Você está na página 1de 35

1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC


CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS, MATEMÁTICA E TECNOLOGIAS

PRODUTO EDUCACIONAL

A Viagem Geométrica: um Livro Paradidático

GABRIELA ALLEIN

JOINVILLE, SC
2019
1

Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA


Programa: ENSINO DE CIÊNCIAS, MATEMÁTICA E TECNOLOGIAS
Nível: MESTRADO PROFISSIONAL
Área de Concentração: Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias
Linha de Pesquisa: Ensino Aprendizagem e Formação de Professores

Título: A viagem geométrica: um livro paradidático


Autor: Gabriela Allein
Orientador: Kariston Pereira
Data: 29/07/2019

Produto Educacional: Livro paradidático


Nível de ensino: Ensino Fundamental – anos finais
Área de Conhecimento: Matemática
Tema: Geometria Espacial

Descrição do Produto Educacional:


Consequência de um estudo aplicado, o livro paradidático foi elaborado como parte da pesquisa
do mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias
(PPGECMT), do Centro de Ciências Tecnológicas (CCT), da Universidade do Estado de Santa
Catarina (Udesc) e, configura-se numa proposta de atividade que envolve a escrita expressiva
em aulas de matemática para o incentivo a reflexão, reorganização da ideias e compreensão de
conteúdos matemáticos, sobretudo geometria espacial.

Biblioteca Universitária UDESC: http://www.udesc.br/bibliotecauniversitaria

Publicação Associada: [A [RE] EXPLORAÇÃO DO ESPAÇO TRIDIMENSIONAL POR


MEIO DA ESCRITA EXPRESSIVA EM MATEMÁTICA EM UM LIVRO PARADIDÁTICO
COM ESTUDANTES DO NONO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL]

URL: http://www.udesc.br/cct/ppgecmt

Arquivo *Descrição Formato


10.047kb Texto completo Adobe PDF

Licença de uso: O autor é titular dos direitos autorais dos documentos disponíveis e é vedado,
nos termos da lei, a comercialização de qualquer espécie sem sua autorização prévia (Lei nº
12.853, de 2013).
2
3

RESUMO

Este material apresenta um produto educacional desenvolvido pelo Programa de Pós-


Graduação em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias (PPGECMT) da Universidade
do Estado de Santa Catarina (UDESC). O livro paradidático desenvolvido e, aqui apresentado,
é um livro impresso de caráter participativo e colaborativo, que traz uma aventura fictícia em
que, ao longo da história, o aluno se depara com situações que exigem conhecimentos
matemáticos. Ao aluno também é solicitado que complete o enredo fictício apresentado, que
expresse seu raciocínio por meio da escrita expressiva, explicando como realizou os cálculos,
bem como, crie um desfecho adequado para a história proposta.
4

APRESENTAÇÃO

Caro colega professor (a),

A ideia deste livro paradidático é resultado de uma pesquisa de mestrado (Produto


Educacional) desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências, Matemática
e Tecnologias - PPGECMT da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC, sob a
orientação do Prof. Dr. Kariston Pereira.
O livro paradidático “A viagem Geométrica” foi elaborado com o intuito de conectar e
coadunar a escrita expressiva em matemática com a reflexão, reorganização das ideias
matemáticas, articulação dos conhecimentos, construção e negociação de significados e, com
isso, fomentar uma maior compreensão dos cálculos desenvolvidos, permitindo, assim, que o
aluno seja capaz de monitorar sua aprendizagem.
Por meio da pesquisa desenvolvida no mestrado, foi possível perceber o quanto a escrita
expressiva pode colaborar com o ensino e aprendizagem de conteúdos matemáticos, uma vez
que faz os alunos se tornarem mais confiantes na matemática e que se engajem mais
profundamente no material aprendido (POWELL; BAIRRAL, 2006).
Com base nisso, se pensou no livro paradidático, pois este não traz os conteúdos como
algo pronto e acabado, já que permite ao aluno (leitor) “viajar” e se envolver na história, além
de “criar confrontos de ideias” (MUNAKATA, 1997; PINTO, 2013).
Para o desenvolvimento da atividade com o livro paradidático, os estudantes foram
orientados que poderiam conversar, discutir com os colegas, porém a resolução e a escrita
expressiva deveriam ser feitas individualmente, haja vista que a escrita expressiva é algo muito
particular, e nela evidenciamos as nossas compreensões e conhecimentos. A intervenção do
professor foi mínima, de acordo com a solicitação e necessidade dos estudantes.
Este livro paradidático foi elaborado para a disciplina de Matemática, sobretudo o
conteúdo de Geometria Espacial direcionado para o nono ano, no entanto é uma ideia que pode
ser reelaborada e trabalhada com outros conteúdos.

