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GAZETA DE FÍSICA Vol. 8, Fase.

1, Janeiro 1985

O Cometa de Halley ao longo da história w

M. F. Thomaz
Departamento de Física, Universidade de Aveiro

A próxima passagem do cometa de Halley em Fevereiro de 1986 tem suscitado um


interesse renovado sobre este meteoro que «visita» a Terra de 76 em 76 anos aproximadamente.
Com o presente trabalho pretende-se contribuir para o incremento desse interesse pelo cometa,
particularmente nas escolas, através dos professores de Física. Indicam-se as previsões relativas
à próxima aparição quanto a condições de observação.
Dadas as suas manifestações, por vezes espectaculares, os cometas têm sido utilizados na
interpretação de acontecimentos históricos como sinais sobrenaturais, por representarem uma
quebra na ordem «imutável» dos astros. São referidos alguns registos antigos mais conhecidos
do cometa de Halley relacionados com episódios da história europeia e também os registos
científicos das aparições posteriores a 1682.

1. Introdução 10 horas e 50 minutos, a sua observação já


começou. Em 16 de Outubro de 1982 D. Jewitt
A próxima aparição em 1985/86 do cometa e G. E. Danielson, conseguiram observar pela
de Halley (ou P/Halley; P por ser periódico) primeira vez este retorno do cometa de Halley
tem suscitado por todo o mundo um interesse no telescópio de 200 polegadas do Observatório
renovado pelo estudo, observação e história de Monte Palomar, na Califórnia.
deste tipo de astros, que, apesar da sua pequena A antecedência de mais de três anos com
dimensão, poderão ter um grande interesse que se começou a observar o cometa em relação
científico e pela sua espectacularidade têm à data prevista do seu periélio é notável. Basta
desempenhado um papel importante na inter­ recordar que na anterior aparição do cometa
pretação dada pelos homens a certos aconte­ em 1910 essa antecedência foi de cerca de
cimentos ao longo da história. Deste surto de sete meses. O progresso observado deveu-se
interesse pelo cometa de Halley é testemunho não apenas à utilização de um grande teles­
a proliferação de associações de carácter mais cópio, embora não seja o maior do mundo,
ou menos científico com vista à comunicação mas principalmente à utilização de detectores
de dados relativos ao cometa. como por não tradicionais, especialmente sensíveis, à
exemplo, a Halley’s Comet Society fundada base de silício (charge-coupled devices, CCD).
em 1976 em Inglaterra, a Halley’s Comet
O cometa apareceu na constelação Cão Menor,
Watch’86 e a International Halley Watch nos
E.U.A., esta última com objectivos mais cien­
tíficos e profissionais.
(*) O presente trabalho foi apresentado na
Embora o periélio do cometa esteja cal­ 4.a Conferência Nacional de Física — Física 84,
culado para 9 de Fevereiro de 1986, cerca das Évora (Abril, 1984).

1
muito próximo do ponto previsto, deslocan­ Sol, originam a cauda de poeiras do cometa.
do-se na direcção e com a velocidade calcula­ A conservação do momento angular obriga a
das [1]. A fig. 1 mostra a primeira observação cauda de poeiras a encurvar na direcção oposta
do cometa atrás mencionada. ao movimento do cometa. Por outro lado os
campos magnéticos associados com o vento
solar levam os iões da cabeleira para a direcção
oposta ao Sol, criando uma cauda iónica, que
é rectilínea e atinge, por vezes, dimensões da
ordem de 108 km.
O cometa de Halley é um cometa de pe­
ríodo intermédio, isto é, pertence ao grupo
dos cometas cujo período sideral se situa entre
os 13 e os 200 anos. A sua órbita, esquemati­
zada na Fig. 2, tem uma inclinação i~162°

Fig. 1 — Imagem obtida por Jewitt e Danielson em


1982, do cometa de Halley, assinalado por um círculo.

