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Universidade do Sul de Santa Catarina

Matemática nas
Ciências Sociais
Universidade do Sul de Santa Catarina

Matemática nas
Ciências Sociais

UnisulVirtual
Palhoça, 2013
Clarice Borges de Miranda
Joseane Borges de Miranda

Matemática nas
Ciências Sociais

Livro didático

Designer instrucional
Rafael da Cunha Lara

UnisulVirtual
Palhoça, 2013
Copyright © Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por
UnisulVirtual 2013 qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

Livro Didático

Professor conteudista Projeto gráfico e capa


Clarice Borges de Miranda Equipe UnisulVirtual
Joseane Borges de Miranda
Diagramador(a)
Designer instrucional Fernanda Fernandes
Rafael da Cunha Lara
Revisor(a)
Diane Dal Mago
Smirna Cavalheiro

ISBN
978-85-7817-584-9

510
M64 Miranda, Clarice Borges de
Matemática nas ciências sociais : livro didático / Clarice Borges
de Miranda, Joseane Borges de Miranda ; design instrucional Rafael
da Cunha Lara.– Palhoça : UnisulVirtual, 2013.
192 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7817-584-9

1. Matemática. 2. Funções (Matemática). 3. Modelos


matemáticos.I. Lara, Rafael da Cunha. II. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul


Sumário

Introdução  |  7

Capítulo 1
Limite e continuidade  |  9

Capítulo 2
Derivada  |  29

Capítulo 3
Integral indefinida  |  53

Capítulo 4
Integral definida  |  87

Capítulo 5
Aplicação da integral definida  |  117

Considerações Finais  |  141

Referências  |  143

Sobre as Professoras Conteudistas  |  145

Respostas e Comentários das Atividades de Autoavaliação  |  147


Introdução

Este livro didático contempla os conteúdos necessários para a Unidade de


Aprendizagem Matemática nas Ciências Sociais. Os conteúdos foram selecionados
e organizados de forma a facilitar a sua compreensão das ferramentas matemáticas
para solucionar os problemas relacionados às ciências sociais.

Os conceitos que vamos apresentar sobre limites, derivadas e integrais são


conceitos relacionados com o estudo de taxa de variação, tornando, assim,
o estudo de limite, derivada e integral uma ferramenta importantíssima para
solucionar problemas que envolvem taxa de variação de uma população, taxa de
variação do lucro e taxa de variação de faturamento, dentre outros. Em seu estudo
neste livro didático você vai encontrar exemplos de problemas que fazem parte dos
contextos em ciências sociais e que envolvem taxa de variação, e aprenderá, ainda,
a solucioná-los utilizando-se dos conceitos, regras, propriedades e métodos de
calcular limite, derivada e integral que são apresentados de forma que você possa
compreender, se apropriar e aplicar na solução de problemas sem a necessidade
de mediação contínua, ou seja, de forma clara e objetiva.

Os exemplos são elaborados de forma que você possa compreender como são
aplicados os conceitos, propriedades, técnicas, regras e método para calcular
limite, derivada e integral. As atividades de autoavaliação são formuladas para que
você possa se certificar que a cada unidade estudada houve compreensão dos
conceitos e propriedades e apropriação das técnicas, regras e métodos de calcular
limite, derivada e integral.

Sendo assim, após o término deste livro didático, você será capaz de utilizar
essas importantes ferramentas de cálculo para solucionar problemas em sua vida
acadêmica e profissional.

Professoras: Clarice e Joseane.

7
Capítulo 1

Limite e continuidade

Habilidades Neste capítulo você estudará a definição de limite


e suas propriedades, de modo a desenvolver as
habilidades de compreender e calcular o limite de
funções reais. Estudará, ainda, a definição de limite
com a finalidade de desenvolver a habilidade de
provar que uma função é contínua.

Seções de estudo Seção 1:  Definição de limite

Seção 2:  Cálculo de limite

Seção 3:  Limite no infinito

Seção 4:  Limite e continuidade

9
Capítulo 1

Seção 1
Definição de limite
Antes de formalizar a definição de limite, vamos usar um exemplo prático para
termos uma noção intuitiva da definição. Considere a função . A tabela
a seguir mostra o que acontece com f (x) quando x é menor que 5, mas se
aproxima de 5.

Tabela 1.1 – Valor de f (x) quando x se aproxima de 5, mas é menor que 5

x f(x)

4,7 23,5

4,8 24

4,9 24,5

4,92 24,6

4,94 24,7

4,96 24,8

4,98 24,9

4,99 24,95

4,992 24,96

4,994 24,97

Fonte: Elaboração das autoras (2013).

Note que quanto mais x se aproxima de 5 mais f (x) se aproxima de 25. Agora,
vamos ver o que acontece quando x é maior que 5, mas se aproxima de 5.

A próxima tabela mostra os resultados.

10
Matemática nas Ciências Sociais

Tabela 1.2 – O valor de f (x) quando x se aproxima de 5, mas é maior que 5

x f(x)

5,3 26,5

5,2 26

5,1 25,1

5,08 25,4

5,06 25,3

5,04 25,2

5,02 25,1

5,01 25,05

5,004 25,02

5,002 25,01

Fonte: Elaboração das autoras (2013).

Quando x se aproxima de 5, o valor da função se aproxima de 25, e não importa


se x é menor ou maior que 5: o que importa é que x está se aproximando de 5 e o
valor da função tende a 25. Esta é a ideia de limite, ou seja, saber o que acontece
com o valor da função quando analisamos um intervalo que contém um ponto
que pode, ou não, pertencer o domínio da função.

Podemos também entender a definição de limite se analisarmos o gráfico da


função , conforme ilustra a figura seguinte, em que a vizinhança, ou seja,
o intervalo que contém o ponto do domínio está destacado.

Figura 1.1 – Gráfico de f (x) = 5x

25

( )
5
Fonte: Elaboração das autoras (2013).

11
Capítulo 1

Quando (lê-se quando x tende a 5) o valor de f (x) se aproxima de 25. Sendo


assim, podemos definir limite de uma função da seguinte maneira:

Temos (limite de f (x) igual a L , L um número real, quando x

tende a a ) se f (x) tem valores tão próximos de L (não necessariamente L ),


quando x tende a a (mas não igual a a ).

Exemplo 1: Calcule o limite das seguintes funções quando x tende aos pontos
indicados:

a. , .

b. , .

Solução a:

A próxima figura mostra o gráfico da função , para que possamos


analisar o que ocorre com o valor de f (x) , quando x tende a 0 .

Figura 1.2 –

Fonte: Elaboração das autoras (2013).

Note que quando x se aproxima de 0 o valor de f (x) se aproxima de 4, portanto,

12
Matemática nas Ciências Sociais

Solução b:

A seguinte figura ilustra o gráfico da função , para que possamos analisar

o que ocorre com o valor de g (x) , quando x tende a 0 .

Figura 1.3 –

Fonte: Elaboração das autoras (2013).

O gráfico apresentado mostra que quando x se aproxima de 0 , mas é menor


que 0 , o valor da função é infinitamente pequeno, e quando x se aproxima de 0 ,
mas é maior que 0 , o valor da função é infinitamente grande. Portanto, podemos
concluir que o limite de g (x) não existe, quando x se aproxima de .

Exemplo 2: Determine o limite , quando tende a .

Solução: A figura a seguir mostra o gráfico da função .

Figura 1.4 – Gráfico de

Fonte: Elaboração das autoras (2013).

13
Capítulo 1

Analisando o gráfico da figura apresentada, podemos perceber que quando x


se aproxima de 0, mas é menor que 0, o valor da função se aproxima de 2. E
quando x se aproxima de 0, mas é maior que 0, o valor da função se aproxima de
3. Portanto, como os valores não são os mesmos, podemos afirmar que a função
não tem limite, quando x tende 0.

1.1 Limite laterais

1.1.1 Limite à direita

Para problemas em que x tende a a , mas é maior que a , a função f (x) se


aproxima de um valor L1 que é um número real. Definimos esse valor de limite
lateral à direita.

Temos (limite de f (x) igual a L1 , quando x tende a a , mas é

maior que a ) se f (x) tem valores tão próximos de L1 (não necessariamente


L1 ) quando x tende a a , mas é maior que a .

1.1.2 Limite à esquerda


Para problemas em que x tende a a , mas é menor que a , a função f (x) se
aproxima de um valor L2 , que é um número real. Definimos esse valor como limite
lateral à esquerda.

Temos (limite de f (x) igual a L2 , quando x tende a a , mas é


menor que a ) se f (x) tem valores tão próximos de L2 (não necessariamente
L2 ) quando x tende a a , mas é menor que a .

Exemplo 3: Dada a função , determine:

a. .

b. .

Solução: Para resolver os dois itens, vamos esboçar o gráfico da função f (x) .

14
Matemática nas Ciências Sociais

Figura 1.5 – Gráfico de

Fonte: Elaboração das autoras (2013).

a. Note que quando x se aproxima de 1, mas é maior que 1, o valor da


função f (x) se aproxima do valor 4. Portanto,
.

b. E quando x se aproxima de 1, mas é menor que 1, o valor da função


f (x) se aproxima do valor 2. Portanto,
.

Quando os limites laterais existem e são iguais dizemos que a função tem
limite, ou seja, se e , com , então

15
Capítulo 1

Atividades de autoavaliação
1. Analisando o gráfico de , determine:

Figura 1.6 – Gráfico de

Fonte: Elaboração das autoras (2013).

a. .

b. .

c. .

16
Matemática nas Ciências Sociais

Seção 2
Cálculo de limite
Para calcular limites não é necessário sempre analisar gráfico ou ficar calculando
alguns pontos para encontrar o valor do limite. Existem propriedades que
são suficientes para encontrar o valor do limite dado em uma função. Essas
propriedades serão listadas na sequência, mas não serão demonstradas.

2.1 Propriedades

Seja e , L e M números reais e k uma constante.

Propriedade 1: .

O limite de uma função constante é a própria constante.

Propriedade 2: .

O limite da soma de duas funções é igual à soma dos limites das funções.

Propriedade 3: .

O limite da subtração de duas funções é igual à subtração dos limites das


funções.

Propriedade 4: .

O limite do produto de duas funções é igual ao produto dos limites das funções.

Propriedade 5: , em que c é uma constante qualquer.

O limite do produto de uma constante por uma função é igual ao produto da


constante pelo limite da função.

17
Capítulo 1

Propriedade 6: , .

O limite do quociente de duas funções é igual ao quociente dos limites das funções.

Propriedade 7: , n um número inteiro.

O limite da potência de uma função é igual à potência do limite da função.

Propriedade 8: , e n um número inteiro ou e

n um número inteiro ímpar.

O limite da raiz enésima da função é igual à raiz enésima do limite.

Exemplo 1: Use as propriedades para calcular os limites apresentados na


sequência:

a. .

b. .

c. .

d. .

e. .

Solução:

a. .

Primeiro foi utilizada a propriedade 2, o limite da soma é igual a soma dos limites.
Depois, foi utilizada a propriedade 7, em que o limite da potência é igual a
potência do limite e também a propriedade 1, em que o limite de uma constante é
a própria constante.

18
Matemática nas Ciências Sociais

b. (propriedade 3);

    (propriedade 5);

    = 3 × (3)2 – 2 × 3 (propriedade 7);

    .

c. (propriedade 4);

    (propriedade 5 e propriedade 8).

    8.

d. (propriedade 7);

    (propriedade 3 e propriedade 5;

    .

e. (propriedade 6).

   .

2.2 Formas indeterminadas


Dado x tendendo a um ponto a de uma função quociente, para calcular este limite
aplicamos a propriedade 8, vista anteriormente. Se o limite do denominador é
diferente de zero e do numerador igual a zero, o limite da função é zero. Quando o
limite do denominador é zero e o limite do numerador é diferente de zero, o limite não
existe, mas quando o limite do denominador e do numerador é zero, encontramos
uma indeterminação zero sobre zero, conforme consta no exemplo a seguir:

Note que, se aplicarmos as propriedades, temos:

19
Capítulo 1

Esta forma, em matemática, é uma indeterminação. Para resolvê-la, usamos fatoração


para substituir a função dada por outra que assume todos os valores da função inicial
em todos os pontos, menos no ponto . Conforme mostramos a seguir:

E, assim, podemos calcular .

Atividades de autoavaliação
2. Calcule os seguintes limites:

a. .

b. .

c. .

3. Calcule .

20
Matemática nas Ciências Sociais

Seção 3
Limite no infinito
Em alguns casos, no estudo de funções há o interesse de saber o que acontece
com o valor da função quando x assume valores muito grandes ou muito
pequenos, isto é, quando x tente a mais infinito ou a menos infinito.

Vamos analisar a seguinte função , por meio do gráfico ilustrado pela


figura a seguir.

Figura 1.7 – Gráfico de

Fonte: Elaboração das autoras (2013).

Podemos perceber que à medida que x cresce além de qualquer limite, o valor da
função fica muito próximo de zero. O mesmo ocorre quando x diminui além de
qualquer limite. Podemos escrever, então, que:

e .

A reta é chamada de assíntota horizontal.

Outro exemplo é a função , que é mostrado no gráfico da figura


seguinte.

21
Capítulo 1

Figura 1.8 – Gráfico de

Fonte: Elaboração das autoras (2013).

Assíntona horizontal Quando x tende a infinito, a função se aproxima de 3, ou


Assíntotas são retas seja, quando analisamos o valor da função para x se
que tangenciam
o gráfico de uma
aproximando de um valor muito grande, notamos que este
função no infinito, e, valor se aproxima de 3. Neste exemplo, é a assíntota
normalmente, são horizontal.
paralelas aos eixos x
e y. Esses próprios
eixos podem ser
assíntotas.

O domínio dos gráficos, nesta Seção, está limitado ao intervalo [–15; 15],
mas é apenas para você perceber o comportamento da função em todo o
domínio.

Portanto, podemos escrever que:

e .

Existe um teorema, apresentado a seguir, que nos auxilia no cálculo de limite no


infinito, nos dando suporte para calcular sem o recurso visual do gráfico.

Teorema:
Para todo , temos e .

Desde que esteja definido.

22
Matemática nas Ciências Sociais

Cabe ressaltar que existe um procedimento para utilizarmos este teorema como
técnica de solução de limites no infinito. Vejamos:

•• Primeiro, a função tem que ser racional.


•• Segundo, analisamos o denominador e identificamos qual a maior
potência da variável presente na expressão.
•• Terceiro, divida o numerador e o denominador da expressão por ,
onde n é a maior potência escolhida obedecendo ao critério anterior.

Vamos usar um dos exemplos já explorados com auxílio do gráfico, para


exemplificar o uso do teorema e os critérios anteriormente mencionados.

Exemplo 1: Calcule .

Solução: A função é racional, obedece ao primeiro critério. A maior potência no


denominador é 2. Vamos dividir o numerador e o denominador por .

Agora, utilizando o teorema, temos que , portanto:

Exemplo 2: Dada a função , calcule:

a. .

b. .

Solução a.: A função é racional, sendo que a maior potência do denominador é 2.


Vamos agora dividir o numerador e o denominador por .

23
Capítulo 1

Note que , ou seja, quanto maior o valor de x, maior será o valor de ,

usando isto e o teorema, temos:

∞ não é número, assim não é usual colocar da forma que foi apresentado
anteriormente, contudo, essa forma nos proporciona melhor compreensão.

Solução b.: A função é a mesma do item a, portanto, o procedimento é o mesmo, logo:

Note que , ou seja, quanto menor o valor de x , menor será o valor de

. Assim, usando este fato e o teorema, temos:

Exemplo 3: Uma empresa fabricante de camas estima que um modelo de luxo


tem o custo total de fabricação de x camas dado pela função
por ano, e que o custo médio da fabricação de x camas é dado por

reais por cama. Calcule e interprete seus resultados.

Solução:

Note que à medida que o número de fabricação aumenta, o custo fixo por cama

produzida, representado pelo termo , diminui sensivelmente e o custo

médio se aproxima do valor constante por unidade, R$ 200,00.

24
Matemática nas Ciências Sociais

Atividades de autoavaliação
4. Calcule os limites indicados:

a. .

b. .

c. .

5. O custo médio por canetas que certa fábrica tem ao produzir x canetas é dado

pela função custo médio , calcule e interprete o resultado.

Seção 4
Limite e continuidade
Em nosso dia a dia, dizemos que algo é contínuo se não existe interrupção, se
ocorre sempre. Em matemática não é diferente: dizemos que uma função é
contínua se ela não tem “buracos” ou não existem partes separadas. Nosso
objetivo no presente estudo é verificar se uma função é contínua num ponto.

Quando estudamos limite, o que acontecia no ponto em que calculamos o limite


não importava, uma vez que nosso interesse era o que estava acontecendo com
o valor da função quando x tende ao um ponto, sendo a função definida neste
ponto ou não. Entretanto, para definimos a função contínua, é muito importante
entendermos o que acontece em todos os pontos em que a função está definida.

Vamos usar a definição de limite para verificar se a função é contínua em um ponto.

Uma função é contínua em um ponto x = a se as seguintes condições são


satisfeitas:
1. está definido.

2. existe.

3. .

25
Capítulo 1

Portanto, dizemos que uma função é contínua em um ponto a se for definida


neste ponto, e o limite da função quando x tende a é igual à imagem da função
no ponto a . Uma função é descontínua se em algum ponto do seu domínio pelo
menos uma das três condições definidas anteriormente não é satisfeita. Dizemos
que uma função é contínua em um intervalo se for contínua em todos os pontos
que pertencem ao intervalo.

Para determinarmos se uma função é contínua, temos que verificar se todas as


condições anteriormente definidas são satisfeitas para todo seu domínio.

Exemplo: Verifique se as seguintes funções são contínuas:

a. .

b. .

c. .

d. .

Solução:

a. Note que a função é uma função polinomial do segundo grau, portanto, não
temos nenhum problema para os pontos que pertencem ao domínio. O gráfico
da função é uma parábola, conforme podemos verificar analisando o gráfico da
função ilustrado pela próxima figura.

Figura 1.9 – Gráfico de

Fonte: Elaboração das autoras (2013).

26
Matemática nas Ciências Sociais

b. A função é definida por duas sentenças, a primeira é uma função polinomial


do primeiro grau, o gráfico é uma reta, portanto, contínua para x menor ou igual
a 1. A segunda sentença é uma função constante, o gráfico é uma reta paralela
ao eixo x , portanto, contínua para todo x maior que 1. No ponto há uma
“quebra”, ou seja , no ponto temos que verificar as três condições definidas
para função contínua em um ponto.

1. está definido e é .
2. Vamos verificar se existe, para isso vamos ter que calcular
os limites laterais.

Como os limites laterais são iguais, o existe e o .


3. Temos que verificar se , usando os resultados dos

dois itens anteriores .

Portanto, a função é contínua em todo o seu domínio.

c. A função também é uma função definida por duas sentenças. A primeira é uma
polinomial do primeiro grau, o gráfico é uma reta, portanto, é contínua para todo
x menor ou igual a 2. A segunda é uma função constante, o gráfico é uma reta
paralela ou eixo x , portanto, contínua para todo x maior que 2. Vamos analisar os
três critérios de função contínua em um ponto para .

1. está definida e é .
2. Vamos verificar se existe, para isso vamos ter que calcular
os limites laterais:
.

Como os limites laterais não são iguais, o não existe.

Portanto, não precisamos analisar o último critério, pois a função não satisfaz o
segundo. Logo, a função não é contínua no ponto , e não é uma função contínua.

d. A função é uma função definida em duas sentenças, e para a função não


está definida, portanto, não satisfaz o primeiro critério de continuidade no ponto
. Logo, não é contínua em e não é uma função contínua.