Professora: Gabriela Allein


5

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Capa do Livro Paradidático A Viagem Geométrica .............................................. 13


Figura 2 – Apresentação do Livro Paradidático ....................................................................... 14
Figura 3 – Apresentação do personagem Euclides .................................................................. 14
Figura 4 – Convite para refletir sobre Geometria Espacial ..................................................... 15
Figura 5 – Espaço destinado a prática da “escrita expressiva ................................................. 16
Figura 6 – Espaço destinado a continuação da prática da “escrita expressiva” ....................... 16
Figura 7 - Apresentação da loja de embalagens e convite e refletir sobre as mesmas. ............ 17
Figura 8 – Espaço destinado a escrita expressiva a respeito das embalagens ......................... 18
Figura 9 – Espaço destinado a continuação da escrita expressiva a respeito das embalagens..18
Figura 10 - Chega de Euclides em sua casa ............................................................................. 19
Figura 11 – Apresentação da personagem Annie ..................................................................... 19
Figura 12 –Recepção de Annie na casa de Euclides ................................................................ 20
Figura 13 – Confecção da caixa .............................................................................................. 20
Figura 14 – Espaço destinado ao cálculo da área total do cubo e sua interpretação ................ 21
Figura 15 – Espaço destinado a continuaço cálculo da área total do cubo e sua interpretação 21
Figura 16 – Percepção da necessidade de localização durante a viagem ................................. 22
Figura 17 – Confecção de um cilindro .................................................................................... 23
Figura 18 – Espaço destinado ao cálculo da área total do cilindro e sua interpretação............ 23
Figura 19 – Espaço destinado a continuação do cálculo da área total do cilindro e sua
interpretação ............................................................................................................................. 24
Figura 20 - Aquisição de lona suficiente para uma barraca na forma de uma pirâmide de base
retangular ................................................................................................................................. 24
Figura 21 - Cálculo da área total da pirâmide ......................................................................... 25
Figura 22 – Espaço destinado ao cálculo da área total da pirâmide e sua interpretação .......... 25
Figura 23 – Espaço destinado a continuação do cálculo da área total da pirâmide e sua
interpretação ............................................................................................................................. 26
Figura 24 – Apresentação das Malas na forma de prismas retangulares ................................. 26
Figura 25 – Cálculo do volume dos prismas retangulares. ....................................................... 27
Figura 26 – Cálculo do volume dos prismas retangulares a partir das dimensões apresentadas
.................................................................................................................................................. 27
Figura 27 – Espaço destinado ao cálculo do volume dos prismas retangulares e sua
interpretação ............................................................................................................................. 28
6

Figura 28 – Espaço destinado a continuação do cálculo do volume dos prismas retangulares e


sua interpretação ....................................................................................................................... 28
Figura 29 – Definição da melhor mala para a viagem .............................................................. 29
Figura 30 – Convite para a criação de um desfecho para a história. ........................................ 30
Figura 31 – Espaço destinado criação do desfecho da história. ............................................... 30
7

SUMÁRIO

A ESCRITA EXPRESSIVA EM MATEMÁTICA .............................................................. 8


LIVROS PARADIDÁTICOS MATEMÁTICOS ............................................................... 10
O ENSINO DE GEOMETRIA .............................................................................................. 11
O LIVRO PARADIDÁTICO ................................................................................................ 12
INFORMAÇÕES SOBRE O LIVRO PARADIDÁTICO .................................................. 13
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 32
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 33
8

