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APLICABILIDADE, NORMAS E PROJETO DE VASOS DE PRESSÃO – UMA REVISÃO

Rodrigo José da Silva (1) (js.rodrigo_@hotmail.com), Thiago Amaro Rodrigues (2)


(thiagoamrodrigues@gmail.com), Lucas Antônio Rodrigues (3) (lucasanrodrigues@gmail.com), Márcio
Eduardo Silveira (4) (msilveira@ufsj.edu.br)
(1)
UFSJ - PPMEC – Praça Frei Orlando, 170, Centro, São João Del Rei, Minas Gerais
(2)
UFSJ - PPMEC – Praça Frei Orlando, 170, Centro, São João Del Rei, Minas Gerais
(3)
FGV - IDE – Avenida Osvaldo Machado Gontijo, 1176, Centro, Divinópolis, Minas Gerais
(4)
UFSJ - PPMEC – Praça Frei Orlando, 170, Centro, São João Del Rei, Minas Gerais

RESUMO: Os vasos de pressão são considerados recipientes estanques que independente do seu formato,
tipo e aplicação industrial, armazenem um determinado fluido pressurizado. Os vasos de pressão
apresentam diversas aplicações para indústria e edificações. São utilizados para o acondicionamento de
fluidos pressurizados, sendo estes tanto líquidos quanto gases sob pressão ou ação de vácuo. Sua
versatilidade permite que estes sejam utilizados desde o armazenamento de gases para processos
industriais, quanto no armazenamento de gás liquefeito petróleo, GLP, em prédios e condomínios. Os vasos
de pressão, em geral, são produzidos sob encomenda de empresas e devem seguir a norma
regulamentadora 13 do Ministério do Trabalho e Emprego que estabelece parâmetros para construção,
instalação e operação. Sendo, portanto, passível de fiscalização todo e qualquer estabelecimento que
utilize vasos de pressão. O presente trabalho teve por objetivo levantar uma revisão bibliográfica e estudar
os tipos e características dos vasos de pressão, normas pertinentes para os vasos de pressão e projeto de
fabricação de vasos de pressão. Foram levantadas, na literatura, os principais as normas técnicas vigentes
para construção e operação, os tipos de vasos de pressão, características técnicas e aspectos construtivos,
e a aplicação de cada modelo. Pôde-se concluir, ao final do estudo, que, no projeto de um vaso de pressão,
é de suma importância o conhecimento das especificidades do ambiente que este ele irá operar, tornando a
produção em série destes equipamentos inconcebível. Foi possível compreender a especificidade de cada
vaso de pressão, seu funcionamento e suas aplicações de forma segura.

PALAVRAS-CHAVE: Estanqueidade, Normas, Projeto, Vaso de Pressão.

1. INTRODUÇÃO

Os vasos de pressão apresentam diversas aplicações para indústria e edificações. São


utilizados para o acondicionamento de fluidos pressurizados, sendo estes tanto líquidos quanto
gases sob pressão ou ação de vácuo. Sua versatilidade permite que estes sejam utilizados desde o
armazenamento de gases para processos industriais, quanto no armazenamento de gás liquefeito
petróleo, GLP, em prédios e condomínios. Portanto, a diversidade de formas e tipos permite o
estudo das diversas aplicações dos diferentes vasos de pressão. Estes equipamentos são perigosos
e, se mal projetados ou mal operados, podem levar a graves acidentes. Portanto, o estudo à cerca
das diversas aplicações, aspectos construtivos, tipo de fluido, dentre outros aspectos, para os
diferentes vasos de pressão se justifica.
Grande parte dos vasos de pressão é projetada, fabricada e inspecionada de acordo com a
demanda específica de uma determinada indústria ou processo, sendo, portando, construída sob
encomenda. Desta forma, procuramos compreender as características construtivas e as

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peculiaridades de cada tipo de vaso de pressão, de forma a delimitar suas aplicações e evitar
acidentes.