2. Um pouco da física dos cometas [2] ÓRBITA ÓRBITA DA TERRA


DO COMETA

A palavra cometa, como é sabido, é de


origem grega e deriva de coma, ou cabeleira. \
As ideias sobre a constituição dos cometas \
correspondem à existência de um núcleo, com Fig. 2 — Órbita do cometa de Halley na região mais
dimensão da ordem dos quilómetros, composto próxima do Sol. Os parâmetros da órbita estão indi­
por partículas de poeiras e materiais voláteis cados: i — inclinação, q = SP — distância do periélio,
ou gelos. Movem-se em torno do Sol com a — argumento do periélio, Cl — longitude do nodo
ascendente (em relação ao equinócio de Outono).
órbitas muito excêntricas e quando se aproxi­ A excentricidade e completa a descrição da órbita. Os
mam do Sol os gelos começam a sublimar valores destes parâmetros para a presente órbita são:
devido à radiação solar. Os gelos vaporizados q = 0,587 UA; <0=111,85°; 0=58,15°; i = 162,24°;
e as poeiras arrrastadas no processo formam e = 0,967.
a cabeleira. A grandes distâncias do Sol a luz
do cometa é devida à reflexão da luz solar pelo em relação ao plano da eclíptica, o que signi­
núcleo mas quando se dá a aproximação do fica um sentido retrógrado em relação ao movi­
Sol a radiação visível e ultra-violeta do Sol mento orbital da Terra. Esta situação é rela­
dissocia e excita as moléculas resultantes da tivamente rara, pois os cometas de período
sublimação aparecendo as emissões caracterís- intermédio, e de modo especial os de período
ticas dessas moléculas, bem como dos iões e curto, têm inclinações cuja distribuição esta­
radicais resultantes. Nessa situação a maior tística se concentra perto do valor i = 0o.
parte da luz emitida pelos cometas é a radiação Uma órbita cometária depende de três
de fluorescência emitida pelas várias espécies factores: a) — atracção do Sol; b) — as per­
presentes, o que permite identificá-las e por turbações devidas aos planetas do sistema
meios delas as moléculas mães. As partículas solar, em especial os de grande massa—Júpiter,
da cabeleira impulsionadas pela pressão da Saturno, Urano e Neputno; c) — as forças não
radiação solar, na direcção radial oposta ao gravitacionais.

2
Embora de modo geral as interacções com radial. O efeito da componente transversal é
os planetas grandes, especialmente Júpiter, não o de acelerar ou desacelerar o movimento do
introduzam perturbações significativas nas órbi­ cometa conforme a rotação se dê no sentido
tas (os parâmetros orbitais — l/a, sendo a o do movimento orbital ou no sentido oposto ao
semi-eixo maior, periélio q, inclinação i, argu­ desse movimento. Dá-se então um aumento ou
mento do periélio w e longitude do nodo uma diminuição do período sideral do cometa,
ascendente £2 — não sofrem em geral variações respectivamente.
superiores a 0,1 %) por vezes a acção atractiva
de Júpiter é forte para os cometas cujo periélio
é da ordem do raio médio da órbita de Júpiter m
Ko
(~5U.A., sendo a unidade astronómica defi­ REACÇÃO
SOL
nida por 1UA 1,5 X 10® km, a distância
média da Terra ao Sol). Supõe-se mesmo que o
a captura por Júpiter daqueles cometas de
longo período é a principal causa do aumento m
do número dos cometas de período curto
(Fig. 3). SOL

ROTAÇÃO DO NÚCLEO

Fig. 4 — Acção das forças não gravitacionais. A subli­


mação do núcleo origina uma força de reacção oposta
à direcção de máxima desgasificação. Um núcleo sem
rotação sofre uma força não gravitacional radial (a).
Num núcleo com rotação a zona de máxima desgasi­
ficação está adiantada em relação ao ponto sub-solar
originando uma componente transversal da força não
gravitacional (b).
Fig. 3 — Esquema ilustrando a captura por Júpiter
de um cometa de longo período que se transforma
em cometa de período curto.
O cometa de Halley tem uma rotação com
um período de 10,3 horas no sentido directo,
isto é, no sentido do movimento orbital.
As forças não gravitacionais pouco afectam Quando as velocidades de rotação são muito
os parâmetros orbitais; mas permitem explicar grandes (períodos < 5 horas) os núcleos podem
alguns aspectos qualitativamente importantes.
sofrer fragmentações, pois a sua estrutura de
Resultam da reacção do jacto produzido pela
conglomerado ligado por gelos é muito frágil.
sublimação dos gelos do núcleo (Fig. 4). Se
O cometa de Halley sofreu possivelmente uma
o núcleo não tivesse movimento de rotação só
haveria uma componente radial da força não fragmentação na sua última aparição, exibindo
gravitacional, com direcção oposta ao Sol pois três fragmentos durante vários dias, com corres­
a direcção de máxima desgasificação seria na pondente aumento de brilho. Este aumento de
direcção do Sol. Esta força tenderia a reduzir brilho explica-se pelo aparecimento de super­
a atracção do Sol. No caso de haver rotação fícies frescas para volatilização em consequên­
do núcleo a região de máxima desgasificação cia das fracturas.
será deslocada em relação à direcção heliocên­ A energia E dum cometa, ou o inverso do
trica e aparecerá uma força de reacção com semi-eixo maior da respectiva elipse, (recor-
uma componente transversal, e eventualmente de-se que | E | oc l/a) constitui um dado
uma componente normal, além da componente importante, particularmente no caso de cometas

