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Para elaborarmos estratégias de aprendizagem para um aluno com Transtorno do

Espectro Autista, devemos primeiramente buscar o máximo de informações possíveis


sobre o aluno. Se formos atendê-lo na escola, deveremos verificar se a escola possui
uma Sala de Recursos Multifuncional (SRM) e se esse aluno frequenta os atendimentos
nesse espaço.
A professora que atende na SRM possui registros importantes que poderão
auxiliar na construção do Plano Educacional Individualizado (PEI). O PEI é o
documento onde registraremos os conhecimentos e quais estratégias iremos propor ao
nosso aluno bimestralmente.
No entanto, o primeiro contato com os registros sobre o aluno, nos ajudará a
termos uma noção sobre quais características o autismo deixou nele e como a família
participa e lida com sua deficiência.
No seu dia a dia com o aluno, especialmente durante o período chamado pela
escola como “período de adaptação” registraremos todas as habilidades e dificuldades
que o aluno possui. A Educação Especial refere-se ao processo inicial de interação com
o aluno de “sondagem”. Porém, trata-se de uma avaliação do desempenho e das
condições gerais do indivíduo no espaço escolar. A partir dessa avaliação,
construiremos um PEI onde constará os conhecimentos que serão trabalhados naquele
bimestre, quais as estratégias e quais os materiais são mais apropriados para as
necessidades e estilo cognitivo daquele indivíduo.
O PEI atende o direito do aluno a ter um currículo de acordo com suas
necessidades de aprendizagem. Geralmente são compostos por conhecimentos e
estratégias diferenciadas das que o professor regente preparou para o grupo,
considerando que nem sempre ele aprenderá da mesma forma que os alunos com
desenvolvimento neurotípico. E quem faz esse Plano Educacional Individualizado? A
resposta correta é o professor regente, com o auxílio do assistente educacional inclusivo
e do professor da sala de recursos. No entanto, nem sempre ocorre dessa forma.
As estratégias de aprendizagem contempladas no PEI poderão ser:
 Comunicação alternativa, para crianças com limitação na comunicação, o
instrumento mais conhecido é o PECS — Sistema de comunicação por troca de
figuras (Picture Exchange Communication System). No entanto, podemos
utilizar imagens fotográficas do cotidiano da criança, caso não tenhamos
formação para aplicarmos o PECS. Precisamos avaliar o nível de compreensão
da criança e criar uma comunicação alternativa a qual ela consiga utilizar.
Quando a criança possui muita dificuldade em se comunicar gera reflexos em
seu comportamento. É comum ouvirmos queixas na escola, que a criança bate,
empurra, joga objetos, corre, grita, enfim. Estes comportamentos inadequados é
a forma que encontram para externar sentimentos, desejos, sintomas, etc.
 Atividades que contemplem o nível de aprendizado. Se o aluno está num
nível de aprendizado mais primitivo, mais próximo do estágio sensório motor,
iremos privilegiar atividades que contemplem as habilidades mais motoras, que
requerem objetos concretos para serem manuseados. Essas atividades serão mais
voltadas para triagem e deslocamento/transportes simples e depósito de
elementos. (Ciola &Fonseca, 2016).
Quando as habilidades perceptuais do indivíduo são mais desenvolvidas e ele
consegue compreender os símbolos, discriminar imagens e seu pensamento se
torna mais simbólico. As estratégias poderão vir acompanhadas de instruções
visuais. Inicia-se com atividades planificadas que trazem imagens, fotografias,
letras, números.
 Instruções visuais. Em nosso dia a dia encontramos muitas instruções visuais
que nos ajudam a nos locomover corretamente em alguns espaços e a executar
algumas atividades, como por exemplo: os sinais de trânsito, as marcações no
chão em bancos, supermercados, hospitais. Enfim, se observarmos encontramos
essa estratégia em vários locais na sociedade. Frequentemente as pessoas com
autismo possuem como ponto forte o processamento visual, memorização de
rotinas e interesses restritos. Podemos organizar vários materiais que
contemplem as instruções visuais ou pistas, a rotina e a agenda são um dos
recursos mais utilizados, pois organizam a rotina da pessoa com TEA dando-lhe
previsibilidade na sequenciação das atividades que serão realizadas ajudando-o
na diminuição da ansiedade. O quadro de rotina e a agenda também devem ser
confeccionadas de acordo com o nível cognitivo do aluno. As pistas visuais
também poderão estar nas atividades, instruindo o aluno sobre como fazer. Ou
dando a dica de qual letra ou número responde a questão, ao apresentar uma cor
que a diferencia das demais.
 Uso de reforçadores. O uso de reforçadores é uma prática comumente utilizada
pela Análise do Comportamento Aplicada (ABA), que consiste em aumentar a
probabilidade de ocorrer um comportamento adequado mediante um estímulo.
Quando o aluno realiza uma atividade de acordo com o que você planejou, você
poderá dar a ele algo que ele goste e que você observou anteriormente durante a
avaliação que poderá servir de motivação. No entanto, os reforçadores nem
sempre permanecem os mesmos. Você deverá sempre avaliar o interesse do
aluno. Alguns alunos sentem-se motivados com reforçadores sociais, outros
preferem brinquedos, celulares, notebooks e até mesmo alimentos. Porém, no
ambiente escolar precisamos ter cautela é preciso conversar com a coordenação
e observar o estatuto escolar, para que não tenhamos problemas em nossa
prática.
 Antecipar-se aos momentos de crise. A maioria das pessoas no espectro
possuem alterações sensoriais e o ambiente escolar é sem dúvida um espaço
riquíssimo em estímulos. O professor e o assistente precisam estar atentos as
condições do ambiente. A turma deverá ter conhecimento sobre o Transtorno e
quais os prejuízos ocorrerão para o colega quando houver uma sobrecarga
sensorial. Será preciso um esforço conjunto para manter um ambiente sem
muitos estímulos. O professor do apoio diante de suas anotações diárias poderá
verificar em qual momento da aula o aluno torna-se mais agitado e antes de
ocorrer um comportamento inadequado pelo excesso de estímulos ele poderá
tirar o aluno da sala e levá-lo para dar uma volta. Esse procedimento poderá
auxiliar o aluno a desenvolver estratégias de auto regulação.

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