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Faculdade Pitágoras de Betim

Engenharia Elétrica
Sistemas Elétricos de Potência II

Fluxo de Potência
Conceitos

Professor: Marcelo Roger da Silva


e-mail: marcelo.roger@kroton.com.br

2016
Sistemas Elétricos de Potência II
Introdução
• Os sistemas elétricos de potência (SEP) são concebidos, mantidos e operados dentro de
padrões técnicos definidos, de forma que a energia ofertada apresente qualidade e
custos equilibrados, tanto para as concessionárias quanto para a sociedade. Para
atender esses requisitos, é necessário avaliar o comportamento do sistema elétrico sob
diversas condições, estáticas e dinâmicas.

• O fluxo de potência é uma das mais importantes ferramentas disponíveis para análise
estática, tanto no planejamento quanto na operação dos sistemas elétricos,
permitindo, por exemplo, diagnosticar eventuais problemas nos elementos dessas
redes.

• Fornece a solução de uma rede elétrica, em regime permanente, para uma dada
condição de operação, isto é, para uma dada condição de carga e geração, sujeitas a
restrições operativas e à ação de dispositivos de controle.
Sistemas Elétricos de Potência II
Aplicações
• Ferramenta para análise da adequação de uma topologia do sistema para uma dada
condição de geração e carga. Utilizado no planejamento, operação e controle do
sistema de potência.

• Utilizado como parte integrante de outros estudos, tais como:


• Curto-circuito: cálculo das tensões pré-falta;
• Estabilidade: Define a condição inicial e a solução em cada passo de integração;
• Confiabilidade: conhecendo-se os dados probabilísticos de falha dos diversos
componentes da rede, pode-se estimar a probabilidade de falha de suprimento ao
consumidor, a fim de torná-la menor que um percentual especificado através de
investimento no sistema. O fluxo de potência serve para a verificação da
adequação de cada estado com falha;
• Análise de contingência estática: o fluxo de potência é usado para analisar cada
contingência (saída de equipamento por exemplo) da rede elétrica;
• Fluxo de potência ótimo: este estudo fornece a melhor topologia/configuração
para minimizar o custo de operação ou minimizar as perdas. É um fluxo de
potência com as restrições de um problema de otimização.
Sistemas Elétricos de Potência II
Aplicações
• Planejamento

Expansão do SEP: estudo de alternativas com novas configurações da rede para


atender o aumento da demanda, que consiste na instalação de novos equipamentos e
reforços no sistema (geração, transmissão e distribuição) assim como determinação
do estado de operação da rede com a implantação das novas configurações.

• Operação

Variações diárias e sazonais das cargas do SEP

Análises de segurança de operação do SEP: várias contingências são simuladas e o


estado de operação da rede após a contingência deve ser obtido. Eventuais violações
dos limites de operação são detectados e ações de controle corretivo ou preventivo
são determinadas pra se evitar violações de limites pré-estabelecidos.
Sistemas Elétricos de Potência II
Fluxo de potência (FP) ou fluxo de carga (FC)

• As análises (simulações) de regime permanente para cada topologia de rede e


condições operativas determinam:
• Carregamento (potência ativa e reativa) dos elementos (linhas e redes, chaves,
transformadores, reguladores de tensão, etc.);
• Tensões (módulo e ângulo) nas barras do sistema;
• Despachos de potência ativa e reativa dos geradores.

• As equações que representam o comportamento do sistema em regime permanente


são estáticas, ou seja, não contemplam a variável tempo, sendo, exclusivamente,
equações algébricas não lineares, cuja solução se dá por métodos numéricos, como
Newton Raphson, Gauss-Seidel, etc.
Sistemas Elétricos de Potência II
Modelagem dos componentes

• Elementos conectados entre um nó e a terra. Exemplos: geradores (G), reatores e


capacitores em derivação (Csh), cargas (L), linhas de transmissão médias / longas (LT).

• Elementos conectados entre dois nós (sem conexão com a terra). Exemplos:
transformadores (TR), defasadores e linhas de transmissão curtas (LT) e linhas de
distribuição.
Sistemas Elétricos de Potência II
Modelagem dos componentes

• Parte externa da rede: Geradores e cargas. São modeladas como injeções de potência
ativa e reativa nos nós (ou nas barras).