A ESCRITA EXPRESSIVA EM MATEMÁTICA

O ensino de matemática muitas vezes é tido como algo que nem todos são capazes de
compreender, sendo que a simples palavra “matemática” é capaz de desencadear sentimentos
dos mais contraditórios, desde o arrepio de horror, ao não se conseguir entender seu
funcionamento e, mesmo assim, precisar-se desenvolver atividades e avaliações sobre seus
conteúdos, até o mais franco entusiasmo ao constatar que algum conteúdo foi compreendido
(KLUSENER, 2001).
Frente a isso, a escrita expressiva em matemática surge como uma “estratégia” didática-
chave no processo de ensino e aprendizagem. Tanto para Britton (1975) quanto para Powel e
Bairral (2006), a escrita expressiva é como pensar alto no papel, em que os estudantes procuram
exteriorizar conteúdos, definições da sua mente, articulam seus conhecimentos, propiciando,
assim, pontos de partida para a aprendizagem.
Ao buscar a definição de expressiva, obtém-se que é o que tem expressão cheia de vida
e energia; de boa comunicação; convincente ao transmitir ideia ou emoção (MICHAELIS,
2018). E é exatamente isso que se propõe aliar ao ensino de matemática, que os alunos realizem
os cálculos e consigam compreender e serem capazes de explicar, relatar seus entendimentos
e/ou dúvidas.
Smole e Diniz (2001) lembram que a escrita expressiva, ou ainda produção de textos,
como também denominam, não é algo natural que os professores encaram como uma prática
integrante do currículo de matemática, pelo menos, não do mesmo modo que em outras áreas
do conhecimento. Porém, a partir do momento que ela passa a fazer parte, se propicia aos alunos
a oportunidade de ler, ouvir, interpretar e avaliar suas próprias ações e os cálculos que optaram
em desenvolver.
É importante ressaltar que não se trata de um trabalho fácil nem para o professor, nem
para o aluno, pois, além da constante reflexão do aluno para conseguir interpretar e escrever,
também se exige a compreensão, atenção do professor com a escrita a fim de reconhecer o aluno
já compreendeu. Ainda perceber dúvidas, incertezas, e, assim, escrever direcionado para o
aluno e autor da escrita inicial, objetivando levá-lo a reorganizar suas ideias, para, então, passar
a compreender.
Cada texto desenvolvido a partir da escrita expressiva tem a forma e o conteúdo do seu
autor, logo, não é em uma primeira versão que o professor se deparará com uma escrita
“adequada”, ou seja, que tenha o que talvez se espera no relato dos alunos. Mas por meio de
9

um trabalho contínuo, a escrita expressiva vai sendo aprimorada e se aproximando dos objetivos
do professor.
Trata-se de mais uma forma de estudar e aprender matemática de forma diferente e
engajadora, uma vez que a escrita expressiva revela as potencialidades e dificuldades para o seu
próprio autor, e para o seu leitor.
10

LIVROS PARADIDÁTICOS MATEMÁTICOS

Os livros paradidáticos estão em circulação e em utilização nas escolas há mais de vinte


anos pelo que se têm registros (DALCIN, 2007). Esses livros apresentam características
próprias, logo, não são iguais aos livros didáticos, o que permite a utilização de ambos
paralelamente. Na grande maioria das vezes, são utilizados como “material de pesquisa e de
apoio às atividades do educando” (MUNAKATA, 1997, p. 103).
“O termo “Paradidático” foi criado no Brasil no final da década de 70 do século XX
pela editora Ática” (DALCIN, 2007, p.26). Ressalta-se, também, que a produção dos livros
paradidáticos passou por um período “entressafra”, não sendo produzido por alguns anos e,
deste modo, não se sabe o momento exato que estes começaram a chegar nas instituições de
ensino. Comumente, os livros paradidáticos trazem, além do conteúdo matemático, um enredo
ou vários episódios diferentes que aguçam a curiosidade do aluno/leitor em saber mais sobre a
história, em conhecer as próximas páginas, e, assim, aprofundar os conhecimentos
matemáticos.
O conteúdo apresentado em um livro paradidático pode ser a partir de narrativas
ficcionais; narrativas históricas; ou, ainda, a partir de um contexto pragmático. Além disso, a
interação da simbologia matemática com as palavras e imagens no contexto escolhido, produz
um texto peculiar, isto é, curioso. (DALCIN, 2007).
No livro paradidático apresentado (produto educacional), por exemplo, o texto é
construído a partir de uma história fictícia, em que os personagens vivenciam situações que os
levam a descobrir os conhecimentos matemáticos.
Outra característica comum dos livros paradidáticos é a abordagem de curiosidades
matemáticas, pequenos fatos históricos mesmo não sendo uma narrativa histórica, em que os
personagens podem ser grandes estudiosos, pesquisadores matemáticos, ou, ainda, habitarem
uma região que foi o cenário de inúmeros avanços e descobertas matemáticas.
Portanto, os livros paradidáticos matemáticos aliam histórias, conteúdos e curiosidades,
tudo isso, visando o envolvimento dos alunos na hora de se estudar esta disciplina.
11

