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PRODUTO EDUCACIONAL
GABRIELA ALLEIN
JOINVILLE, SC
2019
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URL: http://www.udesc.br/cct/ppgecmt
Licença de uso: O autor é titular dos direitos autorais dos documentos disponíveis e é vedado,
nos termos da lei, a comercialização de qualquer espécie sem sua autorização prévia (Lei nº
12.853, de 2013).
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RESUMO
APRESENTAÇÃO
LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
O ensino de matemática muitas vezes é tido como algo que nem todos são capazes de
compreender, sendo que a simples palavra “matemática” é capaz de desencadear sentimentos
dos mais contraditórios, desde o arrepio de horror, ao não se conseguir entender seu
funcionamento e, mesmo assim, precisar-se desenvolver atividades e avaliações sobre seus
conteúdos, até o mais franco entusiasmo ao constatar que algum conteúdo foi compreendido
(KLUSENER, 2001).
Frente a isso, a escrita expressiva em matemática surge como uma “estratégia” didática-
chave no processo de ensino e aprendizagem. Tanto para Britton (1975) quanto para Powel e
Bairral (2006), a escrita expressiva é como pensar alto no papel, em que os estudantes procuram
exteriorizar conteúdos, definições da sua mente, articulam seus conhecimentos, propiciando,
assim, pontos de partida para a aprendizagem.
Ao buscar a definição de expressiva, obtém-se que é o que tem expressão cheia de vida
e energia; de boa comunicação; convincente ao transmitir ideia ou emoção (MICHAELIS,
2018). E é exatamente isso que se propõe aliar ao ensino de matemática, que os alunos realizem
os cálculos e consigam compreender e serem capazes de explicar, relatar seus entendimentos
e/ou dúvidas.
Smole e Diniz (2001) lembram que a escrita expressiva, ou ainda produção de textos,
como também denominam, não é algo natural que os professores encaram como uma prática
integrante do currículo de matemática, pelo menos, não do mesmo modo que em outras áreas
do conhecimento. Porém, a partir do momento que ela passa a fazer parte, se propicia aos alunos
a oportunidade de ler, ouvir, interpretar e avaliar suas próprias ações e os cálculos que optaram
em desenvolver.
É importante ressaltar que não se trata de um trabalho fácil nem para o professor, nem
para o aluno, pois, além da constante reflexão do aluno para conseguir interpretar e escrever,
também se exige a compreensão, atenção do professor com a escrita a fim de reconhecer o aluno
já compreendeu. Ainda perceber dúvidas, incertezas, e, assim, escrever direcionado para o
aluno e autor da escrita inicial, objetivando levá-lo a reorganizar suas ideias, para, então, passar
a compreender.
Cada texto desenvolvido a partir da escrita expressiva tem a forma e o conteúdo do seu
autor, logo, não é em uma primeira versão que o professor se deparará com uma escrita
“adequada”, ou seja, que tenha o que talvez se espera no relato dos alunos. Mas por meio de
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um trabalho contínuo, a escrita expressiva vai sendo aprimorada e se aproximando dos objetivos
do professor.
Trata-se de mais uma forma de estudar e aprender matemática de forma diferente e
engajadora, uma vez que a escrita expressiva revela as potencialidades e dificuldades para o seu
próprio autor, e para o seu leitor.
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O ENSINO DE GEOMETRIA
Para entender melhor como funciona e como utilizar o livro paradidático em sala de aula
foram escritas algumas instruções a serem seguidas.
Inicialmente, para familiarizar os estudantes com a prática da escrita expressiva é
interessante propor à turma uma escrita livre, sobre algum conceito matemático ou até mesmo
sobre os seus sentimentos relativos à disciplina, e/ou uma escrita direcionada à geometria
espacial, conteúdo explorado no livro paradidático. Esta prática será como um “quebra gelo”
com a nova metodologia proposta. Quanto ao tempo destinado a essa etapa, poderá ser ajustado
conforme o cronograma de cada professor, podendo variar de 10 a 15 minutos para a produção
de cada escrita.
