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PROPOSTA DA BÉLGICA

Como linha fundamental da política europeia da Bélgica, o governo belga


considera que um objectivo da política estrangeira deste país é a procura do
desenvolvimento da União Europeia sobre uma base federal, e dentro de um
contexto socio-económico onde o crescimento económico se desse a par do
progresso social. Em concreto, o governo belga considera que a introdução da
União Económica e Monetária (UEM) deve ser acompanhado de uma protecção
social reforçada, de normas que garantam uma protecção eficaz do ambiente e de
uma harmonização fiscal real. O governo belga declara-se igualmente favorável a
que a integração europeia mantenha uma óptica comunitária (isto é, federal) e
não intergovernamental, porque considera que o método comunitário permite
uma melhor eficácia, graças às decisões tomadas por maioria e uma protecção
eficaz contra os abusos de poder. O Governo belga considera ainda que a
integração europeia constitui para todos os Estados membros, um instrumento
que lhes permite exercer uma influencia real num contexto mundial que se
globaliza cada vez mais. Além disso, este governo anuncia que durante a
Conferência Intergovernamental (CIG) deixar-se-á guiar pelo seu desejo de
chegar a um aprofundamento da União.
Neste sentido, o governo belga anuncia as suas linhas directrizes fundamentais:
Com vista estimular o reforço das instituições, a Bélgica declara-se favorável à
confirmação do papel central da Comissão, ao reforço da capacidade de tomada de
decisão pelo Conselho de Ministros com a generalização das decisões tomadas por
maioria e pela promoção do controlo democrático pelo Parlamento Europeu;
O governo belga considera que o mercado interno deve ser estabelecido e
completado pela introdução de um patamar mínimo em matéria social, fiscal e
ambiental, matérias cuja harmonização deve ser feita de acordo com o processo da
maioria qualificada;
O governo belga mostra-se favorável a que o método comunitário seja aplicado
dentro da medida do possível no domínio da cooperação em matéria de justiça e
assuntos internos;
No que diz respeito à política externa e de segurança comum (PESC), o governo
belga mostra-se a favor do reforço do papel impulsionador e executor da Comissão, de
generalizar as decisões tomadas pela maioria e de recorrer aos mecanismos
comunitários de financiamento. O governo belga considera em particular que a União
da Europa Ocidental (UEO) deve ser aproximada o mais possível da União Europeia.
O governo belga julga que este aprofundamento deveria permitir à União Europeia
prosseguir o seu alargamento sem correr o risco de ser desmantelada e sem
comprometer a União Económica e Monetária. Neste sentido, e sobre o problema das
reformas institucionais necessárias para levar a bom termo o alargamento, a Bélgica
parte do princípio de que todos os países devem poder identificar-se com o processo
decisório, que deve ser mais eficaz. Por outro lado, os novos Estados devem aceitar a
totalidade do acervo comunitário e de partilhar o conjunto dos objectivos da União, se
necessário for pelo estabelecimento de um sistema de diferentes velocidades, cuja
gestão seria assegurada pela Comissão.
Enquanto desafio da Conferência Intergovernamental, o governo belga considera que é
necessário aprofundar a União Europeia antes de a alargar. Segundo este governo, a
União Política, estrutura política indispensável da União Económica e Monetária, ficou
todavia inacabada pelo tratado de Maastricht e caba à CIG prosseguir o seu
desenvolvimento, de tal forma que a realização da União Económica e Monetária seja
paralela ao desenvolvimento da União Política, tal como a Europa Social. Ora o
desenvolvimento da União Europeia deve assentar sobre o acervo comunitário do
Tratado sobre a União (Maastricht), no qual se deve corrigir as imperfeições.
