Você está na página 1de 14

UNIVERSIDADE POLITÉCNICA ”A’ POLITÉCNICA”

Instituto Superior de Estudos Universitários de Nampula – (ISEUNA)

Psicologia Clinica – 6o Semestre

Trabalho da cadeira de Psicologia Cognitiva Comportamental

Terapia Cogniva-Comportamental para Depressão

Docente:
Francisco Armando

Nampula, Outubro de 2020

1
Lavinia Cleide Mafissane

Psicologia Clinica
6o Semestre

Psicologia Cognitiva Comportamental

Terapia Cogniva-Comportamental para Depressão

Docente:
Francisco Armando

Instituto Superior de Estudos Universitários de Nampula – (ISEUNA)


Outubro de 2020

2
3
Índice
Introdução.............................................................................................................................................4

Depressão..............................................................................................................................................5

Causas...................................................................................................................................................5

Sintomas................................................................................................................................................5

A falta de informação............................................................................................................................5

Distorções cognitivas.............................................................................................................................6

Aplicação da terapia cognitiva...............................................................................................................7

Activação comportamental....................................................................................................................7

Reestruturação cognitiva.......................................................................................................................8

Registos de Pensamentos Disfuncionais..............................................................................................10

Duração do tratamento e remissão dos sintomas.................................................................................11

Prevenção de recaídas..........................................................................................................................11

Conclusão............................................................................................................................................12

Referências Bibliográficas...................................................................................................................13

4
Introdução
O presente trabalho científico da cadeira de Terapia Cognitiva – Comportamental tem como
tema Terapia Cognitiva-Comportamental da Depressão, os objectivos específicos deste
trabalho científico assentam no desenvolvimento dos seguintes temas: Depressão, Causas
Depressão, Sintomas Depressão, A falta de informação, Distorções cognitivas, Aplicação da
terapia cognitiva, Activação comportamental, Reestruturação cognitiva, Duração do
tratamento e remissão dos sintomas e Prevenção de recaídas.

Este trabalho foi elaborado a partir de uma pesquisa bibliográfica em livros de texto, artigos
científicos e publicações efectuadas por organismos internacionais.

Com este trabalho pretende-se alcançar um melhor conhecimento sobre um tema complexo
que é a Terapia Cognitiva-Comportamental da Depressão.

5
Depressão
Depressão é um transtorno mental, causado por uma complexa interacção entre factores
orgânicos, psicológicos, ambientais e espirituais, caracterizado por angústia, rebaixamento do
humor e pela perda de interesse, prazer e energia diante da vida.
Causas
São as más experiências do passado que nos trazem angústia e tristeza. Sentimos angústia
sempre que nos deparamos com experiências que quebram o estado de motivação, como
ofensas, incompreensões, violência, entre tantas outras circunstâncias que nos retiram a paz
interior e a alegria. Muitas vezes, sofremos com experiências que colidem com os nossos
sonhos, com as nossas ambições e que prejudicam a nossa auto-estima e autoconfiança.

Experiências como traumas, violência infantil, bullying, divórcios, relacionamentos difíceis,


podem ser vividos com uma intensidade tal que se pode tornar difícil ultrapassá-las.
Quando as emoções causadas por essas experiências não são geridas nem ultrapassadas
entramos num estado de Depressão.
Sintomas
Os sintomas que compõem o quadro depressivo afectam diversas áreas da vida do paciente,
comprometendo suas actividades pessoais e sociais.
 Tristeza
 Cansaço
 Desmotivação
 Alteração do sono
 Apatia
 Crises de choro
 Sentimentos de inutilidade
 Irritabilidade
 Sintomas de culpa
 Diminuição do desejo sexual
 Ideias de morte
A falta de informação

O ser humano, embora tenha feito importantes conquistas, ao longo dos tempos, no campo
científico, ainda encontra dificuldades em compreender os processos psíquicos e seus

