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Preguiça

Não se engane com a preguiça, ela pouco tem a ver com a moleza ou a momentânea falta de
vontade de fazer algo. Ela é muito mais forte e um de seus poderes é deixar a vida vazia, sem
sentido; levando o homem a uma experiência dolorosa, sofrida e destrutiva. A acédia, como
também é conhecida, é uma palavra deriva do grego acknos, que quer dizer "não se importar com
alguma coisa". é o enfraquecimento da alma, que nos afasta da realidade e de nós mesmos.

A preguiça é uma letargia que aos poucos suga a vida ou deixa um vazio no espírito. “É
caracterizado pela falta de paixão, de vontade e de motivação que nos leva à melancolia, à apatia e
à indiferença", explica Claude Barbre, psicólogo e professor da Escola de Psicologia Profissional
de Chicago, em um artigo ao jornal Correio Brasiliense.

Nas escrituras cristãs, esse pecado é visto como um vício primário, mais perigoso e debilitador do
que o orgulho ou a inveja. A preguiça era considerada um tipo de exaustão do espírito, uma
distração da alma, que não é apenas uma perda de energia, mas um transtorno.

Segundo o especialista Barbre, não podemos classificá-la como uma depressão clínica, mas
podemos dizer que é uma depressão espiritual, e esse peso na alma é sinal de perigo. "Nos tempos
antigos, a preguiça não era apenas um pecado, mas era classificada como uma onda de 'maus
pensamentos' que influenciam uma visão negativa de si mesmo, dos outros e da realidade. Esse
fenômeno não é a nossa visão moderna de doença que geralmente inclui algum determinante
orgânico para que isso aconteça, é algo mais". Quando esse pecado chega, ele pode ser
avassalador. Ele faz com que nos sintamos perdidos em um enorme vazio; e então poucas coisas
farão sentido ao atingirmos a depressão espiritual.

Do ponto de vista psicológico, a “acedia” ou “preguiça” geralmente vem acompanhada de


desordens narcisistas em que faltam para a pessoa fontes internas de conforto e consolo para sua
existência. "É uma turbulência da mente, um distúrbio de si mesmo. Também pode se manifestar
hoje em dia nas nossas questões contemporâneas e fissuras interpessoais", comenta o psicólogo
americano. 

Infância 

A amargura em relação à vida pode acontecer todos os dias no mundo agitado em que vivemos.
Porém, sua causa está ligada, principalmente, ao trauma e à perda e pode ter origem na infância.
Acontecimentos dolorosos e com "essa falta de amor" podem influenciar nossa vida adulta. O
psicanalista americano Leonard Shingold chama essas rupturas de pequenos "assassinatos da
alma". Quando a criança se desenvolve, a habilidade de se identificar com uma realidade
compartilhada com os outros e de poder experimentar sua criatividade está profundamente
conectada à forma como é tratada e aos cuidados que recebe nos primeiros anos de vida. "Muitos
indivíduos passam para a vida adulta com um vazio espiritual que reflete o ambiente difícil que
eles podem ter tido na infância", afirma Barbre. A psicóloga britânica Anne McGuire diz no livro
The seven deadly sins - The dark companions of the soul (Os sete pecados capitais - As
companhias obscuras da alma) que a repetição constante de mantras como "eu não vou conseguir",
"eu não sou boa o bastante" ou "eu não sou inteligente" retrata a presença de uma sombra
antagonista. O indivíduo acaba alimentando um “ódio” por si mesmo e, depois de algum tempo,
pode acabar se rejeitando completamente. É por isso que a preguiça é vista como a raiz de todas as
outras tentações da mente e do corpo. "A auto-rejeição pode levar as pessoas a terem problemas de
saúde de todo tipo. É importante o bem-estar tanto da mente quanto do corpo", sugere Barbre. 
Por incrível que pareça, a preguiça, porém, também pode ser positiva. Ela pode funcionar como
um alerta de que precisamos reanimar nossa capacidade de amar. Está aí a principal diferença
entre esse pecado e a depressão clínica. "De acordo com os primeiros ascéticos, isso queria dizer
que, quando não tínhamos nada para nos fazer levantar, éramos jogados de volta à nossa essência.
E com isso, uma nova consciência poderia surgir e falar conosco quando todos os limites
desapareciam. Essa perda pode nos fazer encontrar uma nova motivação e um sentido mais
profundo para a vida", diz o psicólogo. Por isso é difícil recomeçar de onde parou, às vezes é
necessário voltar ao início de tudo, e refazer o caminho. Falei isso em um áudio que enviei para
vocês essa semana, falando da experiência com o meu computador, que não estava funcionando
bem, e quando eu reiniciei todo o sistema voltou a funcionar normalmente. Não estava
conseguindo sem que o desligasse completamente e iniciasse todo processo. Ninguém quer fazer
isso com as suas vidas, por isso, nunca conseguem encontrar o caminho. Até iniciam alguma
coisa, com muito esforço, mas de repente se veem paralisadas novamente. Não fecham seus ciclos,
não finalizam suas tarefas, e isso às coisas relacionadas à vida pessoal, e principalmente às coisas
relacionadas a Deus.

Dessa forma, se considerarmos a preguiça uma depressão da alma, ela pode ser um sinal de perigo
ou de oportunidade. "Do ponto de vista clínico, nós vemos a “acedia” não só como um termo
descritivo para perdas internas e externas que desperta características depressivas, mas também
como um sinal para rever essa perda de amor por si mesmo e pelos outros. Isso pode levar ao
redescobrimento. A preguiça pode sugerir esse tipo de paralisia moderna", diz especialista.