Não é possível extrapolar políticas da União de maneira incondicional quanto ao seu
fundo já que, tanto o acervo comunitário, como as políticas estruturais e a política
agrícola comum são o resultado de uma solidariedade essencial e de equilíbrios
fundamentais no interior da União que os novos Estados Membros devem aceitar como
adquiridos. Por outro lado, a Bélgica considera que a CIG não é também um fórum onde
se discute a renegociação de um sistema de financiamento da União e que o
alargamento deve ser assimilado, não pelo desmantelamento de uma das políticas
existentes, mas pela introdução de medidas transitórias especiais nos tratados finais de
adesão.
Quanto aos desafios futuros da União, o governo belga considera que a melhor
maneira de serem bem sucedidos é de considerar cada um separadamente. Entre outros
desafios o governo belga cita os seguintes: passagem à terceira fase da UEM, revisão
dos fundos estruturais da política agrícola comum, do sistema de financiamento, adesão
de futuros Estados membros, política em matéria de cooperação para o
desenvolvimento, tal como uma política mediterrânica.
A nota política do governo belga aborda também a questão da ratificação dos
resultados da CIG. A este propósito, este governo julga inaceitável que um ou mais
Estados membros possa impedir a progressão da integração Europeia no sentido de uma
união cada vez mais estreita entre os povos da Europa, e por isso ele considera que se
impõe uma reflexão sobre as alternativas político-institucionais caso não se consiga uma
ratificação unânime do resultado das negociações da conferência intergovernamental.
Por outro lado, ele considera que um tratado legível deve coroar a CIG de 1996 e, para
contribuir para a transparência da construção europeia sem afectar o acervo
comunitário, ele sugere fuma nova fusão dos tratado existentes num texto único.
No sentido de se conseguir uma Europa de prosperidade durável, o governo belga
propõe a inclusão de um protocolo social no tratado da União, a confirmação
institucional dos resultados do diálogo social, a inserção de critérios de convergência
sociais, a inserção de clausulas sociais e ambientais na política comercial comum. Para
a concretização deste objectivo, a Bélgica propõe a adopção de medidas com vista ao
desenvolvimento das redes transeuropeias de transportes, de energia e de
telecomunicações, na proporção da repartição do trabalho e do apoio a uma política
social. Por outro lado o governo belga deseja que uma atenção especial seja acordada às
pequenas e médias empresas e que a União Europeia reconheça no tratado mesmo a
noção e as possibilidades de acção do serviço publico.
PROPOSTA DA DINAMARCA

O Ministério dos Negócios Estrangeiros pretende com a publicação deste


relatório sobre a sua posição contribuir para a transparência e para a realização de um
debate público que deve dominar na revisão dos tratados da União Europeia na
Conferência Intergovernamental de 1996. O governo dinamarquês considera que na
perspectiva do alargamento da União Europeia, numerosas mudanças institucionais
tornam-se uma necessidade, no que se refere principalmente à composição das
instituições da União Europeia, em concreto o Conselho de Ministros, a Comissão e o
Parlamento Europeu. O governo dinamarquês sublinha as três principais questões que
quer abordar na conferência intergovernamental:
Democracia; alargamento; segurança.
Segundo este governo estes três grandes desafios da CIG 96 requerem emendas
ao tratado de Maastricht, que se devem traduzir essencialmente numa maior interacção
institucional e uma maior eficácia no processo decisório.
Na perspectiva do futuro alargamento o governo dinamarquês evidencia as
modificações institucionais que julga virem a ser necessárias para uma maior eficácia
das instituições da União. O governo dinamarquês propõe o sistema de ponderação das
vozes no seio do Conselho de Ministros, reconhecendo que actualmente o sistema de
repartição das vozes dá uma clara vantagem aos Estados mais pequenos, se levarmos em
linha de conta as suas dimensões populacionais respectivas. O governo dinamarquês
evoca a possibilidade de, para uma União Europeia que conta com 15 Estados membros
e 370 milhões de habitantes, utilizar o sistema da «dupla maioria»: para que uma
decisão seja adoptada deve ser votada favoravelmente por oito países e o conjunto
desses oito países deve representar um total de 185 milhões de habitantes. Maioria de
países e maioria de população = sistema de «maioria dupla».