2. OBJETIVOS

Este trabalho tem por objetivo estudar os tipos e características dos vasos de pressão,
normas pertinentes e projetos de fabricação relacionados a estes equipamentos. Foram
levantadas, na literatura, as normas técnicas vigentes para construção e operação, os tipos de
vasos de pressão, características técnicas, aspectos construtivos e a aplicação de cada modelo, o
que nos permitiu compreender a especificidade de cada vaso de pressão, seu funcionamento e
suas aplicações de forma segura. Este estudo utilizou recursos da metodologia cientifica com
ênfase na revisão bibliográfica, que resultou em pesquisas de literaturas técnicas e busca em
bases de dados, com finalidade de se chegar a informações concretas para sustentação deste
trabalho.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Foram levantadas, na literatura, os principais as normas técnicas vigentes para construção


e operação, os tipos de vasos de pressão, características técnicas e aspectos construtivos, e a
aplicação de cada modelo.

4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Vasos de pressão

De acordo com a Norma Regulamentadora Nº 13, em seu Anexo III, vaso de pressão é todo
e qualquer vaso cujo produto da pressão manométrica (kPa) pelo volume interno (m³) resulta em
um fator superior que 8 (oito) (BRASIL, 2006). Os vasos de pressão são considerados recipientes
estanques que, independente do seu formato, tipo e aplicação industrial, armazenem um
determinado fluido pressurizado (TELLES, 1996).
Os vasos de pressão apresentam externamente uma parede de pressão que podem ser
simples ou múltiplas, podem também ser de variados formatos em decorrência das dimensões e
aplicação. A parede de pressão é composta basicamente pelo casco e tampos de fechamento. Os
vasos de pressão apresentam ainda partes não sujeitas à pressão, como é o caso dos suportes. De
forma geral, os vasos de pressão não sujeitos à chama são utilizados para as seguintes aplicações:
acumulação intermediaria de gases e líquidos para processos, armazenamento de gases sob
pressão e processamento de gases e líquidos (TELLES, 1996).
A Norma Regulamentadora Nº 13, do Ministério do Trabalho e Emprego, estabelece
parâmetros para construção, instalação e operação, com relação aos vasos de pressão; sendo,
portanto, passível de fiscalização todo e qualquer estabelecimento que utilize vaso de pressão em
seu processo. Com relação aos aspectos construtivos, baseamos também na norma americana
ASME Seção VIII Divisão 1 e 2. A Divisão I da ASME estipula procedimentos para a determinação
do casco, tampos, reduções, flanges, bocais e reforços submetidos à pressão externa ou interna.
Esta divisão apresenta ainda métodos de análise computacional para avaliação destes

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componentes, das tensões resultantes e de esforços localizados. Já a Divisão II da ASME apresenta
características construtivas para, fabricação, exames e testes (SILVA, 2015). Conforme pode se ver
na figura 01, um vaso de pressão é constituído por: tampos, costado, boca de visita, dreno, apoios.

Figura 1. Componentes de um vaso de pressão.

4.2 Tipos de Vasos de pressão

De acordo com Telles (1996), os vasos de pressão possuem basicamente três posições de
instalação, sendo: verticais, horizontais ou inclinados. Os vasos verticais são mais caros que os
horizontais por questões de acomodação no terreno; geralmente são indicados quando é preciso
ação da gravidade para escoamento do fluido, como em reatores de catalise, por exemplo. Os
vasos horizontais são os mais comuns e são indicados para fabricação de trocadores de calor ou
vasos de acumulação. Os vasos inclinados são utilizados em situações em que a operação
necessita o escoamento por gravidade de um fluido difícil de escoar. Os tanques cilíndricos são
mais frequentes de serem encontrados na indústria, sendo utilizados no armazenamento de água,
combustíveis, dentre outros produtos químicos. Os tanques esféricos são utilizados para casos
específicos, tais como no armazenamento de gases sob elevada pressão (SILVA JÚNIOR, 2011).
Conforme pode se ver na figura 02, os vasos de pressão mais utilizados na indústria são:
• Cilíndrico vertical simples;
• Cilíndrico vertical composto;
• Cilíndrico horizontal;
• Cilíndrico horizontal geminado;
• Cilíndrico inclinado;
• Cilíndrico cônico;
• Esférico;
• De esferas múltiplas.