• Parte interna da rede: demais elementos do SEP em estudo. São representados na


matriz admitância (Y).
Sistemas Elétricos de Potência II
Formulação básica

• As equações básicas do fluxo de potência são obtidas impondo-se a conservação de


potência ativa e reativa em cada nó, ou seja, a potência injetada é igual a potência
consumida (Lei de Kirchhoff).

• O problema do fluxo de carga pode ser formulado por equações (que correspondem à
lei de Kirchhoff) e por inequações (conjunto de restrições operacionais do sistema)
não–lineares .

• A cada barra da rede são associadas quatro variáveis, sendo duas delas conhecidas e
duas incógnitas:
Vk : módulo da tensão na barra k
Θk : ângulo da tensão na barra k
Pk : potência ativa resultante (injetada-consumida) na barra k
Qk : potência reativa resultante (injetada-consumida) na barra k
Sistemas Elétricos de Potência II
Formulação básica

• Dependendo de quais variáveis nodais são dados de entrada (e quais serão


consideradas incógnitas), definem-se três tipos de barras:

• A barra tipo Vθ (barra de referência) fornece a referência angular do sistema e fecha o


balanço de potência do sistema, já que leva em conta as perdas de transmissão não
conhecidas antes da solução final do problema.
Sistemas Elétricos de Potência II
Formulação básica

• Dados de entrada – extraídos do diagrama unifilar do SEP em análise:

• Impedâncias da rede;
• Potência ativa gerada e consumida nas barras PQ e PV.
• Potência reativa gerada e consumida nas barras PQ.
• Módulo da tensão nas barras PV e Vθ.
• Ângulo de referência na barra Vθ (Slack). Em geral este ângulo é nulo.

• As potências absorvidas pelas cargas têm sinal negativo para indicar uma entrada
negativa de potência ao sistema. De forma análoga, a potência injetada por geradores
têm sinal positivo.

• Em interligações entre sistemas, pode-se observar potências positivas ou negativas,


dependendo do sentido da transferência de potência entre os sistemas.
Sistemas Elétricos de Potência II
Formulação básica
As possibilidades de abordagem do problema de fluxo de potência são:

Equações de corrente em termos de tensões [I]=[Y].[V]

Equações de tensão em termos de corrente [V]=[Z].[I]

Equações de potências ativa e reativa injetadas nos nós [ P + jQ ] = f (Y, V, θ)

Onde:
[ I ] – Matriz das injeções de correntes
[ Y ] – Matriz de admitâncias
[ V ] – Matriz das tensões de barras
[ Z ] – Matriz de impedâncias
Sistemas Elétricos de Potência II
Formulação básica
a) Equações de corrente em termos de tensões: [I]=[Y].[V]

Sendo:
Sistemas Elétricos de Potência II
Formulação básica
Procura-se V1, V2 e V3;
Montagem de YBARRA:
São dados I1, I2, I3, Y1, Y2, Y3, Y4, Y5;
V2
I1 I2 I3 Aplica-se lei de Kirchoff para obtenção das
V1 V3 equações do circuito;

Um dos nós é escolhido como referência.


As tensões dos outros nós têm seus
valores referidos a ele.

I1 = (V1–V2)*Y1 + V1*Y3

I2 = (V2–V1)*Y1 + (V2–V3)*Y2 + V2*Y4

I3 = (V3–V2)*Y2 + V3*Y5
Sistemas Elétricos de Potência II
Formulação básica
Rearranjando as equações, colocando-
Montagem de YBARRA:
se as tensões em evidência:
V2
I1 = ( Y1 + Y3 )*V1 – Y1*V2
I1 I2 I3
V1 V3
I2 = ( Y1+Y2+Y4 )*V2 – Y1*V1 – Y2*V3

I3 = ( Y2+Y5 )*V3 – Y2*V2


Na forma matricial:
( + ) − 0
= − ( + + ) − ∗
0 − ( + )

YBARRA
Sistemas Elétricos de Potência II
Formulação básica
Montagem de YBARRA: ( + ) − 0
= − ( + + ) −
V2 0 − ( + )
I1 I2 I3
V1 V3
Os elementos da diagonal principal da matriz
admitância Y são as admitâncias próprias dos
nós:

Yii = somatório das admitâncias ligadas ao nó i.