Para a Dinamarca, o ponto crucial é, no entanto, o de saber que decisões são
tomadas e não como são tomadas. A este propósito, ele sugere uma nova repartição das
vozes no sentido de os diferentes Estados membros poderem determinar se uma
modificação normativa geraria consequências positivas ou negativas para os Estados
membros que estão mais interessados numa integração de facto: falamos aqui de
matérias como o ambiente, coesão social ou livre circulação.
O documento dinamarquês reclama a extensão do voto por maioria e a sua mais ampla
aplicação em termos sectoriais, de tal maneira que o processo decisório se torne mais
eficaz.
O governo dinamarquês propõe dois modelos para a questão da presidência da
União Europeia. Se bem que não faça nenhuma proposta específica, o relatório
dinamarquês evidencia o inconveniente de se prosseguir com uma presidência rotativa,
actualmente de periodicidade semestral, e analisa alguns métodos que poderiam reforçar
a presidência da União. Em concreto, o governo dinamarquês simpatiza com uma
solução em que a duração da presidência seja prolongada e que o presidente possa ser
eleito a partir dos chefes de Estado da União Europeia. O governo dinamarquês examina
um outro modelo, o modelo de ao qual se chama o «grupo presidencial» em que se
prevê repartir os países em 4 ou 5 grupos, cada um deles assegurando a presidência por
um período de 12 ou 18 meses. Cada grupo seria formado de forma a poder incluir
países pequenos e grandes, do norte e do sul, de este e oeste. O governo dinamarquês
examina igualmente a questão da integração diferenciada, e dos possíveis perigos que
daí podem decorrer. Por um lado, o governo dinamarquês sublinha que, no conjunto, a
ideia de uma Europa a várias velocidades é interessante na medida em que ela é mais
flexível e que ela permite aos diferentes países participar em diferentes níveis e
diferentes domínios em que a Europa se estende. Isto permitiria a alguns países
progredir mais do que outros e a outros países escolher não participar em domínios que
lhe pudessem eventualmente parecer demasiado específicos. Por outro lado, o governo
dinamarquês acentua os problemas decorrentes de uma Europa a várias velocidades, já
que diferentes sectores de cooperação são muitas vezes interdependentes, como é o caso
de uma decisão em matéria de ambiente ou de assuntos sociais. Poder-se-ia gerar uma
Europa com Estados de várias classes.
O terceiro capítulo da proposta dinamarquesa para a CIG trata a cooperação
pacífica em toda a Europa. O governo dinamarquês refere-se à PESC no sentido de dar
continuidade ao caracter intergovernamental que a PESC tem tido. Além disso, e com
vista assegurar uma cooperação efectiva, este governo dispõe-se a aceitar que as acções
comuns sejam adoptadas, mesmo se um ou dois países se abstenham de participar nelas.
No entanto, condições específicas devem ser objecto de estudo para estes países não
participantes. O governo dinamarquês apoia a criação de uma unidade de análise sob a
égide do Conselho de Ministros com o fim de estabelecer a melhor base comum para as
decisões que tocam a PESC.
Em relação à cooperação em matéria de justiça e de assuntos internos, o governo
dinamarquês considera que a cooperação intergovernamental deve continuar a ser a
norma. No entanto, tendo em vista tornar a cooperação mais efectiva, a cooperação
intergovernamental actual nos domínios de direito de asilo e de luta contra a
criminalidade transfronteiriça (criminalidade organizada, trafego de drogas, emigração
clandestina etc. ...), deve para o governo dinamarquês, simplificar o processo decisório
existente e utilizar melhor as possibilidades de cooperação existentes e previstas no
tratado.
Finalmente, o governo dinamarquês trata o aspecto da transparência dos actos
comunitários: o regulamento interno do Conselho deve ser modificado no sentido de
tornarem-se públicas as propostas de actos legislativos. O governo dinamarquês anuncia
que proporá a consagração no tratado do direito de consulta dos processos pelo público
em geral, pelas empresas e pelas diversas organizações.
