Você está na página 1de 10

Eliseu Alberto Agostinho

Softwares Educativos no Ambiente de Ensino e Aprendizagem

Licenciatura em Ensino de filosofia

Universidade Pedagógica

Maputo

2020
Eliseu Alberto Agostinho

Softwares Educativos no Ambiente de Ensino e Aprendizagem

Licenciatura em Ensino de Filosofia 3º Ano

Trabalho Científica a ser apresentada na


Faculdade de Ciências Sociais e
Filosófica da Universidade Pedagógica de
Moçambique sob orientação da Sheila
Sitoe

Universidade Pedagógica

Maputo

2020
Índice

Introdução-----------------------------------------------------------------------------------4

Softwares Educativos no Ambiente de Ensino e Aprendizagem--------------------5

O Uso das TICS para Pessoas com Deficiência Visual (NVDA) --------------------7

As Implicações do NVDA no Processo de Ensino e Aprendizagem------------------8

Considerações Finais--------------------------------------------------------------------------9

Referências Bibliográficas
Introdução

Com o advento do desenvolvimento tecnológico, a humanidade deu um salto significativo na


sua condição bem como nas suas relações. A educação como um processo que é peculiar ao
homem, também sofreu transformações.

Neste trabalho pretende-se apresentar de forma sintética algumas observações sobre os


softwares educativos, bem como a utilização do NVDA como um software alternativo usado
pelas pessoas invisuais para aceder as TICS.

Estruturalmente o texto está dividido em três (3) secções, em que a primeira é dedicada a
algumas observações sobre os softwares educativos no ambiente de ensino de ensino e
aprendizagem; a segunda falar-se-á do uso das TICS para pessoas com deficiência visual
(NVDA); e na terceira são apresentadas as implicações do NVDA no processo de ensino e
aprendizagem; e por fim são feitas as considerações finais.
Softwares Educativos no Ambiente de Ensino e Aprendizagem

Software educativo é todo software que tem por objetivo principal o ensino-aprendizagem, ou
seja, é todo aquele que possui fins pedagógicos. Existe diferença entre software educacional e
software educativo? O software educativo tem como objetivo criar um espaço de
aprendizagem sobre determinado tema/conteúdo. Existem, porém, softwares que não são
desenvolvidos com este objetivo, mas podem se tornar educacionais à medida que são
explorados num contexto de ensino-aprendizagem com orientação metodológica que
proporcione o desenvolvimento de um conceito, a apropriação de uma técnica, etc. Esses
softwares que não possuem inicialmente o objetivo de educar, mas que são explorados em
situações de aprendizagem, são chamados de softwares educacionais.

Embora não haja um consenso sobre como “classificar” os softwares educativos, existem
conjuntos de características que auxiliam na definição ou agrupamentos por tipos de
softwares, como tutoriais, simulação, modelagem, linguagem de programação, jogos, etc.
(VALENTE, 1999).

É importante discernimos que o fato de integrar imagens, textos, sons, vídeos, animações, e
mesmo a interligação de informações em sequências não-lineares, não garante a boa
qualidade pedagógica de um software educacional. Programas e projetos visualmente
agradáveis, bonitos e até criativos podem continuar representando um paradigma tradicional,
ao dispor uma série de informações que serão transmitidas ao aluno que, como uma

tábula rasa, deverá absorver. Valente (1999) alerta que, quando tratamos de um software com
finalidade educacional, a fundamentação teórico-pedagógica requer atenção especial. É
importante observar as especificações do software quanto ao público-alvo, o método para
utilização, materiais de suporte necessários relacionados ao uso do software, formas de
apresentação do conteúdo (consistência e estrutura) e principalmente estímulo à criatividade,
imaginação, raciocínio, trabalho em grupo e nível de envolvimento do usuário.

O simples facto de um software possuir sons e animações não é um indicativo para que ele
seja classificado como construtivista. Ao mesmo tempo, é importante ficar atento aos
softwares classificados como tradicionais, pois esses podem trazer contribuições educativas
de acordo com a proposta educativa prevista.

Para se apropriar pedagogicamente dos softwares, é importante analisá-los identificando se a


