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Edição Especial – ANAIS I Semana de Arqueologia - Unicamp

“Arqueologia e Poder” 1
ISSN 2237-8294

Usos da arqueologia no discurso religioso: Samael Aun Weor e o


renascimento do gnosticismo

Marcelo Leandro de Campos (graduando em História pela Pontifícia Universidade Católica


de Campinas). E-mail: mlcampos_2005@hotmail.com

Resumo:

O objetivo deste trabalho é estudar processos culturais de apropriação de elementos da


arqueologia (tanto as descobertas em si como os modelos explicativos propostos pelos
arqueólogos) para os mais variados usos sociais; especificamente nos interessam o papel
desempenhado pela arqueologia na construção das representações sociais da religiosidade
moderna.

A idéia do tema surgiu durante uma palestra do professor Neil Silberman no LAP; seu
enfoque eram os usos político e ideológico das descobertas arqueológicas, mas ele próprio
admitia que isso formava parte de um processo cultural muito maior.

Nossa proposta é estudar como essa apropriação cultural da arqueologia vai


influenciar e ser utilizada para embasar o discurso do esoterista colombiano Victor Manuel
Gómez, mais conhecido como Samael Aun Weor (1917-1977), a partir de dois elementos
específicos do universo arqueológico: a descoberta dos pergaminhos de Qumran, em 1947, e a
teoria de que Machu Pichu havia sido um refúgio para as virgens incaicas, que se tornou
popular com o livro de Hiram Bingham III, Lost City of the Incas (1948). Há uma íntima
relação entre estes acontecimentos e a dinâmica da instituição criada por Samael, o
Movimento Gnóstico Cristão Universal: a instituição surge exatamente como parte do
entusiasmo que os achados de Qumran despertam no mundo esotérico, em 1950, produzindo
um interesse comparável à redescoberta do Corpus Hermeticum e sua tradução para o latim,
durante o Renascimento. Já a teoria de Bingham sobre as virgens de Machu Pichu constituirá
importante peça publicitária das teorias de sexo tântrico propostas pelos gnósticos
samaelianos.

Palavras-chave: gnosticismo, representações sociais, manuscritos do Mar Morto.

Anais I Semana de Arqueologia. “Arqueologia e Poder”. Campinas: LAP/NEPAM. 2013.


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Summary

The objective of this work is to study cultural processes of appropriation of elements


of archeology (both discoveries themselves as explanatory models proposed by
archaeologists) for various social uses; specifically interested in the role of archeology in the
construction of social representations of religiosity modern. The idea of the topic came up
during a talk by Professor Neil Silberman LAP, his focus was the political and ideological
uses of archaeological discoveries, but he admitted that it was part of a much larger cultural
process. Our proposal is to study how this appropriation of cultural influence and archeology
will be used to support the speech esotericist Colombian Victor Manuel Gómez, better known
as Samael Aun Weor (1917-1977), from two archaeological specific elements of the universe:
the discovery the scrolls of Qumran in 1947, and the theory that Machu Picchu was a retreat
for Incan virgins, who became popular with the book of Hiram Bingham III, Lost City of the
Incas (1948). There is a close relationship between these events and the dynamics of the
institution created by Samael, the Universal Christian Gnostic Movement: the institution
appears exactly as part of the enthusiasm that the findings of Qumran awaken in the esoteric
world in 1950, producing an interest comparable to the rediscovery of the Corpus
Hermeticum and its translation into Latin during the Renaissance. Already Bingham's theory
about the virgins of Machu Pichu constitute an important part of advertising theories of tantric
sex samaelianos proposed by the Gnostics.

Keywords: Gnosticism, social representations, the Dead Sea Scrolls.

Introdução

Este artigo foi produzido a partir do material reunido para um estudo de


representações sociais sobre a história na literatura do esoterista colombiano Samael Aun
Weor, ainda em andamento. A análise utiliza diversos conceitos da História Cultural, em
especial as noções de representação social e apropriação como descritas por autores como
Roger Chartier e Sandra Pesavento; o estudo de mentalidades constitui um esforço para ir
além das fontes históricas entendidas exclusivamente como mero instrumento de mediação ou
testemunha de um determinada realidade (CHARTIER, p.11); o imaginário constitui ele
próprio um universo de outras realidades, não-radicadas na concretude dos fatos, mas na

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mente humana, por vezes mais concretas que a realidade consagrada na sua materialidade
(PESAVENTO, p. 23).