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Figura 2. Tipos de vasos de pressão

4.3 Tipos de Tampos

Conforme pode se ver na figura 03, os vasos de pressão apresentam casco e tampos com
formato de uma superfície de revolução. Em sua maioria, apresentam cascos em três formas
principais, sendo: cilíndrica, esférica, cônica ou uma combinação dessas formas. Já os tampos
podem assumir diversas formas, sendo os principais: elíptico, torisférico, hemisférico, cônico e
plano (TELLES, 1996).

Figura 3. Tipos de tampos

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Figura 4. Tipos de tampos planos

Conforme pode se ver na figura 04 estão representados os tampos planos. O tampo


elíptico apresenta as seções transversais como as de uma elipse. No tampo elíptico, a relação de
semieixos é de 2:1 (dois para um), sendo o diâmetro do tampo quatro vezes sua altura. Já os
tampos torisférico são constituídos por uma calota central esférica, de raio Rc, e por uma seção
toroidal de concordância, de raio Rk (NICOLA; VIEIRA, 2012).
O tampo semiesférico é o mais resistente de todos e pode ter metade da espessura de um
casco cilíndrico de mesmo diâmetro. O tampo cônico apresenta fácil aspecto construtivo, mas é
pouco utilizado por ser menos resistente do que os demais. Há vários tipos de tampos planos:
tampos não removíveis, flange cego aparafusado removível e flange cego com anel de travamento
rosqueado (TELLES, 1996).

4.4 Acessórios de Vasos de Pressão

Os vasos de pressão apresentam, em seu aspecto construtivo, algumas aberturas no casco


ou nos tampos para funções diversas, tais como: instalação de manômetros e válvulas de alívio,
instalação de drenos e respiros, bocas de visitas, ligações da tubulação de entrada e saída no vaso
(TELLES, 1996).

4.4.1 Bocais e bocas de visita

As ligações com tubulações externas para entrada e saída de fluido, dreno ou instalação de
manômetros e termômetros, são possíveis através dos bocais. Podem ser utilizados, para fazer
ligações dos bocais, solda ou flanges. As bocas de visita são aberturas fechadas por meio de

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tampas removíveis com finalidade de permitir a visualização do interior do vaso, para realizar
inspeção, montagem ou retirada de peças internas (IECKER, 2014).

Figura 5. Aberturas em um vaso de pressão

Segundo Telles (1996), a Figura 5 representa as aberturas em um vaso de pressão vertical:


• A, B e C: aberturas para ligação com tubulações externas.
• F1 e F2: aberturas para ligação entre partes do próprio vaso.
• G: abertura para instalação de manômetro.
• H e J: aberturas do respiro e dreno, respectivamente.
• K: boca de visita.
• L: abertura para ligação a um corpo desmontável do próprio vaso.
• M: abertura para remoção de peças internas (ex: misturador).

4.4.2 Suportes

Os vasos de pressão não podem ficar suspensos pela tubulação. Por isso, faz-se necessário
que os mesmos apresentem suportes próprios para fixação (TELLES, 1996). Dentre os suportes
mais comumente utilizados, estão: o tipo saia – podendo ser cilíndrica ou cônica; por colunas de
sustentação; por sapatas chumbadas ao corpo do vaso ou pela própria superposição de vasos
intermediários intercalados por saias.

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4.5 Normas Técnicas

4.5.1 Norma ASME VIII Divisão 1

A American Society of Mechanical Engineers (ASME) é composta engenheiros mecânicos


com objetivo de criar normas técnicas para equipamento mecânicos. Deste grupo surgiu as
normas da ASME, se destacando o descritivo da Boiler and Pressure Vessel Code (BPVC), que
estabelece regras para o projeto, fabricação e inspeção de caldeiras e vasos de pressão (TELLES,
1996).
De acordo com Telles (1996), a norma Boiler and Pressure Vessel Code (BPVC) seção VIII
apresenta as seguintes divisões:
• Divisão 1 - Construção de vasos de pressão;
• Divisão 2 - Alternativas para construção de vasos de pressão;
• Divisão 3 - Alternativas para a construção de vasos de alta pressão.