O ENSINO DE GEOMETRIA

O ensino de geometria é um dos ramos capazes de estimular o interesse pela disciplina de


matemática, pois permite revelar a realidade que rodeia os estudantes, dando-lhes a
oportunidade de desenvolver habilidades criativas (PASSOS, 2000).
A geometria engloba desde representação, ordenação, classificação, e figuras planas e
espaciais. Entretanto para o livro paradidático se voltou para a geometria espacial, nome usual
para a geometria do espaço tridimensional.
Sendo assim, a proposta deste trabalho é trazer o ensino de geometria espacial através de
situações problemas existentes no cotidiano dos alunos, buscando proporcionar, assim, maior
vitalidade e disposição às reflexões.
A tradição escolar leva muitas vezes o aluno na disciplina de matemática a buscar realizar
uma “operação matemática” que lhe dê uma resposta, sem necessariamente “fazer sentido”,
levar a refletir, a negociar ideias, a buscar a compreensão dos procedimentos de cálculos e muito
menos a verbalizar, a escrever sobre o que pensa.
A Base Nacional comum curricular corrobora com essa afirmação, relatando que o ensino
de geometria não se pode reduzir a meras aplicações de fórmulas de cálculo de área e volume,
nem a aplicações numéricas imediatas, deve-se levar o aluno a desenvolver o seu raciocínio, o
seu pensamento matemático, e, assim, a desenvolver a sua linguagem matemática (BRASIL,
2017).
Passos (2000, p. 51) lembra que

A curiosidade, a fantasia e a imaginação, qualidades típicas das crianças e jovens,


constituem-se em fatores fundamentais a serem considerados no desenvolvimento dos
conceitos geométricos. O ensino de Geometria deve estar voltado para problemas
abertos (com mais de uma resposta e/ou com diferentes formas de resolução), com
caráter dinâmico, que propicie um processo de busca e investigação para resolvê-los.

Deste modo, o livro paradidático desenvolvido e apresentado traz situações geométricas


que exigem dos alunos a iniciativa de buscar, de investigar para poder solucionar e relatar.
Cada situação geométrica traz a abordagem de um sólido geométrico diferente, permitindo
assim relembrar as figuras espaciais mais frequentes no ensino de geometria espacial, as suas
características e o cálculo de área e/ou volume para estes.
Não se pode “desviar” o aluno do ensino de geometria pois este reflete no pensamento
geométrico, no raciocino visual e na sua inter-relação com o espaço, sendo, portanto,
fundamental na formação dos alunos.
12

O LIVRO PARADIDÁTICO: “A VIAGEM GEOMÉTRICA”

Dando importância à escrita expressiva, à necessidade do aluno relatar e expressar seus