6
reflexos emocionais. Privilegiando um olhar para fora de si e evitando adentrar seu
fascinante, porém assustador mundo interno, segue buscando explicações simplistas de
origem externa para suas dores emocionais.
Assim sendo, é comum observar pessoas fazendo julgamentos sobre a vida alheia, criticando,
acusando, avaliando e condenando comportamentos que normalmente não têm uma base
simples.
A falta de autoconhecimento e de conhecimento científico favorece atitudes preconceituosas
que são percebidas também em relação aos deprimidos. O desânimo, o isolamento e o
desinteresse por questões importantes como família, emprego e saúde, sem uma explicação
clara e objectiva, fazem com que a pessoa com depressão seja vista como “preguiçosa”,
“acomodada”, como alguém cheio de “frescuras” ou que “não tem o que fazer”. Aqueles que
pensam dessa forma, desconhecem a força que esse transtorno pode exercer sobre o ser
humano, trazendo-lhe a sensação de desamparo e descrença diante da vida.
Distorções cognitivas

As distorções cognitivas, compreendidas como erros sistemáticos na percepção e no


processamento de informações, ocupam lugar central na depressão. As pessoas com
depressão tendem a estruturar suas experiências de forma absolutista e inflexível, o que
resulta em erros de interpretação quanto ao desempenho pessoal e ao julgamento das
situações externas.
As distorções cognitivas mais comuns nos pacientes deprimidos foram observadas por Beck
et al como um sistema tipológico e, dentre elas, encontram-se a inferência arbitrária
(conclusão antecipada e com poucas evidências), abstracção selectiva (tendência da pessoa a
escolher evidências de seu mau desempenho), super generalização tendência a considerar que
um evento ou desempenho negativo ocorrerá outras vezes) e personalização (atribuição
pessoal geralmente de carácter negativo). Uma série maior de distorções é descrita por Beck e
outros. As distorções decorrem de regras e pressupostos, que são padrões estáveis adquiridos
ao longo da vida do indivíduo com depressão. Essas regras e crenças são sensíveis à
activação de fontes primárias como o estresse e frequentemente levam a estratégias
interpessoais ineficazes.

7
Aplicação da terapia cognitiva

A TC da depressão é um processo de tratamento que ajuda os pacientes a modificarem


crenças e comportamentos que produzem certos estados de humor. As estratégias terapêuticas
da abordagem cognitivo-comportamental da depressão envolvem trabalhar três fases:
1) Foco nos pensamentos automáticos e esquema depresso génico;
2) Foco no estilo da pessoa relacionar-se com outros;
3) Mudança de comportamentos a fim de obter melhor enfrentamento da situação
problema.
Uma das vantagens da TC é o carácter de participação activa do paciente no tratamento, de
modo que ele (ou ela) é auxiliado a:
a) Identificar suas percepções distorcidas;
b) Reconhecer os pensamentos negativos e buscar pensamentos alternativos que
reflictam a realidade mais de perto;
c) Encontrar as evidências que sustentam os pensamentos negativos e os alternativos; e
d) Gerar pensamentos mais acurados e dignos de crédito associados a determinadas
situações em um processo chamado reestruturação cognitiva.

Activação comportamental

Como o alívio dos sintomas é o objectivo inicial do tratamento, o comportamento é


importante nesta abordagem.
As estratégias comportamentais empregadas na TC são derivadas do modelo de
psicopatologia de Lewinsohn e são empregadas de forma flexível. Essas estratégias são
planejadas especificamente para o paciente em questão e usadas de modo a envolvê-lo,
proporcionar alívio dos sintomas e obter dados relevantes para o processo terapêutico.
A primeira estratégia, e o agendamento e o monitoramento de actividades, que podem da ser
uma ferramenta poderosa usada nos pacientes com depressão.
Este é instruído a registrar suas actividades a cada hora, durante alguns dias. O registro é feito
na medida do possível nas situações, a fim de evitar as distorções decorrentes do humor
depressivo e de dificuldades de memória. O agendamento de actividades pode ser usado de
forma flexível pelo clínico e pelo paciente para monitorar as actividades (corrigir distorções
sobre o modo como o paciente pensa que está passando seu tempo e para avaliar as
actividades associadas ao domínio e ao prazer), para agendar actividades prazerosas e

