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O documento francês enumera os objectivos deste país durante a CIG: uma maior
eficácia das instituições europeias, o aprofundamento da PESC e uma resposta ás
aspirações de segurança e de acção da Europa no domínio dos assuntos internos de
justiça. No que diz respeito às propostas da França, esta considera que a CIG não deve
reabrir o tema da UEM, nem discutir as políticas comuns.
A França tece considerações à volta dos três pilares da União Europeia. O
primeiro pilar comunitário leva a França a considerar que se deve fazer duas adaptações
no que diz respeito ao processo de decisão no Conselho. Deve-se por um lado introduzir
uma maior ponderação das vozes no Conselho, que tenham em conta os factores
demográficos, económicos e de contribuição financeira dos Estados membros. Por outro
lado deve-se alargar o campo dos assuntos que podem se decididos através do voto para
evitar os riscos de bloqueamento advindos da exigência de consenso. A França
considera no entanto que qualquer Estado membro deve poder continuar a invocar em
caso de desacordo, a existência de um interesse nacional vital que justifique o
adiamento do voto e a continuação das negociações, dentro da linha daquilo que se pode
chamar «compromisso do Luxemburgo».
No domínio da PESC, o documento propõe substituir o sistema actual de rotação
da presidência semestral do conselho, pela instauração de um «alto representante da
União» que seria investido de um mandato de vários anos (3 ou 5) e que poderia ter um
papel de animação e de representação no domínio da PESC. Este alto representante seria
designado pelo Conselho Europeu ou pelo Conselho de Ministros da União. Para lhe dar
apoio e lhe dar os meios necessários ao exercício das suas funções, o secretariado geral
do Conselho poderia ser reforçado.
No que diz respeito à defesa comum, o documento considera que seria necessário
tentar uma acção dentro das direcções seguintes: prever um modelo de decisão
específico em matéria de segurança de modo a não paralisar a capacidade do Conselho,
estabilizar as relações de vizinhança com Leste e com o Sul, consolidar as relações
transatlânticas e desenvolver as relações com a Rússia e a Ucrânia. No que diz respeito
aos processos de decisão no âmbito da PESC que estão previstos no tratado de
Maastricht, a França considera que seria conveniente evitar a rigidez ligada ao princípio
da unanimidade, e neste sentido a França propõe um exame da questão em que se
diferencia decisões políticas de princípio e decisões políticas de execução. A França
considera importante o recurso ao voto por maioria qualificada para estas decisões em
fase execução, e considera a hipótese da possibilidade de uma abstenção construtiva.
Nestas fases de execução, nenhum Estado membro deve ser obrigado a enviar tropas ou
realizar acções de polícia e ao mesmo tempo nenhum Estado membro poderia impedir
os outros Estados membros de pôr em prática medidas decididas, uma vez que a decisão
tenha sido adoptada. Para assegurar uma maior coerência da PESC, a França propõe
que o Conselho, a Comissão se comprometam a aplicar coerência já contida no Tratado
com vista a definir uma PESC efectiva e credível. A França considera também
importante a adaptação das instituições para que se possa falar de uma visibilidade e
continuidade da PESC, ou seja, trabalhar no sentido de se permitir à União Europeia ter
uma identidade nas suas relações externas e pronunciar-se em uníssono. O
financiamento da PESC deveria, no plano dos aspectos operacionais, encontrar os seus
financiamentos fora do orçamento comunitário.
No domínio da justiça e assuntos internos, a França considera que se deveria
tomar precauções no âmbito da política de asilo e imigração, quando estes temas são
alvo de considerações ao nível do processo comunitário. Em matéria de cooperação
policial, o documento francês considera que a cooperação intergovernamental actual
sobre este tema continua a ser a mais oportuna e a mais adequada. No entanto, o
documento sugere certos melhoramentos em matéria de cooperação judicial e,
nomeadamente, no que se refere a uma aproximação das legislações civis e penais dos
Estados membros. Neste sentido, o documento francês propõe antes de mais acordar à
Comissão uma capacidade de iniciativa dentro deste domínio, levando no entanto em
linha de conta a indispensável cooperação entre os Estados membros. Em seguida, o
documento propõe a participação dos parlamentos nacionais, desde logo na elaboração
dos textos legislativos de modo a que estes parlamentos não intervenham somente nas
partes de ratificação, mas também na elaboração dos textos. O texto propõe que se
reflicta sobre as vantagens da entrada em vigor dos textos legislativos redigidos tendo
em conta os aspectos de uma possível responsabilização comunitária no que se refere à
política de justiça e assuntos internos.
Finalmente o documento propõe que o tratado inclua uma clausula sobre a
questão da cooperação reforçada, com vista a permitir-se que os Estados membros que
queiram cooperar de forma mais estreita entre si o possam fazer. Deste modo, bastaria
que determinados Estados apresentassem ao Conselho um projecto de cooperação que,
uma vez aprovado por esta instituição, fossem considerados como autorizados pela
União Europeia no seu conjunto, criando assim um esquema que introduziria a
flexibilidade necessária nos tratados sem diminuir a coerência na União.