A norma ASME Seção VIII Divisão 1 é indicada para construção vasos de pressão que
apresentem pressão total, interna ou externa, menor ou igual a 20 (MPa) e com diâmetro interno
maior ou igual a 152,4 (mm). A Divisão 1 utiliza o critério de falha da Tensão Principal Máxima ou
Critério de Rankine, não sendo, portanto, adequado quando for necessária a análise de fadiga
(IECKER, 2014).

4.5.1.1 Sobre espessura de corrosão

A sobre-espessura de corrosão (tc) é um acréscimo na espessura da parede do vaso, tendo


em vista o desgaste ao longo da vida útil. É a resultante da taxa de corrosão pelo tempo de vida
útil do equipamento projetado (LOSITO, 2015).
Segundo Telles (1996), é indicada a utilização de materiais mais resistentes à corrosão
quando a taxa de corrosão pelo tempo for maior que 0,3 (mm/ano). São indicados valores de
referência para sobre-espessura de corrosão em vasos de pressão de aço carbono ou aços baixa
liga de acordo com o meio corrosivo, sendo:
• Meio pouco corrosivo: tc = 1,5 (mm);
• Meio corrosivo (médio): tc = 3,0 (mm);
• Meio muito corrosivo: 4,0 (mm) ≤ tc ≤ 6,0 (mm).

4.5.1.2 Espessura mínima requerida

A espessura mínima requerida (t) é a espessura mínima que os componentes do vaso de


pressão (casco e tampos) devem apresentar para resistir às tensões internas resultantes da
pressão interna. No caso do vaso de pressão, apresentar espessuras muito pequenas de paredes é
fundamental verificar a possibilidade de falha por flambagem da parede do vaso durante o projeto
(IECKER, 2014).

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4.5.1.3 Tensão máxima admissível

De acordo com Telles (1996), a tensão máxima admissível (Sadm) é a relação do material e
da temperatura de projeto do vaso de pressão. Na norma ASME Seção VIII Divisão 1, a tensão
máxima admissível para diferentes materiais diferentes do ferro fundido são dadas em relação a
temperatura. As tensões admissíveis são calculadas utilizando fatores de segurança.

4.5.1.4 Eficiência da junta

De acordo com Telles (1996), a eficiência da junta (E) esta relacionada à união das partes
construtivas de um vaso de pressão, conforme pode se ver nas figuras 06 e 07. A eficiência da
junta é utilizada como coeficiente de segurança no projeto do vaso de pressão. A eficiência da
junta soldada depende apenas do tipo de junta e do grau de inspeção da mesma. A qualidade da
junta soldada e a maior exigência de exames de inspeção estão intimamente relacionadas aos
custos de fabricação – quanto maior a eficiência da junta, menor será a espessura mínima
requerida das paredes do vaso.
A norma ASME Seção VIII Divisão 1 estabelece basicamente dois exames de inspeção:
• Exame radiográfico – proporciona o registro de imperfeições em materiais através da
utilização de Raio-X sobre corpo a ser analisado.
• Exame de ultrassom: proporciona o registro de imperfeições em materiais através da
passagem de vibrações ultrassônicas sobre o corpo a se analisar.

Figura 6. Solda entre cascos, costado e espelhos

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Figura 7. Exemplo de tipos de soldas realizadas em vasos de pressão

4.5.1.5 Pressão Máxima de Trabalho Admissível

Segundo Telles (1996), a Pressão Máxima de Trabalho Admissível (PMTA) é o maior valor
permitido de pressão de trabalho para vaso em posição normal de operação. Esta pressão
corresponde ao menor dos valores de PMTA calculados.

4.5.1.6 Temperatura de Projeto

A temperatura de projeto (T) é estabelecida entre trinta de cinquenta graus centígrados


acima da temperatura máxima para parede do vaso de pressão calculado. Normalmente, a
temperatura de projeto é tomada como a própria temperatura do fluido (TELLES, 1996).