27
Capítulo 1

Atividades de autoavaliação
6. Verifique se as funções a seguir são contínuas:

a. .

b. .

c. .

d. .

28
Capítulo 2

Derivada

Habilidades Neste capítulo você desenvolverá a habilidade de


entender a definição de derivada e desenvolver
as regras de derivação para funções importantes
que terá contato durante sua trajetória acadêmica
e profissional, e, também, de compreender como
o cálculo de derivada é aplicado ao conceito de
ciências sociais.

Seções de estudo Seção 1:  Definição de derivada

Seção 2:  Regras de derivada

Seção 3:  Derivadas sucessivas

Seção 4:  Aplicação de derivada

29
Capítulo 2

Seção 1
Definição de derivada

1.1 Taxa de variação


A definição de derivada está baseada na taxa de variação de uma quantidade em
relação a outra. Assim, este estudo torna-se muito importante, uma vez que é
por meio da derivada que podemos entender, por exemplo, como se comporta a
taxa de crescimento de uma população, a taxa de crescimento do lucro de uma
empresa, entre outras grandes aplicações importantes.

Para compreendermos a definição da derivada a partir da taxa de variação,


vamos considerar a função . Note que a função é polinomial do
primeiro grau e o gráfico é uma reta, conforme mostra a figura a seguir.

Figura 2.1 – Gráfico de

Fonte: Elaboração das autoras (2013).

Observando o gráfico a partir do ponto , notamos que o valor da função é


. Se considerarmos o deslocamento de uma unidade para direita
no eixo x , chegaremos ao ponto ; em que o valor da função no ponto é
. O número é a variação da função em relação à
variação de uma unidade em . A taxa de variação média é dada pelo quociente

, que é a variação da função dividida pela variação de x . Nese caso,

a variação média da função é 1, pois .

Genericamente, definimos a taxa de variação média de uma função da seguinte

30
Matemática nas Ciências Sociais

forma: seja uma variação h no eixo x (não importa se para direita ou para
esquerda), a variação da função é e a taxa de variação média é

Cabe destacar que em algumas literaturas encontramos a variação h no eixo


x , descrita como , que significa variação no eixo x . Entretanto, vale observar
que, em aplicações, procuramos o que ocorre em um ponto, ou seja, a variação
instantânea não é a média conforme verificamos anteriormente. Diante desse
contexto, vamos aplicar o que estudamos em limite e analisar o quociente de
variação média quando h tende a 0. Portanto, a taxa de variação instantânea é

1.2 Declividade de uma reta tangente


A definição de derivada analisada geometricamente está relacionada ao
coeficiente angular, ou à declividade da reta tangente ao gráfico da função, que
passa por um ponto do gráfico. Observe no gráfico ilustrado pela seguinte figura:

Figura 2.2 – Reta secante ao gráfico de f (x)

Fonte: Elaboração das autoras (2013).

31
Capítulo 2

A reta que passa pelos pontos e , mostrados na figura


anterior, é uma reta secante ao ponto e tem coeficiente angular definido da
sguinte maneira:

Quando Q se aproxima de P, a reta secante se aproxima da reta tangente que


passa pelo ponto P, conforme mostra o gráfico ilustrado pela próxima figura:

Figura 2.3 – Reta secante se aproximando da reta tangente

Fonte: Elaboração das autoras (2013).

Para que o ponto Q fique suficientemente próximo do ponto P e assim tenhamos


a reta tangente que passa pelo ponto P, como é mostrado nas duas figuras
anteriores, h tem que tender a zero. Lembrando que h é a diferença entre as
abscissas dos pontos Q e P, portanto, para calcular o coeficiente angular da reta
tangente, que passa pelo ponto P, temos que calcular o seguinte limite:

Esse limite é o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de f (x) , que passa
por um ponto do gráfico.

32
Matemática nas Ciências Sociais

1.3 Derivada

A derivada de uma função f em relação a x é a função f ' (leia-se “f linha”),


definida por:

O domínio de f ' é o conjunto de todos os x para os quais o limite existe.

Existem outras notações para derivada de f que são as seguintes:

leia-se “ d sub x de f de x ”.

leia-se “ d y d x ”.

leia-se “ y linha”.

Exemplo 1: Seja :

a. Calcule .
b. Calcule e interprete o resultado obtido.

Solução a: Para calcular usando a definição, temos que calcular ,

, e, por último, calcular .

Então:

Portanto, .

33
Capítulo 2

Solução b: .

Isso significa que a declividade, ou seja, o coeficiente da reta tangente ao gráfico


que passa pelo ponto (3;11) é 6, e também que a taxa de variação da função no
ponto (3;11) é de 6 unidades a cada variação de uma unidade em x no ponto .

Exemplo 2: Calcule a derivada de .

Solução: Para calcular usando a definição, temos que calcular ,

, e, por último, calcular .

Então:

Portanto .

1.4 Derivada e continuidade


Existem funções que são diferenciáveis, ou seja, existe derivada para todos os pontos
do seu domínio, sendo essas funções contínuas. É o que garante o teorema a seguir.

Teorema: Se uma função é diferenciável em x = a , então é contínua em x = a .

Isso não quer dizer que se uma função é contínua em todo o seu domínio
também seja diferenciável em todo ele. Existem funções que são contínuas e não
são diferenciáveis, pois, em algum ponto, a função muda de direção e o gráfico
fica com um “bico”, ou seja, uma reta tangente vertical em que o coeficiente
angular não está definido, isto é, não tem derivada no ponto.

Esta situação pode ser observada no gráfico a seguir da função .

34
Matemática nas Ciências Sociais

Figura 2.4 – Gráfico de

Fonte: Elaboração das autoras (2013).

Note que no ponto há um “bico”, portanto, a função é contínua, mas não é


diferenciável no ponto .

Atividades de autoavaliação
1. Seja :

a. Calcule a derivada de .

b. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráfico no ponto .

2. Seja :

a. Calcule a taxa de variação média de y em relação a x nos intervalos de a


e de a .

b. Calcule a taxa de variação (instantânea) de y em .

35
Capítulo 2

Seção 2
Regras de derivada
Para calcular a derivada de uma função existem regras que nos ajudam a calcular,
sem a necessidade de usar a definição que vimos anteriormente. Todas as
regras de derivadas aqui apresentadas podem ser demonstradas utilizando a
definição, mas não serão feitas neste livro. Contudo, você poderá encontrar as
demonstrações na bibliografia deste material didático.

Regra 1: Derivada de constante

Seja , c uma constante, então a derivada é .

A derivada de toda função constante é zero.

Exemplo 1: Calcule a derivada de .

Solução: .

Regra 2: Derivada de uma potência

Seja , n um número real qualquer, então a derivada é .

A derivada da potência é o produto entre o expoente e a potência com expoente


uma unidade menor que a que estamos derivando.

Exemplo 2: Calcule a derivada de .

Solução: .

Exemplo 3: Calcule a derivada de .

Solução: .

Regra 3: Derivada de uma constante vezes uma função

Seja , c uma constante qualquer, então a derivada é .

A derivada de uma constante vezes uma função é a constante vezes a derivada


da função.

36
Matemática nas Ciências Sociais

Exemplo 4: Calcule a derivada de .

Solução: .

Regra 4: Derivada da soma de funções

Seja , a derivada é .

A derivada da soma ou subtração de duas ou mais funções é igual à soma ou


subtração das derivadas das funções.

Exemplo 5: Calcule a derivada de .

Solução: .

Exemplo 6: Calcule a derivada de .

Solução: .

Exemplo 7: Calcule a derivada de .

Solução: .

Regra 5: Derivada do produto

Seja , a derivada é .

A derivada do produto de duas funções é igual a primeira função multiplicada


pela derivada da segunda, mais a derivada da primeira vezes a segunda.

Exemplo 8: Calcule a derivada de .

Solução:

37
Capítulo 2

Regra 6: Derivada do quociente

Seja , a derivada é .

A derivada do quociente de duas funções é igual ao quociente entre a função


do denominador, multiplicada pela derivada do numerador menos a função
do numerador, multiplicada pela derivada do denominador pela função do
denominador ao quadrado.

Exemplo 9: Calcule a derivada de .

Solução:

Exemplo 10: Determine para .

Solução:

Regra 7: Regra da cadeia

A regra da cadeia é aplicada a funções compostas, por exemplo, .


Podemos considerar esta função como a composição de e e
reescrever a função f como . A esta, e a todas as funções que são
composições de outras funções, podemos aplicar a regra da cadeia conforme
definido na sequência.

Seja a derivada, .

Exemplo 11: Determine para .

Solução:

38
Matemática nas Ciências Sociais

Exemplo 12: Determine para .

Solução: Podemos reescrever f da seguinte maneira:

É muito importante em ciências sociais saber a derivada da função exponencial


com base e , ou seja, e a derivada do logaritmo de base e da função
.

Derivada de .

A derivada de é a própria função . O interessante,


nesse caso, é quando temos uma função composta e utilizamos a regra da
cadeia, conforme veremos nos exemplos a seguir:

Exemplo 13: Determine a derivada de .

Solução: Podemos considerar a função como a composição de duas


funções e , sabendo que e . Usando a regra da
cadeia, temos:

Exemplo 14: Determine a derivada de .

Solução: Podemos ver a função como a composição de duas funções


e , sabendo que e . Usando a regra da cadeia,
temos:

Derivada de .

A derivada da função logarítmica para qualquer base é a seguinte:

e assim como nas outras regras de derivadas, não

vamos nos preocupar com demonstrações. Para a base ,e ,

portanto, se , então a derivada é .

39
Capítulo 2

Exemplo 15: Determine a derivada de .

Solução: Podemos verificar a função como a composição de duas

funções e , sabendo que e e, usando a regra


da cadeia, temos:

Exemplo 16: Determine a derivada de .

Solução: Podemos considerar a função como a composição de duas

funções e , sabendo que e . Usando a regra


da cadeia, temos:

Atividades de autoavaliação
3. Determine a derivada das funções abaixo:

a. .

b. .

c. .

d. .

e. .

f. .

g. .

h. .

i. .

j. .

k. .

l. .

40
Matemática nas Ciências Sociais

m. .

n. .

o. .

Seção 3
Derivadas sucessivas
Em virtude da derivada de uma derivada ser também uma função, ela poderá
ser diferenciável. A derivada de uma derivada é chamada de derivada segunda,
a qual poderá ser derivada obtendo a derivada terceira, e assim por diante,
podendo se repetir sucessivamente, produzindo derivadas de ordens superiores.
As notações para a derivada segunda, terceira e n-ésima de uma função são
dadas das seguintes formas:

derivada segunda de f .

derivada terceira de f .

.
.
.

derivada n-ésima de f .

Ou, ainda, das formas:

Para encontrar as derivadas sucessivas são válidas as mesmas regras até aqui vistas.

41
Capítulo 2

Exemplo 1: Determine as derivadas de todas as ordens de


.

Solução:

, para todo n inteiro e .

Exemplo 2: Determine a derivada de terceira ordem da função .

Solução: .

Portanto, .

Exemplo 3: Determine a derivada de segunda ordem da função .

Solução: .

Portanto, .

42
Matemática nas Ciências Sociais

Atividades de autoavaliação

4. Determine a segunda derivada de .

5. Determine as derivadas de todas as ordens de .

6. Determine, nos itens a seguir, a segunda derivada das funções:


a. .

b. .

Seção 4
Aplicações da derivada

4.1 Aplicação da derivada primeira na economia

4.1.1 Funções marginais


Conforme estudamos, a derivada gera uma taxa de variação de uma função em
um ponto. Em economia, este estudo é importante, pois, quando se analisa o
custo da produção de um bem, não se está interessado apenas no custo de sua
produção, mas também como se comporta a taxa de variação em relação a certo
nível de produção.

Esta taxa de variação é dada pela derivada da função custo. Então, a derivada
da função custo é a função custo marginal. O mesmo ocorre quando derivamos
a função lucro, por meio da qual obtemos a função lucro marginal; e quando
derivamos a função receita, pela qual obtemos a função receita marginal.

43
Capítulo 2

Exemplo 1: Considere a fábrica de certo bem, em que o custo da produção é


dado pela função em reais, em que x é o número de
bens produzidos. Determine a função custo marginal.

Solução: A função custo marginal é dada por .

Portanto, a função custo marginal é .

Exemplo 2: A relação entre o preço unitário p em reais e quantidade demandada


do mesmo bem do exemplo 1, é dada pela equação:

a. Determine a função receita.


b. Determine a função receita marginal.

Solução a.: A função receita é dada por , em que x é o número de


unidades vendidas e p é o preço unitário de venda, então,

Portanto, a função receita é

Solução b.: A função receita marginal é dada derivando a função receita

Portanto, a função receita marginal é

Exemplo 3: Considerando o mesmo bem dos exemplos anteriores, determine a


função lucro e a função lucro marginal.

Solução: A função lucro é dada por .

Então, considerando os resultados anteriores, temos:

Então, a função lucro é .

44
Matemática nas Ciências Sociais

Para calcular a função lucro marginal, temos que derivar a função lucro
encontrada anteriormente.

Portanto, a função lucro é , e a função lucro


marginal é .

4.2 Aplicação da primeira derivada


O estudo da primeira derivada de uma função é importante para determinar
em qual intervalo a função é crescente e em qual é decrescente, bem como
determinar os pontos de extremos relativos, que são os pontos em que a função
assume o maior ou menor valor em um intervalo.

Sabemos que a derivada é a taxa de variação da função e o coeficiente angular


da reta tangente da função. Assim, se a primeira derivada é positiva em um
intervalo, então, a função é crescente neste intervalo, conforme verificamos no
gráfico ilustrado pela figura a seguir:

Figura 2.5 – Gráfico de e da

Fonte: Elaboração das autoras (2013).

Sabemos que a derivada da função é , e fazendo


o estudo do sinal de , notamos que para . Ou seja, a
função tem coeficiente angular positivo para os pontos deste intervalo. Conforme
observamos no gráfico, a reta tracejada representa a derivada aplicada ao valor
, a qual é uma reta crescente que ocorre em todos os pontos maiores
que –2. Portanto, a função é crescente neste intervalo.

Observe o gráfico da próxima figura.

45
Capítulo 2

Figura 2.6 – Gráfico de e da

Fonte: Elaboração das autoras (2013).

Já sabemos que é , e fazendo o estudo do sinal


de , notamos que para , ou seja, a função tem
coeficiente angular negativo para os pontos deste intervalo. Como mostra o
gráfico, a reta tracejada representa a derivada aplicada ao valor . Neste
sentido, é uma reta decrescente, ocorrendo em todos os pontos menores que –2.
Portanto, a função é decrescente neste intervalo.

No ponto , temos que , o qual é definido como um ponto crítico


da função. Ele pode ser um máximo relativo ou de mínimo relativo. Contudo,
analisando o gráfico, é fácil perceber que ele é um mínimo relativo. Um ponto
crítico é definido como um ponto em que a derivada primeira é zero ou não existe.

Cabe destacar que é possível chegar à conclusão sobre se um ponto crítico


é um ponto de máximo ou mínimo relativo em um intervalo sem o auxílio do
gráfico. Note que, em nosso caso particular, é um ponto crítico e a função
é decrescente para todos os pontos menores que –2 e crescente para os pontos
maiores. Sempre que isso ocorrer, temos um ponto de mínimo relativo.

Se o contrário ocorrer, ou seja, determinado ponto crítico em um intervalo para


os pontos menores, a função é crescente (a derivada positiva), e, para os pontos
maiores, a função é decrescente (a derivada é negativa), então, temos um ponto
de máximo relativo no intervalo.

Para analisar se uma função é crescente ou decrescente e determinar se existem


pontos de extremos relativos de máximo ou mínimo relativo, vamos definir alguns
procedimentos.

46
Matemática nas Ciências Sociais

4.2.1 Função crescente e decrescente


•• Primeiro: determinar os pontos críticos da função, os pontos
em que a primeira derivada é nula ou não existe, os pontos de
descontinuidade da derivada.
•• Segundo: os pontos críticos dividem os domínios da função em
intervalos abertos, sendo assim, temos que determinar esses
intervalos.
•• Terceiro: verificar o sinal da derivada nesses intervalos, se a derivada
for positiva, a função é crescente. Contudo, se a derivada for
negativa, a função é decrescente.

Exemplo 4: Determine o intervalo em que a função é crescente e o


intervalo em que é decrescente.

Solução: Para determinar os pontos críticos, temos que ter a derivada primeira,
que é . Essa derivada é contínua em todo intervalo, pois é uma
função polinomial. Para determinar os pontos em que ela é igual a zero, temos
que , portanto, os pontos
críticos são e . Assim, o domínio da função fica dividido em três
intervalos abertos: , e .

No intervalo a derivada é positiva, portanto, a função é crescente neste


intervalo.

No intervalo a derivada é negativa, portanto, a função é decrescente neste


intervalo.

No intervalo a derivada é positiva, portanto, a função é crescente neste


intervalo.

4.2.2 Extremos relativos


•• Primeiro: determinar os pontos críticos da função, os pontos
em que a primeira derivada é nula ou não existe os pontos de
descontinuidade da derivada.
•• Segundo: os pontos críticos dividem os domínios da função em
intervalos abertos. Determinar esses intervalos.
•• Terceiro: se a função for crescente (a derivada positiva) antes do
ponto crítico e decrescente (a derivada negativa) depois do ponto
crítico, o ponto crítico é um ponto de máximo relativo. Se a função

47
Capítulo 2

for decrescente (a derivada negativa) antes do ponto crítico e


crescente (a derivada positiva) depois do ponto crítico, o ponto
crítico é um ponto de mínimo relativo.

Exemplo 5: Encontre os máximos e mínimos relativos da função .

Solução: No exemplo anterior, já determinamos os pontos críticos da função


e , bem como já analisamos em que a função é crescente e
decrescente. Sendo assim, vamos analisar primeiramente o ponto :a
derivada é positiva, portanto, a função é crescente em antes do ponto
crítico e a derivada é negativa, portanto, a função é decrescente em depois
do ponto crítico. Portanto, o ponto crítico é um ponto de máximo relativo.

Agora vamos analisar o ponto crítico : a derivada é negativa, portanto, a


função é decrescente em antes do ponto crítico e a derivada é positiva,
portanto, a função é crescente em depois do ponto crítico. Portanto, o
ponto é um ponto de mínimo relativo.

4.3 Aplicação da segunda derivada


O estudo da segunda derivada é usado para determinar a concavidade de uma
função, ou seja, os intervalos que a função tem concavidade voltada para cima
e os intervalos que a função tem concavidade voltada para baixo. Para explicar
como determinar a concavidade de uma função usando a derivada segunda,
vamos observar, por meio da figura a seguir, o gráfico da seguinte função:

Figura 2.7 – Gráfico de

Fonte: Elaboração das autoras (2013).

Observando o gráfico, é muito fácil de perceber que a concavidade desta função


é voltada para cima em todo o seu domínio. A derivada da função é .A
derivada é uma função crescente em todo o domínio, pois o coeficiente angular é

48
Matemática nas Ciências Sociais

positivo. Como ela é uma função crescente em sua derivada, ou seja, a derivada
segunda, conforme vimos, é positiva em todo o domínio. A derivada segunda da
função é . Este é um critério usado para todos os tipos de função. Se a
derivada segunda for positiva em um intervalo, então a função tem concavidade
voltada para cima.

Vamos analisar um gráfico de uma função com concavidade voltada para baixo.
ilustrado pela seguinte figura:

Figura 2.8 – Gráfico de

Fonte: Elaboração das autoras (2013).

