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TEMAS DA AULA:
• APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR
• USO DA INTERNET E REDE SOCIAL PARA FINS ACADÊMICOS
• APRESENTAÇÃO DO CRONOGRAMA
• APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
• INTRODUÇÃO: BREVE HISTÓRIA DO DIREITO PENAL
• TEORIA GERAL DO DIREITO PENAL
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VINGANÇA PRIVADA
“A pena em sua origem, nada mais foi que vindita, pois é mais compreensível que naquela criatura,
dominada pelos instintos, o revide à agressão sofrida devia ser fatal, não havendo preocupações com a
proporção, nem mesmo com sua justiça” Noronha
Quando ocorria um crime a reação a ele era imediata por parte da própria vítima, por seus familiares
ou por sua tribo. Comumente esta reação era superior à agressão, não havia qualquer id eia de
proporcionalidade.
Esta ligação foi definida por Eric Fromm como sendo um vínculo de sangue, ou seja, era “um dever
sagrado que recai num membro de determinada família, de um clã ou de uma tribo, que tem de matar um
membro de uma unidade correspondente, se um de seus companheiros tiver sido morto”.
Foi um período marcado por lutas acirradas entre famílias e tribos, acarretando um enfraquecimento
e até a extinção das mesmas. Deu-se então o surgimento de regras para evitar o aniquilamento total e
assim foi obtida a primeira conquista no âmbito repressivo: a Lei de Talião (jus talionis), cujo significado
literal é “direito de retaliação”.
O termo latino “talionis” deriva de “tálio” (retribuição) + “omnis” (cada), e contém o sentido de ideia
de retribuir a infração cometida pelo infrator tal qual ele cometeu. Foi a primeira delimitação do castigo, pois
este deveria atingir o criminoso da mesma forma e intensidade do mal causado por ele.
O famoso ditado “olho por olho, dente por dente” foi acolhido como princípio de diversos códigos
como o de Hamurabi e pela Lei das XII Tábuas (Lex XII Tabularum).
Com o passar do tempo á própria Lei de Talião evoluiu, surgindo a possibilidade do agressor
satisfazer a ofensa mediante indenização em moeda ou espécie (gado, vestes e etc). Era a chamada
Composição (compositio).
“A composição é, assim, uma forma alternativa de repressão aplicável aos casos em que a morte do
delinquente fosse desaconselhável, seja porque o interesse do ofendido ou dos membros de seu grupo
fosse favorável à reparação do dano causado pela ação delituosa”.J. Leal
VINGANÇA DIVINA
É o direito penal imposto pelos sacerdotes, fundamentalmente teocrático; o Direito se confundindo
com a religião.
O crime era visto como um pecado e cada pecado atingiam a um certo deus. A pena era um castigo
divino para a purificação e salvação da alma do infrator.
Era comum neste período o uso de penas cruéis e bastante severas.
Seus princípios podem ser verificados no Código de Manu (Índia) e no Código de Hamurábi, assim
como nas regiões do Egito, Assíria, Fenícia, Israel e Grécia.
“Se alguém furta bens do Deus ou da Corte deverá ser morto; e mais quem recebeu dele a coisa
furtada também deverá ser morto” (Código de Hamurábi – art.6º.)
VINGANÇA PÚBLICA
Período marcado pelas penas cruéis (morte na fogueira, roda, esquartejamento, sepultamento em
vida) para se alcançar o objetivo maior que era a segurança do monarca.Com o poder do Estado cada vez
mais fortalecido, o caráter religioso foi sendo dissipado e as penas passaram a ter o intuito de intimidar para
que os crimes fossem prevenidos e reprimidos.
Os processos eram sigilosos, o réu não sabia qual era a imputação feita contra ele, o entendimento
era de que, sendo inocente, o acusado não precisava de defesa; se fosse culpado, a ela não teria direito.
Isso favorecia o arbítrio dos governantes.
DIREITO ROMANO
De inicio, em Roma, a religião e o direito estavam intimamente ligados, o Pater Famílias consistia no
poder de exercitar o direito de vida e de morte (jus vitae et necis) sobre todos os seus dependentes,
inclusive mulheres e escravos.
Com a chegada da Republica Romana ocorreu uma ruptura e desmembramento destes dois
alicerces, a vingança privada foi abolida passando ao Estado o magistério penal.
Os romanos contribuíram para a evolução do direito penal fazendo a distinção do crime, do
propósito, do ímpeto, do acaso, do erro, da culpa leve, do simples dolo e dolo mau (dolus malus), além do
fim de correção da pena.