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4.5.1.7 Teste Hidrostático

De acordo com a norma ASME (2002), o teste hidrostático em vasos de pressão


caracteriza-se no preenchimento do volume do vaso com água ou outro líquido, para que se
aplique um nível de pressão de teste. O teste hidrostático tem por finalidade detectar defeitos de
fabricação como micro trincas, falhas estruturais, soldas imperfeitas, dentre outros defeitos. A
pressão de teste hidrostático, de acordo com a norma ASME Seção VIII Divisão 1, é calculada
através da seguinte formula :

(1)

A pressão de teste hidrostático (Pteste) deve ser superior à PMTA do vaso. Desta forma, no
teste hidrostático, o material fica submetido a uma tensão acima de sua tensão máxima admissível.
O teste hidrostático deve ser realizado após sua fabricação, geralmente com água e em
temperatura ambiente (IECKER, 2014).

4.5.2 Norma ASME VIII Divisão 2

A Divisão 2 da norma ASME Seção VIII foi criada em 1969, como alternativa para
construção de vasos de pressão, e adota exames e testes mais rigorosos, critérios e detalhes de
projeto, fabricação e tensões admissíveis superiores (TELLES, 1996).
Na Divisão 2, o critério de falha utilizado é o da Tensão Cisalhante Máxima ou Critério de
Tresca. A norma é utilizada também para o projeto de vasos de pressão com pressão total
superior 20 (MPa). A Divisão 2 aceita espessuras mais finas de projeto, devido às tensões
admissíveis mais altas; no entanto, exige exames, testes e inspeções mais rigorosos, o que onera
os projetos de vasos de pressão (ASME, 2002).

4.5.3 Norma ASME VIII Divisão 3

A Divisão 3 da norma ASME Seção VIII foi criada em 1997 para projeto de vasos de pressão
que operem a pressões superiores a 70 (MPa) – altas pressões. Esta norma adota critério da
Tensão Cisalhante Máxima ou Critério de Tresca. A Divisão 3 é mais rigorosa e a utilização de
materiais é mais restrita (TELLES, 1996). A análise de fadiga é obrigatória para vasos de pressão
projetados por esta Divisão, sendo passível à utilização de simulações e outros ensaios mecânicos
(MARTINS, 2009).

4.6 Norma Regulamentadora – NR 13

A Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho NR-13 (2006) apresenta como


objetivo o direcionamento para as diretrizes de projeto, inspeção e operação de vasos de pressão
e caldeiras. A NR-13 estabelece a determinação do valor da PMTA para os vasos em operação no
Brasil e do Teste Hidrostático Inicial na fase de fabricação. Estabelece ainda a obrigatoriedade de
que os vasos de pressão em operação apresentem prontuário com memória de cálculo, código
aplicado no projeto e especificação dos materiais.

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4.7 Normas complementares

PETROBRÁS (2004) sugere as seguintes normas complementares para elaboração de vasos