3
de longo período, pois pode dar informações A análise espectroscópica da radiação emi­
sobre a sua origem. Com efeito, a maior parte tida pelos cometas é uma técnica poderosa para
dos cometas de longo período têm l/a entre identificar a natureza das espécies químicas
0 e 10-4 UA-1 e portanto uma energia muito presentes. São numerosas as espécies (molé­
próxima de zero. A distribuição dos seus afélios culas, iões e radicais) identificadas através das
mostra uma concentração na região de 4 a riscas e bandas espectrais próprias nas regiões
6 X 104 UA (o sistema solar tem um diâmetro do ultra-violeta, do visível, do infravermelho e
da ordem de 102 UA). Pensa-se então que se do radio. Delas se deduz que as principais
trata de cometas «novos» que são desviados moléculas originais, libertadas dos núcleos, são:
para o sistema solar, por perturbações causadas H20, C02, CO, CH4, NH3. A partir destas por
pelas estrelas que passam na região circunsolar acções fotofísicas e fotoquímicas outras espécies
distante. A este mecanismo de geração de
se formam como H, OH, H20+, C, C+, CO+,
cometas contrapõem-se os mecanismos de des­
CH+, CN, HCN, N+, S, Na, etc. No cometa
gaste (sublimação gradual dos núcleos, fragmen­
de Halley, durante a sua aparição de 1910,
tação, desagregação) e de ejecção hiperbólica foram identificadas as seguintes espécies: CH,
por interacção com os planetas. Os cálculos do
CN, C2, C3, Na, CO+, N+.
desgaste por sublimação indicam que o com­
É a luz emitida pelas espécies químicas
ponente mais provável dos gelos dos núcleos
presentes ao desexcitarem-se, e, a grandes dis­
é a água (vd. Fig. 5).
tâncias, a luz solar reflecida na superfície do
núcleo, que determinam o brilho e a grandeza
40 T dum cometa. A grandeza m de um objecto
celeste varia no sentido oposto ao seu brilho B
pois se define como m = — 2,5 log B. Portanto
objectos de grandeza — 2,5 ou + 2,5 têm bri­
lhos respectivamente mil ou dez vezes supe­
30
riores a um objecto de grandeza + 5.
A grandeza, em função das distâncias ao
Sol, r, e à Terra, A, é dada pela equação
m = m0 + 5 log A + 2,5 n log r
o 20
DC O em que m0 e n são parâmetros que podem
UJ
assumir valores diferentes nas várias fases da
'3 0 órbita. m0 é o valor de m para A = r = 1UA
2
e n um expoente que indica a potência inversa
10 da distância heliocêntrica que traduz a variação
do brilho. Para grandes distâncias, como aquela
a que o cometa de Halley foi descoberto em
1982, e enquanto o cometa está inactivo a rela­
i ção encontrada foi [3]
0.5 m
q (UA) m = 14,1 j+ 5 log A + 5 log r

Fig. 5 — Distribuição de frequências das distâncias Isto significa que, estando então o cometa de
dos periélios para cometas de longo período com Halley para além da órbita de Saturno (cerca
q < 1,1 UA. As curvas representam o número de de onze vezes a distância da Terra ao Sol), a
cometas de longo período (calculadas a partir de um grandeza aparente era de cerca de 24, ou seja,
fluxo arbitrário de cometas) com núcleos de HzO
aproximadamente dez milhões de vezes menos
e C02, sendo a curva referente a H20 mais seme­
lhante à distribuição estatística. brilhante que a menos brilhante das estrelas

4
visíveis a olho nu. Para as menores distâncias visões são desanimadoras quanto à hipótese
m0 tem valores mais baixos e, embora n assuma de uma aparição espectacular do cometa.
valores superiores a 2, o cometa pode chegar
a ter grandezas de valor muito baixo, sendo T
possivelmente o menor o valor estimado de
— 3,5 aquando da aproximação de 10 de Abril
de 837, em que o cometa esteve a 0,033UA
da Terra. Neptuho
Para finalizar esta apresentação sumária de UMfJO
alguns aspectos da física dos cometas resta TERRA-
rúpjre^ ■MARTE

referir que os raios dos núcleos dos cometas


1985’ SATORNO plutão

são, em média, de 1 a 5 km e as suas massas 1983;


específicas da ordem de 1 g cm-3. Os valores
estimados destas grandezas para o cometa de 1977

Halley são de 5 km e 1 g cm-3 respectivamente.