O historiador Kockhu von Stuckrad , estudando especificamente a história do


esoterismo ocidental, propôs um modelo explicativo baseado na idéia de “campo discursivo”,
que é utilizado para entender os processos de formação tanto de uma tradição religiosa como
de um identidade religiosa; ele se interessa fundamentalmente sobre os mecanismos de
significação e incorporação de elementos culturais a uma doutrina mística ou religiosa, e o
próprio autor o utiliza na investigação de apropriações da história pelo discurso religioso
moderno (STUCKRAD, p. 3-10; GOODRICK-CLARKE, p. 11-13).

Um elemento relevante no estudo do campo discursivo são as estratégias adotadas


pelas religiões ocidentais para se adaptarem ao triunfo das ciências como paradigma
dominante de interpretação do mundo, a partir da segunda metade do século XIX; nesse
processo que alguns estudiosos chamam de “cientifização” da religião o discurso religioso
procura evidências científicas que apóiem o credo tradicional, ao mesmo tempo em que novas
denominações religiosas partem de descobertas ou teorias científicas para formularem novas
concepções místico-religiosas (GOODRICK-CLARKE, p. 175-184). O estudo de caso que
nos propomos a analisar constitui uma interessante particularidade desse processo, que é o
chamado renascimento do gnosticismo, gnosticismo moderno ou neo-gnosticismo: nascido no
seio das escolas esotéricas do século XIX, o esforço de restaurar os antigos cultos gnósticos
da antiguidade clássica é movido em grande parte pela redescoberta de antigos manuscritos
gnósticos dos três primeiros séculos do periodo cristão, numa demonstração eloqüente de
como descobertas arqueológicas têm impactado e sido apropriadas e/ou utilizadas em
contextos religiosos.

O próprio esoterismo ocidental moderno é fruto, em grande parte, do resgate de


importantes textos herméticos deste periodo.

A relação umbilical entre o esoterismo e o resgate de textos gnósticos

A evolução do pensamento esotérico e a própria dinâmica de suas instituições tem


íntima relação com a redescoberta de textos de grupos gnósticos da antiguidade. Isso não

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ocorre por acaso: um dos pilares do ideário esotérico é o conceito de Prisca Theologia,
enunciado por autores renascentistas como Marsílio Ficino e Giovanni Picco della Mirandola,
segundo a qual existe um conhecimento de tipo superior sobre os mistérios do homem e do
universo que é compartilhado por um grupo seleto de estudiosos desde os primórdios da
humanidade; o esoterismo constituiria assim uma philosophia perennis et universalis, um
conhecimento eterno e imutável (STUCKRAD 2005, p. 56). Em outras palavras, um dos
elementos fundamentais que confere autoridade ao ensinamento esotérico é sua transmissão
ininterrupta desde a mais remota antiguidade; por conta disso há uma importante produção de
narrativas históricas que descrevem esse processo de transmissão. Um dos motivos
recorrentes destas narrativas é uma profunda idealização de grupos espiritualistas dos
primeiros três séculos do cristianismo.

Os grupos herméticos do início da era cristã são conhecidos como gnósticos (do grego
gnosis, conhecimento); o movimento surge no Egito helenizado, sobretudo em Alexandria, a
partir da já mencionada fusão entre filosofia neoplatônica e mística egípcia; o sincretismo vai
logo assimilar outros valores religiosos em voga no Mediterrâneo romano, sobretudo as idéias
cristãs. O termo gnose comporta uma série de problemas: estas comunidades não se
identificam desta forma, o termo foi atribuído pela igreja como forma de diferenciá-los das
comunidades cristãs; seu uso, a principio, reforça a estratégia de exclusão, uma vez que as
comunidades gnósticas se referem a si mesmas a partir do nome de seus mestres
(valentinianos, marcionitas, etc.) ou simplesmente como “cristãos” ou ainda igreja (ekklesia)
(WILLIANS, 1996).

O debate é relevante porque sugere uma percepção do periodo diferenciada da visão


tradicional: longe de serem grupos “apartados”, os gnósticos estariam disseminados pela
comunidade ortodoxa cristã; Celso, por exemplo, no séc. II dc, admite que não há diferença
conceitual entre os termos “gnosis” e “igreja”; Irineu queixa-se de que a maioria dos cristãos
não vêm os valentinianos como heréticos, tampouco são capazes de identificar em sua
doutrina os sinais de heresia. O próprio Valentim esteve próximo de ser nomeado bispo de
Roma; os gnósticos vão constituir comunidades institucionalizadas com identidade e liturgia
própria mais tarde, como os marcionitas e maniqueus (STUCKRAD 2005).