de pressão:
• Portaria MTE nº 3214 de 08/6/1978 - Norma Regulamentadora nº 13 (NR-13) - Caldeiras e Vasos
de Pressão;
• PETROBRAS N-266 - Apresentação de Projeto de Vaso de Pressão; PETROBRAS N-268 -
Fabricação de Vaso de Pressão;
• PETROBRAS N-269 - Montagem de Vaso de Pressão;
• PETROBRAS N-279 - Projeto de Estruturas Metálicas;
• PETROBRAS N-381 - Execução de Desenho e Outros Documentos Técnicos em Geral;
• PETROBRAS N-1278 - Algarismos e Letras para Identificação de Equipamentos;
• PETROBRAS N-1438 - Soldagem; PETROBRAS N-1500 - Vasos de Pressão - Folha de Desenho e de
Dados;
• PETROBRAS N-1521 - Identificação de Equipamentos Industriais;
• PETROBRAS N-1556 - Vasos de Pressão - Requisição de Material;
• PETROBRAS N-2012 - Bocal de Vaso de Pressão;
• PETROBRAS N-2013 - Suporte para Vaso de Pressão Horizontal;
• PETROBRAS N-2014 - Suporte para Vaso de Pressão Vertical;
• PETROBRAS N-2049 - Acessório Interno de Vaso de Pressão;
• PETROBRAS N-2054 - Acessório Externo de Vaso de Pressão;
• ABNT NBR 5874 - Terminologia de Soldagem Elétrica;
• ABNT NBR 6123 - Forças devidas ao Vento em Edificações;
• ABNT NBR 11889 - Bobinas Grossas e Chapas Grossas de Aço-Carbono;
• ANSI B 1.1 - Unified Screw Threads;
• ANSI B 16.5 - Pipe Flanges and Flanged Fittings;
• ANSI B 16.11 - Forged Steel Fittings Socket-Welding and Threaded;
• ANSI B 16.20 - Ring-Joint Gasket and Grooves for Steel Pipe Flanges;
• ANSI B 18.2 - Square and Hex Nuts;
• API RP 520 - Recommended Practice for the Design and Installation of Pressure Relieving
Systems in Refineries;
• API RP 601 - Metallic Gaskets for Raised-Face Pipe Flanges and Flanged Connections;
• API RP 605 - Large Diameter Carbon-Steel Flanges;
• API RP 618 - Reciprocating Compressors for General Refinery Services; ASME Boiler and Pressure
Vessel Code - Section I, II (Parts A, B e C), V, VIII (Division 1 and 2) - and IX;
• ASME Code Cases - Pressure Vessels;
• ASTM A 20 - General Requirements for Steel Plates for Pressure Vessels;
• BS-5500 - Specification for Unifired Fusion Welded Pressure Vessels;
• MSS SP-6 - Standard Finishes for Contact Faces of Pipe Flanges and Connecting-end Flanges of
Valves and Fittings;
• MSS SP-44 - Steel Pipe Line Flanges;

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• TEMA - Standards of Tubular Exchanger Manufacturers Association;
• WRC Bulletin 107 e 297 (Suplemento) - Local Stresses in Spherical and Cylindrical Shells Due to
External Loadings.

4.8 Projeto de vaso de pressão

De acordo a NR-13 (2014), do MTE, institui-se que o Profissional Habilitado tem


competência legal para o exercício da profissão de engenheiro nas atividades referentes a projeto
de construção, acompanhamento da operação e da manutenção, inspeção e supervisão de
inspeção de caldeiras, vasos de pressão e tubulações, em conformidade com a regulamentação
profissional vigente no País.

4.9 Seleção e especificação de materiais para vasos de pressão

De acordo com Telles (1996), o aço-carbono é o mais indicado e utilizado na confecção de


vasos de pressão em virtude de custo e qualidades técnicas para segurança do produto.
Entretanto, há determinados casos em que não são indicados, sendo, portanto, utilizados aços-liga
ou aços inoxidáveis. O aço carbono apresenta boa conformabilidade, boa soldabilidade e
apresenta ótimo custo beneficio por sua resistência mecânica, além de ser facilmente encontrado
comercialmente.

4.10 Critério de especificação de materiais conforme a Norma N-253

A norma N-253 é uma norma da Petrobrás destinada ao projeto mecânico e de fabricação


de vasos de pressão. Apresenta especificidades para delimitação e escolha dos materiais para
fabricação (PETROBRÁS, 2004).

Tabela 1. Materiais usados nos vasos de pressão


Materiais básicos para vasos de pressão
Classe do material
Aço-carbono Aço-carbono para Aços-liga, Aços
básico
baixas temperaturas inoxidáveis e Metais
Não Ferrosos
I Mesmo material do Mesmo material do Mesmo material do
casco casco casco
II Mesmo material do Mesmo material do Material com o
casco casco mesmo “P-Number”
do material do casco
III Aço-carbono de Aço-carbono para Material com o
qualidade estrutural baixas temperaturas mesmo “P-Number”
do material do casco
IV Materiais Materiais Materiais
especificados em especificados em cada especificados em cada
cada caso caso caso

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V Aço-carbono de Aço-carbono de Aço-carbono de
qualidade estrutural qualidade estrutural qualidade estrutural
VI Aço-carbono de Aço-carbono de Material com o
qualidade estrutural qualidade estrutural mesmo “P-Number”
do material do casco
Fonte: PETROBRÁS, 2004