Em conclusão o governo dinamarquês anuncia que a Dinamarca tudo fará para
que a Conferência Intergovernamental construa as bases para um alargamento europeu,
já que este é um grande objectivo da União e o desafio mais importante que tem pela
frente.
POSIÇÃO DA ALEMANHA

O ponto forte da política europeia alemã é o reforço da União Europeia pela


aplicação construtiva do tratado sobre a União Europeia e seu desenvolvimento tanto
no interior como no exterior. Neste sentido, a Alemanha vê a cooperação franco-alemã
como um elemento chave no processo de integração. O governo federal reclama
também a realização da União Económica e Monetária, no respeito estrito dos prazos e
dos critérios de convergência previstos no tratada da União Europeia. O governo federal
acentuará em concreto o seguinte: o desenvolvimento institucional da EU; a informação
em tempo útil do Parlamento sobre os projectos de legislação europeia; as questões
financeiras; a dimensão social; os problemas de subvenções da EU e a política
comercial comum.
Desenvolvimento institucional e CIG: no que se refere aos objectivos do
desenvolvimento institucional o governo federal refere:
O reforço da capacidade de acção da União Europeia.
A salvaguarda da sua legitimidade democrática.
O aumento da transparência das acções europeias.
A preparação da adesão de novos Estados membros.
Na perspectiva da CIG de 1996 os domínios considerados como prioritários serão os
seguintes:
Aprofundamento e integração da PESC e da cooperação no domínio da justiça e
dos assuntos internos no quadro comunitário. Continuação da participação de todos os
Estados membros no progresso de integração europeia. A oposição de um ou outro
Estado não deve ser motivo de bloqueamento do processo de integração.
A conferência intergovernamental deve-se inspirar no princípio da proximidade
das decisões europeias em relação ao cidadão, deve-se inspirar do princípio da
transparência dos procedimentos e do controlo democrático. Esta conferência não deve
ser um debate fechado entre tecnocratas. Esta conferência deve ter como objectivo
prioritário preservar a Europa como pólo económico e criar e desenvolver a EUROPOL.
No domínio da PESC, a União Europeia deve desenvolver as suas capacidades de acção
e tomar uma posição clara no domínio da política externa, de segurança e de defesa. No
domínio da política externa o processo decisório por maioria não deve ser considerado
mais como um tabu. O funcionamento da Comunidade Europeia inicialmente concebido
para 6 países deve ser adaptado no plano institucional e processual tendo em conta uma
União de 15 Estado membros. Para 1996, a ponderação das vozes no Conselho de
Ministros e aspectos do funcionamento da Comissão, bem como outros relacionados
com o grau de participação do Parlamento, devem constar da agenda da conferência.
Como ideia geral deve ser reconhecido que não deve ser mais o Estado membro mais
lento a determinar o ritmo de evolução da União Europeia.
No domínio da PESC, a União deve ter ao mesmo tempo a capacidade de acção e
a capacidade de rapidez de reacção. Para isso o governo federal preconiza: o recurso
acrescido aos procedimentos comunitários, nomeadamente às decisões por maioria.
Neste sentido, nenhum dos Estados membros deveria ficar obrigado a participar numa
missão militar, mas deveria contribuir com apoio logístico e financeiro para as decisões
tomadas pela maioria. O direito de veto poderia subsistir nesta matéria mas a adopção
de decisões por maioria seria possível desde que se praticasse o sistema da «Abstenção
positiva», permitindo chegar a compromissos com os Estados minoritários, sem que por
isso se bloqueasse o processo. Uma definição dos grandes temas de acção regional,
tendo em primeiro plano a Europa Central e Oriental, a bacia mediterrânica e o
desenvolvimento das relações transatlânticas com os Estados Unidos e o Canadá;
desenvolvimento das capacidades operacionais da EU; definição de uma política de
defesa que se venha a integrar a longo prazo nas responsabilidades da União.
