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Blocos de

Coroamento 01
Prof. DSc. Fernando Carlos Scheffer Machado

Curso de Engenharia Civil


IFSul de Minas – Campus Pouso Alegre

Maio 2020
Introdução

Os blocos de coroamento são estruturas de volume que têm a função de distribuir as


cargas dos pilares a elementos de fundações profundas, tais como estacas e tubulões.
Em geral, o dimensionamento dos blocos é similar ao das sapatas, diferenciando-se
dessas pelo fato de se ter cargas concentradas no bloco devido à reação das estacas.
O comportamento estrutural e o dimensionamento dependem da classificação do bloco
quanto à rigidez, utilizando-se os mesmos critérios das sapatas. Portanto, quanto à
rigidez, os blocos são classificados como flexíveis ou rígidos.

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Introdução

As dimensões em planta dos blocos sobre estacas dependem, na maioria das vezes,
da disposição das estacas, adotando-se, em geral, o menor espaçamento possível
entre elas.
Esse espaçamento é adotado igual a 2,5 vezes o seu diâmetro no caso de estacas pré-
moldadas e 3,0 vezes o diâmetro se as estacas forem moldadas “in loco”. Em ambos
os casos, esse valor não pode ser inferior a 60 cm. Deve-se ainda respeitar uma
distância livre mínima entre as faces das estacas e as extremidades do bloco.

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Introdução

Obedecendo essas recomendações, as dimensões dos blocos são minimizadas


resultando na maioria das vezes em blocos rígidos (relação h x Base).
Entretanto, por razões diversas, o espaçamento entre as estacas pode ser aumentado,
resultando em um bloco flexível.
Em raras circunstâncias, as dimensões em planta do bloco são determinas pelas
dimensões do pilar, caracterizando questões construtivas e não de dimensionamento.

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Blocos de Coroamento

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Blocos Rígidos

Um bloco é considerado rígido se a sua altura se enquadrar nas seguintes inequações:


𝐴−𝑎𝑝
 ℎ>
3
𝐵−𝑏𝑝
 ℎ>
3

Nos blocos rígidos, não se aplica diretamente a teoria de flexão, devendo-se


recorrer a outras formas para se calcular a armadura principal de tração.
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Método das Bielas e Tirantes

A NBR 6118 (22.7.3) sugere a utilização de modelos de biela e tirante, pelo fato destes
definirem melhor a distribuição dos esforços pelos tirantes. Neste método, admite-se,
no interior do bloco, a seguinte treliça espacial:

Recomenda-se limitar o ângulo de


inclinação das bielas em:
40 (ou 45°) ≤ θ ≤ 55°

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Blocos Sobre Uma Estaca

No caso de pilares com dimensões próximas à dimensão da estaca, o bloco atua


apenas como um elemento de transferência de carga, necessário por razões
construtivas, para a locação correta dos pilares, chumbadores, correção de pequenas
excentricidades da estaca, uniformização da carga sobre a estaca, etc.:
𝑍𝑑 𝑁𝑑 𝐵−𝑏
𝐴𝑠𝑤 = onde 𝑍𝑑 = e 𝑓𝑦𝑘 ≯ 500𝑀𝑃𝑎
2𝑓𝑦𝑑 4ℎ

Para a armadura vertical (construtiva) usa-se:


𝐴𝑠𝑙𝑜𝑛𝑔 ≥ 0,5%𝐴𝑐
ou uma seção equivalente à armadura longitudinal do pilar.

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Blocos Sobre Uma Estaca

Detalhamento:

Dimensões mínimas
para um bloco de
uma estaca
(ø=20cm)
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Blocos Sobre Duas Estacas

Esquema de cálculo de bloco sobre 2 estacas:

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Blocos Sobre Duas Estacas

Ângulo de inclinação da biela é obtido por:


𝑑
𝑡𝑔𝜃 = 𝐿 𝑎𝑝 porém 40° (ou 45°) < θ < 55°
2− 4

A resultante de compressão na biela e a força de tração na armadura principal podem ser


obtidos por equilíbrio de forças do nó junto à estaca:
Nk é a resultante de compressão na biela junto à estaca
Tk é a resultante de tração de cálculo no tirante
Rest é a reação na estaca mais carregada
(valor de cálculo para a combinação de ações analisada)
𝑅𝑒𝑠𝑡 𝑅𝑒𝑠𝑡 𝑅𝑒𝑠𝑡 𝐿 𝑎𝑝
𝑁𝑘 = e 𝑇= = −
𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑡𝑔𝜃 𝑑 2 4

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Blocos Sobre Duas Estacas

Por fim, a área da armadura principal de tração é calculada por:


𝛾𝑓 𝑇𝑘
𝐴𝑠𝑡 =
𝑓𝑦𝑑
Para evitar o esmagamento da biela diagonal, deve-se avaliar as tensões de compressão
atuantes na mesma, da seguinte forma:
2.𝑅𝑒𝑠𝑡
 Junto ao pilar: 𝜎𝑐,𝑏𝑖𝑒𝑙𝑎 = ≤ 1,4𝑓𝑐𝑑
𝐴𝑝 .𝑠𝑒𝑛²𝜃
2.𝑅𝑒𝑠𝑡
 Junto à estaca: 𝜎𝑐,𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 = ≤ 0,85𝑓𝑐𝑑
𝐴𝑒𝑠𝑡 .𝑠𝑒𝑛²𝜃

onde: Ap é a área da seção transversal do pilar


Aest é a área da seção transversal da estaca

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Armaduras Complementares

A NBR 6118 (22.7.4.1.5) especifica o seguinte sobre armaduras laterais (de pele) e
superior:
“Em blocos com duas ou mais estacas em uma única linha, é obrigatória a
colocação de armaduras laterais e superior.”
A armadura superior pode ser tomada como 20% armadura principal (22.7.4.1.2):
𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑝 = 0,2𝐴𝑠𝑡
A armadura de pele (lateral) e estribos verticais em cada face lateral:
𝐴𝑠𝑤
𝐴𝑠,𝑝𝑒𝑙𝑒 = = 0,125𝐴𝑠𝑡 (cm² ou cm²/m)
𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜

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Ancoragem

A ancoragem da armadura positiva do bloco deve ter no mínimo o comprimento de


ancoragem básico (lb), iniciada a partir da face interna da estaca próxima à
extremidade do bloco, como indicado na figura abaixo:

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Projeto/Detalhamento

Exemplo:

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Outros Formatos Possíveis

Dependendo da dimensão e disposição do pilar ou de falta de espaço para cravação


de estacas será necessário usar outros formatos:

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