Os cometas estão também relacionados com " KwçAo Ac Cometa
MA DATA fUOtCADA

certos fenómenos astronómicos como é o caso 1948

dos enxames de meteoróides. Quando o cometa


se aproxima do Sol as partículas de poeiras Fig. 6 — Projecção da órbita do cometa de Halley
' arrancadas do núcleo durante a sublimação dos no plano da eclíptica dentro do Sistema Solar, indi­
gelos seguem órbitas semelhantes à do próprio cando as datas das passagens em diversos pontos da
órbita na presente aproximação.
cometa. Se o periélio for < 1UA a órbita passa
próximo da da Terra na vizinhança do nodo
ascendente, ou do descendente ou ainda dos MAR
dois. Quando as poeiras passam pela Terra /
310® »so®
verifica-se um enxame de meteoróides uma ou /
t
duas vezes por ano. Exemplos bem conhecidos / 2 UA
/
deste fenómeno são os enxames de v) Aquárides 240® / 120*
/
em Abril e Oriónides em Outubro que estão T; JUA
r
associados ao cometa de Halley [4].
Por último, com alguma especulação têm JUN .DEZ
sido também associados os cometas ao apareci­ Ti
mento da vida (ou de certas formas de vida)
na Terra, atribuindo-se-lhes um papel de disse-
minadores através do espaço de formas percur­ 300*

soras ou mesmo formas elementares de vida [5].

330* 30*
3. A aparição de 1985/86 [3] T
SET
Nas figuras 6 e 7 mostram-se as projecções
da órbita do cometa de Halley no plano da Fig. 7 — Projecção da órbita do cometa de Halley
eclíptica, calculadas em 1983, portanto já tendo no plano da eclíptica na vizinhança da Terra, rela­
tivamente à presente aproximação.
em conta os dados da observação do retorno
a partir de Outubro de 1982. As previsões P = Periélio.
quanto à grandeza para os períodos de antes Tj = Posição da Terra na máxima aproximação do cometa no
período de pré-periélio (27 de Novembro de 1985).
e após o periélio dão valores mínimos de
T2 = Posição da Terra na máxima aproximação do cometa no
m ~ 4 (nas situações de observação mais favo­ pós-periélio (11 de Abril de 1986).
ráveis), o que significa que as primeiras pre- O = Posição da Terra no periélio do cometa (9 de Fev. de 1986).

5
(É sabido que para um objecto ser visível a completamente desenvolvida e a aproximação
olho nu tem de ter uma grandeza m < 6). do cometa à Terra é máxima.
Na figura 8 mostra-se as condições de obser­
vação do cometa de Halley em 1986 para
observadores localizados a 40° de latitude norte J 4. O cometa de Halley ao longo da história
calculadas em 1983.
4.1. As quatro últimas aparições
Recentemente porém C. S. Morris e J. G.
Bortle, dois dos maiores peritos mundiais em Quem previu que este cometa, e de uma
cometas, corrigiram os cálculos anteriores da maneira genérica os cometas fossem objectos

T T T T T T
V) 1----- 1----- 1-----
3
^ 30 40° N. LATITUDE
30
Cd COMETA AO ANOITECER _J JAN 5 (5.7)
O
25 ABR 25 (5.4) 25
o £
'< z X JAN 10 (5.4)
O 20 20
> N \ \

lu cr 'lt JAN 15 (5.1)


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'COMETA AO 15

AMANHECER
° 10 4.51 — 10
O i JAN 20 (4.6)
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2 5 6 (4.5) .Mn 5

O / (EH1 JAN 25 (4.5)


< Ll__ L
110 120
1
130
1
140 150
1
160
1
170 180

SUL
190 200
1
210 220 n
230
i
240 250 260
1
270
OESTE
280

AZIMUTE. GRAUS

Fig. 8 — Condições de observação do cometa de Halley na presente aparição para observadores a 40° de
latitude N. Para cada posição e data indicadas apresentam-se entre parêntesis as grandezas totais aproximadas,
segundo cálculos de 1983.

grandeza prevista para o cometa que eram astronómicos com órbitas periódicas, foi o
baseados nas observações feitas em 1910, em astrónomo inglês Edmond Halley que viveu
que o cometa passou muito baixo no horizonte entre 1656 e 1742. Era professor de Geome­
e foi observado através de uma camada de ar tria da Universidade de Oxford e foi grande
muito maior do que aquela através da qual amigo de Newton, tendo tido grande influência
eram observadas as estrelas que serviam de na publicação das suas obras. Aplicou pela
referência, não tendo sido feitas correcções primeira vez de forma sistemática a lei da
para compensar a distorção atmosférica da luz gravitação universal ao cálculo das órbitas
do cometa [6], Assim as previsões apontam «parabólicas» dos cometas e deduziu uma
para um brilho cinco a seis vezes superior ao tabela geral dessas órbitas. Este trabalho surgiu
anteriormente calculado, ou seja, uma grandeza no volume 24 (anos de 1704-05) de Philos-.
que pode atingir o valor 2 (condições de visi­ phical Transactions, págs. 1882-1899. Mais
bilidade semelhantes às da Estrela Polar). tarde, em 1726, uma tradução inglesa daquele
Mesmo assim nada de espectacular se prevê, original em latim apareceu como anexo ao livro
sendo difícil uma boa observação a olho nu «The Elements of Physical and Geometrical
em locais urbanos com elevada poluição lumi­ Astronomy», de David Gregory.
nosa. A melhor altura de observação será em O trecho que a seguir se transcreve do
Abril de 1986 pois a cauda estará então artigo de Halley dá bem ideia do seu trabalho