conhecimentos e dúvidas matemáticas, foi elaborado para este trabalho um livro paradidático
com uma característica colaborativa, no qual o aluno precisa contribuir/ participar da escrita do
desenvolvimento do livro.
O livro paradidático com essa característica participativa é um recurso capaz de fazer os
alunos refletirem e se expressarem, bem como um instrumento que permite aos próprios alunos
monitorarem seus estudos e ao professor a possibilidade de acompanhar o desenvolvimento de
seus aprendizes.
O livro paradidático em questão “A Viagem Geométrica” foi desenvolvido a partir de uma
história fictícia que busca atrelar o ensino de geometria espacial com a questão da escrita
expressiva.
O livro paradidático foi elaborado em Power Point, e para esta pesquisa foi utilizada a
versão impressa. No entanto, por ter sido feito por meio de um recurso tecnológico de fácil
manipulação, há a possibilidade de ajustes para que o mesmo possa também ser empregado em
uma versão digital.
O livro paradidático relata uma história fictícia, com curiosidades sobre a história da
matemática e em determinados momentos os alunos se deparam com situações geométricas que
precisam ser resolvidas, assim como, com o convite para elaborar um final para esta viagem,
em que não descreverão somente a respeito de definições, situações matemáticas, mas sim
conciliarão tudo isso com o enredo da história e a sua criatividade.
Quanto ao tempo para aplicação deste produto pode variar entre seis até dez aulas,
conforme o domínio e conhecimento a respeito de geometria espacial por parte da turma. Na
presente pesquisa, foram utilizadas oito aulas de 45 minutos. O público alvo deste livro
paradidático é o nono ano do Ensino Fundamental.
É relevante afirmar que, com o livro paradidático, o adolescente tem a possibilidade de
acompanhar seu crescimento, as etapas de sua aprendizagem, desenvolve a prática de organizar
suas ideias, a relatá-las e a descrevê-las, podendo assim ampliar suas possibilidades de
aprendizagem.
Dessa forma, vale ressaltar que o livro paradidático busca um maior engajamento dos
adolescentes com o estudo da geometria, já que é capaz de reunir a literatura, a escrita, os
conceitos matemáticos, os cálculos e a reflexão de todo esse processo.
13

INFORMAÇÕES SOBRE O LIVRO PARADIDÁTICO

Para entender melhor como funciona e como utilizar o livro paradidático em sala de aula
foram escritas algumas instruções a serem seguidas.
Inicialmente, para familiarizar os estudantes com a prática da escrita expressiva é
interessante propor à turma uma escrita livre, sobre algum conceito matemático ou até mesmo
sobre os seus sentimentos relativos à disciplina, e/ou uma escrita direcionada à geometria
espacial, conteúdo explorado no livro paradidático. Esta prática será como um “quebra gelo”
com a nova metodologia proposta. Quanto ao tempo destinado a essa etapa, poderá ser ajustado
conforme o cronograma de cada professor, podendo variar de 10 a 15 minutos para a produção
de cada escrita.
A Figura 1 apresenta a capa do livro paradidático “A Viagem Geométrica”.

Figura 1 – Capa do livro paradidático A Viagem Geométrica

Fonte: Elaborada pela autora, 2019

Na sequência, o livro traz uma apresentação (Figura 02), convidando o aluno para esta
viagem, bem como, informando que se trata de uma história fictícia, que relaciona a geometria
espacial com o cotidiano. Porém, esta história não está completa e muito menos finalizada, será
o estudante quem deverá completá-la e criar o seu desfecho.
14

Figura 2 – Apresentação do Livro Paradidático

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.

A história inicia apresentando um dos personagens principais, o garoto Euclides, assim


como, faz a ligação do seu nome com um dos principais matemáticos, Euclides de Alexandria,
retratando então um pouquinho da história da matemática (Figura 03).

Figura 3 – Apresentação do personagem Euclides

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.


15

Após apresentar o garoto, e contar sobre a origem do seu nome, o livro relata sobre o
percurso que o mesmo faz da escola até sua casa, destacando na paisagem, a geometria espacial
ali presente.
Para que possa prosseguir com a leitura e compreensão do livro paradidático, o estudante
é convidado a refletir sobre o termo “Geometria Espacial”, sobre sólidos geométricos, e
relacionar estas figuras espaciais com o cotidiano (figura 4).

Figura 4 – Convite para refletir sobre Geometria Espacial

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.

Nas próximas duas páginas do livro (figuras 5 e 6), há um espaço apropriado para que
o estudante possa se expressar, realizar a sua “escrita expressiva”.
Vale destacar que na página 04 (figura 5) há um lembrete, algumas orientações do que
se espera que a escrita expressiva contemple.
16

Figura 5 – Espaço destinado à prática da “escrita expressiva”

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.

Figura 6– Espaço destinado à continuação da prática da “escrita expressiva”

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.