O gráfico mostra que a função tem concavidade voltada para baixo em todo seu
domínio. Entretanto, vamos analisar a derivada da função . A derivada
primeira é uma função decrescente em todo o domínio, pois tem coeficiente
angular negativo. Então, sua derivada, ou seja, a derivada segunda, é negativa em
todo o domínio, o que é verdade. Vamos calcular a segunda derivada  .
Portanto, se a derivada segunda de uma função for negativa em um intervalo, a
função tem concavidade voltada para baixo neste intervalo.

O ponto em que a função muda de concavidade é chamado de ponto de inflexão,


e nesse ponto a derivada segunda é igual a zero ou não existe.

Exemplo 6: Determine onde a função é côncava para


cima, onde é côncava para baixo, bem como os pontos de inflexão.

Solução: Primeiro, temos que determinar a segunda derivada.

49
Capítulo 2

Vamos analisar o sinal da derivada segunda e o ponto em que a segunda derivada


é zero. Note que a derivada segunda está definida para todo domínio da função.

A derivada segunda é zero para , então, nesse ponto, a função muda a


concavidade para . A derivada segunda é negativa, portanto, a função tem
concavidade voltada para baixo, para . A derivada segunda é positiva, portanto,
a função tem concavidade voltada para cima. Sendo assim, o ponto x = 1 é um
ponto de inflexão. Cabe destacar que esta função tem um único ponto de inflexão.

Também podemos usar a derivada segunda para determinar se um extremo relativo


é um ponto de máximo relativo ou de mínimo relativo, pois, se um ponto crítico
pertence ao intervalo em que a função tem concavidade voltada para cima, este é
um ponto de mínimo relativo; se o ponto crítico pertence a um intervalo em que a
função tem concavidade voltada para baixo, este é um ponto de máximo relativo.

Para usar a derivada segunda para determinar extremos relativos devemos


proceder da seguinte maneira:

•• Calcular a derivada primeira e a derivada segunda.


•• Encontrar todos os pontos críticos da função, e determinar os
pontos em que a derivada primeira não existe ou é zero.
•• Usar a derivada segunda para determinar a concavidade da função.

Exemplo 7: Determine os extremos relativos da função ,


usando a derivada segunda.

Solução: Calcular a primeira e a segunda derivada.

Usamos a derivada primeira para determinar os pontos críticos. A derivada


primeira é definida em todo o domínio da função; vamos determinar em que
pontos a derivada primeira é igual a zero.

Então, os pontos críticos são e . Para saber se a derivada segunda


é negativa ou positiva nos pontos críticos, vamos calcular o valor da derivada
segunda em cada ponto crítico.

50
Matemática nas Ciências Sociais

A derivada segunda é negativa neste ponto, então a função tem um ponto de


máximo relativo em .

A derivada segunda é positiva neste ponto, então a função tem um ponto de


mínimo relativo em .

Atividades de autoavaliação
7. Seja o custo de produção dado pela função , e a relação
entre o preço unitário p em reais e quantidade demandada do bem dada pela
equação , determine:

a. A função custo marginal.

b. A função receita e a função receita marginal.

c. A função lucro e a função lucro marginal.

8. Encontre o(s) intervalo(s) em que cada função dos itens a seguir é crescente e
decrescente.

a. .

b. .

9. Determine onde a função tem concavidade voltada para cima e onde tem
concavidade voltada para baixo.

a. .

b. .

10. Determine os extremos relativos da função , se houver. Use o


teste da segunda derivada.

51
Capítulo 3

Integral indefinida

Habilidades No presente capítulo, você desenvolverá a


habilidade de interpretar a relação entre integral e
derivada, o método de integração por substituição
e o método de integração por partes. Desenvolverá
ainda as habilidades de definir integral indefinida,
relacionar o método de integração por substituição
à regra da cadeia e o método de integração por
partes à regra do produto do cálculo diferencial,
bem como calcular integral de funções reais
e aplicar a integral indefinida a problemas que
envolvem conceitos de ciências sociais usando os
métodos de integração.

Seções de estudo Seção 1:  Integral indefinida

Seção 2:  Regras básicas de integração

Seção 3:  Métodos de integração

Seção 4:  Aplicações de integrais indefinidas

53
Capítulo 3

Seção 1
Integral indefinida

1.1 Considerações gerais sobre integral indefinida


Para entender a definição de integral indefinida, vamos conhecer outra definição:
a de funções primitivas.

Definição: Uma função F é chamada uma primitiva de f sobre um intervalo I se


para todo x em I .

Temos, então, que uma primitiva F é a função cuja derivada é a f .

Exemplo 1: é uma primitiva de , pois .

Exemplo 2: é uma primitiva de , pois .

Exemplo 3: é uma primitiva de , pois


.

Mas uma função não tem uma única primitiva. Assim, para mostrar esse fato,
vamos considerar , sua primitiva , e analisar duas funções:

e .

Observe a derivada de e .

Pela definição, e também são primitivas da função .


Portanto, podemos concluir que: a partir de F , uma primitiva já conhecida de
f , para encontrar outras primitivas basta adicionar uma constante. Note que
e .

O teorema a seguir afirma que, dada uma primitiva, para encontrar outra basta
adicionar uma constante qualquer (a demonstração será omitida).

Teorema: Seja F uma primitiva de uma função f . Então, qualquer primitiva de G


de f deve ser da forma , em que C é uma constante.

Uma consequência imediata desse teorema é que, dada uma função, se existe uma
primitiva existem infinitas, pois basta adicionar uma constante qualquer à primitiva.

54
Matemática nas Ciências Sociais

Exemplo 4: Seja a função . Mostre que F é uma primitiva de

, e escreva uma expressão para todas as primitivas de f .

Solução: Para mostrar basta derivar F e verificar se é igual a f .

Portanto, F é uma primitiva de f . Como o teorema afirma que basta somar uma

constante qualquer, então , em que C é uma constante.

Exemplo 5: Sejam , e , em que C é uma


constante. Prove que F , G e H são primitivas da função f , definida por .

Solução: Para provar que F , G e H são primitivas de f , basta derivar cada uma
das funções, então:

Portanto F , G e H são primitivas de f .

Exemplo 6: Prove que a função é uma primitiva da função .


Escreva uma expressão geral para as primitivas de f .

Solução: Derivando temos:

Então, é uma primitiva de . Para encontrar uma expressão


geral, basta adicionar uma constante, ou seja, , onde C é uma
constante qualquer.

55
Capítulo 3

1.2 Definição de integral indefinida


O processo para determinar todas as primitivas de uma função é chamado de
integração. Para indicar que a operação de integração deve ser executada sobre
uma função, é usado o seguinte símbolo , chamado de sinal de integração, da
seguinte forma:

Leia-se: [“a integral indefinida em relação a x é igual a mais C ”], em que


f é o integrando, C é a constante de integração, dx indica que a operação é sobre
a variável independente x.

Atenção: se a variável independente for y , temos , ou

seja, a integral indefinida é calculada sobre a variável y .

Definição: A integral indefinida de uma função é a família de primitivas desta


função, representada anteriormente por , em que é uma primitiva
particular de f e C é uma constante arbitrária.

No exemplo 6, o enunciado pede uma expressão geral para as primitivas de f .


Esse problema pode ser rescrito da seguinte forma:

Exemplo 7: Encontre a integral indefinida .

Solução: Como já conhecemos uma primitiva de , temos:

Utilizando a definição de integrais indefinidas e as informações dos exemplos,


mesmo sem conhecer as regras, propriedades e os métodos de integração,
podemos compreender os seguintes exemplos:

Exemplo 8: .

Exemplo 9: .

Exemplo 10: .

56
Matemática nas Ciências Sociais

Atividades de autoavaliação
1. Em cada alternativa a seguir, prove que F é primitiva de f .

a. ; .

b. ; .

c. ; .

2. Sejam e , prove que F e G são primitivas da função f


definida por , e encontre todas as primitivas de f .

Seção 2
Regras básicas de integração
Para calcular a integral indefinida não é preciso ficar adivinhando as primitivas do
integrando, uma vez que existem regras, propriedades e métodos para facilitar
o cálculo integral. Sendo assim, vamos estudar agora algumas regras básicas e
propriedades de integração. Todas as regras serão provadas por meio do cálculo
diferencial e, para melhor compreensão, serão seguidas de exemplos.

Em todas as regras e propriedades, vamos considerar o integrando f e a primitiva F (x).

2.1 Regra 1: Integral indefinida de uma constante


( k uma constante).

A integral indefinida de uma função constante é igual à constante multiplicada


pela variável independente mais uma constante arbitrária.

Prova: vamos derivar a primitiva Como temos dx , a


variável independente é x .

Note que , dy indica que a integral indefinida é sobre a variável


independente y , portanto, é uma integral indefinida de uma constante,
então: .

57
Capítulo 3

Exemplo: Calcule as seguintes integrais indefinidas:

a. . b. . c. .

e é um número irracional cujo valor é 2,7182818....

Solução: Nas três integrais indefinidas, o integrando é uma constante, então


basta aplicar a regra 1.

a. . b. . c. .

2.2 Regra 2: Integral indefinida de uma potência

( ).

A integral indefinida de uma potência é igual a outra função potência com expoente,
aumentado em uma unidade e dividida pelo novo expoente, mais uma constante.

Prova: Para provar essa regra, vamos relembrar como se deriva uma potência:

Basta diminuir o expoente em uma unidade e multiplicar a expressão pelo expoente.

Agora é só aplicar a regra de derivação,

Exemplo: Calcule as seguintes integrais indefinidas:

a. . b. . c. .

Solução: Todos os integrandos são funções potências com expoente . Para


aplicar a regra 2, vamos aumentar em uma unidade o expoente do integrando e
dividir a expressão pelo novo expoente; ou seja, exatamente o contrário da derivação.

a. .

b. .

c. .

58
Matemática nas Ciências Sociais

2.3 Regra 3: A integral indefinida de uma função exponencial

( ).

A integral indefinida de uma função exponencial é igual a mesma função


exponencial dividida por logaritmo de a (base da função exponencial), na
base e , mais uma constante.

, logaritmo de base e é igual a ln .

Prova: Vamos aplicar a regra de derivação de funções exponenciais:

Um caso particular da integral indefinida de uma função exponencial é quando


temos como base da potência o número e . Note:

A integral definida da função exponencial com base é igual à própria função,


isso ocorre porque .

Exemplo: Calcule as integrais indefinidas:

a. . b. .

Solução: Os integrandos das integrais indefinidas são funções exponenciais,


portanto, vamos aplicar diretamente a regra 3:

a. . b. .

2.4 Regra 4: A integral indefinida de uma potência quando n = –1

A integral indefinida de uma potência, quando , é igual ao logaritmo do


módulo da base da potência na base e mais uma constante.

Prova: Para provar a regra 4, temos que lembrar como se deriva :

59
Capítulo 3

Exemplo: Calcule a integral indefinida .

Solução: Como então basta aplicar a regra 4:

2.5 Propriedades
Além dessas quatro regras sobre as integrais indefinidas imediatas, temos duas
propriedades que facilitam o cálculo das integrais indefinidas.

2.5.1 Propriedade 1
A integral indefinida de uma função multiplicada por uma constante.

( c é uma constante).

Quando um fator constante multiplica o integrando, esse fator pode ser passado
para fora da integral indefinida.

Exemplo: Calcule as integrais indefinidas:

a. . b. . c. .

Soluções:

a. O integrando é uma função potência multiplicada por uma constante, sendo


que primeiro aplicamos a propriedade 1, depois a regra 2.

Em que , se K é uma constante arbitrária, multiplicada por outra constante


não nula, o resultado é uma constante arbitrária.

b. O integrando é uma função exponencial multiplicada por uma constante, sendo


que primeiro aplicamos a propriedade 1, depois a regra 3.

Note que omitimos a multiplicação das constantes, pois não é necessário indicar.

c. O integrando é uma função potência com expoente , sendo que primeiro


aplicamos a propriedade 1, depois a regra 4.

60
Matemática nas Ciências Sociais

2.5.2 Propriedade 2
A integral indefinida da soma e subtração de funções.

Quando a integral indefinida envolve uma soma ou uma subtração de duas ou mais
funções, podemos calcular a soma ou subtração de suas integrais indefinidas.

Exemplo: Calcule as integrais indefinidas:

a. . b. .

Soluções:

a. Primeiro vamos aplicar a propriedade 2:

Temos que a primeira integral indefinida é uma função potência, então se aplica a
regra 2. Já a segunda é uma função exponencial com base , por isso aplica-se a
regra 3. A terceira é uma função constante, assim, aplica-se a regra 1.

Como e são constantes arbitrárias, o resultado após somar e subtraí-las é


uma constante arbitrária.

Portanto,

a. Primeiro vamos aplicar a propriedade 2:

Note que nas duas primeiras integrais indefinidas o integrando está multiplicado
por uma constante, então, vamos aplicar a propriedade 1:

61
Capítulo 3

Para cada integral indefinida, aplica-se a regra de acordo com o integrando,


sendo que a primeira o integrando é uma função potência, a segunda uma
exponencial de base e e a terceira uma função constante.

Como e são constantes arbitrárias, o resultado, após multiplicá-las por


constantes não nulas, somar e subtraí-las, é uma constante arbitrária.

Portanto,

Para facilitar nosso estudo, apresentados a seguir um quadro que contém todas
as regras e propriedades destacadas nesta seção.

Quadro 3.1 – Resumo das fórmulas da seção

Regra/Propriedade Função Integral indefinida

Integral indefinida de uma


constante k uma constante

Integral indefinida de uma


potência

A integral indefinida de uma


função exponencial

A integral indefinida de uma


função exponencial (base )

A integral indefinida de uma


potência quando

A integral indefinida de uma


função multiplicada por uma Qualquer função
constante

A integral indefinida da soma


Quaisquer funções
de funções

A integral indefinida da
Quaisquer funções
subtração de funções

Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

62
Matemática nas Ciências Sociais

Atividades de autoavaliação
3. Calcule as integrais indefinidas:

a. .

b. .

c. .

d. .

e. .

f. .

g. .

h. .

i. .

j. .

k. .

l. .

m. .

n. .

o. .

63
Capítulo 3

Seção 3
Métodos de integração
Na seção anterior, as integrais indefinidas calculadas eram imediatas e
relacionadas diretamente a uma regra do cálculo diferencial. Essa relação entre
o cálculo diferencial e o cálculo integral é que vai permitir compreender os dois
métodos abordados nesta seção.

Os dois métodos, método de integração por substituição e método de


integração por partes, aplicam funções cuja primitiva não é encontrada
de imediato, assim como na integral indefinida. Não basta saber a regra de
diferenciação; é preciso um olhar mais detalhado para a função e, ainda, saber
qual dos dois métodos utilizar para integrá-la. Como fazer a escolha é o que
vamos explicar nesta seção.

3.1 Método de integração por substituição


O método de integração por substituição está relacionado à regra da cadeia do
cálculo diferencial. Vamos explicar o método e a que funções se aplicam, por
meio do seguinte exemplo:

Considere a integral indefinida . Observando o integrando,

notamos que não é possível aplicar as regras vistas até aqui, pois não
conhecemos a função primitiva do integrado. Portanto, vamos fazer uma troca de
variável, seja:

O diferencial de u é:

Para melhor entendermos a substituição, vejamos a definição de diferencial


de uma função: Definição diferencial de : é .

Vamos substituir na integral , e .

64
Matemática nas Ciências Sociais

Após a substituição, a integral indefinida tem, como integrando, uma


função potência que é facilmente integrável, usando a regra de integral indefinida
de uma potência, então,

Como a nossa integral indefinida, antes da mudança de variável, era sobre a variável
x , para a solução ficar completa basta substituir na solução, portanto,

Desse modo, o método de integração por substituição tem como objetivo


transformar um integrando complicado, cuja primitiva não conhecemos, em um
integrando mais simples, cuja primitiva já é conhecida. Para entendermos como
isso funciona e a relação com a regra da cadeia do cálculo diferencial, vamos
analisar como funciona o método de integração por substituição.

Seja,

e .

Então, nosso integrando, antes da substituição, era da seguinte forma:

e nossa integral indefinida:

A substituição feita foi:

em que e .

Suponha que F é uma primitiva de f , então:

Para provar que é a solução da integral indefinida, vamos derivar


 , usando a regra da cadeia do cálculo diferencial:

Portanto,

65
Capítulo 3

Comparando com nosso exemplo,

É assim que o método de integração por substituição funciona e é aplicado a


integrando do tipo .

Para compreender melhor o método vamos ver alguns exemplos:

Exemplo 1: Calcule .

Solução: O integrando envolve uma função composta em que e


, portanto, podemos resolver usando o método da substituição. Para
facilitar vamos definir alguns passos para resolução.

Passo1: Fazer a escolha de u , u é sempre a , portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a substituição:

Passo 4: Calcular a integral indefinida :

Passo 5: Retornar à variável x :

Exemplo 2: Calcule .

Solução: O integrando envolve uma função composta em que e


, portanto, podemos resolver usando o método da substituição.

Passo 1: Fazer a escolha de u , em que u é sempre a , portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a substituição:

66
Matemática nas Ciências Sociais

Passo 4: Calcular a integral indefinida , sendo o integrando uma função potência:

Passo 5: Retornar a variável x :

Exemplo 3: Calcule .

Solução: O integrando envolve uma função composta em que e


.

Passo 1: Fazer a escolha de u , onde u é sempre a , portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a substituição:

Nesse caso, a substituição não é imediata. Falta uma constante 4 multiplicando


para resolver este problema. Note que:

Observação: e 1 é o elemento neutro da multiplicação.

Usando a propriedade :

Agora podemos fazer a substituição:

Passo 4: Calcular a integral indefinida , sendo o integrando uma função potência:

Passo 5: Retornar à variável :

67
Capítulo 3

Exemplo 4: Calcule .

Solução: O integrando envolve uma função composta em que e


, portanto, podemos resolver usando o método da substituição.

Passo1: Fazer a escolha de u , onde u é sempre a , portanto .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a substituição:

Passo 4: Calcular a integral indefinida , sendo o integrando uma função


exponencial de base e :

Passo 5: Retornar à variável y :

Exemplo 5: Calcule .

Solução: O integrando envolve uma função composta em que e


, portanto, podemos resolver usando o método da substituição.

Passo 1: Fazer a escolha de u , onde u é sempre a , portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a substituição:

Como no exemplo 3, a substituição não é imediata. Vamos usar a mesma


propriedade:

Agora podemos fazer a substituição:

68
Matemática nas Ciências Sociais

Passo 4: Calcular a integral indefinida, sendo o integrando uma função


exponencial de base e :

Passo 5: Retornar à variável x:

Exemplo 6: Calcule .

Solução: O integrando envolve uma função composta em que e


, portanto, podemos resolver usando o método da substituição.

Passo1: Fazer a escolha de u , onde u é sempre a , portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a substituição:

Passo 4: Calcular a integral indefinida, sendo o integrando uma função potência.

Passo 5: Retornar à variável x :

O quadro a seguir apresenta um resumo para aplicação do método de integração


por substituição, o qual facilitará a compreensão de nossos estudos.

Quadro 3. 2 – Método de integração por substituição

Método de integração por substituição

Integrando

Passo 1 Fazer a escolha de u , u é sempre a g

Passo 2 Calcular o diferencial de u

Passo 3 Fazer a substituição

Passo 4 Calcular a integral indefinida

Passo 5 Retornar a variável inicial


Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

69
Capítulo 3

3.2 Método de integração por partes


O método de integração por partes, assim como o método de integração por
substituição, está relacionado a uma regra do cálculo diferencial. A regra que
correspondente ao método de integração por partes é a regra do produto, e é a
partir dela que vamos deduzir a fórmula usada neste método.

