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Ministério da Educação

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica


MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

Tópico do Conteúdo Programático – Definição da Importância da Educação Ambiental (O que é? Para que?)

A interação entre os homens e o ambiente ultrapassou a questão da simples sobrevivência. No decorrer deste século,
para se atender as necessidades humanas foi-se desenhando uma equação desbalanceada: retirar, cosumir e descartar.
Ao contrário de outros seres vivos que, para sobreviverem, estabelecem naturalmente o limite de seu crescimento e
consequentemente o equilíbrio com outros seres e o ecossistema onde vivem, a espécie humana tem dificuldade em
estabelecer o seu limite de crescimento, assim como para relacionar-se com outras espécies e com o planeta. Essa é a
fronteira entre o conhecimento e a ignorância humana sobre sua própria casa, o Planeta Terra (Diniz et al., 2012).
Hitoshi Sato (1998) em seu texto “Examinando as raízes”, cita a autora Donella Meadows e seu livro “Conceitos
para se fazer Educação Ambiental” onde a autora ilustra a evolução da raça humana e suas ações no meio em que vive,
citado a seguir:
“Quantas dificuldades e quantos desafios devem ter enfrentado os primeiros seres humanos,
quando surgiram, há uns cinco milhões de anos, em nosso “Planeta Azul!” ...a natureza era mais
poderosa que os homens....os afetava mais de que era afetada por eles. Só sobrevivia quem
soubesse relacionar-se com o ambiente. Todos precisavam saber quais frutos serviam para comer,
onde encontrar água durante a seca, como evitar onças, que plantas serviam como bons materiais
de construção, faziam um bom fogo ou um bom remédio. O conhecimento ambiental era também
necessário para a proteção contra ataques da natureza e para o aproveitamento de suas
riquezas.”

Vídeo: História da Humanidade – Agricultura – Egito (Disponível na Plataforma Moodle)

De acordo com Donella Meadows, “desde o primeiro momento em que os seres humanos começaram a interagir
com o mundo ao seu redor, e ensinaram seus filhos a fazerem o mesmo, estava havendo educação e educação
ambiental”. Contudo, para essa mesma autora, com a urbanização e evolução da civilização, a percepção do ambiente
mudou drasticamente e a natureza passou a ser entendida como “algo separado e inferior à sociedade humana”,
ocupando uma posição de subserviência. Chega-se aos dias de hoje com a maioria da população vivendo em centros
urbanos. A água limpa sai da torneira e a suja vai embora pelo ralo, o lixo produzido diariamente é levado da frente das
casas sem as pessoas terem a mínima preocupação de saber qual o seu destino. Ou seja, a grande maioria da população
não consegue perceber a estreita correlação do meio ambiente com o seu cotidiano (Diniz et al., 2012).
O surgimento de problemas sócio-ambientais como ameaçadores à sobrevivência da vida na terra é um fenômeno
relativamente novo para a humanidade. À medida que o ser humano se distanciou da natureza, passou a encará-la não
mais como um todo em equilíbrio, mas como uma gama de recursos disponíveis, capazes de serem transformados em
bens consumíveis. Em poucas décadas eram muitos os sintomas que indicavam que este modelo não era sustentável.
Primeiro, os recursos naturais são finitos e insuficientes para alimentarem as crescentes demandas das sociedades de
consumo. Segundo, o bem estar sedutor e ilusório do consumo, só é vivido por uma pequena parcela da população
humana, pois a maioria luta apenas para sobreviver, tendo que enfrentar, agora, os graves problemas ambientais
causados pelo próprio modelo econômico. Finalmente, o ser humano é uma espécie entre milhares que depende do todo
para sua sobrevivência neste planeta. É a única que tem esta consciência e o poder de intervir benéfica ou
maleficamente no ambiente e, portanto, sua responsabilidade é inigualável (Pádua, 1997).
Observem algumas contradições (Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 1999):
 Diariamente cerca de 35 mil pessoas no mundo morrem de inanição, principalmente crianças, o que equivale à queda
e destruição diária, sem sobreviventes, de 100 grandes aviões lotados. E, também, todos os dias aumenta em 220 mil o
número de bocas a serem alimentadas no planeta. No entanto, a cada ano, a produção mundial de alimentos é suficiente,
rica em nutrientes e variadas, para alimentar a população do mundo todo.
 Diariamente perdem-se centenas de milhões de toneladas de terra da camada superficial do solo, devido à erosão. Isto
equivale à perda anual de uma área como a de Portugal ou Hungria. As regiões desérticas, nas diversas partes do
mundo, aumentam a cada quatro anos, numa área equivalente à Grã-Bretanha ou à Gana. Todavia, a quantidade total de
alimentos produzidos pelos agricultores dobrou nestes trinta anos. Existem, já são conhecidas e aplicadas, tecnologias
que permitem alta produção sem degradação do solo, das águas ou da vida silvestre do entorno.
 Um quarto do total de água doce que circula no globo tornou-se inaproveitável, devido à poluição gerada pelo
homem. Nos países em desenvolvimento, apenas 40% da população bebe água limpa e saudável. Mas, a quantidade de
dinheiro necessário para obter água limpa para o mundo todo é muito menor do que o montante gasto com o consumo
de supérfluos.
 As florestas tropicais sofrem uma perda anual equivalente à área da Áustria, e essa degradação causa inundações e
secas, erosão do solo, assoreamento das barragens, perda de espécies, além da destruição de estradas, campos,
assentamentos humanos e culturas nativas. Metade das florestas da Europa Central está morrendo devido à poluição do
ar e à chuva ácida, o mesmo acontecendo na China e na América do Norte. Porém, em alguns pontos do globo existem
ações que têm mostrado competência para administrar uma produção florestal capaz de gerar suprimento para décadas e
mesmo séculos; planos de reflorestamento estão recuperando árvores, solos, rios e toda a vida silvestre que essas
florestas abrigam.
Os impactos negativos do conjunto de problemas ambientais resultam principalmente da precariedade dos serviços e
da omissão do poder público na prevenção das condições de vida da população, porém, é também reflexo do descuido e
da omissão dos próprios moradores, inclusive nos bairros mais carentes de infraestrutura, colocando em xeque aspectos
do interesse coletivo. Isso traz à tona a contraposição do significado dos problemas ambientais urbanos e das práticas de
resistência dos que “tem” e dos que “não tem”, representados sempre pela defesa de interesses particularizados, que
interferem significativamente na qualidade de vida da cidade como um todo (Cascino et al., 1998).
De acordo com Cascino et al. (1998), a postura de dependência e de des-responsabilização da população decorre
principalmente da desinformação, da falta de consciência ambiental e de um déficit de práticas comunitárias, baseadas
na participação e no envolvimento dos cidadãos, que proponham uma nova cultura de direitos baseada na motivação e
na coparticipação da gestão ambiental das cidades.
Em vista do relatado, todas as nações e povos precisam compreender como funcionam os sistemas naturais;
precisam ter acesso à informação sobre a real situação do planeta e precisam de técnica e instrumentos para um
gerenciamento ambiental criterioso, eficiente e produtivo. É necessário comprometer-se a usar os recursos terrestres
com sensibilidade, de modo a permitir a todos o acesso justo às suas riquezas. E aí chegamos à tarefa fundamental da
educação ambiental: desenvolver essa compreensão, difundir a informação, os instrumentos e as técnicas, e ainda
inspirar o engajamento.