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Os principais textos de filosofia gnóstica conhecidos foram escritos entre os séculos I


e III dc; são o Asclépio e o Corpus Hermeticum, e seus autores são possivelmente gregos,
embora parte do material seja um repositório de elementos egípcios genuínos. Sua base é a
filosofia grega popular da época, uma mescla de platonismo e estoicismo, combinada com
influências hebraicas e talvez persas. O Asclépio descreve ritos egípcios de atrair forças do
cosmos para suas estátuas; o Corpus reúne diversos textos com temáticas variadas, desde o
Pimandro, que descreve a criação do mundo, até textos que descrevem a ascensão da alma
pelas esferas planetárias até o reino divino, ou narram processos de regeneração em que a
alma se livra das correntes que a ligam ao mundo material e se torna repleta de virtudes e
poderes divinos; a importância da figura de Hermes Trimegistro na literatura gnóstica vai
fazer com que muitos estudiosos considerem mais apropriado denominá-los hermetistas ao
invés de gnósticos (YATES, p. 14-15).

Há três exemplos significativos dessa dinâmica em que o resgate do passado inaugura


um novo processo histórico no pensamento esotérico: o primeiro deles é considerado o
momento fundador do esoterismo moderno; trata-se da tradução do Corpus Hermeticum, uma
coletânea de importantes textos gnósticos, para o latim. Em 1460 diversos manuscritos foram
trazidos do Império Bizantino, então sob séria ameaça de ser dominada pelos turcos, para
Florença, adquiridos por Cosimo de Médici. O tradutor, Marsilio Ficino, havia iniciado seu
trabalho pelos textos de Platão, mas recebeu ordens de traduzir os textos herméticos primeiro,
“sem demora”. Se pensarmos que os textos filosóficos traduzidos por Ficino (e os
comentários que ele produziu a partir deles) vão torná-lo conhecido como um dos maiores
filósofos humanistas da Renascença italiana, podemos então ver o grau de importância que se
atribuía aos textos herméticos; a República ou o Banquete tiveram que aguardar a publicação
do Corpus Hermeticum. Isso tem uma razão simples: acreditava-se que o texto do Corpus
fosse de uma antiguidade muito maior; o pretenso autor dos textos, Hermes Trimegistro, teria
sido contemporâneo de Moisés. Ficino chega a afirmar que Hermes é a fonte da sabedoria
platônica! Um dos textos básicos da coleção, Pimandro, impresso em 1471, teve 16 reedições
em cem anos, além de diversas outras edições em que foram acrescentados outros textos
(YATES, p. 25-29; STUCKRAD 2005, p. 56).

O segundo exemplo expressivo são a descoberta de uma série de textos gnósticos entre
o final do século XVIII e a segunda metade do XIX; o interesse pelo Egito e pelo Oriente

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conhece um grande impulso a partir da expedição científica que acompanha Napoleão ao


Egito, entre 1791 e 1801. Entre os importantes achados deste periodo se destaca a coletânea
institulada Pistis Sophia, que descreve diálogos entre Jesus e seus principais discípulos. Estes
textos foram considerados como a corroboração da idéia de que o próprio Jesus era um mestre
hermético e o cristianismo dos primeiros séculos era um ensinamento essencialmente
esotérico, e vão desempenhar papel fundamental na formulação de um elaborado ritualismo
mágico; esse processo é apresentado como um resgate de antigas cerimônias gnósticas e vai
encontrar seu ponto alto na Ordem Hermética da Aurora Dourada (Golden Dawn), fundada
em 1880 pelo ocultista alemão Theodor Reuss. Um de seus membros mais proeminentes, o
britânico Aleister Crowley, publicou em 1913 a liturgia de uma Missa Gnóstica, que se
disseminou rapidamente; adotada, entre outros, pelo fundador da Fraternitas Rosicrucianum
Antiqua (Fraternidade Rosacruz Antiqua), o alemão Arnold Krum-Heller, seria mais tarde
adaptada por um de seus discípulos, Victor Manuel Gómez, para uso em sua própria Igreja
Gnóstica.