A regra do produto afirma que se f e g são diferenciáveis, então:

Vamos integrar os dois lados da equação em relação a x :

Como é uma primitiva de , então,

e a equação pode ser escrita desta forma:

Esta é a fórmula de integração por partes, que ainda pode ser simplificada da
seguinte forma:

A fórmula de integração por partes é .

Podemos notar que o método não calcula diretamente a integral indefinida, mas
a transforma em uma integral indefinida mais simples, que pode ser resolvida
usando uma das regras já vistas ou o método de integração por substituição. O
que é muito importante para a sua eficiência são as escolhas de u, dv .

Para compreender melhor o método, vamos ver alguns exemplos:

Exemplo 7: Calcule .

Solução: Nenhuma regra de integração já vista pode ser aplicada neste exemplo,
pois o integrando não é uma função em que já conhecemos a primitiva.

70
Matemática nas Ciências Sociais

O método da substituição não pode ser aplicado porque o integrando não é uma
composição de funções. Para integrar essa função vamos usar o método de
integração por partes. Vamos ainda definir dois critérios para a escolha de u e dv
para facilitar. Assim:

1. u tem que ser a função em que du é mais simples.


2. dv tem que ser fácil de integrar.

Passo 1: Obedecendo aos critérios, vamos escolher u e dv :

Observe que, se escolhermos , então, e não obedece ao critério 1,


pois u e du são a mesma função.

Passo 2: Determinar du e v :

(desconsideramos a constante de integração).

Passo 3: Aplicar a fórmula :

Passo 4: Resolver :

Passo 5: Escrever a solução completa:

Exemplo 8: Calcule :

Solução:

Passo 1: Obedecendo aos critérios de escolha definidos para u e dv, vamos


escolher u e dv :

Observe que, se escolhermos , a integral é complicada e ainda não


sabemos como resolver.

71
Capítulo 3

Passo 2: Determinar du e v :

(desconsideramos a constante de integração).

Passo 3: Aplicar a fórmula :

Passo 4: Resolver :

Passo 5: Escrever a solução completa:

Exemplo 9: Calcule .

Solução: Como foi comentado no exemplo 8, ainda não conhecemos a integral


indefinida de , mas com o método de integração por partes é possível calcular,
conforme veremos agora.

Passo 1: Escolher u e dv :

Passo 2: Determinar du e v :

(desconsideramos a constante de integração).

Passo 3: Aplicar a fórmula :

72
Matemática nas Ciências Sociais

Passo 4: Resolver :

Passo 5: Escrever a solução completa:

Exemplo 10: Calcule .

Solução: Para calcular esta integral indefinida teremos que aplicar o método
de integração por partes duas vezes. Para algumas integrais, a repetição da
aplicação do método de integração por partes é necessária.

Passo 1: Escolher u e dv :

Passo 2: Determinar du e v :

(desconsideramos a constante de integração).

Passo 3: Aplicar a fórmula :

Passo 4: Resolver :

Essa integral foi resolvida no exemplo 8, pelo método de integração por partes.
Cabe destacar que se o resultado não fosse conhecido, teríamos que aplicar o
método de integração por partes novamente.

73
Capítulo 3

Passo 5: Escrever a solução completa:

Exemplo 11: Calcule .

Solução: podemos reescrever a integral .

Passo 1: Escolher u e dv :

Passo 2: Determinar du e v :

Para que algumas integrais sejam resolvidas, é preciso aplicar os dois métodos
de integração.

Para não confundirmos com as variáveis do método por partes que estamos
resolvendo, neste exemplo vamos usar o método integração por substituição
para determinar v , em que s é a variável de substituição. Assim, :

•• Escolher s , .
•• Determinar ds , .

•• Fazer a substituição, .

•• Calcular a integral indefinida:

•• Retornar a variável x :

Portanto, (desconsideramos a

constante de integração).

74
Matemática nas Ciências Sociais

Passo 3: Aplicar a fórmula :

Passo 4: Resolver :

Para calcularmos esta integral, teremos que aplicar novamente o método


substituição, em que t é a variável de substituição:

•• Escolher t , .
•• Determinar , .

•• Fazer a substituição .

•• Calcular a integral indefinida:

•• Retornar a variável x :
.

Passo 5: Escrever a solução completa:

Para facilitar nosso estudo, apresentamos o quadro a seguir com um resumo de


aplicação do método de integração por partes.

75
Capítulo 3

Quadro 3.3 – Método de integração por partes

Método de integração por partes

Passo 1 Escolher u e dv

Passo 2 Determinar du e v

Passo 3 Aplicar a fórmula

Passo 4 Resolver

Passo 5 Escrever a solução completa

Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

Atividades de autoavaliação
4. Calcule as integrais indefinidas usando o método de integração por
substituição.

a. .

b. .

c. .

d. .

e. .

f. .

5. Calcule as integrais indefinidas usando o método de integração por partes

a. .

b. .

c. .

d. .

76
Matemática nas Ciências Sociais

Seção 4
Aplicações de integrais indefinidas
Nosso objetivo em estudar o cálculo integral é saber a relação entre duas
quantidades, conhecendo sua taxa de variação. Agora que já conhecemos
as regras e propriedades de integral indefinida, podemos aplicá-las a alguns
problemas, como se segue nos exemplos de aplicação de integral indefinida.

Exemplo 1: A circulação de certa revista é de 2000 exemplares por semana. O

editor chefe da revista projeta uma taxa de crescimento de exemplares por


semana, daqui a t semanas, pelos próximos 2 anos. Com base nesta projeção,
qual será a circulação da revista daqui a 64 semanas?

Solução: As duas quantidades cuja relação queremos determinar são: a


circulação da revista e o tempo em semanas. A relação é dada pela função ,
que é a circulação da revista daqui a t semanas. Temos a taxa de crescimento, ou

seja, . Então, para saber a função , basta integrar :

Como a solução de uma integral indefinida é uma família de primitivas, temos


infinitas soluções para a integral, contudo, o problema determina que, no tempo
zero, a circulação da revista é de 2000 exemplares. Por isso, vamos usar este
dado para achar uma solução particular do problema. Assim:

Para , . Então, ; portanto, ea


solução é:

A circulação da revista daqui a 64 semanas é:

exemplares por semana.

77
Capítulo 3

Exemplo 2: Suponha que, no período entre 1999 e 2008, do total de motocicletas


novas vendidas no mercado do Brasil, a porcentagem vendida pela empresa A
estava variando à razão de:

( )

por cento ao ano t (t = 0 corresponde ao início de 1999).

Sabendo que a fatia de mercado da empresa A no início de 1999 era de 40,2%.


Qual era a fatia de mercado dessa empresa no início de 2008?

Solução: Como a informação dada é sobre a variação da porcentagem em


relação ao ano, integrando a função que representa a variação, obtemos a função
da fatia do mercado em relação ao ano t .

Seja a função da fatia do mercado da empresa A em relação ao ano t , temos:

Para determinar o valor da constante C , utilizamos o valor da função no ano zero,


ou seja, do ano 1999.

Portanto, e a função é

Encontramos a função da fatia do mercado da empresa A em relação ao ano .


Para o ano 2008 , então:

A fatia do mercado da empresa A em 2008 era de 26,06 %.

78
Matemática nas Ciências Sociais

Exemplo 3: As projeções são que a taxa de variação do Produto Interno Bruto


(PIB) de certo país é

bilhões de reais ao ano t ( corresponde a 2013).

O PIB deste país em 2013 foi de 50 bilhões de reais. Qual será o produto PIB
deste país no ano de 2016?

Solução: O problema nos pede o PIB em 2016, ou seja , , contudo, não


temos a função que determina o PIB em relação ao tempo, e sim a taxa de
variação do PIB em relação ao tempo.

Para encontrar a função, vamos integrar a taxa de variação e denominar a função


que determina o PIB em relação ao tempo de :

Para determinar a constante C , vamos calcular o valor da função para , ou


seja, .

portanto, e a função que determina o PIB em relação ao tempo é:

em bilhões de reais ao ano.

Para determinar o PIB em 2016, basta substituir, na função :

Então, no ano de 2016 o PIB será de 65 bilhões.

Dada uma função total na economia, conforme já vimos, por exemplo, o custo
total, para encontrar a função custo marginal é preciso derivar a função custo total,
sendo essa uma aplicação de derivada. Nosso problema aqui é o inverso: dada

79
Capítulo 3

uma função marginal, por exemplo, o custo marginal, para encontrar o custo total é
preciso integrar a função marginal, sendo essa uma das aplicações de integral.

Exemplo 4: Em uma fábrica de móveis, o custo marginal diário associado à


produção de camas é dado por:

em que é medido em reais/unidade, e x denota o número de unidades


produzidas.

O custo fixo diário incorrido na produção das camas é de R$ 600,00. Sendo


assim, determine o custo total incorrido pela fábrica ao produzir 80 camas/dia.

Solução: Para determinar a função custo vamos integrar a função custo marginal:

Como a função custo é C , determinamos K como constante de integração, para


não confundir as notações. Assim:

Encontramos a função custo, agora falta determinar K , a constante de integração.


Conforme informa o problema, o custo fixo diário é de R$ 600,00, ou seja,
independentemente da quantidade produzida, a fábrica terá este custo. Nesse
sentido, vamos calcular o custo por meio da função para :

Para nenhuma cama produzida teremos o custo igual a K , portanto, K é o custo


fixo e a função custo que queremos é:

80
Matemática nas Ciências Sociais

Assim, na produção de 80 camas/dia o custo incorrido é:

Diante do exposto podemos verificar que o custo total incorrido pela fábrica ao
produzir 80 camas/dia é de R$ 58.520.

Exemplo 5: Um estudo feito pelo departamento de marketing de uma fábrica de


sapatos estima que o novo lançamento no mercado da próxima moda outono
inverno fará com que as vendas cresçam à taxa de

pares por mês.

Sendo assim, encontre uma expressão que forneça o número total de sapatos
vendidos t meses após se tornarem disponíveis no mercado. Quantos pares de
sapatos a fábrica venderá nos 3 primeiros meses?

Solução: Como é fornecida a taxa de crescimento, para encontrar a expressão


que relaciona tempo em meses com a quantidade de sapatos vendidos, basta
integrar a função que representa a taxa de variação:

Na primeira integral, o integrando é uma função constante, simples de integrar. A


segunda vai ser calculada, usando o método de integração por substituição.

Passo 1: Fazer a escolha de u , onde u é sempre a , portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a substituição

81
Capítulo 3

Passo 4: Calcular a integral indefinida, sendo o integrando uma função


exponencial de base e :

Passo 5: Retornar a variável t :

Voltando à resolução do problema,

representa a expressão que relaciona tempo em meses à quantidade de


sapatos vendidos; assim:

Para definirmos a constante C , assumimos que, no instante , nenhum sapato


foi vendido, então, . Usando essa informação:

Lembre que

Portanto, a expressão desejada é

Vamos calcular a venda nos três primeiros meses:

Dessa forma, a fábrica espera vender 58.005 pares de sapatos nos três primeiros
meses.

82
Matemática nas Ciências Sociais

Exemplo 6: Certo instituto de pesquisa afirmou que, no mês de abril de um


determinado ano, a taxa de variação da audiência do programa diário de TV “A”,
de uma emissora aberta “B” era de

por cento ao dia pelos próximos t dias, ( corresponde ao primeiro dia de abril
daquele ano). Considerando que em primeiro de abril a audiência era de 40%,
qual era a audiência do programa de TV no trigésimo dia de abril daquele ano?

Solução: Seja a função que relaciona o tempo em dias, e a audiência do


programa de tv “A”, então:

Para calcular essa integral, vamos usar o método de integração por substituição.

Passo1: Fazer a escolha de u , onde u é sempre a , portanto .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a substituição:

Passo 4: Calcular a integral indefinida:

Passo 5: Retornar a variável t :

Portanto, a função é:

83
Capítulo 3

Para definir a constante C , usamos a informação dada no problema que, no


instante , . Usando essa informação:

A função que satisfaz o problema é :

No trigésimo dia de abril , então:

Nesse sentido, a audiência do programa de TV “A” no trigésimo dia de abril é de


29,99 %.

Exemplo 7: Uma fábrica de bolsas femininas investiu em novos maquinários.


Com esta reforma, os proprietários estimam que a taxa de produção será de:
mil bolsas por mês. Encontre uma função que descreva a produção de
bolsas nesta fábrica em t meses.

Solução: Como é fornecida a taxa de produção, para encontrar a função que


relaciona a produção com o tempo t , basta integrar a função que representa a
taxa de produção.

Para calcular essa integral indefinida , vamos usar o método de integração


por partes.

84
Matemática nas Ciências Sociais

Passo 1: Vamos escolher u e dv :

Passo 2: Determinar du e v

Passo 3: Aplicar a fórmula :

Passo 4: Resolver :

Passo 5: Escrever a solução completa:

Então, nossa função é:

Para definir a constante C , assumimos que, quando não temos produção, ou


seja,

Assim, a função que satisfaz o problema é:

85
Capítulo 3

Atividades de autoavaliação
6. A implantação de uma empresa multinacional nos arredores de uma cidade
aumentará a população da mesma a uma taxa de pessoas/
ano, sendo t o número de anos após a implantação. A população antes da
implantação é de 25.000 habitantes. Determine a população projetada 4 anos
após o início da implantação da empresa.

7. Uma empresa estima que a partir de março do próximo ano sua produção
cresça a uma taxa de

por mês. Considerando que no mês de março do ano corrente sua produção
foi de 80 unidades. Encontre uma expressão que forneça o número total de
produção, t meses após estimativa. Em seguida identifique qual a produção total
após 2 meses da estimativa.

86
Capítulo 4

Integral definida

Habilidades Por meio deste capítulo, você desenvolverá as


habilidades de interpretar a relação entre a área
limitada por uma curva e a integral definida,
entender a definição de integral definida e calcular
as integrais definidas, a área sob uma curva e a área
entre duas curvas.

Seções de estudo Seção 1:  Área sob uma curva

Seção 2:  Integral definida

Seção 3:  Cálculo da integral definida

Seção 4:  Cálculo de área usando integral definida

87
Capítulo 4

Seção 1
Área sob uma curva
Para entendermos a definição da integral definida, é importante conhecer como
se calcula a área sob uma curva e a relação que ela tem com a integral definida.
Para começar, vamos explorar dois exemplos práticos para compreendermos a
necessidade de calcular a área sob uma curva e a integral definida.

Nesta seção, todas as funções são contínuas e não negativas no intervalo


determinado em cada caso.

Vamos supor que a taxa mensal de consumo de água de um bairro durante 5


meses é de 12 mil metros cúbicos, então, a função que representa esta taxa de
consumo é

em que t é medido em meses e mil metros cúbicos por mês. O gráfico desta
função é ilustrado pela seguinte figura:

Figura 4.1 – Gráfico da função

12

1 2 3 4 5 t
meses

Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

Podemos observar nesse gráfico que o consumo de água no bairro no primeiro


mês é de 12 mil metros cúbicos, e até o quinto mês este consumo se mantém
constante a cada mês. Assim, o consumo total, no período, é 60 mil metros
cúbicos. A área abaixo do gráfico da função é um retângulo, uma forma
geométrica muito simples de calcular: basta multiplicar o comprimento pela altura.
Calculando essa área, temos , que é exatamente o consumo total
de água no bairro durante os cinco meses.

88
Matemática nas Ciências Sociais

Logo, para saber o consumo total de água do bairro, basta calcular a área sob
o gráfico da função limitada pelas retas e . O problema de cálculo de
área sob uma curva seria muito simples se, nas situações práticas, todas as
funções fossem constantes, pois todas as curvas seriam retas paralelas ao
eixo x . Entretanto, geralmente, nessas situações, as funções não são constates e,
consequentemente, as áreas não serão retângulos, o que torna o cálculo da área
sobre a curva mais complicado.

Para compreendermos como se calcula área não retangular, vamos modificar o


exemplo dado sobre o consumo de água.

Exemplo 1: Suponha que a taxa mensal de consumo de água de um bairro


durante 5 meses é dado pela seguinte função

em que t é medido em meses e mil metro cúbicos por mês. A próxima figura
mostra o gráfico desta função.

Figura 4.2 – Gráfico da função

1 2 3 4 5 t

Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

Verificamos que a área A representa o consumo total de água consumida nos 5


meses no bairro. Contudo, em virtude da função não ser constante, a área A não
é mais um retângulo, e sim uma forma geométrica para a qual não existe uma
fórmula para calcular.

Como não é possível calcular a área por meio de uma fórmula, vamos usar uma
aproximação, dividindo a área A em pequenos retângulos de mesmo comprimento,
como mostra o gráfico da figura a seguir. A ideia é simplificar o cálculo da área.

89
Capítulo 4

Figura 4.3 – Gráfico da divisão da área A em 5 retângulos iguais

Obs: Todos os retângulos                                                         
têm que ter a mesma largura. 
(base igual a 1)

1 2 3 4 5 t

Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

Nesse caso, dividimos em retângulos porque, conforme já vimos, o retângulo é


uma forma geométrica cuja área é fácil de calcular. Uma vez calculada a área de
cada retângulo e depois somadas, vamos obter um valor aproximado da área
total. Chamamos esse tipo de aproximação de aproximação por excesso, pois
estamos calculando uma área um pouco maior que a área A , que representa o
consumo de água do bairro nos cinco meses.

Na sequência, vamos calcular a área de cada retângulo e depois somar para


obter uma aproximação de A .

•• 1º retângulo, intervalo [0;1].


Comprimento: 1 unidade.

Altura: para encontrar a altura calculamos o valor de na função,


ou seja, .

Área: .

•• 2º retângulo, intervalo [1;2].


Comprimento: 1 unidade.

Altura: para encontrar a altura calculamos o valor de na função,


ou seja, .

Área: .

90
Matemática nas Ciências Sociais

•• 3º retângulo, intervalo [2;3].


Comprimento: 1 unidade.

Altura: para encontrar a altura calculamos o valor de na função,


ou seja, .
                                                 Área: .

•• 4º retângulo, intervalo [3;4].


Comprimento: 1 unidade.

Altura: para encontrar a altura, calculamos o valor de na função,


ou seja, .

Área: .

•• 5º retângulo, intervalo [4;5].


Comprimento: 1 unidade.

Altura: para encontrar a altura calculamos o valor de na função,


ou seja, .

Área: .

Seja a soma das áreas de todos os retângulos – então –


temos que .

Entretanto, essa não é a única aproximação possível, uma vez que podemos subdividir
os intervalos de forma que ainda fiquem com comprimentos iguais para encontrar
outra aproximação mais precisa, como veremos no gráfico da figura a seguir.

Figura 4.4 – Gráfico da subdivisão

Obs: Todos os retângulos                                                                   
têm que ter a mesma largura. 
(base igual 0,5)

1 2 3 4 5 t

Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

91
Capítulo 4

É importante destacar que quanto menores os retângulos, menor é o excesso no


cálculo da área.

No exemplo apresentado, dividimos os retângulos de em dois, mantendo sempre,


na divisão, retângulos de mesmo comprimento. Quando o comprimento de cada

retângulo passa a ser , já podemos notar que a aproximação é um pouco melhor

daquele, analisando na figura da divisão da área A em 5 retângulos iguais .

Novamente, vamos calcular a área de cada retângulo e depois somar para obter

uma aproximação de A . Observe que de até foi desconsiderado.

•• 1º retângulo, intervalo .

Comprimento: unidade.

Altura: para encontrar a altura, calculamos o valor de na função,


ou seja, .

Área: .

•• 2º retângulo, intervalo .

Comprimento: unidade.

Altura: para encontrar a altura calculamos o valor de na função,

ou seja, .

Área: .

•• 3º retângulo, intervalo .

Comprimento: unidade.

Altura: para encontrar a altura, calculamos o valor de na função,


ou seja, .

Área: .