17

Após levar o estudante a refletir e escrever sobre Geometria Espacial, o livro continua
contando sobre o percurso de Euclides até a sua casa, principalmente sobre a existência de uma
loja de embalagens.
Algo curioso sobre a loja de embalagens, é que as mesmas não eram vendidas
“montadas”, mas, sim, estavam planificadas. Desse modo, apresenta três modelos de
embalagens disponíveis na loja, e solicita que os estudantes identifiquem quais sólidos
geométricos estas representam, bem como, que reflitam sobre eles apontando características
como vértices, arestas e faces (figura 7).

Figura 7– Apresentação da loja de embalagens e convite e refletir sobre as mesmas.

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.

Nas páginas seguintes, novamente aparece um espaço apropriado para o aluno realizar a
sua “escrita expressiva” sobre o que foi solicitado, assim como, apresenta uma orientação sobre
que se espera que contemple esta produção (figuras 8 e 9).
18

Figura 8 – Espaço destinado à escrita expressiva a respeito das embalagens

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.

Figura 9 – Espaço destinado à continuação da escrita expressiva a respeito das embalagens

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.

Na sequência, o livro retrata que Euclides já está em sua casa, mas que por se tratar de
um adolescente bastante agitado, o mesmo não consegue ficar parado. Deste modo, Euclides
19

decide que precisa começar a se organizar para uma viagem escolar prevista para acontecer nas
semanas seguintes (figura 10).

Figura 10 – Chegada de Euclides em sua casa

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.

Neste momento, aparece uma nova personagem da história, a garota Annie, sua colega de
classe que, portanto, também participará da viagem.

Figura 11 – Apresentação da personagem Annie

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.


20

Após os dois se encontrarem, o livro relata que, para que possam levar os objetos
menores para a viagem, é necessário a confecção de uma caixa, um cubo (figura 12).

Figura 12 – Recepção de Annie na casa de Euclides

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.

Na página seguinte do livro paradidático, aparecem as dimensões que esta caixa deverá
ter e relata a situação matemática que os adolescentes precisam resolver. Até porque, para
confeccionar a caixa é necessário saber a quantidade mínima de material necessário (figura 13).

Figura 13 – Confecção da caixa

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.


21

Para poder seguir o curso da história, o estudante é convidado a calcular a área total deste
cubo conforme as dimensões relatadas, e contar/escrever como realizou o cálculo, quais são as
suas conclusões, isto é, se expressar (figuras 14 e 15).

Figura 14 – Espaço destinado ao cálculo da área total do cubo e sua interpretação

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.

Figura 15 – Espaço destinado à continuação do cálculo da área total do cubo e sua interpretação

Fonte: Elaborada pela autora, 2019


22

Após definirem a área total do cubo, e notarem que se trata de uma quantidade mínima, até
porque a confecção exige algumas dobras que também refletem na quantidade de material
necessário, a história traz uma nova situação matemática.
Os personagens lembram que precisam se localizar durante a viagem, e que não podem se
garantir apenas com os recursos tecnológicos, é necessário levar algum material
informativo/mapa impresso (figura 16).

Figura 16 – Percepção da necessidade de localização durante a viagem

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.

Visando manter a inteireza dos papeis, os adolescentes citam a importância de


confeccionarem também um porta-mapas, na forma de um cilindro.
23

Figura 17 – Confecção de um cilindro

Fonte: Elaborada pela autora, 2019

Ao chegar à página 17, representada também pela figura 18, há uma orientação sobre a
importância de se calcular a área total de um cilindro, e, novamente, interpretar esses cálculos,
escrever sobre os mesmos (figuras 18 e 19).

Figura 18 – Espaço destinado ao cálculo da área total do cilindro e sua interpretação

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.


24

Figura 19 – Espaço destinado à continuação do cálculo da área total do cilindro e sua interpretação

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.

Após calcular e descrever sobre a área total do cilindro, uma nova situação matemática é
abordada na história. Os adolescentes precisam comprar lona suficiente para construir uma
barraca, e, esta, por sua vez, se assemelha a uma pirâmide de base retangular (figura 20).

Figura 20 – Aquisição de lona suficiente para uma barraca na forma de uma pirâmide de base retangular

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.