6
e da importância que ele atribui à actividade à volta do Sol numa órbita parabólica e des­
precursora de Newton: «Esse grande Geómetra crevia áreas (tomando o Sol como centro)
que foi o ilustre Newton, escrevendo os seus proporcionais aos tempos. Seguidamente (con­
Princípios Matemáticos de Filosofia Natural, tinuando os passos de tão grande Homem) eu
demonstrou não apenas que aquilo que Kepler tentei aplicar o mesmo Método ao cálculo
encontrara era necessariamente verificado no aritmético; e isso com todo o êxito que eu

( i 88á )
Cometarum Omnium * haftenus rite Obfervatorum ,
Motuum inOrbe Parabólico Elementa Aftronomica.
Cimita Ntdm /sc/m. Ptrihtlim. Pirihlitn i» Latitudt Dij}aatu> Ug.Jtfi. Temp. nqvat.
Anni- Aftmd. Orbil<e. in Orbi- Riliptica Perihllii Pirihtli» Ptribtlia Ptriktlii
Stle. à S»U. Lcndini.
Sr-Uer- gr- die. b. '
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IÓ98 H 17. 44. 13)11. 4Ó. o vy 00. 31. 13 vy o. 47. xol °. 3 l 10 A 69119 9. 839660 oS, 8. 16 37

Fig. 9 — Tabela contendo as características orbitais de vinte cometas calculadas por Halley. As distâncias
do periélio ao Sol vêm dadas em IO-5 UA.

Sistema Planetário; mas também que todos os podia desejar. Pois tendo coligido todas as
fenómenos àcerca dos cometas decorreriam observações de Cometas que pude, eu organizei
naturalmente dos mesmos Princípios; 0 que ele a tabela seguinte, que é o resultado duma
abundantemente ilustrou com o exemplo do quantidade prodigiosa de cálculos: a qual
conhecido cometa do ano de 1680, mostrando embora pequena de aspecto, não constitui pre­
ao mesmo tempo, um método de delinear as sente desprezável para os astrónomos. Pois
órbitas dos cometas geometricamente; resol­ estes números representam tudo quanto tem
vendo (não sem merecer a maior admiração sido observado até agora sobre o movimento
de todos os Homens) um problema, cuja difi­ dos cometas, com o auxílio apenas da Tabela
culdade 0 tornava inacessível a qualquer que Geral anexa; na execução da qual não me
não ele. Ele provou que este cometa se move poupei a esforços, para que saísse perfeita,