8
actividades produtivas (particularmente para os pacientes deprimidos que se permitem essas
actividades) e para identificar as actividades ligadas a afectos muito positivos ou muito
negativos.
Reestruturação cognitiva

As sessões iniciais são também dirigidas à definição dos problemas dos pacientes,
elaborando-se a conceituação cognitiva ou formulação do caso. Nessas sessões, o terapeuta
ajudará o paciente a identificar:
1) As crenças disfuncionais específicas associadas à depressão;
2) As distorções cognitivas mais comuns e a caracterização dos pensamentos
automáticos;
3) As reacções fisiológicas, emocionais e comportamentais consequentes aos
pensamentos;
4) Que comportamentos foram desenvolvidos para enfrentar as crenças disfuncionais; e
5) Como as experiências anteriores têm contribuído na manutenção das crenças do
paciente. A seguir, uma vez que o paciente tenha conhecimento sobre os factores
mantenedores do comportamento depressivo, serão aplicadas nas sessões
intermediárias técnicas que auxiliem o paciente no manejo dos sintomas.

1. Evocação de pensamentos e pressupostos


A depressão gera imobilidade e pessimismo. Assim, os pacientes apresentam dificuldade para
começar qualquer tarefa e para identificar as vantagens de realizar alguma actividade.
Técnicas que ajudem a identificar os pensamentos e como estes afectam as emoções e
comportamentos parecem ter papel fundamental para ajudar os indivíduos com depressão.
Deve-se recordar que a meta da TC no EDM é facilitar a remissão da depressão e ensinar o
paciente a ser seu próprio terapeuta. As técnicas cognitivas devem auxiliar as metas da
terapia e não devem ser utilizadas como processo que gere dependência. O paciente deve ser
estimulado a enfrentar os problemas relacionados ao episódio depressivo maior (EDM) e o
terapeuta não deve ajudá-lo em cada problema, pois isso pode privá-lo de fortalecer suas
próprias habilidades.
2. Explicação de como os pensamentos gera sentimentos
Uma pergunta directa realizada pelo terapeuta, como “o que você pensou exactamente
naquele momento?” ou “o que acaba de passar por sua mente agora?”, quando o paciente
exibe mudança do humor, pode ser completada com uma tabela na qual se descreva em duas

9
colunas paralelas: 1) Eu penso que...; 2) Portanto, sinto- me... Pode haver no início deste tipo
de recurso dificuldades para identificar correctamente pensamentos e sentimentos, podendo
ser necessária ajuda do terapeuta para este fim.
3. Registro de pensamentos disfuncionais
Este tipo de recurso aumenta a objectividade e facilita que o indivíduo se lembre de eventos,
pensamentos e sentimentos ocorridos entre as sessões. Geralmente, o indivíduo necessita de
treinamento para o uso do diário, sendo capaz de identificar os pensamentos automáticos
apontando primeiro os estados emocionais. O recurso envolve um registro aonde são
anotados, sequencialmente, o evento e o pensamento que se sucedeu ao evento – que ocorre
quando de uma emoção ou comportamento problemático. Existe uma coluna adicional para o
registro de uma nota referente a quanto o paciente acredita que aquele pensamento seja
verdadeiro. Esta coluna ajudará progressivamente o indivíduo na identificação dos
pensamentos automáticos disfuncionais que se constituam em foco de atenção mais
produtivo. A seguir, regista-se a emoção e avalia-se o grau de emoção (numa escala de 0 a 10
ou 0 a 100). Para ajudar o paciente, comparações com o máximo de emoção (por exemplo,
tristeza) podem ser úteis para uma avaliação mais realista. Os registros de pensamentos
também incluem uma coluna de evidências, bem como uma coluna para gerar o pensamento
alternativo sobre a situação. Finalmente, pede-se ao paciente que quantifique o quanto
acredita no novo e pensamento, assim como a intensidade da emoção.
4. Seta descendente
Pensamentos automáticos negativos ou disfuncionais podem revelar-se verdadeiros em
algumas situações. Sentir- se rejeitado ou inapto para determinada actividade pode estar
efectivamente acontecendo com o paciente. O que é importante nesses casos é investigar
quais são as crenças subjacentes que potencializam o pensamento, questionadas através de
um método de questionamento socrático denominado seta descendente. Este método é
também utilizado para ajudar o paciente a desenvolver um raciocínio autónomo para
questionar as evidências e criar pensamentos e avaliações alternativas. Esta confrontação das
evidências dos pensamentos pode ajudar a paciente a de potencializá-las, reduzindo os
sentimentos de medo, tristeza ou desmotivação. A seta descendente é uma técnica bastante
útil e ajuda a atingir crenças que mantêm o quadro depressivo.