4.11 Formulário para projeto de vasos de pressão segundo ASME Seção VIII Divisão 1

De acordo com Lecker (2014), a norma ASME Seção VIII Divisão 1 apresenta as fórmulas de
projeto considerando os esforços de pressão interna e externa. Ficando a cargo do projetista os
cálculos dos demais esforços. As equações possuem as variáveis “E” o coeficiente de eficiência da
solda, “S” a tensão admissível básica do material, “P” a pressão interna de projeto (não acrescida
do efeito da coluna hidrostática do líquido contido no vaso de pressão), “R” o raio interno do
cilindro, “t” a espessura mínima para pressão interna.

4.12 Cilindro
De acordo com Telles (1996), para se calcular as tensões circunferências em corpos
cilíndricos, obedece-se a seguinte equação:

(2)
Para se calcular as tensões longitudinais a Norma ASME Divisão 1 essa tensão é definida como:

(3)

4.13 Esfera e tampos semiesféricos

De acordo com Telles (1996), nas esferas e nas semiesferas, as tensões circunferenciais e
longitudinais são iguais e definidas na Divisão 1 como:

(4)

4.14 Tensão crítica do tampo torisférico

De acordo com Telles (1996), o cálculo da tensão crítica do tampo torisférico, definida na
Divisão 1, resulta na seguinte fórmula:

(5)

tal que “M” é o fator de forma, dado por:

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sendo “L” o comprimento do casco e “Ri” o raio de concordância toroidal.

4.15 Cônico

De acordo com Telles (1996), na ASME Seção VIII Divisão 1, para ângulo α = 30° (máximo), a
tensão longitudinal máxima é definida como:

(7)
4.16 Toricônico

De acordo com Telles (1996), na ASME Seção VIII Divisão 1, a tensão critica é calculada
através da seguinte fórmula:

(8)

de forma que “M” é calculado pela Fórmula (5) e “Ri” é o raio de concordância toroidal. ~

4.17 Plano

De acordo com Telles (1996), a norma ASME Seção VIII Divisão 1 define a tensão crítica no
tampo plano como:

(9)

Tabela 2. Fator adimensional N para tampos planos.


Tipo Fator N Observações
Flange cego soldado 0,33m m – espessura mínima
requerida/espessura real
Tampo removível 0,3 Travamento por anel
rosqueado
Flange cego removível 0,3 União aparafusada
Fonte: TELLES, 1996.

5. CONCLUSÃO

Os vasos de pressão são importantes ferramentas para indústria, pois apresentam diversas
formas e aplicações. Basicamente são utilizados para o acondicionamento de fluidos pressurizados,
podendo ser líquidos ou gases sob pressão, ou sob ação do vácuo. Estes equipamentos
apresentam grande poder explosivo caso sejam mal projetados ou mal operados e podem levar a

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consequências gravíssimas quando ocorre um acidente com o mesmo. Os vasos de pressão são
projetados, fabricados e inspecionados de acordo com a demanda específica das empresas. No
entanto é importante que estes aspectos estejam pautados nos preceitos da norma
regulamentadora 13 do Ministério do Trabalho e Emprego, bem como nas normas ASME Divisão I
seção VIII para construção de vasos de pressão, e a Divisão II da seção VIII para construção de
vasos de pressão sujeitos a elevadas pressões. A Petrobrás também apresenta diversas normas
dentre elas destacamos a N-253 que trata sobre os aspectos de projeto. Desta forma essa
versatilidade em formatos e posições, possibilita os vasos de pressão serem utilizados nos mais
variados tipos de empresas, desde uma borracharia a uma complexa planta industrial de
abatedouro de aves, indústria de cosméticos entre outras.

6. DIREITOS AUTORAIS

Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo das informações contidas neste artigo.