7
como uma coisa consagrada à Posteridade e ceses Clairaut, Lalande e Charles Messier, a
para durar tanto quanto a própria Astronomia». quem Luís XV chamava o «furet des comètes»
A pequena tabela referida por Halley, que (furão dos cometas) e que foi grande amigo
se mostra na fig. 9, contém as efemérides de do físico português João Jacinto de Magalhães.
20 cometas relativamente aos quais ele pôde Messier fez uma série de observações cui­
obter dados de observações com carácter
dadosas no inverno del758/59ena primavera
científico.
de 1759 após ter pesquisado os céus durante
Ao analizar a tabela, Halley notou algumas
dois anos no Observatório da Marinha de
semelhanças entre certos cometas. Em parti­
Paris [7].
cular notou que os cometas de 1531, 1607 e
1682 possuíam elementos orbitais muito seme­
lhantes e que a separação entre as datas dos
respectivos periélios era aproximadamente cons­
tante — 76 e 75 anos. Esta constatação levou
Halley a pôr a hipótese de que, em vez de
terem movimentos parabólicos, «é altamente
provável que eles se movam em órbitas elípticas
muito excêntricas, ocorrendo o seu retorno após
longos períodos de tempo».
Posta esta hipótese, que aliás era aplicada
também a outros cometas da tabela, Halley
concluiu que «nada parece contradizer esta
minha opinião, além da desigualdade das revo­
luções periódicas. A qual desigualdade não é
tão grande que não possa dever-se a causas
físicas. Pois o movimento de Saturno é tão
-r
Fig. 10 — Diferentes aspectos do cometa de Halley
no período de 11 a 23 de Outubro de 1835, segundo
perturbado pelos restantes planetas, especial­ desenhos de Schwabe.
mente Júpiter, que o período desse planeta tem
uma incerteza de alguns dias. Quanto mais
portanto estará um cometa sujeito a tais erros, Em 1817 a Academia de Ciências de Turim
pois ele sobe quase quatro vezes mais alto que ofereceu um prémio internacional para o me­
Saturno, e a sua velocidade, embora devido a lhor ensaio sobre as perturbações sofridas pelo
um aumento muito pequeno, seria suficiente cometa de Halley desde 1759. O prémio foi
para mudar a sua órbita de elíptica para atribuído em 1820 a Damoiseau que, tomando
parabólica». em linha de conta as perturbações dos planetas,
Mais adiante diz Halley: «Portanto eu incluindo a Terra e Urano (planeta cuja exis­
penso e posso atrever-me a predizer que ele tência não era conhecida dos astrónomos em
(o cometa de 1682) voltará novamente no ano
1759), estabeleceu a passagem no periélio em
de 1758».
4 de Novembro de 1835. Cálculos mais com­
Halley não viveu para conhecer a confir­
pletos feitos por Pontécoulant fixaram a pre­
mação da sua hipótese. Em fins de 1758 o
cometa retornou coroando de êxito as previ­ visão do periélio para 12 de Novembro.
sões de Halley, que deu um primeiro grande O cometa atingiu o seu periélio em 15 de
contributo para o estudo dos cometas, justifi­ Novembro e foi no período ante-periélio que
cando a designação do cometa com o seu nome. passou mais próximo da Terra. Adquiriu as­
A observação de 1758/59 foi feita por pectos curiosos e variados (vd. Fig. 10) mas
numerosos astrónomos entre os quais os fran­ a sua grandeza aparente não ultrapassou talvez

8
o grau 2 [8], [9]. Na Fig. 11 reproduz-se uma precedentes de 140° e a sua cabeça era mais
gravura existente na Biblioteca Nacional de brilhante do que qualquer outro objecto
Paris anunciando a chegada do cometa em celeste, excluindo Venus [10].
1835.

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Fig. 11 — Gravura francesa anunciando a aparição


Date.
do cometa de Halley em 1835.

r = 1909. Aug. 22.7 = - 240 days ■46


As previsões para o retorno de 1910 foram 4 = n Oct. 9.7 = — 192 •32
7 = „ Nov. 26.7 = - 144 •17
também objecto de um prémio estabelecido 10 = 1910, Jan. 13.7 = — 96 •02
pela Astronomische Gesellschaft. O prémio foi 13 = !í Mar. 2.7 = - 48 „ 4- -13
16 = „ Apr. 19.7 = O + '17
ganho pelos ingleses Cowell e Crommelin que 19 = ,, June 6.7 = + 48 „ • 12
d July 24.7 = 4- 96 „
22
previram o periélio para 16,6 de Abril de 39
25 = „ Sept. 10.7 = + 144 „ ' 62
1910. Depois da descoberta do cometa em 28 = „ Oct. 28.7 = -f- 192 ,, 83
Setembro de 1909, calculou-se que o periélio 31 = M Dec. 15.7 = 4- 240 „ — 1 -oi
34 = 1911, Feb. 1.7 = 4- 288 „ — 1' iS
ocorreria a 19,68 de Abril de 1910, apenas 37 = „ Mar. 21.7 = 4- 336 „ -1-34
três dias depois do previsto por Cowell e 40 = n May 8.7 = 4- 384 — 1'49
42 = M June 9.7 = 4- 416 „ -159
Crommelin. A aparição de 1910 foi rodeada
de alguma espectacularidade pois se receou
que o cometa viesse a colidir com a Terra. Fig. 12 — Posições sucessivas do cometa de Halley
e da Terra na última passagem entre 22 de Agosto
Por outro lado a recente descoberta, por
de 1909 e 9 de Junho de 1911.
espectroscopia, de cianeto na emissão do
cometa causou grande pânico pois parecia
certo que a Terra viria a passar pela sua cauda,
Cientificamente sabia-se que 0 cometa não
no nodo descendente. As posições do cometa
e da Terra na sua última passagem estão repre­ chocaria com a Terra e o cianeto da cauda,
sentadas na Fig. 12, onde se constata que a de tão rarefeito não causaria quaisquer proble­
cerca de 20 de Maio de 1910 a aproximação mas. No entanto o público encheu-se de grande
do cometa relativamente à Terra foi de facto pânico que foi explorado comercialmente pelos
extraordinária (~ 3 X 107 km). O cometa atin­ vendedores das «pílulas do cometa» que garan­
giu a grandeza um, a sua cauda chegou, segundo tiam protecção contra os gases venenosos
vários observadores, a um comprimento sem esperados.