O que é Educação Ambiental?

Layrargues (2004) define, minuciosamente, Educação Ambiental. Segundo ele, Educação Ambiental é um vocábulo
composto por um substantivo e um adjetivo, que envolvem, respectivamente, o campo da Educação e o campo
Ambiental. Enquanto o substantivo Educação confere a essência do vocábulo “Educação Ambiental”, definindo os
próprios fazeres pedagógicos necessários a esta prática educativa, o adjetivo Ambiental anuncia o contexto desta prática
educativa, ou seja, o enquadramento motivador da ação pedagógica. O adjetivo Ambiental designa uma classe de
características que qualificam essa prática educativa, diante desta crise ambiental que ora o mundo vivencia. Entre essas
características, está o reconhecimento de que a Educação tradicionalmente tem sido não sustentável, tal qual os demais
sistemas sociais, e que para permitir a transição societária rumo à sustentabilidade, precisa ser reformulado.
Portanto, para Layrargues, Educação Ambiental é o nome que historicamente se convencionou dar às práticas
educativas relacionadas à questão ambiental. Assim, “Educação Ambiental” designa uma qualidade especial que define
uma classe de características que juntas, permitem o reconhecimento de sua identidade, diante de uma Educação que
antes não era ambiental.
Na Conferência de Tbilisi, que ocorreu em 1977 na Geórgia (país situado na fronteira entre a Europa e a Ásia), a
Educação Ambiental foi definida como uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a
resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de um enfoque interdisciplinar e de uma participação ativa
e responsável de cada indivíduo e da coletividade (Seco e Sekine, 2009).
Na Agenda 21, a Educação Ambiental é definida como um processo que busca:
“... desenvolver uma população que seja consciente e preocupada com o meio ambiente e com
os problemas que lhe são associados. Uma população que tenha conhecimentos, habilidades,
atitudes, motivações e compromissos para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de
soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos...” (Capítulo 36 da Agenda
21).

Na Rio-92 (Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento) a educação
ambiental foi caracterizada da seguinte forma:
“A educação ambiental se caracteriza por incorporar as dimensões socioeconômicas, política,
cultural e histórica, não podendo se basear em pautas rígidas e de aplicação universal, devendo
considerar as condições e estágio de cada país, região e comunidade, sob uma perspectiva
histórica. Assim sendo, a Educação Ambiental deve permitir a compreensão da natureza
complexa do meio ambiente e interpretar a interdependência entre os diversos elementos que
conformam o ambiente, com vista a utilizar racionalmente os recursos no presente e no futuro
(Dias, 1994).
De acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999, em seu artigo 1º:
Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e
sua sustentabilidade.