92
Matemática nas Ciências Sociais

•• 4º retângulo, intervalo .

Comprimento: unidade.

Altura: para encontrar a altura calculamos o valor de na função,

ou seja, .

Área: .

•• 5º retângulo, intervalo .

Comprimento: unidade.

Altura: para encontrar a altura, calculamos o valor de na função,


ou seja, .

Área: .

•• 6º retângulo, intervalo .

Comprimento: unidade. Altura: para encontrar a altura calculamos

o valor de na função, ou seja, .

Área: .

•• 7º retângulo, intervalo .

Comprimento: unidade.

Altura: para encontrar a altura calculamos o valor de na função,

ou seja, .

Área: .

93
Capítulo 4

•• 8º retângulo, intervalo .

Comprimento: unidade.

Altura: para encontrar a altura calculamos o valor de na função,

ou seja, .

Área: .

•• 9º retângulo, intervalo .

Comprimento: unidade.

Altura: para encontrar a altura calculamos o valor de na função,

ou seja, .

Área: .

Seja a soma das áreas de todos os retângulos – então,

– temos que , que é uma

boa aproximação para nosso problema. Então, o consumo total de água no bairro
nos cinco meses é aproximadamente de 49.125 mil metros cúbicos.

Para nosso problema, essa aproximação é uma boa solução, mas é possível
subdividir em retângulos do mesmo tamanho, dividindo sempre na metade do
intervalo. Essas divisões podem ser feitas infinitamente até que a soma das áreas
dos retângulos seja praticamente a área sob a curva.

Agora que já compreendemos a ideia do cálculo da área sob uma curva, vamos
aplicá-la a um caso geral, conforme mostra o gráfico da seguinte figura:

94
Matemática nas Ciências Sociais

Figura 4.5 – Gráfico de caso geral

Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

Podemos observar que A é a área sob o gráfico de , , é contínua em


todo o intervalo . A está limitada à esquerda pela reta e à direita por
, e subdividida em n retângulos com o mesmo comprimento, chamado de
 . Para calcular , usamos a seguinte fórmula:

No exemplo 1, para obter a área de cada retângulo, calculamos o valor da função no


extremo direito do intervalo e depois multiplicamos pelo comprimento do intervalo.
No entanto, não é necessário calcularmos o valor da função no extremo direito do
intervalo para saber a altura, podemos escolher qualquer ponto no intervalo.

Por exemplo, no intervalo define-se que representa qualquer número


entre e , no intervalo define-se que representa qualquer número entre
e . Fazendo sempre as escolhas dessa forma, calculamos o valor da função
nos números , , , ... , .
Logo, a área A é aproximadamente a soma das áreas dos retângulos com
comprimento e alturas , , , ... , . Portanto:

A soma das áreas dos n retângulos é chamada de soma de Riemann,


para qualquer escolha de , , , ... , quando n for um número
arbitrariamente grande; ou seja, quando o intervalo for dividido em um
número muito grande de retângulos. A soma de Riemann deve convergir para um
único número, que definimos como área A .

95
Capítulo 4

Entendida a ideia do cálculo da área sob uma curva no exemplo 1 e assimilada


a aplicação ao caso geral para qualquer função não negativa em um intervalo
qualquer, podemos, enfim, enunciar a definição de área sob uma curva.

1.1 Definição de área sob uma curva


Seja f uma função contínua não negativa em . Então, a área sob a curva do
gráfico de f é

em

que , , , ... , são pontos arbitrários pertencentes aos n subintervalos

de de igual comprimento .

Atividades de autoavaliação
1. Para as funções a seguir, vamos utilizar a soma de Riemann para encontrar
uma aproximação para a área sob o gráfico, usando as informações indicadas.

a. ; ; ; pontos arbitrários: os extremos direitos.

b. ; ; ; pontos arbitrários: os extremos esquerdos.

c. ; ; ; pontos arbitrários: os extremos direitos.

Seção 2
Integral definida
Nesta seção, vamos conhecer a definição de integral definida e o teorema
fundamental do cálculo. Porém, não faremos demonstração porque nosso
objetivo nesse caso é aplicar os conceitos e técnicas do cálculo integral a
problemas relativos a ciências sociais.

A partir de nossos estudos referentes ao cálculo da área, sob uma curva


e a relação que ela tem com a integral definida, já temos o suporte para
compreendermos a definição de integral definida.

96
Matemática nas Ciências Sociais

2.1 Definição de integral definida

Seja f uma função contínua e definida em e se dividirmos o intervalo em

n subintervalos de comprimentos iguais e para qualquer escolha de

pontos arbitrários , , , ... , nos f subintervalos, então, a integral


definida de f é

Em algumas literaturas O símbolo de integração é o mesmo para integral definida


também encontramos a
e integral indefinida. A diferença é que, na integral definida,
como extremo inferior de
integração e b extremo existem dois números – a e b – que são os limites de
superior de integração. integração, a sendo o limite de integração inferior e b
sendo o limite de integração superior.

Outra diferença é que a integral indefinida de f representa infinitas primitivas,


como vimos anteriormente, e a integral definida representa um número.
Quando a função do integrando é contínua e não negativa no intervalo
,
então, a integral definida é a área sob a curva do gráfico do integrando.

O gráfico da próxima figura ilustra a representação geométrica da integral definida


quando a função do integrando assumir valores positivos e negativos no intervalo .

Figura 4.6 – Gráfico de interpretação geométrica da integral definida

Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

Portanto, quando o integrando assumir valores positivos e negativos no intervalo


, a integral definida será a soma das áreas que estão sobre o eixo x no
intervalo e sob a função do integrando, menos as áreas que estão sob o eixo
no intervalo e sobre a função do integrando.

97
Capítulo 4

Exemplo: Considere a função e o intervalo .

a. Calcule a soma de Riemann, tomando como pontos arbitrários os


extremos direito de cada intervalo, para .
b. Calcule , tomando como pontos arbitrários os extremos
direito de cada intervalo.

Solução:

a. Primeiro vamos calcular , que é o comprimento dos subintervalos

Os seis subintervalos são , , , , e , então,


os pontos arbitrários são , , , , e .

Portanto, a soma de Riemann é calculada por:

R = 3,25 × 0,5 + 4 × 0,5 + 5,25 × 0,5 + 7 × 0,5 + 9,25 × 0,5 + 12 × 0,5

R = 1,625 + 2 + 2,625 + 3,5 + 4,625 + 6 = 20,375

Resposta: a soma de Riemann é 20,375.

b. Primeiro vamos calcular , que é o comprimento dos subintervalos. Devemos


lembrar que a integral definida n é um número muito grande, ou seja,

Temos n subintervalos, que podemos escrever da seguinte forma:

, , , , ... , , ... , , em que

é o i-ésimo intervalo.

98
Matemática nas Ciências Sociais

Então, os pontos arbitrários são , , , ... , , ... , .

Para calcular este limite vamos organizar a expressão dentro dos colchetes. Como 

está multiplicando todas as parcelas, podemos pôr esse fator em evidência.

Note que .

Então:

Como temos n parcelas da soma, então, o 3 está somando n vezes; portanto:

Nas n da soma, vamos por em evidência:

Vamos usar a fórmula da soma dos quadrados dos n primeiros termos positivos:

Substituindo esta fórmula em nossa expressão, obtemos:

99
Capítulo 4

Enfim, podemos calcular o limite. Lembre que e .

Portanto, .

Podemos observar que a soma de Riemann forneceu um valor muito próximo da


integral definida, e como a função do integrando é não negativa no intervalo ,
a integral definida representa a área sob a curva da função no intervalo.

Achou complicado calcular a integral usando a definição?

Uma boa notícia é que o teorema que veremos agora nos poupa deste trabalho
árduo e pouco prático de calcular a integral definida. O teorema denominado
teorema fundamental do cálculo mostra como calcular a integral definida
conhecendo uma primitiva do integrando, fazendo novamente uma relação com o
cálculo diferencial.

2.2 Teorema fundamental do cálculo


Seja f uma função contínua e definida em , então,

em que F é uma primitiva de f .

Para calcular a integral definida de uma função contínua e definida em ,


basta saber a primitiva e nela aplicar o limite superior. Em seguida, é preciso
aplicar o limite inferior na primitiva e subtrair o segundo resultado do primeiro.
Usamos a seguinte notação:

100
Matemática nas Ciências Sociais

Para verificarmos como ficou fácil, vamos resolver alguns exemplos usando o
referido teorema:

Exemplo 1: Calcule .

Solução: Primeiro, vamos encontrar uma primitiva para , que é o mesmo

que encontrar a integral indefinida de , ou seja, , em que C

é uma constante arbitrária, usando o teorema fundamental do cálculo:

Portanto, .

Exemplo 2: Calcule .

Solução: Primeiro, vamos encontrar uma primitiva para , que é o mesmo

que encontrar a integral indefinida de , ou seja, , em que C é

uma constante arbitrária, usando o teorema fundamental do cálculo:

Portanto, 7,5.

Podemos observar que, na integral definida, a constante arbitrária sempre será


cancelada, pois vamos somar e subtrair a mesma constante. Portanto, para a
integral definida desconsideramos a constante arbitrária.

Exemplo 3: Calcule a área sob o gráfico da função no intervalo .

Solução: Como a função é positiva no intervalo , então, a área sob


o gráfico de é igual à integral definida. Portanto,

Logo, a área sob o gráfico de é igual a 39 unidades de área.

101
Capítulo 4

Seção 3
Cálculo da integral definida
Estudamos que, para calcular a integral definida, fica muito simples aplicar o
teorema fundamental do cálculo. Entretanto, para aplicá-lo, é preciso conhecer
uma primitiva da função do integrando.

Nesta seção, vamos aprender como se encontra a primitiva da função do


integrando, as propriedades das integrais definidas e como se aplicam os dois
métodos de integração nas integrais definidas: o método de integração por
substituição e o método de integração por partes.

3.1 Primitivas
Para encontrar as primitivas da função do integrando, usamos as mesmas regras
aplicadas para encontrar as primitivas na integral indefinida. Assim, conhecendo
a primitiva para calcular a integral definida, usamos o teorema fundamental do
cálculo, conforme mostra o exemplo a seguir:

Exemplo: Calcule as integrais definidas abaixo:

a. . b. . c. .

Solução:

a. O integrando é uma função constante, então, a primitiva de é  .


Lembramos que a constante de integração será desconsiderada porque ela se
anula no cálculo da integral definida, portanto, a integral definida é:

b. O integrando é uma função potência, então, a primitiva de é .


Portanto, a integral definida é:

c. O integrando é uma função exponencial de base e , então, a primitiva de


é . Portanto, a integral definida é:

102
Matemática nas Ciências Sociais

Verificamos que não há nenhuma diferença entre encontrar as primitivas na integral


indefinida e na integral definida, a não ser que a solução da integral definida é um
número e a solução da integral indefinida constitui-se em infinitas funções.

3.2 Propriedades da integral definida


Para facilitar o cálculo das integrais definidas, vamos conhecer suas
propriedades:

Propriedade 1: .

Esta propriedade garante que a integral definida em um ponto seja igual a

zero. Se analisarmos a definição, notamos que , mas ; então

. Como multiplica todas as parcelas da soma, portanto,

Exemplo 1: Calcule .

Solução: Como o limite superior é igual ao limite inferior, não é preciso encontrar
a primitiva do integrando, pois a propriedade 1 garante que :

Propriedade 2: .

Esta propriedade garante que, se trocarmos os limites de integração, inverteremos


o sinal da integral definida. Como assumimos que , se invertemos os limites de

integração , que é um número negativo, teremos:

Exemplo 2: Calcule .

Solução: Vamos utilizar a propriedade 2 e o resultado da integral definida já


conhecida em exemplo anterior. Neste exemplo, calculamos . Assim,
usando a propriedade 2 obtemos:

103
Capítulo 4

Propriedade 3: (c uma constante).

Esta propriedade é semelhante à propriedade 1 da integral indefinida, pois


garante que, quando um fator constante multiplica o integrando da integral
definida, ele corresponderá à integral definida vezes esse fator constante.

Exemplo 3: Calcule .

Solução: Vamos utilizar a propriedade 3, ou seja, encontrar a primitiva do


integrando e aplicar o teorema fundamental do cálculo:

Logo, .

Outra forma de resolver de maneira mais direta seria:

Propriedade 4:

Esta propriedade é semelhante à propriedade vista na integral indefinida, ou seja,


garante que a integral definida da soma ou subtração seja igual à soma ou à
subtração das integrais definidas.

Exemplo 4: Calcule as integrais definidas abaixo:

a. . b. .

104
Matemática nas Ciências Sociais

Solução:

a. Vamos aplicar a propriedade 4, encontrar a primitiva de cada função e aplicar o


teorema fundamental do cálculo.

Portanto, .

b. Vamos aplicar as propriedades 4 e 3 para encontrar a primitiva de cada função


e aplicar o teorema fundamental do cálculo.

Portanto, 16.

105
Capítulo 4

Propriedade 5: .

Esta propriedade garante que, se c é um número entre a e b , então, a integral


definida no intervalo é igual à soma da integral definida no intervalo e
da integral definida no intervalo .

Exemplo 5: Se e , qual é o valor de ?

Solução: Mesmo não sabendo qual é o integrando, podemos aplicar a


propriedade 5:

Como a integral definida é um número, podemos manipular a equação anterior da


seguinte forma:

Agora, basta substituir os valores dados no enunciado:

Portanto, .

3.3 Métodos de integração por substituição para integral definida


O método de integração por substituição e o método de integração por partes
foram aplicados à integral indefinida para encontrar a primitiva do integrando.
Vimos que, para calcular a integral definida, temos primeiro que encontrar uma
primitiva. As propriedades vistas são muito úteis para encontrar as primitivas,
porém, não são suficientes, pois, alguns integrandos são complexos. Nesses
casos, antes na integral indefinida podemos usar os dois métodos de integração,
encontrando as primitivas, e aplicar o teorema fundamental do cálculo.

Veremos como funcionam os métodos de integração para integral definida por


meio de dois exemplos:

Exemplo 6: Calcule .

Solução: O integrando envolve uma função composta em que e


, portanto, podemos resolver usando o método da substituição. Para
a integral definida, há duas formas de resolver usando o método da substituição.

•• Primeira forma: resolver a integral indefinida para encontrar a


primitiva e depois se calcular a integral definida.
Passo 1: Fazer a escolha de u , sendo que u é sempre a , portando .

106
Matemática nas Ciências Sociais

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a substituição:

Passo 4: Calcular a integral indefinida, sendo que o interando é uma função


potência

Passo 5: Retornar à variável x .

Conhecendo a primitiva do integrado, podemos calcular a integral definida:

•• Segunda forma: junto com a mudança de variável também se faz a


mudança dos limites de integração.
Passo 1: Fazer a escolha de u , sendo que u é sempre a , portando, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a mudança dos limites de integração:

Limite superior , então, .

Limite inferior , então, .

Passo 4: Fazer a substituição:

Passo 5: Calcular a integral definida, sendo que o interando é uma função


potência:

Notamos que na segunda forma de resolver não é necessário retornar à variável x , e o


resultado não se altera, então, podemos escolher uma das duas formas para resolver.

107
Capítulo 4

Exemplo 7: Calcule .

Solução: Já conhecemos este integrando quando estudamos o método de


integração por partes, aplicado à integral indefinida. Para a integral definida,
vamos calcular a integral indefinida usando o método de integração por partes, e
a seguir vamos aplicar o teorema fundamental do cálculo.

Passo 1: Vamos escolher u e dv :

Passo 2: Determinar du e v :

(desconsideramos a constante de integração).

Passo 3: Aplicar a fórmula :

Passo 4: Resolver :

Passo 5: Escrever a solução completa:

Conhecendo a primitiva do integrado, podemos calcular a integral definida:

108
Matemática nas Ciências Sociais

Atividades de autoavaliação
2. A gerência de uma fabrica de lápis determinou que o custo marginal diário
associado à produção é dado por

em que é medido em reais por unidade e x é o número de unidades


produzidas. A gerência também determinou que o custo fixo diário envolvido na
produção desses lápis é de R$ 90,00. Determine o custo total diário para produzir:

a. As primeiras 300 unidades.

b. Da unidade 250 à unidade 354.

3. Dado que :

e .

Calcule:

a. .

b. .

c. .

4. Calcule as integrais definidas:

a. . b. .

c. . d .

e. . f. .

g. . h. .

109
Capítulo 4

Seção 4
Cálculo de área usando integral definida
No início deste capítulo, introduzimos a definição de integral definida usando
o cálculo de áreas, e concluímos que a área sob uma curva é igual à integral
definida para funções contínuas, não negativas e definidas no intervalo .
Nesta seção, vamos calcular a área sob uma curva e entre duas curvas para
integrais contínuas e definidas em . A hipótese de a função ser não negativa
não será mais necessária.

4.1 Cálculo de área


Se a função for contínua, não negativa e definida no intervalo , para calcular
a área sob a curva no intervalo , calcula-se a integral definida no intervalo
. Vejamos os exemplos a seguir:

Exemplo 1: Calcule a área limitada pela curva de , pelo eixo x e as retas


e .

Solução: Vamos ilustrar, por meio da seguinte figura, um esboço do gráfico da


área que queremos calcular:

Figura 4.7 – Gráfico da área do exemplo 1

0 8 x
Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

Como toda a área desejada está sobre o eixo x , portanto, toda a área é positiva. Nesse
sentido, para calcular a área vamos calcular a integral definida no intervalo .

110
Matemática nas Ciências Sociais

Logo, a área é igual unidades de área.

Se a função for negativa em uma parte ou em todo intervalo , a integral


definida da função na parte negativa será negativa. Nesse caso, a área será o
valor absoluto da integral, ou seja, o valor da integral sem considerar o sinal.

Exemplo 2: Calcule a área limitada pela a curva de , pelo eixo x e as


retas e .

Solução: Vamos ilustrar na próxima figura um esboço do gráfico da área que


queremos calcular:

Figura 4. 8 – Gráfico da área do Exemplo 2

-2 2 x

Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

Observamos que a área no intervalo está sob o eixo x , portanto, é negativa.


Usando a propriedade 5 da seção anterior, conseguimos separar as áreas em
duas para calcular separadamente, como segue:

O valor absoluto da primeira integral definida é o valor da área no intervalo .


Então,

Como o valor da área é o valor absoluto da integral no intervalo, então, a área é


unidades de área.

Vamos calcular a área no outro intervalo, ou seja, a integral definida em ,

111
Capítulo 4

A área total é

Logo, o valor da área delimitada é de 8 unidades de área.

4.2 Área entre duas curvas


Suponha que as projeções do consumo de água de certo bairro em 5 meses
cresçam a uma taxa de mil metros cúbicos e este crescimento seja insustentável.
Por esse motivo, será necessário implementar medidas de conscientização para não
haver racionamento de água. Após essas medidas, a taxa de crescimento passou a
ser de mil metros cúbicos. O consumo de água, no primeiro momento, é dado
pela área sob o gráfico de como mostra figura a seguir.

Figura 4.9 – Gráfico do consumo de água previsto para 5 meses

5 t

Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

Após a implementação de medidas de conscientização, o consumo de água será


dado pela área sob o gráfico de , conforme ilustra o gráfico da seguinte figura.

Figura 4.10 – Gráfico do consumo de água após a implementação de medidas de conscientização

5 t
Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

112
Matemática nas Ciências Sociais

O importante nesta situação é saber quanto foi economizado de água após a


implementação de medidas de conscientização do consumo. Para isso, temos
que saber a diferença do consumo. Uma vez que a área abaixo do gráfico de
representa o consumo na primeira projeção e o gráfico de representa
o consumo após a implementação de medidas de conscientização, o gráfico a
seguir mostra a quantidade de água economizada.