DIREITO GERMÂNICO
O Direito era visto como uma ordem da paz; desta forma o crime seria a quebra, a ruptura com este
estado.
Inicialmente eram utilizadas a vingança e da composição, porém, com a invasão de Roma, o poder
Estatal foi consideravelmente aumentado, desaparecendo a vingança.
As leis bárbaras caracterizavam-se pela composição, onde as tarifas eram estabelecidas conforme
a qualidade da pessoa, o sexo, idade, local e espécie da ofensa. Para aqueles que não pudessem pagar
eram atribuídas as penas corporais.
Também adotaram a Lei de Talião e, conforme o delito cometido, utilizavam a força para resolver
questões criminais.
Eram admitidas também as ordálias ou juízos de Deus (provas de água fervendo, ferro em brasa...),
assim como os duelos judiciários, onde o vencedor era proclamado inocente.
DIREITO CANÔNICO
É o ordenamento jurídico da Igreja Católica Apostólica Romana.
O vocábulo canônico é derivado da palavra kánon, que significava regra e norma, com a qual
originariamente se indicava qualquer prescrição relativa à fé ou à ação cristã.
Inicialmente o Direito Canônico tinha o caráter meramente disciplinar, porém com o fortalecimento
do poder papal, este direito passou atingir a todos da sociedade (religiosos e leigos).
Tinha o objetivo de recuperação dos criminosos através do arrependimento, mesmo que fosse
necessária a utilização de penas e métodos severos.
Os delitos eram classificados em delitos eclesiásticos (contra a Igreja ou contra a Fé), seculares
(fatos mundanos) e mistos.
Esse direito deu uma atenção ao aspecto subjetivo do crime, combateu a vingança privada com o
direito de asilo e as tréguas de Deus, humanizou as penas, reprimiu o uso das ordálias e introduziu as
penas privativas de liberdade (ocorriam nos monastérios em celas) em substituição às patrimoniais.
A penitenciária foi criada por este Direito: seria um local onde o condenado não cometeria crimes,
se arrependeria dos seus erros e por fim se redimiria podendo voltar ao convívio social.
Os tribunais eclesiásticos não costumavam aplicar as penas capitais até o período conhecido como
a Inquisição. Neste período passou-se a empregar a tortura, o processo inquisitório dispensava prévia
acusação e as autoridades eclesiásticas agiam conforme os seus valores e entendimentos. Foi um período
marcado por muitas atrocidades...
PERÍODO HUMANITÁRIO
É no decorrer do período humanitário que se inicia o período humanitário do direito penal,
movimento que pregou a reforma das leis e da administração da justiça penal no fim do século XVII. É
nesse momento que o homem moderno toma consciência crítica do problema penal como problema
filosófico e jurídico que é.
Em 1764, Cesar Bonesana, Marquês de Beccaria, filósofo imbuído dos princípios pregados por
Rousseau (“Contrato Social”) e Montesquieu (“O Espírito das Leis”), fez publicar em Milão, a obra Dei Delitti
e Delle SPene (dos delitos e das penas), um pequeno livro que se tornou o símbolo da reação liberal ao
desumano panorama penal então vigente.
São os seguintes os princípios básicos pregados pelo filósofo que, não sendo totalmente original,
firmou em sua obra os postulados básicos do direito penal moderno, mitos dos quais adotados pela
declaração dos direitos do homem, da revolução francesa:
1 Os cidadãos, por viverem em sociedade, cedem apenas uma parcela de sua liberdade e direitos.
Por essa razão não se podem aplicar penas que atinjam direitos não cedidos, como acontece
noa casos da pena de morte e das sanções cruéis.
2 Só as leis podem fixar as penas, não se permitindo ao juiz interpretá-las ou aplicar sanções
arbitrariamente.
3 As leis devem ser conhecidas pelo povo, redigidas com clareza para que possa ser
compreendidas e obedecidas por todos os cidadãos, etc.
Antes de adentrarmos ao nosso principal objeto de estudo, que é o Código Penal, é necessário
conhecer a teoria em que se funda o Direito Penal.
POSIÇÃO ENCICLOPÉDICA
O direito penal pertence ao direito público.
Destinado a viger nos limites territoriais como direito positivo de determinado país é o direito penal
amo do direito público interno.
Como o sistema jurídico de um país é formado de elementos que se completam, sem contradições,
o direito penal, como uma das partes desse todo, tem íntima correlação com os demais ramos da ciência
jurídica.
Fonte é o lugar de onde provém a norma. No direito penal as fontes podem ser materiais ou formais.
1) Fonte material (ou fonte de produção): a União (CF, art. 22-I), que detem competência exclusiva
para legislar sobre direito penal.