No domínio da justiça e assuntos internos, depois da entrada em vigor dos
acordos de Schengen, o governo federal define as seguintes prioridades: assinatura da
convenção EUROPOL e desenvolvimento da EUROPOL que se tornará numa policia
europeia; a adopção de uma política comum sobre o direito de asilo, política de
refugiados e repartição equitativa dos refugiados entre os Estados Membros da União
Europeia.
Sobre a questão financeira, nomeadamente a UEM, o governo federal pede a
aplicação das decisões financeiras do Conselho Europeu de Edimburgo sobre o sistema
de recursos próprios. Em concreto pede-se que as contribuições brutas sejam calculadas
sobre a base de cálculo do IVA e do PNB dos Estados membros. O governo federal
deseja também uma melhoria do repatriamento dos recursos orçamentais para a
Alemanha, uma luta mais eficaz contra a fraude e uma melhor verificação das contas.
Em relação à política económica e monetária, ele recusa qualquer violação dos critérios
de convergência.
No domínio social o governo federal pronuncia-se a favor da participação de
todos os Estados membros no acordo sobre política social. No que diz respeito à
implementação das regras gerais relativas aos direitos sociais, o governo alemão não
tolerará nenhum perda a nível das normas sociais alemãs. Por isso e para preparar o
desenvolvimento posterior da política social comunitária, o governo federal apela a uma
harmonização definitiva das normas sociais mínimas.
PROPOSTA DA GRÉCIA

No documento da Grécia, a revisão do tratado de Maastricht encontra justificação


pela necessidade de fazer face a três desafios: a reforma das instituições europeias com
vista a um reforço do seu carácter democrático; o reforço da legitimidade democrática
na tomada de decisão a nível comunitário e o próximo alargamento a novos Estados.
Atenas acredita numa Europa dos Cidadãos e opõe-se firmemente a qualquer
ideia de uma Europa a duas ou três velocidades. O documento precisa que a Grécia se
oporá a qualquer proposta que vá no sentido de um princípio de igualdade de direitos e
de deveres de todos os povos europeus, sobretudo se este princípio tiver como base
critérios económicos. Segundo a Grécia, seria inadmissível fazer entrar novos países na
União se fosse para em seguida os relegar para segundo plano.
Segundo este documento convém que a União Europeia evolua sobre a base dos
princípios de legalidade, de respeito dos direitos dos homem, de solidariedade, de
respeito pela identidade nacional dos Estados membros e de coesão. Tratar-se-á segundo
o governo grego, tanto de objectivos a atingir, como de condições a preencher para que
a União Europeia funcione de maneira satisfatória.
No que diz respeito às reformas institucionais, dentro de um espírito federalista, a
Grécia deseja que o papel da Comissão cresça em relação ao papel do Conselho. O
campo de actuação deste deveria ser ampliado no caso da criação de novas políticas. O
documento estabelece claramente que a Grécia se opõe a um modelo de reforma em que
um grupo de Estados possa decidir pelos outros (sejam eles grandes ou pequenos).
Segundo este documento, o governo grego não está satisfeito com o sistema de voto
actual e propõe um sistema baseado nos exemplos de Estados federalistas, como os
Estados Unidos. No entanto, o governo grego declara-se favorável ao veto como válvula
de segurança face à clausula de dispensa em caso de decisões importantes.
Em matéria de PESC, a Grécia considera necessária uma definição dos
interesses, dos pontos e dos objectivos comuns de forma a permitir uma acção comum
dos Estados membros. Os Estados membros devem por outro lado entender-se quanto
aos critérios de cooperação com as outras organizações internacionais (ONU), dentro de
sectores e zonas geográficas onde existe competências comuns. Tratando-se dos
objectivos da estrutura institucional da PESC, seria, segundo o documento, necessário
especificar estes objectivos, nomeadamente no tocante à protecção do território da U.E..
Isto somente se poderia fazer se delimitasse as fronteiras com precisão. Segundo
Atenas, actualmente a segurança reveste-se não somente de um aspecto militar, mas ela
comporta igualmente uma dimensão económica e política. Trata-se portanto de um
sistema de segurança pluridimensional, que a União Europeia tem de estabelecer.