Figura 4.11 – Gráfico da quantidade de água economizada após a implementação de medidas de


conscientização

5 t

Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

A área entre as duas curvas representa a quantidade de água economizada. O


cálculo desta área é simples: subtraia a área que esta sob a curva de da área
que está abaixo da curva de .

Vamos definir a área entre as duas curvas por A . Assim, usando integrais
definidas, temos:

Definição de área entre duas curvas: Sejam f e g funções contínuas tais que
no intervalo , então, a área da região limitada superiormente por
e inferiormente por em é dada por:

Notamos que na situação inicial as funções eram não-negativas, mas esta


condição não é necessária para o cálculo de área entre duas curvas. Veja no
exemplo 3:

113
Capítulo 4

Exemplo 3: Calcule a área que é limitada pelos gráficos das funções:

e .

Solução:

Vamos dividir a solução em três passos:

Passo 1: Determinar os pontos de intersecção das duas funções. Para encontrar


esses pontos, igualam-se as duas funções:

e .

Para e . Portanto, os pontos de intersecção são


e .

Passo 2: Esboçar o gráfico das funções:

Figura 4. 12 – Gráfico da área limitada pelas funções e

Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

114
Matemática nas Ciências Sociais

Passo 3: Calcular a área entre os gráficos:

A função é a limitante superior da área, e a função éa


limitante inferior da área no intervalo . Usando a definição:

Logo, a área limitada por e é 4,5 unidades de área.

Atividades de autoavaliação
5. Calcule a área limitada pela curva de , pelo eixo x e as retas
e .

6. Calcule a área limitada pela curva de , pelo eixo x e as retas


e .

7. Calcule a área limitada pela curva de , pelo eixo x e as retas e


.

8. Nos itens a seguir, esboce o gráfico da função f e g e determine a área da


região delimitada por eles.

a. e .

b. e .

c. e .

115
Capítulo 5

Aplicação da integral definida

Habilidades No presente capítulo, você desenvolverá a


habilidade de aplicar a definição e as regras de
integração a variáveis macroeconômicas, tais
como os conceitos de renda nacional, consumo e
poupança, bem como a definição e as regras de
integração a variáveis microeconômicas, como os
conceitos de excedente do consumidor e excedente
do produtor, e a definição e as regras de integração
a variáveis financeiras, como os conceitos de
investimento e formação do capital.

Seções de estudo Seção 1:  Renda nacional, consumo e poupança

Seção 2:  Excedente do consumidor

Seção 3:  Excedente do produtor

Seção 4:  Investimento e formação do capital

117
Capítulo 5

Seção 1
Renda nacional, consumo e poupança
Para compreendermos a aplicação do cálculo integral aos conceitos de renda
nacional, consumo e poupança, vamos relembrar, primeiramente, que essas são
variáveis macroeconômicas, para então buscarmos compreender como estão
relacionados. De forma geral, apresentamos os conceitos.

Renda nacional – Corresponde à soma da remuneração de todos os fatores que


participam da produção. Em termos gerais, é o Produto Interno Bruto (PIB) de uma
nação. No Brasil, assim como nos demais países, é uma medida de crescimento da
nação. Quanto maior for essa variável, que é mensurada anualmente, maior será o
bem-estar da sociedade.

Consumo – Corresponde à despesa em bens e serviços com vistas à satisfação


de necessidades e desejos dos consumidores. O consumo é uma variável que tem
impacto positivo na renda da nação; ou seja, quanto maior o consumo, maior o
PIB. O consumo é a soma da demanda dos três agentes econômicos: governo,
empresas e famílias.

Poupança – Corresponde à diferença entre a renda nacional disponível (renda


disponível é a renda menos os impostos) e os gastos com bens e serviços. Reflete
na riqueza das famílias e da nação. Por exemplo: um país que tem um nível elevado
de poupança interna tem maiores possibilidades de financiar seus investimentos
produtivos, como fábricas e prestadoras de serviços. Quanto mais unidades
produtivas (empresas), mais empregos e mais renda.

Com base nos conceitos apresentados e fazendo uma análise simplificada


da renda nacional, podemos dizer que esta tem dois destinos: o consumo e
a poupança, que podem ser representados por meio da seguinte equação:
 , em que y é a renda nacional, C é o consumo e S é a poupança.

Cabe destacar que existe uma relação entre o consumo e a renda nacional:
quando a renda nacional aumenta ou diminui, o consumo aumenta ou diminui,
mas não na mesma intensidade. Chamamos a relação entre consumo e renda
nacional de função consumo, que é dada por: , em que y é a renda
nacional e C é o consumo.

À variação do consumo, que ocorre à medida que a renda nacional varia,


chamamos de propensão marginal a consumir (PMg). A PMg nada mais é que a
taxa de variação do consumo em relação à renda nacional, ou seja, a derivada do
consumo em relação à renda nacional. Portanto, temos:

118
Matemática nas Ciências Sociais

Propensão Marginal a Consumir: .

Da mesma forma, existe também uma relação da poupança com a renda nacional,
que é dada por , em que y é a renda nacional e S é a poupança.

Considerando que e fazendo uma manipulação simples na equação,


obtemos .

Derivando a poupança em relação à renda, temos: , que


representa a variação da poupança à medida que a renda nacional varia
(propensão marginal a poupar).

Substituindo na equação anterior, deduzimos a seguinte fórmula para


propensão marginal a poupar:

Propensão Marginal a Poupar: .

Portanto, o consumo total é igual à integral em relação a y da propensão marginal


a consumir, pois .

A constante K é a constante de integração que é definida com uma condição


inicial, como veremos nos exemplos a seguir.

Exemplo 1: A propensão marginal a consumir é em bilhões de

reais. Sabendo que quando a renda é igual a zero o consumo é de 8 bilhões de


reais, vamos determinar a função consumo e a função poupança.

Solução: Para determinar a função consumo, temos que integrar a propensão


marginal a consumir em relação a y .

Portanto, .

119
Capítulo 5

Para determinar K , vamos usar a condição inicial. Quando a renda é zero, o


consumo é de 8 bilhões, ou seja, temos que para , então:

Logo, .

Para determinar a função poupança, temos que . Manipulando a


equação, ficamos com ou .

Substituindo a função consumo, temos:

Logo, .

Exemplo 2: A propensão marginal a consumir é em bilhões de

reais. Sabendo que quando a renda é igual a zero o consumo é de 6 bilhões de


reais, vamos determinar a função consumo e a função poupança.

Solução: Para determinar a função consumo, temos que integrar a propensão


marginal a consumir em relação a . Assim:

Portanto, .

Para determinar K , usaremos a condição inicial. Quando a renda é igual a zero,


temos o consumo igual a 6 bilhões, ou seja, temos que para ,
então:

Logo, .

120
Matemática nas Ciências Sociais

Para determinar a função poupança, temos que . Manipulando a


equação, ficamos com ou .

Substituindo a função consumo, temos:

Logo, .

Exemplo 3: A propensão marginal a poupar é . Sabendo que quando a


renda é igual a zero o consumo é igual a 15 bilhões de reais, vamos determinar a
função consumo e a função poupança.

Solução: Para determinar a função consumo, primeiro determinaremos a


propensão marginal a consumir:

Integrando a propensão marginal a consumir em relação a y , temos a função


consumo dada por: .

Portanto, .

Para determinar K , vamos usar a condição inicial. Quando a renda é igual a zero,
o consumo é de 15 bilhões, ou seja, temos que para , então:

Logo, .

Para determinar a função poupança, temos .

Agora vamos substituir a função consumo:

Logo, .

121
Capítulo 5

Exemplo 4: A propensão marginal a poupar é . Sabendo que quando a

renda é igual a zero e o consumo igual a 5 bilhões de reais, determinaremos a


função consumo e a função poupança.

Solução: Para determinar a função consumo, primeiro vamos determinar a


propensão marginal a consumir:

Integrando a propensão marginal a consumir em relação a y , temos a função

consumo dada por: .

Portanto, .

Para determinar K , vamos utilizar a condição inicial. Quando a renda é igual a


zero, o consumo é de 5 bilhões, ou seja, temos que para , então:

Logo, .

Para determinar a função poupança, temos .

Vamos, então, substituir a função consumo:

Logo, .

122
Matemática nas Ciências Sociais

Quando determinamos a propensão marginal a consumir, em um país, podemos


ter uma previsão de quando as empresas daquele país poderão vender no ano
em questão. O outro indicativo derivado, que é a poupança, pode ajudar o
governo a planejar seus investimentos, principalmente de infraestrutura. Como
em economia, todas as variáveis estão interligadas, o lado “real” da economia, ou
seja, o que envolve produção, consumo, etc., afeta o lado monetário.

No que se refere à decisão do governo sobre o valor da taxa de juros, essa


tanto pode ser utilizada para atrair poupança externa quanto para frear o
consumo, caso o aumento de demanda reflita em aumento de inflação. Taxas
de juros elevadas, por exemplo, também inibem os investimentos produtivos
e, como consequência, os empresários poderão deixar de fazer um projeto de
implementação de uma nova unidade ou até de expansão da unidade produtiva
atual. Por outro lado, taxas de juros elevadas refletem em maiores retornos em
investimentos financeiros.

Atividades de autoavaliação
1. A propensão marginal a consumir é em bilhões de reais. Quando

a renda é igual a zero, o consumo é 11 bilhões de reais. Determine a função


consumo e a função poupança.

2. A propensão marginal a poupar é . Quando a renda é igual a zero, o

consumo é de 5 bilhões de reais. Determine a função consumo e a função poupança.

Seção 2
Excedente do consumidor
Os conceitos de excedente do consumidor e do produtor estão relacionados à
microeconomia, mais particularmente à “teoria da firma”. Dessa teoria tiramos
que, em termos gerais, as firmas procuram maximizar seus lucros, dado sua
tecnologia, preço do trabalho, preço do capital, preço dos recursos naturais
e preço da terra. Em resumo, entendemos que o objetivo maior da empresa é
maximizar seus lucros.

123
Capítulo 5

Diferentemente da empresa, o objetivo maior do consumidor é maximizar seu


bem-estar.

A teoria da demanda é derivada de hipóteses da teoria do consumidor.


Parte-se do pressuposto de que o consumidor tenha orçamento limitado e
acesso a uma determinada cesta de produtos. Assim, a teoria da demanda
visa a explicar as possibilidades de escolha do consumidor. O consumidor
fará escolhas com seu orçamento limitado e tentará alcançar a melhor
combinação de bens e serviços consumidos, ou seja, aquela que lhe trará
maior nível de satisfação.

Para obter a satisfação desejada, o consumidor está disposto a pagar um preço.


Mas o preço que ele se dispõe a pagar não corresponde necessariamente ao
que efetivamente pagará, a essa diferença damos o nome de excedente do
consumidor. Assim, nesta seção, veremos uma aplicação da integral definida
a esse conceito. Primeiro, faremos a leitura da definição de excedente do
consumidor. Em seguida, vamos entender como a integral definida é utilizada
para calcular o excedente do consumidor.

Excedente do consumidor – mede o benefício obtido pelo consumidor numa


determinada transação. É a diferença entre o que ele está disposto a pagar por um
determinado produto e o que efetivamente pagará.

A integral definida é utilizada na fórmula que se calcula o excedente do


Função de demanda consumidor. Nesse sentido, vamos desenvolver a fórmula
representa as e compreender a necessidade de utilizar a integral
quantidades de um bem
que pode ser comprado
definida. Para isso, suponha que é uma função
a vários preços. de demanda que relaciona o preço unitário p de um
determinado bem à quantidade demandada x .

Se o preço de mercado é e a quantidade demandada correspondente é ,


então, o consumidor que estiver disposto a pagar um preço superior a tem
um ganho, pelo fato de o preço ser inferior ao que ele está disposto a pagar. Por
exemplo, se o consumidor está disposto a pagar R$ 60,00 por uma camisa e
ela custa R$ 55,00, isso significa que o consumidor economizará R$ 5,00, que
representa o excedente do consumidor.
O gráfico da figura a seguir ilustra a função de demanda correspondente ao preço
de mercado em relação à quantidade demandada correspondente :

124
Matemática nas Ciências Sociais

Figura 5.1 – Gráfico da função de demanda

Preço

x
Quantidade

Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

Analisando o gráfico, podemos notar que, se o consumidor estiver disposto a


pagar qualquer valor acima de , ele estará economizando. Portanto, a área sob
a curva do gráfico de e sobre a reta no intervalo representa o
excedente do consumidor.

Para calcular o excedente do consumidor, basta calcularmos a área A destacada


no gráfico no intervalo , vamos usar a integral definida para calcular essa
área e assim desenvolver a fórmula que calcula o excedente do consumidor.

Definição de área entre duas curvas: Sejam f e g funções contínuas


tais que no intervalo , então a área da região limitada
superiormente por e inferiormente por em é dada por
.

A área que desejamos calcular está limitada inferiormente por e


superiormente por . Usando a definição de cálculo de área já
apresentada, encontramos:

125
Capítulo 5

Logo, para calcular o excedente do consumidor, usamos a fórmula


.

Exemplo 1: Se a função demanda de uma marca de secador de cabelo é


, determine o excedente do consumidor:

a. Se a demanda de mercado for de 3 unidades.


b. Se o preço de mercado for de R$ 27,00.

Solução:

a. Se a demanda de mercado for 3, temos que . Com o valor de ea


função demanda, vamos calcular o valor de :

Antes de aplicar a fórmula, apresentamos um esboço do gráfico da função da


demanda:

Figura 5.2 – Gráfico da função de demanda com

32

11

3 x

Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

126
Matemática nas Ciências Sociais

Para encontrar o excedente do consumidor, vamos aplicar a fórmula:

Portanto, o excedente do consumidor é R$ 36,00.

b. Se o preço de mercado é de R$ 27,00, temos que é . Com o valor de


 , vamos calcular o valor de :

Resolvendo a equação do segundo grau, chegamos ao valor de e  .


Como é quantidade, tem que ser um valor positivo. Assim, a solução da
equação do segundo grau, que é também solução do problema, é .

Antes de aplicar a fórmula, apresentamos um esboço do gráfico da função da


demanda:

Figura 5.3 – Gráfico da função demanda com

32

27

1 x

Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

127
Capítulo 5

Para encontrar o excedente do consumidor, vamos aplicar a fórmula:

Portanto, o excedente do consumidor é de aproximadamente R$ 2,70.

Exemplo 2: Se a função de demanda de um produto é e a demanda


de mercado é 9 unidades, determine o excedente do consumidor.

Solução: Se a demanda de mercado é 9, temos que é . Com o valor de e


com a função de demanda dados, vamos calcular o valor de :

Antes de aplicar a fórmula, apresentamos, por meio da figura a seguir, um esboço


do gráfico da função da demanda.

Figura 5.4 – Gráfico da função de demanda com

9 x

Fonte: Adaptação de Miranda e Miranda (2011).

128
Matemática nas Ciências Sociais

Para encontrar o excedente do consumidor, vamos aplicar a fórmula:

Vamos usar o método de integração por substituição para resolver a integral


definida:

Passo 1: Fazer a escolha de , onde é sempre a . Portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de , sendo .

Passo 3: Fazer a mudança dos limites de integração:

Limite superior , então .

Limite inferior , então .

Passo 4: Fazer a substituição:

Como o limite superior é menor que o limite inferior, podemos modificar usando a
propriedade que garante que, se trocarmos os limites de integração, inverteremos
o sinal da integral definida, estudada anteriormente. Assim:

Passo 5: Calcular a integral definida:

Voltando à fórmula do excedente do consumidor, temos:

Logo, o excedente do consumidor é de aproximadamente R$ 4,70.

129
Capítulo 5

Atividades de autoavaliação
3. Se a função demanda de um produto é , determine o excedente do
consumidor:

a. Se a demanda de mercado é de 2 unidades.

b. Se o preço de mercado é R$ 4,00.

Seção 3
Excedente do produtor
A integral definida também é usada na fórmula que calcula o excedente do
produtor. Para compreender como e por que, vamos conhecer o conceito de
excedente do produtor e depois desenvolver a fórmula.

Excedente do produtor: corresponde ao montante (em unidades monetárias)


de que o produtor se beneficia por produzir as quantidades que lhe proporcionam
a maximização do seu lucro. É, ainda, a diferença entre o preço da mercadoria
negociada e o custo marginal do produtor. O excedente do produtor surge por que
os custos marginais estão abaixo do atual preço que as firmas recebem por seus
bens no mercado.

O custo marginal (CMg) representa quanto os custos totais aumentam pela


produção de uma unidade adicional do produto. Consideram-se como custos
totais: gastos com máquinas, equipamentos e outros capitais produtivos, custos
com mão de obra e insumos necessários para produzir bens. Matematicamente,
o custo marginal corresponde à derivada primeira da função de custo.

Função oferta Suponha que é uma função de oferta que


representa as relaciona o preço unitário y de um bem com a quantidade
respectivas quantidades
de um bem que pode
x que o produtor tornará disponível no mercado.
ser ofertado a vários
preços. Se o preço de mercado é e a quantidade ofertada de
mercado correspondente é , então, os produtores que
podem ofertar produtos com preço inferior a têm lucro.
Por exemplo: se um produtor de camisas consegue produzir camisas para serem
comercializadas a R$ 45,00, mas o preço de mercado é de R$ 50,00 reais, então,

130
Matemática nas Ciências Sociais

o produtor ganhará, a cada camisa, R$ 5,00 a mais, e este ganho representa o


excedente do produtor.

O gráfico da figura a seguir mostra a função oferta constituída pelo preço de


mercado e a quantidade ofertada.

Figura 5. 5 – Gráfico da função oferta

Preço

x
Quantidade
Fonte: Adaptado de Miranda e Miranda (2011).

O gráfico mostra que os produtores que estiverem em condições de ofertar o


produto a qualquer valor abaixo de estarão ganhando. Portanto, a área sobre
a curva do gráfico de e sob a reta no intervalo representa o
excedente do produtor.

Para calcular o excedente do produtor, basta calcular a área A destacada no gráfico


no intervalo . Como fizemos no caso do cálculo do excedente do consumidor,
vamos também usar a definição de cálculo da área e integral definida.

A área que desejamos calcular está limitada superiormente por e inferiormente


por , novamente aplicando a definição de cálculo de área, temos:

Logo, para calcular o excedente do produtor usamos a fórmula .

131
Capítulo 5

Exemplo 1: Se a função de oferta de um produto é , e o preço de


mercado é R$ 36,00, determine o excedente do produtor.

Solução: Se o preço de mercado de um produto é R$ 36,00, então, . Com


o valor de e com a função oferta, vamos calcular :

A equação apresentada tem como solução e . Entretanto, como


representa quantidade, e quantidade é positiva, a solução da equação e também
do problema só pode ser .

Antes de aplicar a fórmula, apresentamos um esboço do gráfico da função da


oferta por meio da seguinte figura.

Figura 5.6 – Gráfico da função oferta com

36

20

4 x
Fonte: Adaptado de Miranda e Miranda (2011).

Para encontrar o excedente do produtor, vamos aplicar a fórmula:

Logo, o excedente do produtor é de aproximadamente R$ 42,70.

132
Matemática nas Ciências Sociais

Exemplo 2: Se a função de oferta de um produto é , e o preço de


mercado é R$ 58,00, determine o excedente do produtor.

Solução: Se o preço de mercado de um produto é R$ 58,00, então, . Com


o valor de e com a função oferta, vamos calcular :

Essa equação tem como solução e . Assim como na equação


anterior, em virtude de representar quantidade, e quantidade ser positiva, a
solução da equação e também do problema só pode ser .

Antes de aplicar a fórmula, apresentamos um esboço do gráfico da função da


oferta por meio da próxima figura.