Os elementos fora da diagonal principal são as


admitâncias mútuas entre os nós:

Yij = Negativo do somatório das admitâncias


conectadas entre os nós i e j.
Sistemas Elétricos de Potência II
Formulação básica
Características de YBARRA aplicada em sistemas elétricos reais:

1) Simétrica;
2) Complexa;
3) Quadrada de dimensão n, onde n é o número de barras do sistema sem contar a barra de
referência;
4) Esparsa, mais de 95% dos elementos é nulo, o que é uma vantagem;
5) Os elementos da diagonal principal Yii são o somatório das admitâncias diretamente
ligadas à barra i;
6) Os elementos fora da diagonal principal Yij são o simétrico da soma das admitâncias que
ligam as barras i e j.

As características 5 e 6 acima permitem a montagem direta da matriz YBARRA por inspeção da


rede.
Sistemas Elétricos de Potência II
Formulação básica
b) Equações de tensões em termos de corrente: [V]=[Z].[I]

A matriz Z (conhecida como ZBARRA) é de difícil montagem.

ZBARRA é mais aplicada para estudos de curto-circuito.

ZBARRA = ( YBARRA )-1

Características da matriz ZBARRA:


1) Simétrica;
2) Complexa;
3) Quadrada de dimensão n, onde n é o número de barras do sistema sem contar a barra de
referência;
4) Matriz cheia.
Sistemas Elétricos de Potência II
Formulação básica
c) Equações de potência:

As equações podem ser escritas em termos de potências ativa e reativa injetadas nos nós.
Neste caso, elas são não-lineares, da forma:

[ P + jQ ] = f (Y, V, θ)

Esta é a abordagem mais indicada para modelar o sistema elétrico em estudos de fluxo de
potência, uma vez que normalmente são conhecidas P e Q (cargas) ou P e V (geradores)
para as barras, e não V ou I.

Cada barra é modelada por duas equações para solução do fluxo de carga. As equações
levam em consideração que as potências ativas e reativas injetadas na barra são iguais à
soma dos fluxos correspondentes que deixam a barra através das linhas e transformadores.

Convenciona-se que o fluxo de potência é positivo quando sai da barra e negativo quando
entra na barra.
Sistemas Elétricos de Potência II
Métodos de solução
a) Métodos baseados em YBARRA:
Estes métodos têm como vantagem a formulação simples e pouca necessidade de memória
devido a esparsidade de YBARRA ser maior que 95%. Como exemplo o método de Gauss-
Seidel.

A desvantagem destes métodos é a convergência lenta devido ao fraco acoplamento entre


variáveis (influência pequena entre barras), sendo necessárias cerca de 200 iterações para
se chegar na solução do problema.

b) Métodos baseados em ZBARRA:


Convergem mais rápido, pois a matriz é cheia, porém necessita de muita memória pelo
mesmo motivo e o custo da montagem da matriz ZBARRA é elevado.
Sistemas Elétricos de Potência II
Métodos de solução
c) Métodos de Newton- Raphson:
Tem como vantagem ser robusto, pois converge quase sempre e com poucas iterações.
Além disto a convergência independe da dimensão do sistema. Usa a matriz YBARRA e a partir
desta é montada a matriz jacobiana. É atualmente o método mais utilizado.

d) Métodos Desacoplados:
Este método é uma particularização do método de Newton-Raphson em que se deixa
apenas a dependência entre a tensão e a potência reativa (V e Q) e entre a potência ativa e
o ângulo da tensão da barra (P e θ). Tem como vantagem ser rápido e utilizar pouca
memória. A desvantagem é que só pode ser aplicado a sistemas com características
apropriadas.

e) Método Linearizado:
Este é um método aproximado de solução que analisa somente o fluxo de potência ativa,
também chamado de fluxo DC.
Sistemas Elétricos de Potência II
FIM

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