9
Apesar do razoável nível científico de TABELA 1 — Anteriores passagens do cometa
conhecimentos da época as superstições do de Halley no seu periélio [11]
grande público foram exploradas com fins
comerciais para criar impacto emocional dando
explicações ingénuas a factos que não consti­ 30 de Março . 239 a.C.
tuíam mais do que meras coincidências. O nas­ 5 de Outubro 163 »
cimento do escritor americano Mark Twain a
2 de Agosto . 89
30 de Novembro de 1835 (duas semanas após
o periélio) e a sua morte a 21 de Abril de 1910 5 de Outubro 11

(uma dia após a passagem pelo periélio se­ 26 de Janeiro 66 d.C.


guinte), bem como a morte do rei Eduardo VII 20 de Março . 141
de Inglaterra (ocorrida a 6 de Maio de 1910) 17 de Maio 218
após a qual observadores das Bermudas noti­ 20 de Abril . 295
ciam «um comportamento estranho» do cometa, 16 de Fevereiro 374 »
são apenas dois dos inúmeros exemplos atri­ 24 de Junho . 451
buídos às influências sobrenaturais do cometa.
25 de Setembro 530
Uma circunstância interessante da passagem
13 de Março . 607
do cometa em 1910 foi a ocorrência rara de
um trânsito, isto é, o cometa passou entre a 28 de Setembro 684

Terra e o Sol, o que probabilisticamente só se 22 de Maio . 760


observa em uma de cada 650 passagens. Tanto 27 de Fevereiro 837 »

quanto foi possível observar com os instru­ 9 de Julho . 912


mentos da época o cometa era perfeitamente 9 de Setembro 989
invisível no disco solar. 23 de Março . 1066 »
Crommelin em 1912 calculou a data do 22 de Abril . 1145
periélio seguinte para fins de Fevereiro de
1 de Outubro 1222
1986, um erro de cerca de vinte dias num
23 de Outubro 1301 »
período sideral de 27 690 dias.
9 de Novembro 1378
9 de Junho . 1456
4.2. As aparições antigas 25 de Agosto . 1531
27 de Outubro 1607
As modernas capacidades de cálculo per­
15 de Setembro 1682
mitiram aos astrónomos determinar retrospec-
13 de Março . 1759
tivamente os elementos das órbitas anteriores,
ao mesmo tempo que se procuraram registos 16 de Novembro 1835 »

históricos dessas aparições. É hoje certo que 20 de Abril 1910


há registos das vinte e nove passagens ante­
riores do cometa de Halley, a partir da que
ocorreu no ano de 240 a.C., com alguma Estas datas são aproximadas e têm variado con­
dúvida apenas na aparição de 163 a.C. forme o rigor dos cálculos efectuados.
(Tabela 1).
A maior parte dos registos correspondem
a crónicas e documentos chineses, particular­ A passagem do cometa no ano de 1066
mente até ao século XVI, não sendo os registos ficou registada na famosa tapeçaria de Bayeux,
europeus tão fiáveis nem cientificamente nem que o bispo desta cidade da Normandia mandou
descritivamente. Referiremos apenas alguns dos tecer para ilustrar a conquista de Inglaterra
registos antigos mais interessantes no Ocidente. pelos normandos chefiados por Guilherme, o

10
Conquistador. A tapeçaria tem aproximada- interior da capela, paredes e tectos, é coberto
mente setenta metros de comprimento por cerca de frescos de Giotto ilustrando a vida de
de cinquenta centímetros de largura e contém Cristo. Um dos trinta e oito frescos é a
ao longo do seu comprimento um grande «Adoração dos Magos» que se pensa ser

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Fig. 13 Pedaço da tapeçaria de Bayeux com a cena em que é figurado o cometa de Halley. A fotografia
foi extraída de um folheto da Agência Espacial Europeia sobre a Missão Giotto desta Agência em que um
satélite de observação do cometa será lançado em 10 de Julho de 1985 para passar a 1000 km do núcleo
do cometa em 13 de Março de 1986.