A Figura 1 apresenta a capa do livro paradidático “A Viagem Geométrica”.
Na sequência, o livro traz uma apresentação (Figura 02), convidando o aluno para esta
viagem, bem como, informando que se trata de uma história fictícia, que relaciona a geometria
espacial com o cotidiano. Porém, esta história não está completa e muito menos finalizada, será
o estudante quem deverá completá-la e criar o seu desfecho.
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Após apresentar o garoto, e contar sobre a origem do seu nome, o livro relata sobre o
percurso que o mesmo faz da escola até sua casa, destacando na paisagem, a geometria espacial
ali presente.
Para que possa prosseguir com a leitura e compreensão do livro paradidático, o estudante
é convidado a refletir sobre o termo “Geometria Espacial”, sobre sólidos geométricos, e
relacionar estas figuras espaciais com o cotidiano (figura 4).
Nas próximas duas páginas do livro (figuras 5 e 6), há um espaço apropriado para que
o estudante possa se expressar, realizar a sua “escrita expressiva”.
Vale destacar que na página 04 (figura 5) há um lembrete, algumas orientações do que
se espera que a escrita expressiva contemple.
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Após levar o estudante a refletir e escrever sobre Geometria Espacial, o livro continua
contando sobre o percurso de Euclides até a sua casa, principalmente sobre a existência de uma
loja de embalagens.
Algo curioso sobre a loja de embalagens, é que as mesmas não eram vendidas
“montadas”, mas, sim, estavam planificadas. Desse modo, apresenta três modelos de
embalagens disponíveis na loja, e solicita que os estudantes identifiquem quais sólidos
geométricos estas representam, bem como, que reflitam sobre eles apontando características
como vértices, arestas e faces (figura 7).
Nas páginas seguintes, novamente aparece um espaço apropriado para o aluno realizar a
sua “escrita expressiva” sobre o que foi solicitado, assim como, apresenta uma orientação sobre
que se espera que contemple esta produção (figuras 8 e 9).
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Na sequência, o livro retrata que Euclides já está em sua casa, mas que por se tratar de
um adolescente bastante agitado, o mesmo não consegue ficar parado. Deste modo, Euclides
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decide que precisa começar a se organizar para uma viagem escolar prevista para acontecer nas
semanas seguintes (figura 10).
Neste momento, aparece uma nova personagem da história, a garota Annie, sua colega de
classe que, portanto, também participará da viagem.
Após os dois se encontrarem, o livro relata que, para que possam levar os objetos
menores para a viagem, é necessário a confecção de uma caixa, um cubo (figura 12).
Na página seguinte do livro paradidático, aparecem as dimensões que esta caixa deverá
ter e relata a situação matemática que os adolescentes precisam resolver. Até porque, para
confeccionar a caixa é necessário saber a quantidade mínima de material necessário (figura 13).
Para poder seguir o curso da história, o estudante é convidado a calcular a área total deste
cubo conforme as dimensões relatadas, e contar/escrever como realizou o cálculo, quais são as
suas conclusões, isto é, se expressar (figuras 14 e 15).
Figura 15 – Espaço destinado à continuação do cálculo da área total do cubo e sua interpretação
Após definirem a área total do cubo, e notarem que se trata de uma quantidade mínima, até
porque a confecção exige algumas dobras que também refletem na quantidade de material
necessário, a história traz uma nova situação matemática.
Os personagens lembram que precisam se localizar durante a viagem, e que não podem se
garantir apenas com os recursos tecnológicos, é necessário levar algum material
informativo/mapa impresso (figura 16).
Ao chegar à página 17, representada também pela figura 18, há uma orientação sobre a
importância de se calcular a área total de um cilindro, e, novamente, interpretar esses cálculos,
escrever sobre os mesmos (figuras 18 e 19).
Figura 19 – Espaço destinado à continuação do cálculo da área total do cilindro e sua interpretação
Após calcular e descrever sobre a área total do cilindro, uma nova situação matemática é
abordada na história. Os adolescentes precisam comprar lona suficiente para construir uma
barraca, e, esta, por sua vez, se assemelha a uma pirâmide de base retangular (figura 20).