No livro “Conceitos para se fazer educação ambiental” da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo publicado em
1999 encontramos diversas formas de se definir Educação Ambiental:
 Educação ambiental é a preparação de pessoas para sua vida enquanto membros da biosfera;
 Educação ambiental é o aprendizado para compreender, apreciar, saber lidar e manter os sistemas ambientais na sua
totalidade;
 Educação ambiental significa aprender a ver o quadro global que cerca um problema específico – sua história, seus
valores, percepções, fatores econômicos e tecnológicos, e os processos naturais ou artificiais que o causam e que
sugerem ações para saná-lo;
 Educação ambiental é a aprendizagem de como gerenciar e melhorar as relações entre a sociedade humana e o
ambiente, de modo integrado e sustentável;
 A Educação ambiental significa aprender a empregar novas tecnologias, aumentar a produtividade, evitar desastres
ambientais, minorar os danos existentes, conhecer e utilizar novas oportunidades e tomar decisões acertadas.
No Tocantins, a Política Estadual de Educação Ambiental, Lei nº 1.374 de 08 de abril de 2003, em seu artigo 2º
define:
Educação ambiental é o processo pedagógico que tem por objetivo a formação e o
desenvolvimento do homem e da coletividade com vistas à conservação do meio ambiente
ecologicamente equilibrado, abrangendo:
I- agregação de valores sociais, conhecimentos e habilidades;
II- estímulo à compreensão dos problemas ambientais;
III- indicação de alternativas;
IV- Emprego adequado das potencialidades.
Parágrafo único: A educação ambiental é objeto constante de atuação direta da prática pedagógica,
das relações familiares, comunitárias e dos movimentos sociais.

Portanto, de acordo com todas as definições acima, ao trabalhar com Educação Ambiental, não basta que os
preocupemos apenas com o aspecto ecológico de uma questão. A Educação Ambiental também incorpora dimensões
sociais, políticas, econômicas, culturais, ecológicas e éticas, para a compreensão dos mecanismos de inter-relação
natureza-homem (Seco e Sekine, 2009).
Pode-se trabalhar com Educação Ambiental em três grandes áreas:
1. Educação formal – desenvolvida nas escolas, em todos os níveis, não como disciplina específica, mas em todas as
disciplinas, como elo que as interliga.
2. Educação não formal – direcionada à comunidade, como a visitantes de uma área de proteção ambiental, a uma
empresa com seus funcionários, à educação ambiental feita nos bairros, entre tantas outras propostas possíveis. São
desenvolvidas por associações de bairros, comerciais, industriais, organizações não governamentais ou por instituições
de ensino, a exemplo dos cursos de extensão universitária.
3. Educação informal – transmitida, o próprio nome já o diz, de maneira informal, como as informações que são
veiculadas pelos jornais, rádio, TV, filmes, peças teatrais, outdoors, traseiras de ônibus, em meio a outros.
Embora a Educação Ambiental possa ser feita da maneira formal, nas escolas, em todos os níveis de ensino, deve ser
estendida, como educação não formal, ao público em geral. Pode ser feita também em diversos segmentos da
população, como organizações de bairros, empresas, associações, etc.
O professor Antonio Rocha, citado por Mead (1998), acredita que a Educação Ambiental só é eficiente quanto
trabalha três esferas ou domínios:
 Esfera cognitiva – é o campo do conhecimento onde a pessoa recebe as informações básicas sobre os temas que
estão sendo trabalhados, sobre a área natural e o mundo construído pelo ser humano. Como afirmou o filósofo grego
Paracelso: “Quanto mais conhecimento houver inerente numa coisa, maior o amor. Aquele que imagina que todos os
frutos amadurecem ao mesmo tempo, como as cerejas, nada sabe a respeito das uvas.”

Cognitivo é uma expressão que está relacionada com o processo de aquisição de conhecimento. A cognição
envolve fatores diversos como o pensamento, a linguagem, a percepção, a memória, o raciocínio etc., que fazem
parte do desenvolvimento intelectual.

 Esfera afetiva – simbolizada pelo amor pela mãe-natureza. Sem ela, a Educação Ambiental perde efetividade pois,
através da esfera afetiva, a pessoa se sensibiliza, para agir em favor do ambiente e de um mundo sustentável.
 Domínio técnico – para exercer o desenvolvimento sustentável, não bastam as informações teóricas, ou gostar da
questão. Devem-se conhecer formas para transformar a teoria em prática. Por isso, a transmissão deste conhecimento é
fundamental, como parte da Educação Ambiental.

Vídeo: O planeta terra sem o homem - http://www.youtube.com/watch?v=W7knYa1nSqk


(Disponível na Plataforma Moodle)

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