Em termos institucionais o documento grego propõe que a Comissão tenha um
papel reforçado em mateira de planificação e que sob o controlo económico e político
do Parlamento Europeu, o Conselho Europeu e a Comissão sejam encarregados de
promover medidas comunitárias. No quadro da reforma da PESC, seria essencial obter
a unanimidade para decidir acções comuns tendo-se em conta, no entanto, os interesses
vitais dos Estados membros.
O documento expõe também a posição da Grécia face à UEM. O documento
constata que até este momento todos os Estados se tem esforçado por preencher os
critérios de Maastricht. Deste modo a Grécia não admite a possibilidade de somente
alguns Estados membros participarem num primeiro momento na terceira fase da
UEM.. Com vista a favorecer a progressão para a UEM, os Estados membros devem
pôr em prática paralelamente políticas económicas visando obter um nível de
desenvolvimento económico e social ideal, sempre numa óptica federalista. Quanto ao
alargamento da UEM, o documento prevê que os futuros Estado membros levarão
inevitavelmente alguns anos a atingir o mesmo nível dos países da União de tal forma
que parece oportuno, segundo a Grécia, estabelecer uma distinção entre os membros
actuais e os membros futuros. Por outro lado, demonstrando uma vontade de entrar na
terceira fase da UEM, a Grécia deseja uma reforma dos critérios relativos à inflação e
relativos ao déficit do sector publico, a fim de que nenhum Estado membro seja
excluído da UEM.
No que se refere ao orçamento comunitário e ao desenvolvimento, o governo
grego sublinha a necessidade de se chegar a um acordo sobre a transferência de fundos
em favor das regiões mais desfavorecidas, particularmente a partir da terceira fase da
UEM. A Grécia pretende assim que a convergência, que é actualmente claramente
nominal, seja tomada no seu sentido real e de coesão económico-social entre os Estados
membros.
Em matéria de emprego a Grécia propõe que se introduza no tratado da União
Europeia um título especial relativo ao tema do emprego, já que a Grécia o considera
um fenómeno macro-económico.
Em relação a novas políticas da União Europeia, a Grécia mostra-se favorável à
institucionalização dos aspectos ligados ao turismo e à protecção civil. Em relação à
protecção civil, a Grécia propõe o estabelecimento de um mecanismo de intervenção
imediata para fazer face às catástrofes naturais. Paralelamente, a Grécia solicita
disposições comunitárias específicas que facilitem o desenvolvimento económico e
social das regiões insulares da Europa.
A propósito da cidadania a Grécia propõe um reforço do conceito de cidadania, a
eliminação de qualquer tipo de discriminação e a transformação da União num espaço
de liberdade e de segurança interior.
PROPOSTA DA FRANÇA

O documento francês enumera os objectivos deste país durante a CIG: uma maior
eficácia das instituições europeias, o aprofundamento da PESC e uma resposta ás
aspirações de segurança e de acção da Europa no domínio dos assuntos internos de
justiça. No que diz respeito às propostas da França, esta considera que a CIG não deve
reabrir o tema da UEM, nem discutir as políticas comuns.
A França tece considerações à volta dos três pilares da União Europeia. O
primeiro pilar comunitário leva a França a considerar que se deve fazer duas adaptações
no que diz respeito ao processo de decisão no Conselho. Deve-se por um lado introduzir
uma maior ponderação das vozes no Conselho, que tenham em conta os factores
demográficos, económicos e de contribuição financeira dos Estados membros. Por outro
lado deve-se alargar o campo dos assuntos que podem se decididos através do voto para
evitar os riscos de bloqueamento advindos da exigência de consenso. A França
considera no entanto que qualquer Estado membro deve poder continuar a invocar em
caso de desacordo, a existência de um interesse nacional vital que justifique o
adiamento do voto e a continuação das negociações, dentro da linha daquilo que se pode
chamar «compromisso do Luxemburgo».