número de cenas alusivas. Uma das cenas é datado de 1303 ou 1304 (Fig. 14). Ao pintar
reproduzida na figura 13, vendo-se à esquerda a estrela de Belém, Giotto rejeita quer as estri­
um grupo de saxões a mirar um cometa, com tas regras do simbolismo astrológico quer o
a legenda ISTI MIRANT STELLA (eles estão convencionalismo medieval e pinta o cometa
a admirar a estrela), enquanto do lado direito tal como o vira uns anos antes iluminando o
um outro saxão avisa o rei Harold II do acon­ céu de Itália. Dos cometas que na época tive­
tecimento. O rei toma o facto como um mau ram aparições espectaculares o de Halley foi
presságio e sonha, como está representado na o único que Giotto poderia ter visto e por isso
parte inferior, com os preparativos de uma se conclui que no fresco ele retratou o cometa
invasão por mar que se avizinha. A invasão dentro do espírito naturalista que sempre quis
deu-se e conduziu à derrota dos exércitos dar à sua pintura e muito contribuiu para a
saxónicos na batalha de Hastings em 1066. renovação do estilo na sua época [11].
Uma outra descrição pictórica de grande
beleza, da passagem do cometa no ano de 1301,
é a que o florentino Giotto di Bondone pintou 5. Conclusão
na capela de Arena em Pádua. Esta capela
foi mandada erigir por Enrico Scrovegni, um A próxima aparição do cometa de Halley
rico comerciante de Pádua, como voto de já começou a ser observada, embora só venha
expiação das suas práticas usurárias. Todo o a ser visível a olho nu, ou com binóculos ou

11
telescópios simples, no final de 1985 ou prin­ e ao Director da Biblioteca da Fundação Ca-
cípios de 1986. As características da presente louste Gulbenkian são devidos agradecimentos
órbita e as condições de observação do cometa pelas informações ou elementos que me facul­
já foram calculadas, sendo ainda de esperar taram.
refinamentos de cálculos que conduzam a pre­
visões mais exactas. REFERÊNCIAS

UI :Halley’s Comet returns». New Scientist, 96,


215 (1982).
[2] J. A. Eernandez, K. Jockers— «Nature and
origin of comets». Rep. Progr. Phys., 46, 665-
-772 (1983). Este artigo constitui uma exce­
lente revisão sobre a física dos cometas.
[3] Donald K. Yeomans — «The Comet Halley
Handbook, an observer’s guide» created for
the International Halley Watch [Pasadena,
Calif., National Aeronautics and Space Admi-
nistration, Jet Propulsion Laboratory, Califór­
nia Institute of Technology] 2nd edition, 1983.
[4] «Dados Astronómicos para os Almanaques de
1984 para Portugal» Observatório Astronómico
de Lisboa, 1984.
[5] F. Hoyle, C. Wickramasinghe — «Evolution
from Space» Granada Publ. Ltd, London
(1981).
[6] «A brighter Halley is now predicted» Halley’s
Comet Watch Newsletter, 3, n.° 2, págs. 1-2
Fig. 14 — «A Adoração dos Magos», de Giotto. Neste (1984).
fresco, existente na Capela de Arena, em Pádua, o [7] Ch. Messier — «A Memoir, Containing the
pintor representa a estrela de Belém como o cometa History of the Return of the famous Comet
de Halley, que ele viu em 1301. of 1682, with observations of the same made
at Paris, at the Marine Observatory, in January,
No passado foram registadas as vinte e nove February, March, April, May and the Beginning
of June, 1759» Phil. Trans., 55, 294-325 (1765).
sucessivas aparições do cometa desde o ano
[8] Jean Mascart — «La Comète de Halley» Ed.
240 a.C. Pelo seu interesse científico na astro­
Société Astronomique de Bordeaux, Paris e
nomia dos cometas é feita referência especial
Bordeaux, 1910.
à aparição de 1682 que foi estudada por Halley [9] Sir John F. W. Herschel— «Observations of
e às de 1759, 1835 e 1910. Por razões de Halley’s Comet, with Remarks on its Physical
ordem histórica e artística referem-se também Condition, and that of Comets in General»
as observações de 1066 e de 1301 registadas From «Results of Astronomical Observations...
em obras de valor da cultural ocidental. at the Cape of Good Hope», London, 1847.
Infelizmente não foi possível obter registos [10] A. C. D. Crommelin, D. Smart—«Report
de observações do cometa de Halley feitas em of the section for the observation of comets.
Halley’s Comet» Memoirs of the British Astro­
Portugal, embora não seja de pôr de parte a
nomical Association, 19, 1-40 (1912).
hipótese de tais registos existirem relativamente
[11] R. J. M. Olson—«Giotto’s Portrait of Halley’s
às últimas aparições [12],
Comet» Scientific American, 240, 160-170
(1979).
6. Agradecimentos [12] Informação prestada pelo Dr. Ezequiel Cabrita,
Director do Observatório Astronómico de Lis-
À bibliotecária da Royal Society, ao Di­ boa, a quem são devidos agradecimentos pela
rector do Observatório Astronómico de Lisboa pesquisa que efectuou sobre o assunto.

12

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