Finalmente, o terceiro exemplo são os achados da assim chamada Biblioteca de Nag


Hammadi, no Egito, em 1945, e do que se denomina popularmente como Manuscritos do Mar
Morto, a partir de 1947, e as escavações arqueológicas conduzidas em Qumran entre 1951 e
1956. As descobertas de Nag Hammadi trouxeram à luz uma importante série de textos
bíblicos apócrifos e de textos gnósticos em geral. Os manuscritos encontrados em Qumran
despertaram um interesse ainda maior por se tratarem de textos gnósticos de uma comunidade
judaica de um periodo imediatamente anterior ao surgimento do cristianismo. As relações que
se estabeleceram entre os textos e os essênios, e entre estes e Jesus logo ganharam um imenso
espaço nos meios de comunicação de massa; os achados arqueológicos serviram de ponto de
partida ou de importante incentivo para uma série de apropriações e interpretações culturais; a
“mitologia” que se cria, principalmente em torno dos manuscritos do Mar Morto, vai
constituir peça importante na criação de um ambiente de contestação da religiosidade
tradicional que se observa com intensidade no ocidente a partir da década de 60 e que vai
desembocar em manifestações como os cultos New Age (HANEGRAAF).

O Esoterismo como objeto de estudo acadêmico

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O estudo acadêmico sistemático sobre as idéias e instituições esotéricas é atividade


bastante recente: uma cadeira de História do Esoterismo Cristão foi instituída pela Sorbonne
em 1965 (dirigida até 1979 pelo célebre historiador François Secret); o primeiro impulso para
os estudos esotéricos em ambiente acadêmico foram trabalhos sobre o Renascimento que
indicavam uma influência decisiva do pensamento mágico e ocultista sobre o nascente
pensamento científico; o assunto recebeu grande publicidade a partir da publicação de
Giordano Bruno and the Hermetic Tradition (1964), da historiadora britânica Frances A.
Yates; suas idéias sobre o hermetismo como um dos pilares da ciência renascentista abriram
um importante debate sobre a influência do esoterismo na formação da cultura européia
moderna.

Em 1984 foi fundada a Bibliotheca Philosophica Hermética, em Amsterdan, um


centro privado de pesquisas com um acervo de 23.000 volumes e 4.500 manuscritos sobre
hermetismo em geral. Desde então diversas universidades européias e americanas
estabeleceram cátedras de Esoterismo Ocidental; em 2002 foi criada na Universidade de
Michigan a ASE (Association for the Study of Esotericism), e em 2005 surgiu a ESSWE
(European Society for the Study of Western Esotericism). Ambas instituições realizam
importantes conferências internacionais bianualmente.

Recentemente, em 2011, foi criada na Universidade de Buenos Aires o CEEO (Centro


de Estúdios sobre el Esoterismo Occidental de la UNASUR), dirigido pelo historiador
argentino Juan Pablo Bubello; entre seus colaboradores está o professor Henrique Martins de
Morais, da Universidade Federal de Minas Gerais.

A primeira definição acadêmica do esoterismo foi proposta pelo filósofo francês Pierre
Riffard em 1987, logo complementada pela definição conceitual e proposta metodológica de
Antoine Faivre, em 1992. O modelo de Faivre serviu de ponto de partida para uma
profunda revisão dos paradigmas de compreensão da história das religiões na Europa; Kockhu
von Stuckrad propõe um modelo conceitual baseado na idéia de que a pluralidade de
discursos é uma constante na História religiosa europeia para sugerir que as identidades
religiosas surgem através de processos de comunicação, debate, modificação e assimilação.
Esta abordagem, em dívida para com a sociologia do conhecimento, é favorecida pelo

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professor alemão de estudos religiosos Hans Kippenberg, com quem Stuckrad tem
colaborado1. Stuckrad respeita o pluralismo religioso como um elemento estrutural da história
cultural européia, e, portanto, vê o esoterismo como um elemento discursivo que pode migrar
da religião para a ciência, filosofia, literatura e arte. Para ele o "esoterismo" não existe como
um fenômeno histórico independente, considerando que o "esotérico" pode ser melhor
compreendido como um elemento de processos culturais. Na sua opinião, estes processos
culturais envolvem idéias sociológicas de discurso e de transferência discursiva entre campos
do conhecimento como ciência, filosofia, etc. (GOODRICK-CLARKE 2008).