Figura 5.7 – Gráfico da função oferta com

Preço

x
Quantidade
Fonte: Adaptado de Miranda e Miranda (2011).

133
Capítulo 5

Para encontrar ao excedente do produtor, aplicamos a fórmula:

Logo, o excedente do produtor é de aproximadamente R$ 166,70.

Exemplo 3: Se a função de oferta de uma marca de aparelho de DVD é ,


e o preço de mercado é de R$ 225,00, determine o excedente do produtor.

Solução: Se o preço de mercado de um produto é R$ 225,00, então, .


Com o valor de e com a função oferta, vamos calcular :

Nesse caso, consideramos a o valor positivo porque é quantidade.

Antes de aplicar a fórmula, apresentamos, por meio da figura a seguir, um esboço


do gráfico da função da oferta.

Figura 5.8 – Gráfico da função oferta com

225

16 x

Fonte: Adaptado de Miranda e Miranda (2011).

134
Matemática nas Ciências Sociais

Para encontrar ao excedente do produtor, aplicamos a fórmula:

Vamos usar o método de integração por substituição para resolver a integral


definida:

Passo 1: Fazer a escolha de u , onde u é sempre a . Portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , sendo .

Passo 3: Fazer a mudança dos limites de integração:

Limite superior , então .

Limite inferior , então .

Passo 4: Fazer a substituição:

Passo 5: Calcular a integral definida:

Voltando à fórmula de excedente do consumidor, temos:

Logo, o excedente do produtor é de aproximadamente R$ 1.962,70.

Atividades de autoavaliação
4. Se a função oferta de um produto é , e o preço de mercado é igual a
R$ 6,00, determine o excedente do produtor.

5. Se a função oferta de um produto é , e a quantidade ofertada é 4


unidades, determine o excedente do produtor.

135
Capítulo 5

Seção 4
Investimento e formação do capital
A formação do capital está diretamente ligada ao investimento, a qual é fácil
de ser notada por meio da integral indefinida e da integral definida. Para
compreender essa ligação, primeiro vamos entender os conceitos de formação
de capital e investimento.

Formação de capital – É o processo de adição a um determinado estoque de


capital.

Investimento – É toda e qualquer ação que visa à obtenção de uma determinada


rentabilidade. Em economia, ele está relacionado ao investimento produtivo, ou
seja, a bens de capital que geram outros bens. No caso aqui apresentado estamos
falando do mundo financeiro, que envolve matemática financeira, análise de
investimento e engenharia econômica. Ou seja, estamos falando de investimento no
mercado financeiro.

Vamos considerar que esse processo de formação de capital é contínuo no


tempo, então, o estoque de capital varia a cada instante. Podemos expressar o
estoque de capital por meio de uma função do tempo definida por . Desse
modo, a cada instante t temos um novo estoque de capital.

Já a taxa de variação com que esse estoque de capital varia é determinada pela
derivada da função . Então, a taxa de formação de capital é .

A taxa de formação de capital no instante t é idêntica ao fluxo de


investimento líquido no instante t , definido por I (t) .

Portanto, a ligação existente entre a formação de capital e o investimento é que


a derivada da formação de capital é igual ao investimento; ou seja, a função
que representa a formação de capital no instante t é primitiva da função que
representa o fluxo de investimento no instante t .

Conhecendo a função que representa o fluxo de investimento no instante e o valor


do capital inicial no instante , podemos determinar a função que representa a
formação do capital no instante t , que é a trajetória temporal do capital k .

136
Matemática nas Ciências Sociais

Exemplo 1: Suponhamos que o fluxo de investimento seja descrito pela função

e que o capital inicial no tempo seja R$ 5.000,00, determine a


trajetória temporal do capital k .

Solução: Para encontrar a trajetória temporal do capital k , basta integrar a


função que descreve o fluxo de investimento. Assim:

Portanto, .

O valor de C é determinado com a informação do valor do capital no instante


 , então:

Logo, a trajetória temporal do capital é .

Exemplo 2: Suponhamos que o fluxo de investimento seja descrito pela função

e que o capital inicial no tempo seja R$ 2.000,00, determine a


trajetória temporal do capital k .

Solução: Para encontrar a trajetória temporal do capital k , basta integrar a


função que descreve o fluxo de investimento. Assim:

Portanto, .

O valor de C é determinado com a informação do valor do capital no instante


 , então:

Logo, a trajetória temporal do capital k é .

137
Capítulo 5

Quando se quer saber o valor do montante da formação do capital durante um


intervalo de tempo, usamos o conceito da integral definida, da seguinte forma:
dado um intervalo de tempo , o valor do montante da formação do capital
durante é dado por:

Exemplo 3: Se em milhões de reais por ano, calcule qual será o


montante da formação de capital durante o intervalo .

Solução: Para saber o montante da formação de capital durante o intervalo ,


vamos calcular a seguinte integral definida:

Logo, o montante da formação de capital durante o intervalo é R$


45.000.000,00.

Exemplo 4: Suponhamos que o fluxo de investimento seja descrito pela função

em milhões de reais por ano, e que o capital inicial no tempo seja


de R$ 6.000,00, determine:

a. A trajetória temporal do capital k .


b. O montante da formação de capital durante o intervalo .

Solução:

a. Para encontrar a trajetória temporal do capital k , basta integrar a função que


descreve o fluxo de investimento. Assim:

Portanto, .

138
Matemática nas Ciências Sociais

O valor de C é determinado com a informação do valor do capital no instante


 , então:

Logo, a trajetória temporal do capital k é .

b. Para saber o montante da formação de capital durante o intervalo , vamos


calcular a seguinte integral definida:

Logo, o montante da formação de capital durante o intervalo é


R$ 56.000.000,00.

Esses conjuntos de ferramentas ajudam a calcular o capital no futuro ou o


deslocamento do capital no tempo a partir do custo, ou seja, a taxa de juros.

Atividades de autoavaliação
6. Suponha que o fluxo de investimento seja descrito pela função em
mil reais por ano, e que o capital inicial no tempo é de R$ 2.000,00.

Determine:

a. A trajetória temporal do capital k .

b. O montante da formação de capital durante o intervalo .

139
Considerações Finais

Parabéns por mais esta etapa concluída!

Para chegar aqui, você estudou sobre os principais conceitos de integral


indefinida e suas primitivas, que o(a) ajudaram a compreender a relação entre
integrais e derivadas. Para isso, foi necessário introduzir algumas regras que
possibilitassem aprender e aplicar as definições em problemas característicos das
ciências sociais.

Você estudou, também, os métodos de integração, entre os quais temos como


principais os métodos por substituição e de integração por partes. Estudou
também outro ponto importante, o qual se refere à definição de integral definida e
o cálculo das integrais definidas de funções. Quando falamos em integral definida,
estamos falando de cálculo de área sob uma curva, tema importante para várias
aplicações de conceitos de macro e microeconomia, e finanças em geral.

Além disso, você estudou a aplicação das teorias desenvolvidas ao longo do


livro, envolvendo algumas variáveis fundamentais para a economia de um país,
tais como renda nacional, que afeta o crescimento econômico, o consumo e
a poupança; e investimentos, que movimentam o mercado financeiro. Outra
razão importante do aprendizado dos métodos de integração e o cálculo dos
excedentes, tanto do consumidor quanto do produtor é que ambos são variáveis
da microeconomia.

Grande abraço!

Profa. Clarice Borges de Miranda


Profa. Joseane Borges de Miranda

141
Referências

ANTON, H. B.; DAVIS, I. S. Cálculo. 8. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007.

ARTORIS, A. Estatística e introdução à Economia. São Paulo: Saraiva, 2003.

BOLDRINI, J. S.; COSTA, S. I. R.; FIGUEIREDO, V. L.; WETZLER, H. G. Álgebra


linear. 3. ed. São Paulo: Harbra, 1986.

CAPITÃO, A. C. de O. Estatística. Econometria. Regressão potencial;


exponencial; hiperbólica; regressão linear múltipla. Disponível em: <http://
www.ebah.com.br/content/ABAAAA5tkAH/econometria-regressao-linear>. Acesso
em: 4 ago. 2011.

CHIANG, A. C. Matemática para economistas. São Paulo: McGraw Hill/Edusp,


1982.

LEITHOLD, L. O cálculo com geometria analítica. São Paulo: Harbra, 1982.

MIRANDA, Clarice Borges de; MIRANDA, Joseane Borges de. Cálculo Integral
nas Ciências Sociais. Palhoça: UnisulVirtual, 2011.

SARTORI, A. Estatística e introdução à Economia. São Paulo: Saraiva, 2003.

SILVA, S. M. da et al. Matemática para os cursos de Economia, Administração,


Ciências Contábeis. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

SIMMONS, G. F. Cálculo com geometria analítica. São Paulo: Makron Books,


1987.

STEWART, J. Cálculo. 6. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2009.

TAN, S. T. Matemática aplicada à Administração e Economia. São Paulo:


Thomson, 2003.

WEBER, J. E. Matemática para Economia e Administração. 2. ed. São Paulo:


Harper & Row do Brasil, 1986.

143
Sobre as Professoras
Conteudistas
Clarice Borges de Miranda
É licenciada em Matemática pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
em 2003. Seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) analisou as “Equações do
2º grau e técnicas de resolução: um estudo didático da classe 8a”, demonstrando
técnicas mais amigáveis para cativar os alunos. Possui pós-graduação em
Matemática Aplicada e Computacional pela Universidade Federal de Santa Catarina
(2006), com o trabalho “Usando o MATLAB para Resolução de Problema de
Minimização com Restrições Lineares de Igualdade”, que objetivou usar técnicas
computacionais na resolução de problemas. Atuou na coordenação e organização
de vários cursos de aperfeiçoamento para professores de Matemática do Ensino
Médio no Estado de Santa Catarina, ofertados pela UFSC, na qual também atuou
como professora substituta entre 2003 e 2005, ministrando disciplinas como
Cálculo I e Matemática Financeira, principalmente nos cursos de Ciências Sociais.
Desde 2008, leciona na Cooperativa Educacional de Imbituba (SC).

Joseane Borges de Miranda


É bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), em 1998. Seu TCC analisou o impacto da política cambial
sobre os preços agrícolas em Santa Catarina. É especialista e mestre em
Economia Industrial também pela Universidade Federal de Santa Catarina
(2000). Sua dissertação foi um estudo focado nos aspectos macroeconômicos
da competitividade sistêmica no setor de revestimento de Santa Catarina.
Atualmente, é doutoranda do programa de pós-graduação em Engenharia
e Gestão do Conhecimento da UFSC, com foco na área de Engenharia do
Conhecimento. Sua tese versará sobre indicadores de capital intelectual da
modalidade EaD e indicadores de desempenho. Além da EaD, seu foco de
pesquisa é o e-Gov no Brasil. É professora há mais de nove anos da disciplina
/ atual unidade de aprendizagem de Econometria no curso de Economia. Na
Unisul, é professora dos cursos de Engenharias de Produção, Civil e Ambiental,
ministrando disciplinas / unidades de aprendizagem como Probabilidade
e Estatística, Introdução à Economia e Macroeconomia. Na UnisulVirtual,
é professora das disciplinas / unidades de aprendizagem de Gestão do
Conhecimento, Gestão da Informação, Finanças Internacionais, Estatística e
Econometria. É autora do livro “Engenharia Econômica” e coordenadora do curso
de bacharelado em Ciências Econômicas.

145
Respostas e Comentários das
Atividades de Autoavaliação
Capítulo 1

Seção 1
1. Analisando o gráfico de , determine:

a. .

b. .

c. .

Solução:

a. .

b. .

c. , não existe, pois os limites laterais não são iguais.

147
Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 2
2. Calcule os seguintes limites:

a. .

b. .

c. .

Solução:

a. .

b.

c.

     .

3. Calcule .

Solução: Como o numerador e o denominador desta função se aproxima de zero


quando x tende a cinco, temos uma indeterminação. Então, podemos reescrever
a função:

Agora podemos calcular o limite:

148
Matemática nas Ciências Sociais

Seção 3
4. Calcule os limites indicados:

a. .

b. .

c. .

Solução:

a. .

b.

c. .

5. O custo médio por canetas produzidas que uma certa fábrica tem ao produzir

x canetas é dado pela função custo médio , calcule e


interprete o resultado.

Solução:

149
Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 4
6. Verifique se as funções a seguir são contínuas:

a. .

b. .

c. .

d. .

Solução:

a. Note que a função é uma função polinomial do primeiro grau, portanto, não
temos nenhum problema para os pontos que pertencem ao domínio. O gráfico da
função do primeiro grau é uma reta contínua em todo o seu domínio.

b. A função é definida por duas sentenças. A primeira é uma função polinomial


do primeiro grau; o gráfico é uma reta e contínua para x menor ou igual a 0. A
segunda sentença é uma função constante; o gráfico é uma reta, nesse caso, o
próprio eixo x , portanto, contínua para todo x maior que 0, no ponto . Há
uma “quebra”, assim, vamos verificar o que acontece no ponto . Temos que
verificar as três condições definidas para função contínua em um ponto.

1. está definida e é .
2. Vamos verificar se existe, para isso vamos ter que calcular
os limites laterais:
.

Como as limites laterais são iguais, o existe e o .

3. Temos que verificar se , usando os resultados dos


dois itens anteriores .

Portanto, a função é contínua em todo o seu domínio.

150
Matemática nas Ciências Sociais

c. A função é definida por duas sentenças, a primeira é uma polinomial do


primeiro grau, o gráfico é uma reta, portanto, é contínua para todo x menor ou
igual a 2, a segunda também é uma função polinomial e o gráfico é uma reta,
portanto, contínua para todo x maior que 2. Vamos analisar os três critérios de
função contínua em um ponto para :

1. está definido e é .
2. Vamos verificar se existe, para isso vamos ter que calcular
os limites laterais.
.

Como os limites laterais não são iguais, o não existe.

Portanto, não precisamos analisar o último critério, pois a função não satisfaz
o segundo. Logo, a função não é contínua no ponto e não é uma função
contínua.

d. A função é uma função definida em duas sentenças, e para a função não


está definida, portanto, não satisfaz o primeiro critério de continuidade no ponto
, logo, não é contínua em e não é uma função contínua.

Capítulo 2

Seção 1
1. Seja .

a. Calcule a derivada de .

b. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráfico no ponto .

Solução a: Para calcular usando a definição temos que calcular ,

, e por último calcular .

151
Universidade do Sul de Santa Catarina

Então:

Portanto, .

Solução b: Sabemos que a equação da reta é dada pela seguinte equação:


(  , em que a é o coeficiente angular da reta, que no nosso caso é
o valor da derivada aplicada ao valor , então, , portanto,
equação da reta tangente que passa pelo ponto é:

2. Seja .

a. Calcule a taxa de variação média de y em relação a x nos intervalos de a


e de a .

b. Calcule a taxa de variação (instantânea) de y em .

Solução a: Taxa de variação média no intervalo de a é dada por

, que neste caso portanto,

= 42 – 2 . 4 – 32 + 2 . 3 = 16 – 8 – 9 + 6 = –1 + 6 = 5.

Taxa de variação média no intervalo de a é dada por ,


que neste caso portanto,

152
Matemática nas Ciências Sociais

Solução b: A taxa de variação instantânea no ponto é dada por

Seção 2
3. Determine a derivada das funções a seguir :

a. . b. .

c. . d. .

e. . f. .

g. . h. .

i. . j. .

k. . l. .

m. . n. .

o. .

Solução:

a. .

b. .

c. .

d. .

e. .

f. .

g. .

153
Universidade do Sul de Santa Catarina

h.

i.

j.

k. .

l.

m. .

n. .

o. .

154
Matemática nas Ciências Sociais

Seção 3
4. Determine a segunda derivada de .

Solução: .

5. Determine as derivadas de todas as ordens de .

Solução: .

, para todo n inteiro e .

6. Determine nos itens a seguir a segunda derivada das funções.

a. .

b. .

Solução:

a. .

  .

b. .

  .

155
Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 4
7. Seja o custo de produção dado pela função e a relação entre
o preço unitário p em reais e a quantidade demandada x do bem é dada pela
equação . Determine:

a. A função custo marginal.

b. A função receita e a função receita marginal.

c. A função lucro e a função lucro marginal.

Solução: a. A função custo marginal é a derivada da função custo, então a função


custo marginal é .

Solução: b. A função receita é dada por .

Então a função receita é , sendo a função receita marginal


derivada da função receita, então a função receita marginal é .

Solução: c. A função lucro é dada por:


.

Logo a função lucro é .

A função lucro marginal é a derivada da função lucro, então,

8. Determine o(s) intervalo(s) em que cada função dos itens a seguir é crescente e
decrescente.

a. .

b. .

Solução a: Para determinar os pontos críticos temos que ter a derivada primeira
que é . Agora vamos determinar os pontos críticos: a derivada é
constante em todo o domínio, portanto, não tem ponto crítico, e como é uma
constante positiva, a função é crescente em todo o seu domínio.

156
Matemática nas Ciências Sociais

Solução b: Para determinar os pontos críticos temos que ter a derivada primeira
que é . Agora vamos determinar os pontos críticos: a derivada é
contínua em todo intervalo, pois é uma função polinomial, para saber os pontos

em que ela é igual a zero, temos que ,

portanto, o ponto crítico é . O domínio da função fica dividido em dois


intervalos aberto:

e .

No intervalo , a derivada é negativa, portanto, a função é decrescente


neste intervalo.

No intervalo , a derivada é positiva, portanto, a função é crescente neste


intervalo.

9. Determine onde a função tem concavidade voltada para cima e onde tem
concavidade voltada para baixo.

a. .

b. .

Solução a: Primeiro temos que determinar a segunda derivada:

A segunda derivada é constante e negativa, portanto, a função tem concavidade


voltada para cima em todo o seu domínio.

Solução b: Primeiro temos que determinar a segunda derivada:

Vamos analisar o sinal da derivada segunda e o ponto em que a segunda derivada


é zero. Podemos verificar que a derivada segunda está definida para todo domínio
da função.

157
Universidade do Sul de Santa Catarina

A derivada segunda é zero para , então, neste ponto a função muda a


concavidade, para a derivada segunda é negativa, portanto, a função
tem concavidade voltada para baixo, para a derivada segunda é positiva,
portanto, a função tem concavidade voltada para cima e o ponto é um ponto
de inflexão, essa função tem um único ponto de inflexão.

Exercício 10: Determine os extremos relativos da função , se houver.


Use o teste da segunda derivada.

Solução: Calcular a primeira e a segunda derivada:

Usamos a derivada primeira para determinar os pontos críticos, a qual é definida


em todo o domínio da função. Nesse sentido, vamos determinar em que pontos a
derivada primeira é igual a zero.

Então, os pontos críticos são e , para saber se a derivada segunda


é negativa ou positiva nos pontos críticos, vamos calcular o valor da derivada
segunda em cada ponto crítico.

A derivada segunda é negativa neste ponto, então a função tem um ponto de


máximo relativo em .

A derivada segunda é positiva neste ponto, então a função tem um ponto de


mínimo relativo em .

158
Matemática nas Ciências Sociais

Capítulo 3

Seção 1
1. Em cada alternativa, prove que F é primitiva de f .

a. ; .

b. ; .

c. ; .

Solução: Para provar temos que derivar F , assim devemos lembrar das regras de
derivação.

a. ,

portanto, F é primitiva de f .

b. ,

portanto, F é primitiva de f .

c. .

portanto, F é primitiva de f .

2. Sejam e , prove que F e G são primitivas da função f


definida por , e encontre todas as primitivas de f .

Solução: Para provar tem que derivar F e G ,

Então, as duas funções são primitivas de f , usando o teorema, todas as primitivas


de f são da seguinte forma em que C é uma constante.