25

A página seguinte aborda todas as dimensões que esta barraca deverá ter, bem como,
apresenta o valor do m² da lona. Sendo assim, os estudantes precisam calcular a área total da
pirâmide de base retangular, definindo, assim, a quantidade mínima necessária de lona e o valor
que será investido (figura 21).

Figura 21 – Cálculo da área total da pirâmide

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.

Com já relatado nas situações anteriores, neste momento o livro paradidático apresenta
duas páginas (figuras 22 e 23) destinadas para o estudante desenvolver os cálculos e refletir,
escrever sobre o que esteve calculando.

Figura 22 - Espaço destinado ao cálculo da área total da pirâmide e sua interpretação

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.


26

Figura 23 - Espaço destinado à continuação do cálculo da área total da pirâmide e sua interpretação

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.

Além de definir a quantidade de materiais necessários para a confecção e montagem de


itens importantes para a viagem, o livro também traz uma dúvida relativa à mala que
comportaria mais objetos, dentre duas apresentadas (figura 24).

Figura 24 – Apresentação das Malas na forma de prismas retangulares

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.


27

As malas se assemelham a prismas retangulares, logo, o estudante é convidado a calcular


o volume das mesmas para então definir qual delas comporta a maior quantidade de objetos
(figuras 25 e 26).

Figura 25 – Cálculo do volume dos prismas retangulares.

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.

Figura 26 – Cálculo do volume dos prismas retangulares a partir das dimensões apresentadas

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.


28

Novamente, as próximas duas páginas do livro paradidático trazem o espaço destinado para
o desenvolvimento dos cálculos, e a sua interpretação, escrita. Contando, ainda, com
orientações e lembretes do que deve aparecer na “escrita expressiva” (figuras 27 e 28).

Figura 27 - Espaço destinado ao cálculo do volume dos prismas retangulares e sua interpretação

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.

Figura 28 - Espaço destinado à continuação do cálculo do volume dos prismas retangulares e sua interpretação

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.


29

Ao chegar à página representada pela ilustração da Figura 29, conclui-se que o estudante
já definiu qual das malas comportaria a maior quantidade de objetos.

Figura 29 – Definição da melhor mala para a viagem

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.

Nesse momento, os estudantes são convidados a não só mais contribuir com a solução e
interpretação dos problemas matemáticos, mas, também, criar um desfecho para a história
envolvendo os corpos redondos ainda não apresentados ao longo do livro paradidático, sendo
eles: o cone e a esfera (figura 30).
Além disso, são lembrados que podem conciliar ilustrações, cálculos e certamente muita
escrita.
30

Figura 30 – Convite para a criação de um desfecho para a história.

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.

Contudo, para possibilitar o desenvolvimento de um final para esta viagem, o livro


paradidático apresenta, na sequência, seis páginas apropriadas para a escrita, cálculos e
ilustrações com representações geométricas, conforme a figura 31 a seguir.

Figura 31 - Espaço destinado criação do desfecho da história.

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.


31

Por conseguinte, após o livro paradidático já ter sido completado e finalizado pelo
estudante/autor, recomenda-se que o professor realize a leitura de cada um deles, deixando
pequenos comentários (elogios, questionamentos, solicitações de esclarecimentos), tudo a fim
de levar ao aperfeiçoamento da escrita e, assim, suprir as dúvidas e dificuldades existentes.
Vale ressaltar que essa leitura não deve, necessariamente, se restringir somente ao
momento após a finalização do livro paradidático, sendo que a mesma pode acontecer conforme
os alunos forem desenvolvendo seus textos, e o professor possuir tempo hábil para esta tarefa.
Deste modo, após a leitura de todos os livros paradidáticos, estes são devolvidos a seus
respectivos autores colaboradores para que possam realizar os ajustes necessários, reorganizar
algumas ideias, refazer alguns cálculos e, assim, refletir novamente.
Esta troca pode acontecer quantas vezes o professor julgar necessário, até porque a cada
versão a escrita expressiva vai sendo aperfeiçoada, ampliada e, os conhecimentos podem ser
expandidos.
Existe ainda a possibilidade de conciliar a troca dos livros paradidáticos entre os próprios
estudantes para análises e sugestões, o que também poderia enriquecer o processo de escrita em
cada livro.
32