Figura 20 – Aquisição de lona suficiente para uma barraca na forma de uma pirâmide de base retangular
A página seguinte aborda todas as dimensões que esta barraca deverá ter, bem como,
apresenta o valor do m² da lona. Sendo assim, os estudantes precisam calcular a área total da
pirâmide de base retangular, definindo, assim, a quantidade mínima necessária de lona e o valor
que será investido (figura 21).
Com já relatado nas situações anteriores, neste momento o livro paradidático apresenta
duas páginas (figuras 22 e 23) destinadas para o estudante desenvolver os cálculos e refletir,
escrever sobre o que esteve calculando.
Figura 23 - Espaço destinado à continuação do cálculo da área total da pirâmide e sua interpretação
Figura 26 – Cálculo do volume dos prismas retangulares a partir das dimensões apresentadas
Novamente, as próximas duas páginas do livro paradidático trazem o espaço destinado para
o desenvolvimento dos cálculos, e a sua interpretação, escrita. Contando, ainda, com
orientações e lembretes do que deve aparecer na “escrita expressiva” (figuras 27 e 28).
Figura 27 - Espaço destinado ao cálculo do volume dos prismas retangulares e sua interpretação
Figura 28 - Espaço destinado à continuação do cálculo do volume dos prismas retangulares e sua interpretação
Ao chegar à página representada pela ilustração da Figura 29, conclui-se que o estudante
já definiu qual das malas comportaria a maior quantidade de objetos.
Nesse momento, os estudantes são convidados a não só mais contribuir com a solução e
interpretação dos problemas matemáticos, mas, também, criar um desfecho para a história
envolvendo os corpos redondos ainda não apresentados ao longo do livro paradidático, sendo
eles: o cone e a esfera (figura 30).
Além disso, são lembrados que podem conciliar ilustrações, cálculos e certamente muita
escrita.
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Por conseguinte, após o livro paradidático já ter sido completado e finalizado pelo
estudante/autor, recomenda-se que o professor realize a leitura de cada um deles, deixando
pequenos comentários (elogios, questionamentos, solicitações de esclarecimentos), tudo a fim
de levar ao aperfeiçoamento da escrita e, assim, suprir as dúvidas e dificuldades existentes.
Vale ressaltar que essa leitura não deve, necessariamente, se restringir somente ao
momento após a finalização do livro paradidático, sendo que a mesma pode acontecer conforme
os alunos forem desenvolvendo seus textos, e o professor possuir tempo hábil para esta tarefa.
Deste modo, após a leitura de todos os livros paradidáticos, estes são devolvidos a seus
respectivos autores colaboradores para que possam realizar os ajustes necessários, reorganizar
algumas ideias, refazer alguns cálculos e, assim, refletir novamente.
Esta troca pode acontecer quantas vezes o professor julgar necessário, até porque a cada
versão a escrita expressiva vai sendo aperfeiçoada, ampliada e, os conhecimentos podem ser
expandidos.
Existe ainda a possibilidade de conciliar a troca dos livros paradidáticos entre os próprios
estudantes para análises e sugestões, o que também poderia enriquecer o processo de escrita em
cada livro.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRITTON, James; et al. The development of writing abilities. 18 ed. Londres: Macmillan,
1975.
PINTO, Anildo Gonçalves. Uma Proposta de Livro Paradidático como Motivação para o
Ensino de Matemática. Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional.
Seropédica, 2013. Disponível em: <http://bit.profmat-
sbm.org.br/xmlui/handle/123456789/512>. Acesso em: 18 jun. 2018.
SMOLE, Kátia C. S. Textos em Matemática: Por que não? In: SMOLE, K. S.; DINIZ, M. I.
(Org.). Ler, escrever e resolver problemas: habilidades básicas para aprender matemática.
Porto Alegre: Artmed, 2001. p. 29-68.