159
Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 2
3. Calcule as integrais indefinidas:

a. . b. .

c. . d. .

e. . f. .

g. . h. .

i. . j. .

k. . l. .

m. . n. .

o. .

Solução: Para cada item devemos aplicar a regra adequada:

a. .

b. .

c. .

d. .

e. .

f. .

g. .

160
Matemática nas Ciências Sociais

h. .

i. .

j. .

k. .

l. .

m. .

n.

o.

Seção 3
4. Calcule as integrais indefinidas usando o método de integração por
substituição.

a. . b. .

c. . d. .

e. . f. .

161
Universidade do Sul de Santa Catarina

Solução a:

Passo1: Fazer a escolha de u ,onde u é sempre a , portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a substituição,

Passo 4: Calcular a integral indefinida,

Passo 5: Retornar a variável x ,

Solução b: .

Passo 1: Fazer a escolha de u , sendo u sempre a , portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a substituição,

Passo 4: Calcular a integral indefinida ,

Passo 5: Retornar a variável x ,

Solução c: .

Passo 1: Fazer a escolha de u , sendo u sempre a , portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a substituição,

162
Matemática nas Ciências Sociais

Passo 4: Calcular a integral indefinida ,

Passo 5: Retornar a variável x ,

Solução d: .

Passo 1: Fazer a escolha de u , sendo u sempre a , portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a substituição,

Passo 4: Calcular a integral indefinida ,


.

Passo 5: Retornar a variável x ,

Solução e: .

Passo 1: Fazer a escolha de u , sendo u sempre a , portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a substituição,

Passo 4: Calcular a integral indefinida ,

Passo 5: Retornar a variável x ,

163
Universidade do Sul de Santa Catarina

Solução f: .

Passo 1: Fazer a escolha de u , sendo u sempre a , portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a substituição,

Passo 4: Calcular a integral indefinida ,

Passo 5: Retornar a variável x ,

5. Calcule as integrais indefinidas usando o método de integração por partes

a. . b. .

c. . d. .

Solução a: .

Passo 1: Vamos escolher u e dv :

. .

Passo 2: Determinar du e v :

Para determinar v , vamos utilizar o método de integração por substituição, em


que s é a variável de substituição, para não confundir com as variáveis do método
por partes que estamos resolvendo.

164
Matemática nas Ciências Sociais

•• Escolha de s , .
•• Determinar ds , .
•• Fazer a substituição,
.

•• Calcular a integral indefinida, (desconsiderando a constante de


integração),
.

•• Retornar a variável x , .

Portanto, .

Passo 3: Aplicar a fórmula ,

Passo 4: Resolver:

Observamos que a integral , já foi resolvida no início do exercício, usando o


método de integração por substituição.

Passo 5: Escrever a solução completa:

Solução b:
.
Passo 1: Vamos escolher u e dv :

. .

Passo 2: Determinar du e v :

165
Universidade do Sul de Santa Catarina

Para determinar v vamos usar o método de integração por substituição, em que s


é a variável de substituição, para não confundir com as variáveis do método por
partes que estamos resolvendo.

•• Escolha de s , .
•• Determinar ds , .
•• Fazer a substituição,
.

•• Calcular a integral indefinida, (desconsiderando a constante de


integração),

•• Retornar a variável x , .

Portanto, .

Passo 3: Aplicar a fórmula :

Passo 4: Resolver:

Para determinar vamos usar o método de integração por substituição,


em que t é a variável de substituição, para não confundir com as variáveis do
método por partes que estamos resolvendo.

•• Escolha de t , .
•• Determinar dt , .
•• Fazer a substituição,
.
•• Calcular a integral indefinida, (desconsiderando a constante de
integração),
.

•• Retornar a variável x , .

166
Matemática nas Ciências Sociais

Passo 5: Escrever a solução completa:

Solução c: .

Passo 1: Vamos escolher u e dv :

. .

Passo 2: Determinar du e v :

(desconsideramos a constante de integração).

Passo 3: Aplicar a fórmula :

Passo 4: Resolver :

Passo 5: Escrever a solução completa:

Solução d: .

Passo 1: Vamos escolher u e dv :

. .

Passo 2: Determinar du e v :

167
Universidade do Sul de Santa Catarina

Para determinar v vamos usar o método de integração por substituição, em que s


é a variável de substituição, para não confundir com as variáveis do método por
partes que estamos resolvendo.

•• Escolha de s , .
•• Determinar ds , .
•• Fazer a substituição,
.

•• Calcular a integral indefinida, (desconsiderando a constante de


integração)

•• Retornar a variável x , .

Passo 3: Aplicar a fórmula :

Passo 4: Resolver :

Para determinar vamos usar o método de integração por substituição,

em que t é a variável de substituição, para não confundir com as variáveis do


método por partes que estamos resolvendo.

•• Escolha de t , .
•• Determinar dt , .
•• Fazer a substituição,

168
Matemática nas Ciências Sociais

•• Calcular a integral indefinida, (desconsiderando a constante de


integração),

•• Retornar a variável x , .

Passo 5: Escrever a solução completa:

Seção 4
6. A implantação de uma empresa multinacional nos arredores de uma cidade
aumentará a sua população a uma taxa de

pessoas/ano, sendo t o número de anos após a implantação. A população antes


da implantação era de 25.000 habitantes. Determine a população projetada 4
anos após o início da implantação da empresa.

Solução:

Para determinar a população projetada após 4 anos da implantação da empresa,


vamos usar a taxa de crescimento para encontrar a função ( ) que relaciona a
população e o tempo usando integral indefinida.

169
Universidade do Sul de Santa Catarina

Como a solução de uma integral indefinida é infinita para determinar a solução


única que satisfaz o problema, temos que determinar C , para isso sabemos
que no tempo (início da implantação da empresa) a população é de 25.000
habitante, então

, portanto, , dessa forma, nossa


função é

E a população após 4 nos da implantação é:

Logo, a população projetada 4 anos após o início da implantação da empresa é


de 70.600 habitantes.

7. Uma empresa estima que a partir de março do próximo ano sua produção
cresça a uma taxa de

por mês. Considerando que no mês de março do ano corrente sua produção foi
de 80 unidades, encontre uma expressão que forneça o número total de produção,
t meses após estimativa. Em seguida identifique qual a produção total após 2
meses da estimativa.

170
Matemática nas Ciências Sociais

Solução:

Como é fornecida a taxa de produção, para encontrar a expressão que relaciona


tempo em meses, com a produção, basta integrar a função que representa a taxa
de variação.

Vamos calcular usando o método de integração por substituição.

Passo 1: Fazer a escolha de u , onde u é sempre a , portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a substituição,

Passo 4: Calcular a integral indefinida, o interando é uma função exponencial de


base e

Passo 5: Retornar a variável t ,

Voltando à resolução do problema,

Denotando por a expressão que relaciona tempo em meses, com quantidade


produzida, assim

Para definir a constante C , usamos que no instante , , usando essa


informação:

171
Universidade do Sul de Santa Catarina

Portanto a expressão desejada é:

Vamos calcular a produção nos dois primeiros meses:

A empresa espera produzir aproximadamente 609 unidades até o segundo mês


após a estimativa.

Capítulo 4

Seção 1
1. Para as funções a seguir, utilize a soma de Riemann para encontrar uma
aproximação para a área sob o gráfico, usando as informações indicadas.

a. ; ; ; pontos arbitrários: os extremos direitos.

b. ; ; ; pontos arbitrários: os extremos esquerdos.

c. ; ; ; pontos arbitrários: os extremos direitos.

Solução a:

Vamos calcular , que é o comprimento dos subintervalos:

Os quatros subintervalos são , , e , então


os pontos arbitrários são , , e .

Portanto, a soma de Riemann é :

Logo, a área aproximada sob o gráfico de é de 10,41 unidades de área.

172
Matemática nas Ciências Sociais

Solução b:

Vamos calcular , que é o comprimento dos subintervalos:

Os cinco subintervalos são , , , e , então os


pontos arbitrários são , , , e .

Portanto, a soma de Riemann é:

Logo, a área aproximada sob o gráfico de é de 7,68 unidades de área.

Solução c:

Vamos calcular , que é o comprimento dos subintervalos:

Os três subintervalos são: , e , então os pontos arbitrários são


 , e .

Portanto, a soma de Riemann é:

Logo, a área aproximada sob o gráfico de é de 2,4 unidades de área.

173
Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 3
2. A gerência de uma fabrica de lápis determinou que o custo marginal diário
associado à produção é dada por

em que é medido em reais por unidade e x é o número de unidades


produzidas. A gerência também determinou que o custo fixo diário envolvido na
produção desses lápis é de R$ 90,00. Diante desse contexto, determine o custo
total diário para produzir:

a. As primeiras 300 unidades.

b. Da unidade 250 à unidade 354.

Como a função é o custo marginal, sua primitiva é o custo total. O custo


fixo total na produção de lápis é R$ 90,00, ou seja, .

Solução a:

Para calcular o custo total para produzir as primeiras 300 unidades temos que
calcular variação no intervalo, isto é, a integral definida de no
intervalo :

Portanto, , ou seja, o
custo total diário para produzir as primeiras 300 unidades é de R$ 537,00.

174
Matemática nas Ciências Sociais

Solução b:

O custo total diário que a fábrica tem na produção no intervalo entre a 250ª e a
354ª unidade é dado por :

Portanto, o custo total diário é de R$ 114,2 na produção da 250ª unidade a 354ª


unidade.

3. Dado que :

e .

Calcule:

a. . b. . c. .

Solução a:

Para resolver, vamos usar as propriedades de integral definida:

Agora, vamos usar os valores das integrais definidas:

Portanto, .

175
Universidade do Sul de Santa Catarina

Solução b:

Para resolver, vamos usar as propriedades de integral definida:

Agora, vamos usar os valores das integrais definidas:

Portanto, .

Solução c:

Para resolver, vamos usar as propriedades de integral definida:

Agora, vamos usar os valores das integrais definidas:

Portanto, .

4. Calcule as integrais definidas.

a. . b. .

c. . d. .

e. . f. .

g. . h. .

Solução a:

176
Matemática nas Ciências Sociais

Solução b:

Solução c:

Solução d:

Solução e:

Para resolver essa integral definida, vamos usar o método integração por
substituição:

Passo 1: Fazer a escolha de u , u é sempre a , portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a mudança dos limites de integração.

Limite superior , então, .

Limite inferior , então, .

177
Universidade do Sul de Santa Catarina

Passo 4: Fazer a substituição:

Passo 5: Calcular a integral definida, sendo o interando uma função potência

Logo, .

Solução f:

Para resolver essa integral definida, vamos usar o método integração por
substituição:

Passo 1: Fazer a escolha de u , onde u é sempre a , portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a mudança dos limites de integração.

Limite superior , então, .

Limite inferior , então, .

Passo 4: Fazer a substituição:

Passo 5: Calcular a integral definida, sendo o interando uma função potência,


com potência igual a –1:

Logo, .

178
Matemática nas Ciências Sociais

Solução g:

Para resolver esta integral definida vamos usar o método integração por
substituição.

Passo 1: Fazer a escolha de u , onde u é sempre a , portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a mudança dos limites de integração.

Limite superior , então .

Limite inferior , então .

Passo 4: Fazer a substituição:

Passo 5: Calcular a integral definida, sendo o interando uma função potência.

Logo, .

Solução h:

Para resolver essa integral definida, vamos usar o método integração por partes:

Passo 1: Vamos escolher u e dv :

. .

Passo 2: Determinar du e v :

(desconsideramos a constante de integração).

179
Universidade do Sul de Santa Catarina

Passo 3: Aplicar a fórmula :

Passo 4: Resolver :

Passo 5: Escrever a solução completa:

Conhecendo a primitiva do integrado, podemos calcular a integral definida:

Seção 4
5. Calcule a área limitada pela curva de , pelo eixo x e as retas
e .

Solução:

Vamos desenhar um esboço do gráfico da área que queremos calcular:

0 4 x

Podemos observar que a área no intervalo está sob o eixo x . Portanto, o


valor da área é o valor absoluto da integral definida da função no intervalo :

180
Matemática nas Ciências Sociais

Logo, a área unidades de área.

6. Calcule a área limitada pela curva de , pelo eixo x e as retas


e .

Solução:

Vamos desenhar um esboço do gráfico da área que queremos calcular:

-1 0 1 x

A área A é igual à integral definida da função no intervalo :

Logo, a área unidades de área.

7. Calcule a área limitada pela curva de , pelo eixo x e as retas e


.

181
Universidade do Sul de Santa Catarina

Solução:

Vamos desenhar um esboço do gráfico da área que queremos calcular:

-1 0 2 x

A área A é igual à integral definida da função no intervalo :

Logo, a área unidades de área.

8. Esboce, para os itens a seguir, o gráfico da função e e determine a área da


região delimitada por eles.

a. e .

b. e .

c. e .

Solução a: Vamos dividir a solução em três passos:

Passo 1: Determinar os pontos de intersecção das duas funções.

Para encontrar esses pontos, igualamos as duas funções:

Resolvendo a equação do segundo grau, temos e .

Para e , portanto, os pontos de intersecção são


e .

182
Matemática nas Ciências Sociais

Passo 2: Esboçar o gráfico das funções:

-1 2

Passo 3: Calcular a área entre os gráficos.

A função é a limitante superior da área, e a função éa


limitante inferior da área no intervalo . Usando a definição:

Logo, a área limitada por e é de 4,5 unidades de área.

Solução b: Vamos dividir a solução em três passos:

Passo 1: Determinar os pontos de intersecção das duas funções.

Para encontrar esses pontos, igualamos as duas funções:

Resolvendo a equação, temos e .

Para e , portanto, os pontos de intersecção são e .

183
Universidade do Sul de Santa Catarina

Passo 2: Esboçar o gráfico das funções:

0 1 x

Passo 3: Calcular a área entre os gráficos.

A função é a limitante superior da área e a função é a limitante


inferior da área no intervalo . Usando a definição:

Logo, a área limitada por e é de unidades de área.

Solução c: Vamos dividir a solução em três passos:

Passo 1: Determinar os pontos de intersecção das duas funções.

Para encontrar esses pontos, igualamos as duas funções:

Resolvendo a equação do segundo grau, temos e .

Para e , portanto, os pontos de intersecção são


e .

184
Matemática nas Ciências Sociais

Passo 2: Esboçar o gráfico das funções:

-1 1 x

Passo 3: Calcular a área entre os gráficos.

A função é a limitante superior da área e a função éa


limitante inferior da área no intervalo . Usando a definição:

Logo, a área limitada por e é de unidades de área.

Capítulo 5

Seção 1
1. A propensão marginal a consumir é em bilhões de reais. Quando

a renda é igual a zero, o consumo é 11 bilhões de reais. Determine a função


consumo e a função poupança.

Solução:

Para determinar a função consumo, temos que integrar a propensão marginal a


consumir em relação à y .

185
Universidade do Sul de Santa Catarina

Portanto, . Para determinar K , vamos usar a condição

inicial. Temos que para , então:

Logo, .

Para determinar a função poupança, temos que . Manipulando a


equação:

ou .

Substituindo a função consumo, temos:

Logo, .

2. A propensão marginal a poupar é . Quando a renda é igual a zero, o

consumo é de 5 bilhões de reais. Determine a função consumo e a função poupança.

186
Matemática nas Ciências Sociais

Solução:

Para determinar a função consumo, primeiro vamos determinar a propensão


marginal a consumir. Assim:

Integrando a propensão marginal a consumir em relação a y , temos a função


consumo dada por:

Portanto, . Para determinar K , vamos usar a condição inicial. Temos

que, para , então:

Logo, .

Para determinar a função poupança, temos . Vamos, então,


substituir a função consumo:

Logo, .

187
Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 2
3. Se a função demanda de um produto é , determine o excedente do
consumidor:

a. Se a demanda de mercado é de 2 unidades.

b. Se o preço de mercado é R$ 4,00.

Solução a:

Se a demanda de mercado é 2, temos que . Com o valor de , vamos


calcular o valor de :

Para encontrar o excedente do consumidor, vamos aplicar a fórmula:

Portanto, o excedente do consumidor é R$ 5,30.

Solução b:

Se o preço de mercado é de R$ 4,00, temos que . Com o valor de ,


vamos calcular o valor de :

188
Matemática nas Ciências Sociais

Resolvendo a equação do segundo grau, temos que e . Como é


quantidade, portanto, tem que ser um valor positivo, sendo assim, a solução da
equação do segundo grau que é também solução do problema só pode ser .

Para encontrar o excedente do consumidor, vamos aplicar a fórmula:

Portanto, o excedente do consumidor é de aproximadamente R$ 42,70.

Seção 3
4. Se função oferta de um produto é e o preço de mercado é igual a
R$ 6,00, determine o excedente do produtor.

Solução:

Se o preço de mercado de um produto é R$ 6,00, então . Com o valor de


e com a função oferta, vamos calcular :

Para encontrar o excedente do produtor vamos aplicar a fórmula:

Vamos usar o método de integração por substituição para resolver a integral


definida:

Passo 1: Fazer a escolha de u , em que u é sempre a , portanto, .

189
Universidade do Sul de Santa Catarina

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a mudança dos limites de integração.

Limite superior , então, .

Limite inferior , então, .

Passo 4: Fazer a substituição:

Passo 5: Calcular a integral definida, sendo o interando uma função potência

Voltando à fórmula de excedente do consumidor, temos:

Logo, o excedente do consumidor é de aproximadamente R$ 5,30.

5. Se a função oferta de um produto é , e a quantidade ofertada é 4


unidades, determine o excedente do produtor.

Solução:

Se a quantidade ofertada é 4 unidades, então, . Com o valor de e com a


função oferta, vamos calcular :

Para encontrar ao excedente do produtor, vamos aplicar a fórmula:

190
Matemática nas Ciências Sociais

Vamos usar o método de integração por substituição para resolver a integral


definida. Assim:

Passo 1: Fazer a escolha de u , em que u é sempre a , portanto, .

Passo 2: Calcular o diferencial de u , .

Passo 3: Fazer a mudança dos limites de integração.

Limite superior , então, .

Limite inferior , então, .

Passo 4: Fazer a substituição:

Passo 5: Calcular a integral definida,

Voltando à fórmula de excedente do consumidor, temos:

Logo, o excedente do consumidor é de aproximadamente R$ 20,00.

Seção 4
6. Suponha que o fluxo de investimento seja descrito pela função em mil
reais por ano, e que o capital inicial no tempo é de R$ 2.000,00. Determine:

a. A trajetória temporal do capital k .

b. O montante da formação de capital durante o intervalo .

191
Universidade do Sul de Santa Catarina

Solução a:

Para encontrar a trajetória temporal do capital k , basta integrar a função que


descreve o fluxo de investimento. Assim:

Portanto, .

O valor de C é determinado com a informação do valor do capital no instante


 , então,

Logo, a trajetória temporal do capital k é .

Solução b:

Para saber o montante da formação de capital durante o intervalo , vamos


calcular a seguinte integral definida:

Logo, o montante da formação de capital durante o intervalo é R$


1.266.000,00.

192
Matemática nas Ciências Sociais
O livro Matemática nas Ciências Sociais apresenta
conceitos e fundamentos acerca das ferramentas
matemáticas para solucionar os problemas
relacionados às ciências sociais. As autoras
buscam apresentar de forma clara e objetiva
regras, propriedades e métodos para calcular
limite, derivada e integral, a fim de contribuir para
a compreensão e aplicação das ferramentas
matemáticas para solucionar problemas que
envolvem taxa de variação de uma população,
taxa de variação do lucro e taxa de variação de
faturamento, dentre outros.

ISBN 9788578175849
w w w. u n i s u l . b r

9 788578 175849

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