Para aqueles que sofrem com a preguiça ou têm alguma tendência a sofrer desse mal, a dica é lutar
contra ela, reconhecendo o sinal que ela nos dá quando surge, procurando rever as prioridades na
vida. Colocando as coisas em sua devida ordem: Deus – Família – Ministério – Trabalho –
Amigos etc.

Veja que esta palavra [preguiça ou acídia] como uma forma de depressão devida ao relaxamento
com as nossas obrigações espirituais, o que nos leva à diminuição da vigilância, à negligência do
coração. Ou seja, quando diminuímos os cuidados e obrigações com a nossa vida espiritual,
diminuímos a nossa capacidade de vigiar nossos sentimentos, e começamos a negligenciar no
cuidado do nosso coração, com a administração daquilo que estamos sentindo, e ficamos
vulneráveis aos ataques externos, e isso vai minar a nossa resistência ao mau, e consequentemente
nos levará a um desânimo. Se o coração está desanimado, sem gosto com relação aos
pensamentos, às lembranças, aos sentimentos, mesmo espirituais, a pessoa acaba prostrada, sem
forças, desanimada. Não se surpreenda, mas a presunção é a mãe da preguiça espiritual.

Jesus sempre insistiu na necessidade de o cristão estar acordado, vigilante. A presunção relaxa e
acaba com a vigilância. Quem nela se acomoda corre o sério risco de se perder, por isso alguns se
veem perdidos. Pedro presumiu que seria capaz de dar a sua vida por Jesus, mas se decepciona
consigo mesmo quando se viu negando ao Senhor por três vezes.

A fé exige um esforço, porque existe uma tendência no homem de sair da realidade e entrar nas
falsas promessas de felicidade contidas em cada tentação, em cada pecado. Por isso, é uma luta a
vida do homem sobre a terra olhe o que disse Jó: "Não é pesado o labor do homem na terra? Seus
dias não são como os de um assalariado? Como o escravo que anseia pelas sombras do
entardecer, ou como o assalariado que espera ansioso pelo pagamento, assim me deram meses de
ilusão, e noites de desgraça me foram destinadas.” (Jó 7:1-3)

A preguiça espiritual deve ser combatida com a ascese, a vigilância e o cuidado do coração que se
exerce, sobretudo na oração, no ouvir a Deus, deixá-lo falar, mesmo quando o ouvir não seja
agradável.
Jesus disse algo em Mateus 26.41: “O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26. 41).

O que Jesus quis dizer com a frase: “a carne é fraca”? Ele disse isto, justamente para fazer uma
contraposição ao espírito que está pronto. Então nesse contexto em que Jesus declara que a carne é
fraca, o significado da palavra “carne” não deve ser confundido com aquele significado tão
comum em outras partes do Novo Testamento que denota a natureza humana corrompida e caída,
e que é a fonte do desejo pecaminoso (cf. Romanos 7.25; 8.4-9).

W. Hendriksen diz que a palavra “carne”, no sentido que lhe é atribuído na expressão “a carne é
fraca”, indica a natureza humana considerada do prisma de sua fragilidade e necessidades, tanto
físicas quanto psíquicas (cf. Isaías 40:6-8).

Pelas escrituras, nós vemos que o próprio Cristo também estava familiarizado com o sentimento
das fraquezas humanas (Hebreus 4.15). “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa
compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem
pecado”. Essas fraquezas, no entanto, devem ser subjugadas à vontade de Deus.

Então ao dizer que “o espírito está pronto, mas a carne é fraca”, basicamente Jesus estava dizendo
que o espírito está sempre disposto, decidido, mas a carne, com suas debilidades naturais, não
acompanha essa disposição, ou decisão do espírito. Isso ficou muito claro no comportamento dos
discípulos.

Por isso Jesus disse aos seus discípulos: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na
verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.” (Mateus 26:41)

Somos tentados a ficarmos preguiçosos. Alguns teólogos ainda afirmam que ela é uma forma de
depressão devida ao relaxamento do que chamam de ascese, ou seja, a disciplina espiritual,
provocando a diminuição da vigilância, à negligência do coração. “O espírito está decidido, mas a
carne é fraca” (Mt 26, 41).

Quando uma pessoa está doente, ela não consegue comer comida forte, às vezes ela até sabe que
precisa comer, mas não tem apetite, então tem que tomar soro até se reestabelecer e depois então
começar a comer alimento sólido, assim é também a vida espiritual.

Volte voltar a fazer o que fazia, e ter a vida que tinha, mas ainda que você deseje muito, não
consegue, e se você quer realmente vencer a acédia, pare de tentar recomeçar de onde parou, pare
de lamentar o que ficou para traz, pare de culpar as pessoas por seus prejuízos, pare de se fazer de
vítima ou se fazer de forte, pare de mentir para si mesmo, pare de acreditar que você pode se
erguer sem a ajuda de Deus, pare de correr a atrás do prejuízo, deixe o prejuízo para trás e corra
atrás do Senhor, pare de se desculpar, se arrependa, se renda, se deixe ser possuído pelo Espírito
Santo, e seja cheio dEle, seja humilde para reconhecer que você precisa de ajuda e volte a dar
pequenos passos de fé, não faça promessas, apenas faça o que tem que ser feito, e acima de tudo
confie no amor de Deus e em breve tu verás que a restauração de fato do Senhor na sua vida.

O apostolo João nos deixou uma dica, que eu gostaria de compartilhar para fechar, ele disse:
“Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio...”
(Apocalipse 2:5a)

Que Deus te abençoe...

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