Se eu não souber como o agradar


10
ele vai de deixar

Se ele terminar comigo, já mas


encontrei alguém como ele

Registos de Pensamentos Disfuncionais

Quando você perceber o seu humor alterado, pergunte a si mesmo “o que esta passando pela
minha cabeça agora?” e, assim que possível, anote o seu pensamento ou imagem mental na
coluna pensamento automático.

Data/ Situação Pensamentos Emoção Conclusão Resultado


Hora automáticos
1 - Que situação 1. Quais foram 1. Que emoção 1. Quais são suas 1. Quanto você
real, fluxo de os pensamentos (coes) você sentiu? respostas acredita em cada
pensamentos automáticas que (tristeza/ansiedade/r racionais aos pensamento
levarem a emoção passaram pela aiva//etc…) pensamentos automático (0 a
desagrável? sua cabeça? 2. Qual a automáticos? 100%)?
2. Quanto você intensidade dessa 2. Use as 2. Que emoção (ções)
acredita em cada emoção? (0% a perguntas abaixo você sente agora?
um deles (0 a 100%) para compor uma Qual a intensidade (0
100%)? resposta ao (s) – 100%)?
pensamento (s) 3. O que você fará (ou
automático (s). fez)?
3. Quanto você
acredita em cada
resposta (0 a
100%)?

11
Duração do tratamento e remissão dos sintomas
Ainda que haja pacientes que necessitem de um número maior de sessões para o tratamento
com TC, normalmente a terapia prioriza o atendimento em curto-prazo, com um número de
sessões variando de 6 a 20.
Prevenção de recaídas

As sessões finais de terapia são destinadas à avaliação dos ganhos na terapia e à prevenção de
recaída, vale a pena destacar que é necessário ensinar o paciente a lidar com a possibilidade
de retorno dos sintomas depressivos e o aprendizado do paciente como “terapeuta de si
mesmo” deve facilitar o enfrentamento da recorrência dos sintomas e as sessões finais da
terapia devem abordar este factor.

12
Conclusão

Neste trabalho contextualizou-se que a TC da depressão é um processo de tratamento que


ajuda os pacientes a modificarem crenças e comportamentos que produzem certos estados de
humor, e a TC da depressão dura entre 6 a 20 seções, e vale ressaltar que é importante ensinar
o paciente a lidar com a possibilidade de retorno dos sintomas depressivos.

13
Referências Bibliográficas

 POWEll Vania Bitencourt, ABREU Neander, OLIVEIRA Irismar Reis, SUDAK


Donna. Cognitive-behavioral therapy for depression. Rev Bras Psiquiatr. 2008.

 TEODORO Wagner Luiz Garcia. Depressão, corpo, mente e alma. Uberlândia 3ª


Edição 2010. Tabela de registros de pensamentos disfuncionais, Google Tabela de
ceta, passeidireito.

14

Você também pode gostar