagogia do saber-fazer, ao contrário do teórico,
que conta com uma tradição histórica mais longa do saber. Quanto a Gillet, defende que
a praxiologia educativa orienta a produção científica nos atos de desenvolvimento da
ação pedagógica. Deste modo, e articulando as propostas dos três autores referidos
(Gillet, Hameline e Daignault), ADC conclui que, apesar de mais recente, à tecnologia
nem sempre corresponde uma dominância do prático na educação, e a pedagogia (e a
pedagógica) nem sempre é o saber eleito, pois frequentemente é o especialista o melhor
detentor do saber científico validado nas ciências da educação e outras ciências
humanas; quanto ao militante, mobilizador de projetos, procura garantir a realização das
metas propostas, tentando compensar os fracassos das previsões científicas e as
insuficiências das tecnologias educativas, embora os seus vínculos políticos, sociais ou
pedagógicos possam afetar a legitimidade educacional e educativa dos seus atos.
As pedagogias do saber (saber anterior), saber-ser (ser eterno) e saber-fazer (produto
futuro de um fazer) não apontam para o momento presente, tal como acontece com os
saberes reivindicados pelo prático, pelo especialista e pelo militante, que pretendem
estatutos de rutura com o presente em nome de uma experiência ponderada da realidade,
de um ideal pedagógico, ou de uma razão científica, respetivamente.
Existe/ADC conclui, assim, que existe um «solo transcendental que,
legitimando/proporcionando a legitimação de asserções teóricas e desenvolvimentos
práticos, viabiliza a função, em si mesma, superadora da educação (…) sem prejuízo de
uma evidente diversidade de orientações» (ADC, 1991, p. 26). Esta função responde ao
apelo à lógica contemporânea da inovação e à que suporta/legitima a realização de
projetos de mudança, mas não se perde numa educação tradicional?/ mesmo no “apego
à rotina” manifesto, e sobejamente criticado, da educação dita tradicional.
As conceções de investigação e de intervenção educativas de hoje em dia requerem a
existência de uma inovação evidenciada num É nesta ordem de ideias, segundo, ADC,
que o retorno actual aos métodos qualitativos (um neoqualitivismo), que não pretende
unicamente Não se trata de um reacender da tradicional dicotomia
quantitativo/qualitativo defendida, por exemplo, por Thorndike, mas traduz, antes do
mais, uma flexibilização dos modelos de cientificidade, e o reconhecimento da
necessidade e da possibilidade de a educação contribuir para a evolução transformadora
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das sociedades e dos homens. Verifica-se por parte dos investigadores uma aproximação
à prática educativa como espaço de observação e experimentação, enquanto os práticos
da educação recorrem à investigação enquanto instrumento de formação e de ação. O
trabalho dos investigadores-especialistas deixa de ser endeusado, a vinculação às
instâncias decisórias da política educativa é repensada, e é exigida mais cientificidade
ao trabalho dos práticos da educação, enfraquecendo a figura do militante pedagógico.
Isto vai de encontro do que Burgess afirma a respeito da contribuição dos estudos da
investigação educacional para a teoria, a política e a prática, configurando-se um
«espaço comum de investigação» (ADC, 1991, p.27) com o esbatimento da militância
pedagógica, e o recuo da sociologia da educação em favor da/de uma sociopedagogia.
Recorrendo à classificação de Prost (1985), podemos/ADC enquadrar a originalidade do
espaço científico-educativo no quadro de uma investigação em educação, enquanto as
ciências da educação clássicas estão mais próximas de uma investigação sobre a
educação. Isto será, ainda segundo ADC, corroborado por Lerbert (1989), que,
reconhecendo a hipercomplexidade dos fenómenos educativos, alerta para a necessidade
de se distinguir entre modelos científicos, suscetíveis de refutabilidade, e modelos de
simulação do real, que pretendem reconstituir um dado facto de modo a permitir a sua
reprodução, unicamente estes últimos proporcionando o desenvolvimento das
tecnologias educativas. Segundo Lerbert, a relação teoria-prática não pode ser reduzida
ao princípio da aplicação e da domesticação da realidade, transformando as ciências da
educação em tecnociências, servindo estas apenas como “esclarecedoras do espírito”
contra as incertezas da prática. Enquanto a posição de Lerbert espelharia, segundo
ADC, a investigação francófona, relutante ao aparecimento de um espaço investigativo
interior à dinâmica dos processos educativos, a de Burgess refletiria a tradição
investigativa anglo-saxónica, aberta a espaços problematizadores, onde as perspetivas
disciplinares apenas confluem, sem fronteiras definidas.
A investigação educacional vive conflitos, como: o saber prático que acusa o saber
teórico de aprofundar o fosso entre a teoria e a prática, e vice-versa; a dificuldade na
/necessidade da? existência de uma epistemologia interna na investigação educacional,
uma vez que a afirmação do seu universo científico é problemática; a
complexidade/dificuldade? na constituição de uma comunidade científica por falta de
clarificação dos pontos anteriores, pois mantém-se um confronto entre os teóricos e os
práticos da educação, e o campo para uma reflexão epistemológica
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estável/’unitária’/convergente ainda não encontrou uma identidade de referência forte e
estável.
Em todo o caso, conclui ADC, o caminho não pode ser apenas o das ciências humanas
aplicadas à educação nem o do neo-qualitivismo: um saber em educação não pode ser
metodologicamente homogéneo, e a educação é um processo instável e
multidimensional que se constrói à conta de desenvolvimentos concretos e das
vicissitudes das conceções em volta da educação. Para além disso, a educação tem que
continuar a ser refletida teoricamente e realizada na prática. Isto deve fazer com que a
comunidade científica educacional esteja aberta às áreas científicas vizinhas,
procedendo à revisão crítica periódica do conceito de educação, de modo a possuir
sempre um paradigma aferidor da sua identidade, independentemente do caráter
evolutivo e não consensual do mesmo. Deve-se também evitar a confusão entre atitude
investigativa (comportamento pedagógico e educativo) e investigação propriamente
dita, que leva a uma continuidade de processos de pesquisa, caraterização de modelos e
métodos, e avaliação de resultados. Deverá existir uma convergência entre a
comunidade educativa e a comunidade científica educacional, devendo esta última
empenhar-se na renovação da pedagogia, desenvolvendo-se uma pedagogia da
complexidade capaz de reunir as diversas opções existentes, confrontando-as entre si;
assim, como diz ADC, as teorias pedagógicas transformam-se em «centros de
unificação dinâmica do saber científico em funções de projetos educativos coerentes
mas sempre ultrapassáveis» (ADC, 1991, p.30).
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