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta de atividades com o livro paradidático demonstrou que atividades pensadas


com o intuito de reunir a literatura, a escrita expressiva, com o ensino de matemática, em
específico, o ensino de geometria espacial, é mais uma forma de se ensinar e aprender
matemática. Os alunos se sente motivados quando percebem que compreenderam o conteúdo,
que são capazes de relatar, de prosseguir a história abordada.
Sendo assim, o livro paradidático “A viagem geométrica” foi desenvolvido com o intuito
de desenvolver o hábito da reflexão e criticidade nos alunos a partir da escrita expressiva, sem
deixar de explorar um pouquinho do mundo fictício e ao mesmo tempo as curiosidades da
história da matemática.
Embora a escrita expressiva tenha se demonstrado como uma forma eficaz de se estudar
matemática, é perceptível que sua utilização ainda é um desafio no ambiente escolar, pois não
se trata de um trabalho fácil e “prático” para os alunos e professores. Esta exige reflexão e
dedicação tanto dos alunos que precisam se dedicar para conseguir escrever, como dos
professores que precisam realizar a leitura de cada escrita com o intuito de direcionar para um
aprimoramento, para maiores descobertas. É importante lembrar, também, que cada livro
paradidático vai se voltando para as características de seu escritor/colaborador, logo, não é em
uma única versão que o professor conseguirá contemplar todo o conteúdo, e necessitará,
portanto, de um trabalho contínuo e direcionado, mas ao mesmo tempo revelador.
33

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros


Curriculares Nacionais: Matemática. (3º e 4º ciclos do ensino fundamental). Brasília:
MEC; SEF, 1998.

_______-. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum


Curricular. Brasília, DF, 2016. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-
content/uploads/2018/06/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em 23 mar.
2018.

BRITTON, James; et al. The development of writing abilities. 18 ed. Londres: Macmillan,
1975.

DALCIN, Andreia. Um olhar sobre o paradidático de Matemática. ZETETIKÉ, Campinas,


v. 15, n. 27, p. 25-36, 2007.

Imagem de Euclides de Alexandria no livro paradidático. Disponível em:


<https://br.pinterest.com/pin/291397038372121443/?lp=true>. Acesso em: 15 set. 2018.

Imagem do Canudo (porta mapas) no livro paradidático. Disponível em:


<https://www.americanas.com.br/produto/15098944>. Acesso em 15 set. 2018.

Ilustrações e cenários no livro paradidático. Disponível em:<https://pixabay.com/pt/>. Acesso


em: 15 set. 2018.

KLUSENER, Renata. Ler e escrever compromisso de todas as áreas: Ler, escrever e


compreender a matemática, ao invés de tropeçar nos símbolos. 4 ed. Porto Alegre: Ed.
Universidade/ UFRGS, 2001.

LORENZATO, S. Por que não ensinar Geometria?. Revista da Sociedade Brasileira de


Educação Matemática, Blumenau, n. 4, p. 3-13, jan./jun. 1995.

MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em:


<http://michaelis.uol.com.br/palavra/NRDV/expressivo/>. Acesso em: 08 abr. 2018.

MUNAKATA, Kazumi. Produzindo livros didáticos e paradidáticos. 1997. 223 f. Tese


(Doutorado em Educação) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1997.
34

PASSOS, Carmen Lucia Brancaglion. Representações, interpretações e prática


pedagógica: a geometria na sala de aula. Tese de doutorado (Universidade Estadual de
Campinas – Faculdade de educação), 2000.

POWELL, Arthur B.; BAIRRAL, Marcelo. A escrita e o pensamento matemático:


interações e potencialidades. Campinas: Papirus, 2006.

PINTO, Anildo Gonçalves. Uma Proposta de Livro Paradidático como Motivação para o
Ensino de Matemática. Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional.
Seropédica, 2013. Disponível em: <http://bit.profmat-
sbm.org.br/xmlui/handle/123456789/512>. Acesso em: 18 jun. 2018.

SMOLE, Kátia C. S. Textos em Matemática: Por que não? In: SMOLE, K. S.; DINIZ, M. I.
(Org.). Ler, escrever e resolver problemas: habilidades básicas para aprender matemática.
Porto Alegre: Artmed, 2001. p. 29-68.

Você também pode gostar