O estudo acadêmico do esoterismo enfrentou dois grandes obstáculos: no campo das


CIÊNCIAS DAS RELIGIÕES, pelo papel marginal que durante muito tempo foi conferido à
gnose e ao ocultismo, somente considerados enquanto relacionadas a movimentos heréticos
ou cismáticos. E no campo das CIÊNCIAS EM GERAL, por diversos questionamentos, desde
a possibilidade de estabelecer uma metodologia e conceitos válidos à delimitação adequada
do objeto de estudo, passando pela ameaça que os estudos sobre a influência do pensamento
hermético e gnóstico no desenvolvimento das ciências representavam ao discurso que
apresenta as ciências modernas como fruto exclusivo do racionalismo (HANEGRAAF 1996,
p 1-20).

O surgimento do Movimento Gnóstico

Victor Manuel Gómez Rodríguez nasceu em Bogotá, Colômbia, em 1917; oriundo de


uma família de classe média de orientação católica, estudou num colégio jesuíta; no entanto,
desde a mais tenra infância demonstrou um interesse incomum por assuntos místicos.
Inicialmente passou a freqüentar grupos espíritas e a ler as obras de Allan Kardec;
interessava-se intensamente pelos fenômenos mediúnicos. Em seguida conheceu a Teosofia e
as obras de Helena Blavatsky; aos 17 anos já era um conferencista da Sociedade Teosófica.
Em 1936 ingressou na Fraternitas osicrucianum Antiqua (F.R.A.). A F.R.A. foi criada por um
membro da Golden Dawn, o alemão Arnold Krum-Heller (1876-1949); Krum-Heller viveu
diversos anos no México, e nesse periodo abriu lojas da F.R.A. em diversos paises da
América Latina. Sua escola rosacruz possuía um círculo místico secreto intitulado “Igreja
Gnóstica” onde eram estudados textos gnósticos antigos e praticados rituais que se
1
para uma exposição detalhada da idéia de pluralismo religioso na Europa ver KIPPENBERG, Hans G.
Discovering Religious History in the Modern Age. Princeton, N.J.: Princeton University Press, 2002

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acreditavam ser cerimônias do primitivo cristianismo gnóstico, como a Missa Gnóstica de


Crowley. Victor logo passou a fazer parte do corpo episcopal da Igreja Gnóstica, e tornou-se
um devotado estudante de textos gnósticos como a Phistis Sophia, à qual ele dedicou diversos
anos de sua vida para redigir uma edição comentada, o livro “Phistis Sophia Desvelado”,
publicado postumamente, em 1983. Na F.R.A. Victor aprendeu técnicas de tantrismo sexual
que iriam se tornar o eixo central de sua própria filosofia.

Na década de 1940 uma série de crises agitaram a vida de Victor: diferenças


ideológicas o colocaram em conflito aberto com o líder colombiano da FRA, Israel Rojas, e
seu primeiro casamento durou apenas alguns meses. Victor abandonou um curso de medicina
que fazia a dois anos e adotou uma vida de andarilho percorrendo o interior da Colômbia.
Nesses anos de peregrinação Victor conheceu uma nova companheira, Arnolda Garro de
Gómez, e teve uma série de experiências místicas que o levaram a criar sua própria escola
esotérica, o Movimento Gnóstico Cristão Universal, em 1948. Seu primeiro círculo de
discípulos era formado por colegas oriundos da Rosacruz Antiqua. Victor adotou um nome
esotérico, Samael Aun Weor, e em 1950 escreveu seu primeiro livro, O Matrimônio Perfeito,
onde ensinava publicamente as técnicas de tantrismo sexual até então ensinadas num circulo
reservado da FRA (VIZCAINO, ZOCCATELLI).

O primeiro anúncio público da descoberta de novos manuscritos gnósticos na região


do Mar Morto havia sido feito em 11 de abril de 1948 por Miller Burrows, diretor da
American Schools of Oriental Research (ASOR). O assunto logo despertou grande interesse
na imprensa por duas questões básicas: o achado de textos bíblicos de antiguidade muito
superior aos então conhecidos e o encontro de novos textos gnósticos, desta vez
excepcionalmente no contexto judaico (os textos até então conhecidos provinham do Egito) e
num periodo imediatamente anterior ou contemporâneo à vida de Jesus.

Os manuscritos foram tema de uma reportagem da Revista Time de outubro de 1949


que destacava a antiguidade dos novos textos bíblicos encontrados; o assunto ganhou grande
destaque da imprensa internacional durante toda a década que se seguiu:

“Como todos sabem ainda não chegamos ao fim das nossas surpresas com as
famosas e periódicas descobertas de manuscritos do Mar Morto. Todos os dias quase
aparecem novidades. Quando menos se espera lá vem o telégrafo anunciando o
encontro de jarras enterradas aquí ou acolá contendo segredos que ainda estão

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ausentes da Bíblia Sagrada”. (coluna de Joaquim Thomaz; Jornal do Brasil,


17/11/1956, p. 5).