2) Fontes formais (ou fontes de revelação): referem-se aos meios pelos quais o direito penal se
exterioriza. Subdividem-se em:
a) fontes formais imediatas: as leis penais, que se subdividem em:
a1) normas penais incriminadoras: definem as infrações e as penas. Ex. CP, Art. 121
a2) normas penais permissivas: prevêem a licitude ou a impunidade de determinados
comportamentos, apesar destes se enquadrarem na descrição típica. Exemplo: legítima defesa, etc.
a3) normas penais complementares ou explicativas: esclarecem o significado de outras
normas ou limitam o âmbito de sua aplicação. Ex: CP, art. 327, define o que é “funcionário público” para fins
penais (“aquele que embora transitoriamente ou sem remuneração exerce cargo, emprego, ou função
pública).
b) Fontes formais mediatas: são os costumes e os princípios gerais de direito.
b1) costumes: conjunto de normas de comportamento a que as pessoas obedecem de
maneira uniforme e constante pela convicção de sua obrigatoriedade. O costume não revoga a lei, mas
serve para integrá-la (ou seja, dar sentido e clareza a lei). Ex: reputação (art 139), dignidade e decoro (art.
140), ato obsceno (art. 233), etc.
b2) Princípios gerais do direito: são regras que se encontram na consciência dos povos e
são universalmente aceitas, mesmo que não escritas. Tais regras, de caráter genérico, orientam a
compreensão do sistema jurídico em sua aplicação e integração, estejam ou não incluídas no direito
positivo. Ex. Princípio da presunção da inocência
QUANTO A ORIGEM
Ou seja, quanto ao sujeito que interpreta a lei, ela pode ser autêntica, doutrinária e jurisprudencial
• autêntica: é dada pela própria lei. Ex: art. 150,parágrafos 4.º e 5.º diz o que se considera e o
que não se considera “casa”
• doutrinária: é feita pelos estudiosos, professores, autores, através de obras de direito, por
seus livros, artigos, conferências, palestras, etc
• jurisprudencial: é aquela feita pelos tribunais e juízes em seus julgamentos
QUANTO AO MODO
Pode ser gramatical, teleológica, histórica, sistemática:
• gramatical: leva o sentido literal das palavras contidas na lei
• teleológica: que busca descobrir o significado da lei por uma análise de suas finalidades
• sistemática: busca encontrar o significado da norma pela integração com os demais
dispositivos de uma mesma lei e com o sistema jurídico como um todo
QUANTO AO RESULTADO
Pode ser declarativa, restritiva ou extensiva:
• declarativa: se conclui que a letra da lei corresponde exatamente ao que o legislador quis
dizer
• restritiva: quando se conclui que o texto legal abrangeu mais do que queria o legislador (por
isto a interpretação irá restringir o seu alcance)
• extensiva: quando se conclui que o texto da lei ficou aquém da intenção do legislador (por
isto a interpretação irá ampliar sua aplicação).
Embora parecidas, estas expressões tem significados distintos: a primeira é uma forma de
interpretação da lei, a outra é uma forma de integração da lei penal. Eis a explicação:
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
É possível aplicar quando dentro do próprio texto legal, o legislador se vale de uma fórmula
genérica, que deve ser interpretada de acordo com os casos anteriores. Ex: crime de estelionato pode ser
cometido mediante artifício, ardil ou qualquer outra fraude.
ANALOGIA
Somente se aplica em casos de lacuna da lei, ou seja, quando não há qualquer norma regulando o
tema. Fazer uso dela significa aplicar uma norma penal a um fato não abrangido por ela nem por qualquer
outra lei, em razão de tratar-se de fato semelhante ao que a norma regulamenta. Exemplo de aplicação da
analogia em matéria processual penal: aplicação da Lei Maria da Penha (Lei 11.340 de 27.8.2006) em favor
de homem vítima de violência doméstica. Em seu artigo 22, a lei federal determina que o juiz pode aplicar
"medidas protetivas de urgência" contra o agressor quando constatada "prática de violência doméstica e
familiar contra a mulher".
Já no direito penal material, a analogia só pode ser aplicada em favor do réu “analogia in bonam
partem”, que não contraria o princípio da reserva legal, sendo vedado seu uso para incriminar condutas não
abrangidas pelo texto legal.
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
A lei penal tem de ser aplicada na proporção dos fatos, de acordo com o delito (tentado/consumado,
doloso/culposo, simples/qualificado, etc). Este princípio tem a ver com o delito.
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Nas próximas aulas, passaremos ao estudo do Código Penal, em sua Parte Geral.