No domínio da PESC, o documento propõe substituir o sistema actual de rotação
da presidência semestral do conselho, pela instauração de um «alto representante da
União» que seria investido de um mandato de vários anos (3 ou 5) e que poderia ter um
papel de animação e de representação no domínio da PESC. Este alto representante seria
designado pelo Conselho Europeu ou pelo Conselho de Ministros da União. Para lhe dar
apoio e lhe dar os meios necessários ao exercício das suas funções, o secretariado geral
do Conselho poderia ser reforçado.
No que diz respeito à defesa comum, o documento considera que seria necessário
tentar uma acção dentro das direcções seguintes: prever um modelo de decisão
específico em matéria de segurança de modo a não paralisar a capacidade do Conselho,
estabilizar as relações de vizinhança com Leste e com o Sul, consolidar as relações
transatlânticas e desenvolver as relações com a Rússia e a Ucrânia. No que diz respeito
aos processos de decisão no âmbito da PESC que estão previstos no tratado de
Maastricht, a França considera que seria conveniente evitar a rigidez ligada ao princípio
da unanimidade, e neste sentido a França propõe um exame da questão em que se
diferencia decisões políticas de princípio e decisões políticas de execução. A França
considera importante o recurso ao voto por maioria qualificada para estas decisões em
fase execução, e considera a hipótese da possibilidade de uma abstenção construtiva.
Nestas fases de execução, nenhum Estado membro deve ser obrigado a enviar tropas ou
realizar acções de polícia e ao mesmo tempo nenhum Estado membro poderia impedir
os outros Estados membros de pôr em prática medidas decididas, uma vez que a decisão
tenha sido adoptada. Para assegurar uma maior coerência da PESC, a França propõe
que o Conselho, a Comissão se comprometam a aplicar coerência já contida no Tratado
com vista a definir uma PESC efectiva e credível. A França considera também
importante a adaptação das instituições para que se possa falar de uma visibilidade e
continuidade da PESC, ou seja, trabalhar no sentido de se permitir à União Europeia ter
uma identidade nas suas relações externas e pronunciar-se em uníssono. O
financiamento da PESC deveria, no plano dos aspectos operacionais, encontrar os seus
financiamentos fora do orçamento comunitário.
No domínio da justiça e assuntos internos, a França considera que se deveria
tomar precauções no âmbito da política de asilo e imigração, quando estes temas são
alvo de considerações ao nível do processo comunitário. Em matéria de cooperação
policial, o documento francês considera que a cooperação intergovernamental actual
sobre este tema continua a ser a mais oportuna e a mais adequada. No entanto, o
documento sugere certos melhoramentos em matéria de cooperação judicial e,
nomeadamente, no que se refere a uma aproximação das legislações civis e penais dos
Estados membros. Neste sentido, o documento francês propõe antes de mais acordar à
Comissão uma capacidade de iniciativa dentro deste domínio, levando no entanto em
linha de conta a indispensável cooperação entre os Estados membros. Em seguida, o
documento propõe a participação dos parlamentos nacionais, desde logo na elaboração
dos textos legislativos de modo a que estes parlamentos não intervenham somente nas
partes de ratificação, mas também na elaboração dos textos. O texto propõe que se
reflicta sobre as vantagens da entrada em vigor dos textos legislativos redigidos tendo
em conta os aspectos de uma possível responsabilização comunitária no que se refere à
política de justiça e assuntos internos.
Finalmente o documento propõe que o tratado inclua uma clausula sobre a
questão da cooperação reforçada, com vista a permitir-se que os Estados membros que
queiram cooperar de forma mais estreita entre si o possam fazer. Deste modo, bastaria
que determinados Estados apresentassem ao Conselho um projecto de cooperação que,
uma vez aprovado por esta instituição, fossem considerados como autorizados pela
União Europeia no seu conjunto, criando assim um esquema que introduziria a
flexibilidade necessária nos tratados sem diminuir a coerência na União.

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