Foram descobertas na região de Qumran cerca de 900 rolos com inscrições; a maior
parte dos achados foi feita em março de 1952, cerca de 600 rolos; os pergaminhos que
estavam em bom estado de preservação foram todos publicados no periodo entre 1950 e 1956,
à exceção do chamado “Manuscrito do Templo” e de uma pequena série de rolos que foram
publicados apenas em 1977. Restaram, no entanto, cerca de 560 manuscritos fragmentários
cujo trabalho de restauração avança lentamente e que em sua maioria ainda não foram
publicados (STEGEMANN, p. 1-5).

As possíveis relações sugeridas entre as comunidades que produziram estes textos e os


primórdios do cristianismo foram suficientes para produzir um interesse crescente da
imprensa e uma série de “teorias conspiratórias”; as mais comuns falavam de uma séria
intervenção do Vaticano para censurar textos que iam frontalmente contra a Bíblia católica
(STEGEMANN, p. 14; BAIGENT, p. 77-80). As representações sociais que são criadas a
partir do noticiário da imprensa nos interessam em particular; cria-se um cenário em que a
arqueologia é vista como capaz de abalar a própria base das principais religiões confessionais
do mundo ocidental e abrir caminho para uma completa revolução espiritual.

A repercussão da descoberta dos manuscritos, tanto em Nag Hammadi como no Mar


Morto, produz dois impactos fundamentais na retórica discursiva do movimento inaugurado
por Samael Aun Weor: o primeiro é de conferir legitimidade à idéia de resgate do gnosticismo
primitivo; para a mentalidade esotérica os achados arquológicos ocorrem em sincronicidade
com o restabelecimento de instituições que praticam a filosofia e os rituais dos antigos
gnósticos. Isso fica evidente em discursos que enfatizam o gnosticismo como um resgate do
“cristianismo verdadeiro” e que classificam as grandes religiões confessionais do ocidente
como uma “adulteração” do ensinamento primordial:

“La Iglesia Católica fue en sus comienzos Gnosis-católica; pero luego hubo
una separación de los gnósticos porque la gnosis administra todos sus sacramentos
sin costo alguno. Sus miembros activos de entonces fueron perseguidos y
exterminados en el mundo físico. Ahora salimos nuevamente a difundir sus
enseñanzas. Roma entonces se llamó "Amor" cuando Pedro fundó la Iglesia
Gnóstica Católica, pero con el tiempo fue invertido el nombre de la ciudad y
también los motivos de la Iglesia. Los Gnósticos fueron torturados y perseguidos
pero no liquidada la Iglesia Gnóstica porque ella está dirigida por Cristo”. (WEOR
1950, p. 3)

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“La Iglesia Gnóstica es la auténtica Iglesia primitiva, la verdadera Iglesia


cristiana a la cual pertenecieron todos los primeros santos de la Iglesia Católica, que
en ese entonces era Gnosis-católica. Esta es la primitiva y antiquísima iglesia de
nuestro Señor Jesucristo, la cual conserva todas las enseñanzas secretas del
Maestro”.(idem, p. 46)

O segundo é a noção de singularidade, em que os achados arqueológicos fazem parte


de “um plano maior” de resgate dos ensinamentos gnósticos e promoção de uma revolução
espiritual em todo o mundo:

“Causalmente” de nuevo, en fechas muy cercanas a su descubrimiento


[manuscritos de Nag Hammadi], concretamente en 1.950, surge en la otra parte del
mundo, en Colombia (Suramérica), un movimiento espiritual cuya esencia iniciática
coincide en los puntos fundamentales con los planteamientos tradicionales del
gnosticismo primitivo: la Gnosis contemporánea develada por el V. M. Samael Aun
Weor. Resulta curiosa esa intervención de los poderes de las tinieblas y del
materialismo que consigue que los textos permanezcan “dormidos” en manos de los
eruditos, sin ser publicados, hasta el preciso momento en que el M. Samael, en la
culminación de su proceso esotérico, desencarna también en 1.977. Treinta y dos
años para traducir 46 textos del copto al inglés y ponerlos a disposición del público
¡es mucho más que una fatal casualidad o simples celos académicos! (VARGAS, p.
38)