tecnologia educacional é apropriada para os objetivos pedagógicos propostos pelo professor.
É importante destacar que um aplicativo, um jogo ou qualquer outro software, ainda que com
fins de entretenimento, podem vir a ter potencialidades educacionais. O olhar do professor
para as possibilidades pedagógicas dessas tecnologias poderá definir o caráter educacional do
software. Valente (1999) destaca que cada um dos diferentes softwares aplicados à educação
apresenta características que podem favorecer, de maneira mais ou menos explícita, o
processo de construção do conhecimento. É isso que deve ser analisado, quando escolhemos
um software para ser usado em situações educacionais.
O dinamismo caracterizado pelos avanços das Tecnologias da Informação e Comunicação
(TIC), na sociedade contemporânea, provoca profundas mudanças no mundo do trabalho e no
âmbito educacional. São muitas as discussões na busca de novos paradigmas para pensar a
organização e estruturação dos contextos atuais de formação mediados pelas tecnologias
midiáticas. Neste cenário de ampliação das tecnologias, o que se põe em questão não é o uso
dos aparatos tecnológicos e sim as possibilidades múltiplas de interagir com os diversos
mundos que se cruzam e as inúmeras oportunidades de articulação entre diferentes formas de
saber que precisam ser revistas. Repensar a educação nesse contexto ultrapassa a perspectiva
tecnicista de aprender a lidar com as tecnologias, armazenando, transmitindo e estocando
informações em uma via única de comunicação. O grande desafio da educação centra-se
exatamente na produção de conhecimento em rede, em que todos os sujeitos conectados são
responsáveis e participantes coletivos da construção de saberes significativos e
contextualizados. Nessa formação, incentiva-se o pensar crítico e criativo pautado em noções
de ética, solidariedade e colaboração. As técnicas de comunicação e o papel da informática
com base digital não seria o de criar as máquinas de ensinar ou, ainda, de substituir o homem,
promovendo uma pseudo “inteligência artificial, mas promover a construção de coletivos
inteligentes, nos quais as potencialidades sociais e cognitivas de cada um poderão
desenvolver-se e ampliar-se de maneira recíproca” (LÉVY, 2000, p. 25).

Dado que aprendizagem é um processo de ligação entre o indivíduo e o mundo em que vive,
garantindo-lhe a construção de seus próprios sensos, sentidos, significados e dissensos, em
múltiplos âmbitos, a partir de suas próprias leituras de mundo (que são subjetivas e
enraizadas), de suas interações socioculturais e também das informações e do conhecimento
acumulado e disponível na sociedade (FRÓES, 2000), é irrefutável o envolvimento de
diferentes actores para que o processo de ensino e aprendizagem seja efectivo.

Entretanto, no uso das TICS o papel do professor é extremamente importante, visto que ele
como mediador no processo da aprendizagem deve estar dotado de conhecimentos inerentes
ao domínio das TICS para que a sua actuação dê resultados desejados.

Para que o professor faça uso dos Ambientes Virtuais de forma coerente e adequada à sua
concepção de educação, é importante ter em mente o projeto pedagógico que envolve os usos
de um AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) ou de um AVE (Ambiente Virtual de
Ensino), a fim de favorecer a intencionalidade educativa dos processos de aprendizagem a
serem trabalhados de forma individual e coletiva.

Assim para que se materialize a actividade educativa, mediante a utilização dos softwares
educativos devem existir condições metodológicas, materiais e intelectuais. E desta forma, o
processo de ensino e aprendizagem irá englobar diferentes factores partindo das ajudas ao
método e dos aparelhos aos recursos; já não se procura o ensino pelo professor, mas a
aprendizagem pelo aluno; as técnicas isoladas agrupam-se numa tecnologia e o objectivo
final é optimizar os processos na sala de aula
O Uso das TICS para Pessoas com Deficiência Visual (NVDA)

Existem deferentes tipos de softwares que foram desenvolvidos para auxiliar as pessoas com
necessidades especiais para a utilização das tecnologias de informação e comunicação (TICS)

No caso das pessoas com deficiência visual, podem-se enumerar alguns softwares que têm
sido de grande valia para a sua acessibilidade no mundo tecnológico. Dentre vários softwares
deste género podem-se destacar: Jaws, Dosvox, Nvda, etc. Nesta secção falar-se-á apenas do
Nvda por ser um dos softwares mais acessíveis, gratuito e de fácil aquisição, bem como de ter
múltiplas funções e permitir ser utilizado em diferentes línguas.

O NVDA (Non Visual Desktop Access) é um software open-source e gratuito com muitas
funcionalidades flexíveis, como as opções de voz, e diferenciadas como a usabilidade do
mouse. A sua facilidade de utilização e seu constante aperfeiçoamento torna esse software
altamente competitivo perante os softwares comerciais como o JAWS, VIRTUAL VISION e
SUPERNOVA. Comandos simples, com poucas teclas e diversas opções de configuração de
voz tornam o NVDA um software leitor de tela completo.

O NVDA é desenvolvido pela NV Access, uma organização não governamental, e está hoje
em sua quarta versão estável, existindo uma quinta versão de testes RC1. Com alvo na
plataforma Windows, o NVDA pode utilizar várias opções de sintetizadores de voz e tem
suporte para inúmeras línguas diferentes. Funcionalidades equivalentes aos softwares
comerciais e outras inovações fazem do NVDA uma ótima alternativa de software livre.