7. REFERÊNCIAS

- Documento Normativo:
ASME. Rules for Construction of Pressure Vessels, 2002 Addenda ed., vol. Section VIII Division 1,
New York: ASME Boiler and Pressure Vessel Commitee, 2002.
BRASIL. Ministério do Trabalho. Manual Técnico de Caldeiras e Vasos de Pressão – Edição
comemorativa 10 anos da NR-13, Brasília, v. 1, n. 2, 2006.
PETROBRÁS. Projeto de vaso de pressão norma N-253. Comissão de normas técnicas, Brasilia,
2004.
- Dissertação ou Teses:
MARTINS, F. J. Análise da Possibilidade de Crescimento Subcrítico de Descontinuidades durante a
Realização de Teste Hidrostáticos em Vasos de Pressão e seus Possíveis Efeitos. Porto Alegre, 2009.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Departamento de Pós graduação em
Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
SILVA, A. B. Projeto de vaso de pressão segundo norma ASME e análise pelo método dos
elementos finitos. Recife, 2015. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) - Departamento
de Engenharia Mecânica, Universidade de Federal de Pernambuco.
- Livros e outras monografias:
IECKER, T. D. Análise de tensões em vasos de pressão através do método de elementos finitos. Rio
de Janeiro, 2014. Monografia (Graduação em Engenharia Mecânica) – Departamento de Ensino
Superior, Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca.
LOSITO, R. M. Análise do comportamento de um vaso de pressão em condições de teste
hidrostático. Rio de Janeiro, 2015. Monografia (Graduação em Engenharia Mecânica) –
Departamento de Ensino Superior, Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da
Fonseca.
SILVA JÚNIOR, V. F. Projeto estrutural e de fabricação de vaso de pressão esférico. São Paulo, 2011.
Monografia (Graduação em Engenharia Mecânica) – Departamento de Engenharia Mecânica,
Universidade de São Paulo.
TELLES, P. C. S. Vasos de Pressão, 2ª ed., Rio de Janeiro, Editora TLC, 1996.

VIII COEN – Congresso de Engenharias da UFSJ


Inovando pessoas, conceitos e tecnologias
APPLICABILITY, STANDARDS AND DESIGN OF PRESSURE VESSELS - A REVIEW

Rodrigo José da Silva (1) (js.rodrigo_@hotmail.com), Thiago Amaro Rodrigues (2)


(thiagoamrodrigues@gmail.com), Lucas Antônio Rodrigues (3) (lucasanrodrigues@gmail.com), Márcio
Eduardo Silveira (4) (msilveira@ufsj.edu.br)
(1)
UFSJ - PPMEC – Frei Orlando Square, 170, Downtown, São João Del Rei, Minas Gerais
(2)
UFSJ - PPMEC – Frei Orlando Square, 170, Downtown, São João Del Rei, Minas Gerais
(3)
FGV - IDE – Osvaldo Machado Gontijo Avenue, 1176, Downtown, Divinópolis, Minas Gerais
(4)
UFSJ - PPMEC – Frei Orlando Square, 170, Downtown, São João Del Rei, Minas Gerais

ABSTRACT: Pressure vessels are considered to be watertight containers which, regardless of their shape,
type and industrial application, store a particular pressurized fluid. Pressure vessels feature various
applications for industry and buildings. They are used for the packaging of pressurized fluids, these being
both liquids as gases under pressure or vacuum action. Its versatility allows them to be used from the
storage of gases to industrial processes, to the storage of liquefied petroleum gas, LPG in buildings and
condominiums. Pressure vessels are usually produced under the orders of companies and must follow the
regulations 13 of the Ministry of Labor and Employment that establishes parameters for construction,
installation and operation. Therefore, any establishment that uses pressure vessels is subject to inspection.
The aim of this work was to present a bibliographical review and to study the types and characteristics of
pressure vessels, norms pertinent to pressure vessels and pressure vessel design. The main technical
standards for construction and operation, types of pressure vessels, technical characteristics and
constructive aspects, and the application of each model were raised in the literature. It was concluded at
the end of the study that in the design of a pressure vessel, it is of paramount importance the knowledge of
the specifics of the environment that it will operate, making the series production of these equipment
inconceivable. It was possible to understand the specificity of each pressure vessel, its operation and its
applications in a safe way.

KEY-WORDS: Sealing, Standards, Design, Pressure Vessel.

VIII COEN – Congresso de Engenharias da UFSJ


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