“A descoberta destes textos iniciou uma era de pesquisa completamente nova,


iluminando as raízes e os primórdios do Cristianismo, que diferem da versão que o
poder vigente quis fazer vingar. A maior parte desta literatura é distintamente cristã;
porém, alguns textos aproximam-se da tradição judaica e outros das tradições hindu
e budista. No conjunto, tais escrituras apontam para a idéia de que os gnósticos
foram dos primeiros e dos verdadeiros cristãos, encontrando-se entre aqueles que
melhor compreenderam a mensagem mais profunda do Senhor. Tendo em conta a
importância dos Essénios e grupos semelhantes na formação do Cristianismo
Primitivo, importa referir que Helena Blavatsky, no Vol. III da sua obra "Ísis sem
Véu", sugere que os gnósticos seriam os essénios: quando estes últimos
desapareceram, os gnósticos surgiram e afirmaram a sua doutrina”. (NEVES)

Conclusão

Samael Aun Weor declara que seu conhecimento do passado é baseado em suas
capacidades espirituais superiores: ele tem plena recordação de suas encarnações anteriores.
Isso é afirmado de maneira muito clara na maioria de seus livros e é tido como verdade
inquestionável por seus seguidores: “Conheci os impérios egípcio e romano. Pelas portas da
antiga Roma dos césares, muitas vezes vi Nero sair sentado em sua liteira, carregado nos
ombros de seus escravos” (WEOR 1953, p. 60). Ou ainda: “Yo conoci a Simon el mago em la
antigua Roma, y lo oi predicarndo a sus discípulos” (WEOR 1954, p. 37)

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Além disso, Samael se declara dotado de outra capacidade que seguramente causaria
inveja aos historiadores: ele tem acesso a uma dimensão superior do cosmos onde ficam
armazenadas todas as memórias do universo, os “arquivos akáshicos”.

Isso produz uma dinâmica discursiva muito interessante e carregada de tensões: os


gnósticos samaelianos se declaram possuidores de uma ciência de tipo espiritual, superior.
Condenam as religiões confessionais tradicionais como um conjunto de crenças fanáticas e
sem embasamento, e em seu discurso de condenação do cristianismo tradicional se apóiam
constantemente em informações científicas; acusam especificamente a Igreja Católica
Romana de haver deturpado o cristianismo original (gnóstico) e haver destruído os
documentos que denunciavam sua deturpação, e lançam mão da argumentação de
historiadores e de achados arqueológicos para apoiar suas pretensões de revisão histórica.

Ao mesmo tempo, no entanto, condenam a própria ciência; para os gnósticos ela é


excessivamente materialista e cega, incapaz de perceber as realidades espirituais. Samael tem
uma ojeriza especial pelos historiadores:

Os historiadores, por exemplo, o que é que escreveram? Fantasias e nada


mais. Que dizem de Nero? Que era um homossexual e que chegou a se casar com
outro homossexual. De onde os historiadores tiraram isso? Têm provas por acaso?
[...] Em nome da verdade, tenho a dizer que estive reencarnado na época de Nero,
que de homossexual não tinha nada. Muitas vezes o vi sair pelas portas da velha
Roma, sentado em sua liteira, sobre os ombros dos escravos. Homem de testa ampla,
robusto, corpo hercúleo, não era como os historiadores afirmam. Eles enfatizam a
idéia de um poeta abominável. Ao invés de ser visto rodeado, como muitos julgam,
de homossexuais, eu o vi sempre rodeado de suas mulheres. Eu vivi na época e dou
testemunho disso. Os historiadores falsearam os dados a respeito desse homem. [...]
Muita coisa que foi escrita na História está bastante deformada, não vale a pena ser
estudada. Do que há ali, apenas as datas são úteis e, mesmo assim, nem sempre.
(WEOR, conferência “Imaginação e Fantasia”)

Assim, embora reconheça os achados arqueológicos, Samael considera historiadores e


arqueólogos como incapazes de interpretar corretamente suas descobertas; isso constitui um
recurso discursivo de grande eficiência pragmática e propagandística, ao mesmo tempo em
que indica uma contradição aparente, na medida em que a maioria dos textos de Samael se
limitam a repercutir as versões históricas veiculadas pelos meios de comunicação de massa;
há vários exemplos ilustrativos:

Samael se refere a Jesus como um mestre gnóstico em suas primeiras obras da década
de 1950; mas a partir do final da década de 1950 e em seus livros posteriores ele passa a

