O conto da aia, de Margaret Atwood, se passa num futuro muito próximo e tem como cenário uma república onde não existem mais jornais, revistas, livros nem filmes. As universidades foram extintas. Também já não há advogados, porque ninguém tem direito a defesa. Também não há advogados, porque ninguém tem direito de defesa. Cidadãos considerados criminosos são baleados e pendurados na parede de uma praça pública para servir de exemplo enquanto seus corpos apodrecem à vista de todos. Não é preciso fazer muita coisa – basta, por exemplo, cantar qualquer canção que contenha palavras proibidas pelo regime, como “liberdade”. Neste estado teocrático e totalitário, as mulheres são as vítimas preferenciais, anuladas por uma opressão sem precedentes. O nome desta república é Gilead, mas costumava ser os Estados Unidos da América. As mulheres de Gilead não têm direitos. Eles são divididos em categorias, cada uma com uma função específica no estado. Offred (Do Fred), personagem principal nos conta a história através de sua perspectiva, sendo uma Aia, ou seja, uma mulher criada para procriação, indo de casa em casa e permanecendo nela até conseguir dar a luz à um filho para o casal e depois reenviada a outro lar necessitado. É uma obra repleta de significados, por trás do novo nome da protagonista, da posição social das pessoas que convivem com ela, das roupas usadas pelas aias, do sistema e de suas imposições religiosas e até mesmo da rotina social detalhada ao longo das páginas. De fato, tudo por trás dessa história dá abertura para inúmeras reflexões e aprendizados, entrar na mente de uma mulher que tinha tudo, assim como nós, e de um dia para o outro não tem mais nada a não ser seu útero bom, é inexplicável. No entanto, o que causou confusão foi o fato de muitas das coisas que precederam a grande catástrofe são situações que estão ocorrendo nos dias de hoje, causando uma ideia de “livro profético”, pois demonstram que podemos chegar a realidade utópica demonstrada em O conto da Aia facilmente. Sei que o teor político da obra é alto, mas acho que o mais importante é a mensagem que fica. É confuso no início, porque Offred nos conta as coisas atuais junto com as memórias de sua vida antes dos assassinatos e durante o treinamento como Aia, mas em alguns capítulos nos acostumamos com a escrita da autora e os pensamentos da personagem, e a leitura flui sem problemas. Repleto de detalhes, sentimentos e diálogos que causam dor e tristeza imaginando o mundo em tal situação, a obra é uma espetacular distopia, recomendo.