O NVDA é um software compatível com a plataforma Windows. Sua compatibilidade na


versão 0.6p3.2 é garantida nos sistemas Windows 2000, Windows XP 32 bits e Windows
Vista 32 bits. No Windows 7, o NVDA foi testado e funciona sem dificuldades, já que este
último sistema operacional permite fazer a instalação com compatibilidade para versões
anteriores do Windows

Suas principais características incluem:

 Habilidade para rodar a partir de um cabo USB ou qualquer media portátil sem a
necessidade de instalação;
 Navegar na Internet com o Mozilla Firefox;
 Instalador falado, fácil de usar;
 Funciona com email usando-se Mozilla Thunderbird;
 Suporte para Microsoft Internet Explorer, básico para Microsoft Outlook Express /
Windows mail Suporte;
 Suporte básico para Microsoft Word e Excel;
 Suporte para aplicativos Java acessíveis;
 Suporte para Adobe Reader, para IBM Lotus Symphony, para o Prompt de comandos
do Windows;
 Anúncio automático do texto onde o mouse estiver e indicação audível opcional da
posição do mouse.
No entanto existem várias funcionalidades do NVDA como sintetizador de voz que
possibilita ao usuário fazer a leitura de conteúdos em qualquer idioma, contanto que eles
tenham um sintetizador de voz capaz de falar aquele idioma em particular. O NVDA é
equipado com o eSpeak, um sintetizador de voz gratuito, de código aberto e multi-idiomas.
Além disso, também pode usar as ferramentas de voz SAPI4 e SAPI5, bem como o
sintetizador de voz Audiologic.

No que diz respeito ao design e implementação, o NVDA é escrito na linguagem de


programação Python, e é construído em módulos, e a maior parte de seu código pode ser
facilmente expandida com a finalidade de suportar novos programas e/ou controles no
Windows. Buffers virtuais podem ser escritos para permitir que o NVDA suporte documentos
complexos, objetos do NVDA podem ser escritos para adicionar suporte a controles
específicos. O NVDA sempre tenta tornar controlos e elementos de um programa ou sistema
operacional o mais acessível possível, de forma que o usuário possa buscar ativamente
qualquer informação de que precise.

As Implicações do NVDA no Processo de Ensino e Aprendizagem

As transformações verificadas no campo educativo, influenciadas nos últimos anos com o


advento das tecnologias de informação e comunicação, também possibilitaram de forma
considerável a inclusão das pessoas com deficiência visual singrarem no processo de ensino e
aprendizagem.

O desenvolvimento de softwares especiais com múltiplas funções para auxiliar as pessoas


invisuais no uso das TICS mostra-se como alternativa extremamente relevante. Pois, os
métodos tradicionais de aprendizagem para as pessoas desta camada social, eram demasiados
onerosos, e difícil acesso.

Por exemplo a pauta braille e maquina braille que custa entre 100 a 1000 dólares
respectivamente, limita muitas pessoas que precisam desses instrumentos para puderem
aprender. Para além da limitação financeira para adquirir esses materiais, também existem a
outra dificuldade que a de aquisição de papéis para escrita braille, que no mercado não está
disponível ao preço muito acessível. Portanto, com as TICS o processo de aprendizagem
torna-se mais acessível, porque deste que haja um computador simples é possível instalar o
NVDA como um dos softwares que auxiliam as pessoas invisuais no uso das TICS. O NVDA
deste modo, torna-se como uma alternativa viável na integração das pessoas invisuais no
processo da sua aprendizagem.
Em suma o uso do NVDA tem sido um factor realmente impactante na vida dos seus
usuários, visto que, a utilização deste software permite que os seus usuários utilizem as TICS
de forma independente, em várias funções tais como: a leitura de documentos; acesso a
internet; a digitação de textos de vária ordem entre outras, que ampliam deforma significativa
os horizontes de aprendizagem daqueles que precisam de uma atenção mais especifica para
que consigam desenvolver suas habilidades, competências intelectuais e desta forma
conseguirem se sentir aptos em intervir sem muitos obstáculos no mundo social em que estão
inseridos. Promovendo assim o seu bem-estar e o desenvolvimento social. Económico e
cultural do meio em que estão inseridos.

Considerações Finais

A educação como uma actividade humana que consiste em ensinar alguém a aperfeiçoar as
suas capacidades intelectuais e morais, tem experimentado novos paradigmas com o advento
da tecnologia.

A informática educacional torna-se um elemento essencial para a educação, nesta era da


sociedade de informação. Os softwares educativos passam a ser instrumentos imprescindíveis
na optimização dos resultados do processo de ensino e aprendizagem.

Para as pessoas invisuais, o NVDA é recurso indispensável ao pensarmos numa educação


informatizada. Porque com o tal recurso o processo de ensino e aprendizagem torna-se mais
dinâmico, inclusivo e relativamente acessível.

Portanto, a importância da utilização do NVDA é obviamente fundamental para as pessoas


que precisam de recursos especiais para utilizar as TICS.
Referências Bibliográficas

FRÓES, Teresinha. Sociedade da informação, sociedade do conhecimento, sociedade da


aprendizagem: implicações ético-políticas. In: LUBISCO, Nídia M. L.; BRANDÃO, Lídia
M. B. (orgs). Informação e informática. Salvador: Edufba, 2000.

LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo:
Edições Loyola, 2000

VALENTE, J. A. (org.) O computador na sociedade do conhecimento. Campinas,


UNICAMP/NIED, 1999

Você também pode gostar