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O que é o princípio da retribuição e como entende-lo no livro de Jó? Fundamente.

Princípio - um conjunto de normas ou padrões de conduta a serem seguidos por uma


pessoa ou instituição. (www.significados.com.br)

Retribuição - s.f. Salário, paga, honorários, pagamentos, recompensa por trabalhos


feitos ou por serviços prestados. (www.significados.com.br)

Princípio da Retribuição, conforme Hans Kelsen, tem um caráter dúplice. Significa não
só que uma desvantagem sofrida por outrem deve ser devolvida com idêntica
desvantagem, mas, também, que uma vantagem recebida deve ser reembolsada com
vantagem semelhante.   A retribuição não tem o sentido, apenas, de castigo, mas
também de recompensa. (https://www.letacio.com)

O princípio da retribuição, como visto acima, é o entendimento de que toda a ação, boa ou
má, traz uma consequência direta e proporcional ao ato praticado.

Conforme Jó 4. 6-8,

“Sua vida piedosa não lhe inspira confiança?


E o seu procedimento irrepreensível não lhe dá esperança?
Reflita agora: Qual foi o inocente que chegou a perecer?
Onde os íntegros sofreram destruição?
Pelo que tenho observado, quem cultiva o mal e semeia maldade, isso também
colherá.”

Elifaz, o amigo da região de Temã, confirma sua crença no princípio da retribuição. Crença essa
comum na época e local, como visto também no famoso Código de Hamurabi, rei da primeira
dinastia babilônica, onde encontra-se a máxima “olho por olho, dente por dente”.

É uma teologia, também comum ao povo de Israel, de acordo com Hill e Walton.

“os amigos (de Jó) afirmam a teologia tradicional: o justo prosperará e o ímpio sofrerá.
Isso é denominado “princípio da retribuição” e é afirmado em geral nos livros de
Salmos e Provérbios”

“Tal dedução torna-se a base das acusações dos amigos contra Jó. Se o princípio da
retribuição e seu corolário são verdadeiros e se Deus é justo, Jó deve ser culpado de
crime terrível.”
(Panorama do A.T., A.E. Hill & J.H. Walton, p.365)

“Para os israelitas, este princípio era uma questão teológica: Se Deus é justo, por que o
justo sofre ou o ímpio prospera?”

(Panorama do A.T., A.E. Hill & J.H. Walton, p.384)

O povo de Israel e de toda a região, inclusive de Edon, como é sugerida ser a terra de Jó, criam
nesse princípio. Pois os textos religiosos antigos, inclusive os sagrados do A.T. hebraico, faziam
essas afirmações. Como podemos confirmar nos trechos abaixo:

Salmos 1
“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem
se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos
escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de
dia e de noite. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a
qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer
prosperará. Não são assim os ímpios; mas são como a moinha que o vento
espalha. Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na
congregação dos justos. Porque o Senhor conhece o caminho dos justos; porém
o caminho dos ímpios perecerá.”

Salmos 91:7,8
“Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti. Somente
com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.”

Dessa forma, podemos entender a visão teológica de Jó e de seus amigos, durante os discursos
sobre a justiça divina, de acordo com o princípio da retribuição.

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