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definir Jesus como um essênio, assimilando a teoria que ligava as ruínas de Qumran à
comunidade descrita por Flávio Josefo, hoje seriamente contestada por alguns estudiosos
(ULLMANN-MARGALIT): “(…) y en todos los Grupos Cristianos Primitivos tales como el
Grupo de los Esenios que tenían su convento a orillas del Mar Muerto y uno de cuyos
miembros más exaltados fue JESÚS, EL DIVINO RABÍ DE GALILEA”. (WEOR 1978, p.
125)

Dois personagens bíblicos, em especial, conhecem uma mudança de status à medida


que novos textos gnósticos são publicados: Maria Madalena, representada nas primeiras obras
de Samael no papel que normalmente lhe é conferido na literatura cristã, como símbolo da
“pecadora arrependida”: “Temos por exemplo o caso assombroso de Maria Madalena, a
prostituta. Essa mulher veio a ser a famosa Santa Madalena, a prostituta arrependida. Maria
Madalena tornou−se a casta discípula de Cristo”. (WEOR 1950-b, p. 114)

Ela vai rapidamente ser “atualizada” às revelações de textos como o Evangelho de


Maria Madalena, publicado pela primeira vez em 1955; ela é agora uma altíssima iniciada e
esposa de Jesus. Judas Iscariotes vai conhecer uma evolução semelhante: inicialmente
relegado ao seu papel tradicional de símbolo da traição e vilania, a partir da década de 1960
vai ser apresentado como o discípulo mais preparado de Jesus, a quem coube desempenhar o
papel mais duro do “drama cósmico” que a vida e morte do Cristo Salvador representavam; a
metamorfose coincide com a publicidade do Evangelho de Judas (CARF).

Samael também reproduz o equívoco cometido por Hiram Bingham III, o descobridor
das ruinas de Machu Pichu; em seu livro Lost City of the Incas (1948) ele menciona que a
maioria dos cadáveres encontrados no local são de mulheres jovens e sugere uma romântica
hipótese de que Machu Pichu teria sido um refúgio das virgens que oficiavam no templo do
Sol, em Cuzco. Descobriu-se mais tarde que a equipe de Bingham cometeu uma série de erros
ao analisar os esqueletos encontrados no local, sobretudo ao estabelecer idades e gênero. Mas
já era tarde demais, o mito já havia se estabelecido. Samael utiliza o mito das virgens incaicas
como parte de seus argumentos de que todas as civilizações do passado conheciam e
praticavam as técnicas de tantrismo sexual que ele havia aprendido de Krum-Heller:

“O maithuna (o tantrismo ou magia sexual) se conheceu entre os mistérios


dos templários, entre os mistérios dos aztecas, maias, incas, chibchas, zapotecas,
taraucanos, toltecas; entre os mistérios de Elêusis, mistérios de Roma, Mitra,

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Cartago, Tiro, celtas, fenícios, egípcios, druidas e em todas as seitas cristãs


primitivas [...]”. (WEOR 1967, p. 17)

Poderíamos continuar citando diversos outros exemplos: Samael tira proveito ainda do
debate arqueológico sobre o fim súbito das cidades maias e do enorme interesse que o México
nacionalista vai ter sobre seu passado pré-colombiano; o presidente José Lopez Portillo vai
escrever um livro sobre o mito de Quetzalcoatl que será tema de uma impotante cerimônia de
homenagem presidida por Samael, em 1977, poucos meses antes de sua morte.

Finalizando nossa análise sobre a importância que a arqueologia teve no


desenvolvimento do campo discursivo do gnosticismo moderno, cabe destacar a enorme
preocupação que Samael teve em dar um aspecto cultural e científico ao seu movimento
religioso: a principal instituição de disseminação das idéias gnósticas recebeu o sugestivo
nome de Associação Gnóstica de Estudos Antropológicos – Ação Civil (AGEACAC); os
centros gnósticos eram normalmente registrados juntos aos órgãos governamentais como
instituições culturais e o proselitismo das idéias gnósticas era feito através de ciclos de
conferências normalmente intitulados como “programas culturais gnósticos”, onde eram
comuns temas como “os mistérios dos antigos maias” ou “os segredos do Egito Antigo”, ou
ainda “os mistérios das catedrais medievais”; o próprio Samael era normalmente apresentado
ao público exterior como um “antropólogo colombiano”. Samael viveu no México de 1956
até sua morte, em 1977; não casualmente, sua distração predileta era visitar as ruínas das
cidades maias do periodo clássico.

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